GEOLOGIA REGIONAL

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RESUMO
O estágio promovido pelo Instituto “Casa da Glória” teve o intuito de oferecer aos alunos
o contato com a geologia da região, aprendendo técnicas de campo e escritório para otimizar o
mapeamento geológico.
A área mapeada pelo Grupo 2 concentrou-se na porção sul da foto aérea n.º 9882 a
9884, ano de 1973, na região do vilarejo de Guinda. Foram observadas de forma marcante três
litologias, pertencentes às Formações São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e Galho do
Miguel, do Supergrupo Espinhaço, que foram devidamente descritas e analisadas, com a
finalidade de produzir um mapa geológico da região estudada.
I – INTRODUÇÃO
I.1. – Objetivos
O objetivo principal do estágio de mapeamento geológico promovido pelo Instituto “Casa
da Glória” é preparar os alunos para os procedimentos do dia-a-dia de uma campanha de
campo, assim como para a metodologia utilizada em escritório. Os objetivos específicos deste
grupo foram mapear a região próxima a Guinda (foto aérea n.º n.º 9882 a 9884, ano de 1973 –
parte sul) e apresentar um mapa foto-litológico da região.
I.2. - Localização e acesso
A Serra do Espinhaço estende-se por 1.200 Km no sentido N-S entre os estados de
Minas Gerais e Piauí. Sua porção Meridional abrange 300 Km de extensão na direção N-S
entre o quadrilátero Ferrífero e a região de Olhos d’água representativa de uma faixa orogênica
que limita a porção SE do Cráton São Francisco. De acordo com o Projeto Espinhaço (1997), a
Folha Diamantina, com área total de 2.960 km² e inserida na porção central da Serra do
Espinhaço, acha-se delimitada pelas coordenadas de longitudes 43°30' e 44°00'W e latitudes
18°00' e 18°30'S. O acesso é bom, pois a área é atravessada inteiramente pela BR-367 que
liga Diamantina a Curvelo (passando por Gouveia) e ao vale do Jequitinhonha. A facilidade de
se poder contar com uma rede viária bastante boa, bem como um aeroporto em Diamantina
destinado a aeronaves de vôo doméstico, é explicada pelo índice demográfico relativamente
elevado na folha (em termos de Serra do Espinhaço). Além das três sedes municipais
(Diamantina, Datas e Gouveia) existem inúmeros vilarejos, podendo-se destacar, além dos já
mencionados, os de Guinda, Sopa, Extração, São João da Chapada e Maria Nunes. A área
mapeada fica nos arredores do vilarejo de Guinda, sendo quase que totalmente atingida pela
rodovia principal (BR – 367) e por estradas secundárias, de terra, abertas principalmente em
função do garimpo.
2
I.3. – Metodologia
Foram seguidas duas metodologias: campo e escritório.
Inicialmente, em escritório, efetuou-se fotointerpretação da área mapeada, com o intuito
de determinar os perfis a serem realizados, assim como as informações fundamentais sobre a
região.
Em campo foram observados afloramentos, descrevendo características gerais (como
dimensões do afloramento, presença ou não de estratificações, granulometria, tipo de rocha,
medidas estruturais,
etc), com o auxílio e uso de martelo, lupa, escala granulométrica e
bússola.
Em escritório, as informações coletadas em campo foram lançadas na foto, visando o
fechamento da área e produção do mapa foto-litológico correspondente. Foram produzidos
estereogramas com as medidas estruturais coletadas, perfis e lâminas para análise
petrográfica (realizada em microscópio óptico Leinz). Com todas as informações em mãos,
foram determinados os contatos entre formações e produzido o mapa final e o relatório.
Foi utilizada a Plataforma Windows e o programa StereoNet 3.3.
I.4. – Dados Físicos de Produção
Área trabalhada (km2)
16,95 km2
Quilômetros Percorridos (a pé)
20,65 km2
Número de Afloramentos Descritos
32
Número de Amostras de Rocha
10
Número de Ocorrências Minerais Descobertas e
5
Cadastradas
I.5. - Agradecimentos
Agradecemos aos Institutos “Casa da Glória” (IGc – UFMG) e IGCE (UNESP / Rio Claro)
pela oportunidade da realização do estágio de mapeamento, imprescindível para nossa
formação. Aos orientadores Washington,
Mário Chaves e Max, por todo auxílio e
conhecimento. Aos funcionários da Casa da Glória e cidade de Diamantina pela acolhida. Ao
nosso grupo por esses dias todos de trabalho e convivência, na chuva e no sol e pelos pontos
de parada das laranjas. Aos amigos da turma pelo companheirismo e convivência, em especial
3
ao Grupo 1 (Geisa, Dani e Gandhi), que compartilhou conosco parte das nossas aventuras.
Aos motoristas, pela viagem.
II - ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
A Serra do Espinhaço é um divisor hidrográfico que divide as bacias dos rios Doce e
Jequitinhonha/Araçuaí a leste e Rio São Francisco à oeste. Este “planalto” tem direção N-S e
concavidade para W. Apesar da geometria encurvada ser o resultado de um mesmo evento
geotectônico,
seus
dois
limites
tem
características
diferenciadas
lito-estrutural
e
morfologicamente, devido suas respectivas posições num contexto geotectônico global. Tem
planaltos meridional e setentrional com direções SSE-NNW e SSW-NNE, respectivamente
separados por uma zona deprimida de direção SE-NW.
II.1. - Clima
A região da Serra do Espinhaço está situada na faixa de clima tropical sub-quente, no
entanto, a orografia imposta pela região compartimenta o clima em diferentes domínios.
O diagrama ombrotérmico feito a partir de dados de temperatura, calculados pelo Prof.
Carlos Magno Ribeiro, mostra que o clima é mesotérmico caracterizado por verões brandos e
úmidos (outubro a abril) invernos mais frescos e secos (julho a agosto) e curtas transições
realizadas nos meses de maio e setembro. A temperatura média anual está na faixa de 18-19o
e amplitude térmica 5,2oc. Dados da estação de Diamantina (1931/60) mostram uma insolação
muito elevada com uma média de 2.203,7 horas/ano condicionando uma importante
evapotranspiração potencial, que com uma média anual de 776,8mm teria condições de
restituir para a atmosfera, metade das águas precipitadas. A umidade relativa do ar tem média
anual de 75,6%.
II.2. - Vegetação
A cobertura vegetal apresenta variações de acordo com o sitio litológico, posição
topográfica e drenagens.
As serras quartzíticas apresentam solos arenosos (litossolos) tendo uma vegetação
escassa representadas por gramíneas, flores secas (sempre-vivas), cactáceas e arbustos de
pequeno porte. Fungos e liquens dão uma coloração particular para rochas que afloram. Nas
drenagens ou alinhamentos estruturais, muitas vezes com intrusão de rochas metabásicas,
onde a umidade se concentra, aparecem matas ciliares constituídas por vegetação exuberante
com árvores de médio porte. Os fundos dos vales constituem matas com várias camadas onde
se misturam árvores de grande porte (inclusive madeira de lei), arbustos, cipós, samambaias,
gramíneas e orquídeas.
A vegetação é marcada pela atividade e ataques antrópicos.
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II.3. - Hidrografia
O principal rio da bacia oeste é o Rio das Velhas, afluente de 1 a ordem de margem
direita do coletor maior, em seu percurso recolhe direta ou indiretamente todas as drenagens
oriundas da Serra do Espinhaço meridional (SdEM), destacando-se os rios Cipó, Paraúna,
Pardo Pequeno, Pardo Grande e Curimataí.
Dois elementos indicam uma fase de estabilização morfodinâmica dos cursos superiores:
presença de uma soleira litológica (serras quartzíticas), estabelecendo um nível de base local,
e extensas várzeas a montante desta, que regularizam o perfil longitudinal e induzem
meandramentos conseqüentes.
A regularização do perfil longitudinal dos cursos superiores na borda da serra não é uma
tendência definitiva, mas aparente. A tendência verdadeira é a do encaixamento da rede
hidrográfica marcada pelo recuo das cabeceiras, o padrão encaixado dos terraços aluviais e o
aprofundamento das gargantas a jusante da soleira. A forte ação erosional natural e antrópica,
cria uma sobrecarga sedimentar instantânea e contribui mais eficazmente do que o aumento do
gradiente hidráulico, devido a um lento mas contínuo soerguimento epirogenético .
Do ponto de vista econômico, os aluviões portadores de diamante e ouro, pertencem aos
rios e córregos afluentes do rio Jequitinhonha, pelo fato destes secionarem extensivamente as
camadas de quartzitos e metaconglomerados da Formação Sopa Brumadinho.
III - GEOMORFOLOGIA
Através das diferenças de comportamento frente ao intemperismo e de resistência
mecânica, a erosão vai controlar grande parte da formação do relevo.
A predominância absoluta dos quartzitos do Supergrupo Espinhaço compõem uma
cobertura rígida mas densamente fraturada e cisalhada. As principais formas de relevo são
representadas por cristas, escarpas e vales profundos relacionados com as estruturas
tectônicas. Dentro deste compartimento de relevo, ocorrem áreas deprimidas composta por
rochas metabásicas e pelíticas sustentando morfologias colinares policonvexas ou mais ou
menos suavizadas (Allaoua Saadi, 1995).
IV - GEOLOGIA REGIONAL
IV.1. - Trabalhos Anteriores
As primeiras contribuições científicas sobre a Serra do Espinhaço datam de 1.799, por
Vieira Couto, e publicado somente em 1.848. A este, seguem-se os estudos do Barão Wilhem
von Eschwege, devido a descoberta dos diamantes nas proximidades de Diamantina, no
século XIX o qual abordou em suas pesquisas a geologia, a estratigrafia e contexto econômico
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num âmbito regional (Eschwege, 1.833). Eschwege distingüiu quatro unidades englobando as
formações Pré-Cambrianas, (1) os granitos, gnaisses, micaxistos, sienitos e basaltos e (2)
litologias do itacolomito e itabirito; uma formação (3) calcária e pelítica do paleozóico inferior e
(4) arenitos e conglomerados permianos.
Posteriormente, Derby detalhou a seqüência abrangendo também a Chapada
Diamantina e criou o termo de Série Minas para rochas pouco metamorfoseadas, tais como
quartzitos, itabiritos, xistos e calcários, no Quadrilátero Ferrífero. Na região de Diamantina,
distingüiu como mais recentes uma seqüência quartzítica sobre os filitos e conglomerados
diamantíferos.
Na década de 60, foram realizados trabalhos mais detalhados, possibilitando as
primeiras subdivisões estratigráficas e correlações entre as seqüências do Espinhaço
Meridional e do Quadrilátero Ferrífero, que se iniciaram com Pflug (1963, 1965 e 1968). Em
meados de 1980, inicia-se uma tendência à pesquisas de maior detalhe, abrangendo
estratigrafia/sedimentologia, geologia estrutural e econômica, geocronologia e evolução
geológica/geodinâmica,
culminando
em
mapeamento
realizados
pelo
convênio
DNPM/CPRM/FUNDEP UFMG, em 1979.
IV.2. - Estratigrafia
A
Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) apresenta três conjuntos tectono-
estratigráficos maiores: o Complexo Basal e os Supergrupo (Sg) Rio Paraúna e Sg. Espinhaço.
Bordejando essa serra, e mesmo sobrepondo localmente suas faixas limítrofes, aparecem
unidades dos grupos Macaúbas e Bambuí.
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17º
Rochas Granitóides
GRUPO BAMBUÍ
Indiviso
GRUPO MACAÚBAS
Formação Salinas
Formação Jequitaí
DIAMANTINA
SUPERGRUPO ESPINHAÇO
MERIDIONAL
Grupo Conselheiro Mata
SERRO
Grupo Diamantina
EMBASAMENTO PRÉ-ESPINHAÇO
Indiviso
Contato Geológico
20º
BELO HORIZONTE
Figura 1: Mapa Geológico da região de Diamantina (modificado de ALMEIDA ABREU, P.A.
1995)
 Complexo Basal
Anteriormente nomeado de Sg. Pré-Rio das Velhas (Kneidl, 1977 in Schöll & Fogaça,
1979), ocupa parte da faixa mediana-central da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM)
representado predominantemente por rochas graníticas s.s. (Granito Gouveia) que aparecem
ocasionalmente nas rochas gnáissicas-migmatíticas mais antigas (G. Congonhas). O granito foi
datado de 2839  14 Ma (Machado et al. 1989) pelo método U/Pb em zircões.
Subordinadamente ocorrem anfibolitos, migmatitos e charnoquitos.
 Supergrupo Rio Paraúna
Anteriormente chamado de Sg. Rio da Velhas (Schöll & Fogaça, 1979) e representa uma
seqüência supracrustal e aflora apenas na faixa mediana-central da SdEM e localmente, na
borda sudeste desta serra.
Grupo Pedro-Pereira- Sua ocorrência é muito restrita e é composta por uma associação
de rochas metamáficas, meta-ultramáficas e ácidas na base e metassedimentos de origem
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química (Bif’s e metacherts) no topo mostrando, invariavelmente, contatos tectônicos com as
rochas do Complexo Basal.
Grupo Costa-Sena- É a principal unidade em área e reúne rochas predominantemente
epiclásticas com contribuições vulcânicas máficas a félsicas subordinadamente. Ocorrem xistos
a quartzo e mica, de coloração cinza clara a esverdeada, ou mesmo róseo e avermelhada.
Eventualmente contém lazulita, turmalina e hematita .
 Supergrupo Espinhaço
O Sg. Espinhaço (Proterozóico Médio), com espessura estratigráfica preservada maior
que 3.000 m, é composto predominantemente por rochas metassedimentares siliciclásticas e
subordinadamente por rochas metavulcânicas, contendo no topo, algumas ocorrências de
rochas carbonáticas. Pflug (1968) apresentou a primeira coluna estratigráfica do Sg.
Espinhaço, que comporta oito unidades da base para o topo: São João da Chapada, Sopa
Brumadinho, Galho do Miguel, Santa Rita, Córrego dos Borges, Córrego da Bandeira, Córrego
Pereira e Rio Pardo Grande.
A seqüência estratigráfica desenvolvida por Schöll & Fogaça (1979), foi confirmada por
Dossin et al. (1984), que propõem uma subdivisão do Sg. Espinhaço em dois grupos: Grupo
Diamantina, que engloba as 3 primeira formações e Grupo Conselheiro Mata, englobando as
restantes. Almeida Abreu & Pflug (1994) incluem a formação Bandeirinha como formação basal
do Sg. Espinhaço.
Formação
Bandeirinha
-
É
caracterizada
por
espesso
pacote
de
rochas
predominantemente quartzíticas, sendo sua porção basal constituída predominantemente por
quartzitos finos, puros a micáceos com variações laterais para quartzo-xistos finos. Na porções
média e inferior são freqüentes os quartzitos de coloração rósea a avermelhada intensa
causada por diferentes concentrações de óxidos de ferro nos grãos de quartzo e ao longo de
suas bordas. Sua espessura pode chegar a 130 m. Sua deposição ocorreu em ambientes
fluviais com contribuição eólica e de leques aluviais (Rodrigues da Silva (1995) in Almeida
Abreu (1995)) e a presença de red beds caracteriza a deposição em idade de 1.750 Ma.
Formação São João da Chapada - Trata-se de um conjunto litológico depositado em
larga e extensa bacia fluvial, separado por profunda discordância angular e erosiva com a
formação anterior, e tem predominância de quartzitos ferruginosos, mal selecionados e não
micáceos na base e no topo, separados por um nível pouco espesso de rochas magmáticas.
Dividida em três níveis distintos, por Schöll (1979) in Schöll & Fogaça (1979) : Nível AMetabrechas monomíticas de quartzito ou metaconglomerados polimíticos (30m). Nível BIntercalações de filitos hematíticos nos quartzitos, com espessura média de 20m. Nível CQuartzitos de granulação média a grossa, com estratificações cruzadas.
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Formação Sopa Brumadinho -
Esta unidade é constituída por três níveis
litoestratigráficos (D, E, F) proposto por Schöll (1979) in Schöll & Fogaça (1979). O ambiente
deposicional para essa formação é aluvial e lacustre . Nível D- composto por filitos, filitos
quartzosos e quartzitos micáceos (35m). Nível E- subdividido em duas fácies, E1, constituída
por quartzitos de granulometria grosseira, seixosos (localmente), com elevados teores em FeO
que pode ser observado em laminações, estratos cruzados e marcas onduladas
e E2,
caracterizada por metaconglomerados polimíticos ou monomíticos intercalados por quartzitos
grosseiros. Nível F: níveis com 25 a 30 m de espessura, constituídos por filitos e metassiltitos
com intercalações de metabrechas quartzíticas que gradam para quartzitos micáceos,
quartzitos de granulometria fina e, finalmente, para quartzitos Galho do Miguel.
Formação Galho do Miguel - É a unidade de maior distribuição areal na região de
Diamantina. São quartzitos puros de granulação fina e com alto grau de maturidade que podem
apresentar micas nos planos de acamamento e a presença de seixos são freqüentes. Possui
mega estratificações cruzadas, revelando um sistema deposicional eólico.
Formação Santa Rita - É uma seqüência constituída por filitos, quartzitos sericíticos e
metassiltitos. Espessura variando entre 100 e 250 m e seus limites, inferior e superior, são
marcados pelo aparecimento de quartzitos. Apresentam diques de arenito constituídos por
injeções sin-sedimentares de areias em camadas de metassiltitos bandados .
Formação Córrego dos Borges - Corresponde a um pacote de quartzitos finamente
laminados, branco-acinzentados, com espessura variável em torno de 100m. Há predomínio de
quartzitos micáceos de granulometria fina com maior ou menor teor em turmalinas detríticas.
São encontradas na base do pacote laminações argilosas entre 10 e 60cm.
Formação Córrego da Bandeira - É distinguida pela alternância não uniforme de filitos e
quartzitos de granulação fina. Sua porção basal é constituída por ritmitos cinza escuros e o
topo por filitos quartzosos com grandes intercalações de quartzito fino.
Formação Córrego Pereira - É um pacote de quartzitos diferenciado das demais
formações devido ao déficit de feldspatos entre seus constituintes mineralógicos. Os quartzitos
puros localizam-se na porção média do pacote enquanto os quartzitos micáceos são freqüentes
na base e no topo do pacote, e os feldspáticos no topo do pacote. São identificadas
estratificações cruzadas de baixo ângulo, diques de arenito, bolas de argila e laminações
convolutas.
Formação Rio Pardo Grande - Unidade aflorante a NW de Conselheiro Mata é
constituída por alternâncias entre metassiltitos e metargilitos moldados em um sinclinal de
grande envergadura e extensão quilométrica por sobre os quartzitos da Formação Córrego
Pereira. São freqüentes crostas lateríticas e concreções ferro magnesíferas a partir de
metargilitos e metassiltitos.
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 Supergrupo São Francisco
Grupo Macaúbas - É uma seqüência sedimentar pré-cambriana depositada acima do Sg.
Espinhaço com prolongamento superior a 500 km no sentido N-S no estado de Minas Gerais.
Nele incluem os metassedimentos de origem glacial e os arenosos e conglomeráticos que
ocorrem sob os metassedimentos glaciogênicos e sobre unidades do Sg. Espinhaço.
Segundo Karfunkel & Karfunkel (1977) in Dardenne & Walde (1979) os sedimentos do
Grupo Macaúbas apresentam a seguinte divisão litoestratígráfica: Fm. Califorme, contendo
quartzitos com estratificação cruzada e algumas intercalações de conglomerados; Fm. Terra
Branca, com filitos, quartzitos e metassiltitos. De W para E são distinguíveis as fácies Jequitaí,
Cacaratiba e Turmalina; Fm. Carbonita, com quartzitos, metassiltitos e filitos com intercalações
de xistos verdes.
Grupo Bambuí - Dominado por seqüências carbonáticas com intercalações de unidades
pelíticas. Ocupa vasta área do Cráton do São Francisco inserindo-se às bordas ocidental e
setentrional da SdEM onde recobre litologias ou do Grupo Macaúbas ou do Sg. Espinhaço. A
seqüência litoestratigráfica por Dardenne (1978, 1979) in Dardenne & Walde (1979):
Formação Jequitaí - Constitui a base do Grupo Bambuí. É caracterizada por um
paraconglomerado geralmente assimilado a um tilito de origem glacial, depositada em
discordância sobre unidades mais antigas do Pré-cambriano.
Formação Sete Lagoas – É representado por seqüência margosa e pelítica onde
aparecem lentes carbonatadas de todas as dimensões. O contato desta formação com a
Formação Jequitaí é aparentemente concordante, mas a diferença brusca de ambientes
deposicionais que formaram as duas litologias levou diferentes autores a considerarem a
existência de uma discordâncias entre as duas formações, que apresenta provavelmente um
hiato na seqüência sedimentar.
Formação Serra de Santa Helena – A formação é composta por folhelhos e siltitos com
intercalações freqüentes de arenitos finos e calcários.
Formação Lagoa do Jacaré - Caracteriza-se por intercalações de calcários oolíticos e
psolíticos com siltitos e margas, que freqüentemente passam a ser predominantes.
Formação Serra da Saudade – É constituída por folhelhos, argilitos, siltitos com lentes de
calcário localmente observadas.
Formação Três Marias - Caracterizada por arcósios e siltitos verdes. Apresenta contatos
localmente diferenciados podendo ocorrer de forma transicional ou por discordância erosiva.
IV.3. - Estrutural
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Diversos trabalhos tem sido publicados sobre a caracterização estrutural da Serra do
Espinhaço, em especial a partir de Herrgesell (1984) e Almeida Abreu et. al. (1986) in Rolim
(1992).
A Serra do Espinhaço pode ser genericamente definida como um orógeno, estruturado
principalmente por um sistema de zonas de cisalhamento dúctil frontais/falhas de empurrão
com direção norte-sul e vergência para oeste. Estas movimentações de massa ocorreram de
leste para oeste e são consideradas o principal evento deformacional e suas características
estão presente no região de Diamantina. No interior dos segmentos limitados pelos planos das
falhas mais importantes podem aparecer amplas dobras abertas (localmente fechadas) com
vergência para oeste. São freqüentes as inversões estratigráficas, estando inclusive, as
unidades superiores do Supergrupo Espinhaço jogadas por sobre unidades do Supergrupo São
Francisco, na borda oeste da Serra (Knauer & Ebert, 1997).
Caracterização estrutural
São estruturas características das deformações não-coaxiais que ocorreram nestes
cinturões de falhamentos e dobramentos, principalmente na borda leste da Serra do
Espinhaço. A principal estrutura planar no Espinhaço é uma foliação de aspecto
anastomosado, muitas vezes de caráter milonítico que aparecem junto aos planos de falhas,
com direções entre N10oW e N10oE e mergulhos moderados, localmente altos para leste. Esta
foliação é uma xistosidade demarcada por minerais recristalizados sin-tectonicamente. As
dobras relacionadas à esta foliação, apresentam amplitudes centimétricas até métricas abertas,
raramente fechadas e isoclinais, de caráter sin-milonítico com eixos orientados NS e mergulhos
moderados para leste, podendo desenvolver localmente em faixas de elevadas deformação
dobras em bainha resultante do progressivo encurtamento destes eixos. A borda leste da Serra
do Espinhaço é a parte mais deformada da Serra, onde a foliação milonítica é marcante, e
quase invariavelmente paralela ao acamamento, sendo ambos subparalelos aos falhamentos,
todos com direção média norte-sul.
A repetição de horizontes estratigráficos associados a zonas de cisalhamento discretas,
permitem inferir um sistema de cavalgamento, em escala maior, constituindo por estruturas do
tipo “horse” e leques embricados compressivos.
As lineações mineral e de estiramento, marcadas tanto por minerais, grânulos, seixos e
concreções ferruginosas, com atitude média de S80oE (“down-dip”), estas lineações constituem
um dos principais elementos da borda leste da serra do Espinhaço.
Desenvolvem-se estruturas compressivas como clivagem de crenulação (Sn+1) nos
planos axiais de amplas dobras abertas (localmente fechadas) via de regra com vergência para
oeste, sendo denominada clivagem de crenulação nos filitos e xistos e clivagem de fraturas
nos quartzitos.
A ocorrência de dobras amplas e muito suaves, com eixos de direção próximos a EW
com mergulhos subverticalizados, associados à clivagem de fratura e crenulação Sn+2. As
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estruturas miloníticas e compressivas, foram formadas simultaneamente, sendo respostas
deformacionais heterogênea das rochas, a uma mesma compressão leste-oeste (Rolim, 1992).
Ocorrência de “boudinage” assimétrica, tanto de veios de quartzo como da própria
foliação, indicando transporte para oeste; “shear bands” tardias de direção N-S e mergulhos
normalmente altos para leste; veios de quartzo estruturados “en echelon”, mostrando a mesma
simetria e estruturas do tipo “mica-fish” em lâminas delgadas, formado por minerais placóides
em disposição sigmoidal.
A análise do padrão geométrico e cinemático do variado acervo de estruturas tectônicas
caracteriza este “ Evento Deformacional Principal” de ampla magnitude como tangencial, de
caráter progressivamente dúctil até dúctil-rúptil e rúptil, heterogêneo e de natureza não-coaxial.
Uma questão existente na literatura, é quanto ao posicionamento cronológico deste
“Evento Deformacional Principal”. A maioria dos autores considera a estruturação da Serra
como exclusivamente formada durante o Brasiliano com caráter da deformação monocíclica
representado por um evento deformacional com transporte de leste para oeste, entretanto (e.g.
Knauer (1990); Almeida Abreu & Pflug (1994); Kault (1991) in Renger & Knauer (1995), entre
outros) defendem o caráter policíclico da deformação, com dois grandes eventos relacionados
à proximidade da interface Meso-Neoproterozóico e ao Brasiliano.
IV.4. - Evolução Geológica
A Serra do Espinhaço Meridional é o resultado da uma seqüência de eventos
geotectônicos, tendo como principais eventos uma fase rifte (1,9 à 1,7 Ga) e uma fase pós-rifte.
A fase rifte em torno de l.752 Ma (final do Paleoproterozóico), deu inicio á formação de
uma bacia onde se acumularam mais de 5.000 m de sedimentos predominantemente areníticos
do Supergrupo Espinhaço. O fechamento da bacia por esforços compressivos com transporte
de E para W, gerando o Orógeno do Espinhaço em torno de 1.250 Ma (Mesoproterozóico);
Durante os 250 Ma seguintes, processou-se a sedimentação do Grupo Macaúbas,
parcialmente glaciogênica e mais desenvolvida na parte setentrional;
Em torno de 900 Ma (Neoproterozóico), um evento distensivo foi responsável por intenso
magmatismo basáltico e a subsequente subsidência do Cráton do São Francisco, que permitiu
a formação da bacia que acolheu os sedimentos pelítico-carbonáticos do Grupo Bambuí;
Ao final do Neoproterozóico, o amalgamento do Supercontinente Gondwana induz uma
reativação das estruturas nucleadas anteriormente, resultando em empurrões de E para W,
impondo a superposição das seqüências do Supergrupo Espinhaço às dos grupos Macaúbas e
Bambuí.
IV.5 – Geologia Econômica Regional
Complexo Basal – Apresenta escassa potencialidade econômica, embora a utilização
das rochas granitóides como material de construção seja muito comum. As únicas
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mineralizações contidas na unidade estão associadas a pegmatitos cuja gênese está
relacionada a eventos mais jovens, possivelmente de idade brasiliana (UHLEIN et al. 1986).
Sequências Supra- Crustais – Apresentam sequências vulcano- sedimentares de Serro
e Rio Mata Cavalo. Estão representadas por rochas ultramáficas metamorfizadas
Apresentam baixo grau (xistos magnesianos e serpentinitos), intercalando-se com
metassedimentos de natureza química e detrítica, sendo possível que estas sequências sejam
do tipo Greenstone Belt (Arqueano). As associações minerais nestas sequências são de
cromita (cromititos), ouro (aluvionar), talco e esteatito (meta- ultramáficas e talco carbonato
xistos) e sulfetos (rochas metamórficas, meta- ultrabásicas e turmalinitos)
Supergrupo Rio Paraúna – Esta sequência foi dividida em Grupo Pedro Pereira (clorita
xistos, formações ferríferas e micas xistos) e Costa Sena (quartzo mica xistos, quartzitos e
metaconglomerados). As ocorrências minerais são: ouro (disseminado em veios de quartzo),
cianita (quartzo mica xistos), lazulita (lazulita quartzo mica xistos) e sulfetos (xistos básicos).
Supergrupo Espinhaço – Área formada por metassedimentos, subdividido em oito
formações inseridas em dois grupos: Grupo Diamantina (São João da Chapada, Sopa
Brumadinho, Galho do Miguel) e Grupo Conselheiro Mata (Santa Rita, Córrego dos Borges,
Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande). Os depósitos minerais associados
são: diamante (metaconglomerados – Sopa Brumadinho e metabrechas – São João da
Chapada), ouro (veios de quartzo em unidades metapelíticas), quartzo (veios em zona de
falha), sulfetos (metariolitos), fluorita (metariolitos) e quartzito.
Supergrupo São Francisco – Apresenta sequência metassedimentar que compreende
duas unidades principais: Macaúbas e Bambuí. Os depósitos minerais associados são :
diamante (material elúvio- coluvionar), quartzo (veios e drusas) e mármore.
Pegmatitos – Encontram- se encaixados em rochas gnaíssicas do Embasamento
Cristalino. Os bens minerais associados são columbita- tantalita, berilo industrial, águasmarinhas, feldspatos e micas.
Coberturas Elúvio - Coluvionares Laterizadas ou não – Consistem em porções
peneplanizadas de idade terciário- quaternário. As associações minerais destas áreas são:
manganês, bauxita e waletita/turquesa.
V – GEOLOGIA DA ÁREA MAPEADA
V.1 – Estratigrafia
V.1.1. – Comentários Gerais
A estratigrafia, na área, por vezes não apresenta a seqüência normal, em função dos
dobramentos sucessivos ocorridos na região.
Encontrou-se, de forma geral, três formações do Supergrupo Espinhaço (segundo
ALMEIDA ABREU, P.A. 1989, 1993 e 1995): Grupo Diamantina; Formação São João da
13
Chapada, Formação Sopa - Brumadinho e Formação Galho do Miguel. Todo o pacote tem
caimento para leste.
V.1.2. – Unidades Estratigráficas
Formação São João da Chapada - a porção basal é dada por conglomerados
monomíticos, seguidos por um quartzito friável, de granulometria areia média a grossa, com
estratificações cruzadas acanaladas e também por quartzitos micáceos, avermelhados. A cor
de alteração deste material é alaranjada. Seu contato a leste com a Formação Sopa –
Brumadinho é litológico, não sendo totalmente definido.
Formação Sopa - Brumadinho - A parte basal observada nesta formação é dada por
quartzitos micáceos (alta porcentagem de muscovita) e filitos. Segue-se um grande pacote de
quartzitos conglomeráticos, clasto sustentados, de matriz arenosa, onde os clastos podem
chegar a 20 cm de comprimento, por vezes deformados. Os clastos tem composição em
maioria quartzítica, porém há alguns clastos de composição máfica. Na parte superior são
observados filitos hematíticos, que apresentam feições de dobramento, como crenulações.
Abaixo, são observados quartzitos bem selecionados (areia fina a média), coloração clara,
com alguns leitos de óxido de ferro, estratificações cruzadas de pequeno porte, por vezes
acanalada. Há seixos de quartzito dispersos em meio a esta rocha. O contato com os filitos é
gradacional. Na porção oeste da área apresenta contato litológico com a Formações São João
da Chapada e Galho do Miguel. Na porção leste, apresenta contato por falha normal com a
Formação Galho do Miguel.
Formação Galho do Miguel - As rochas observadas são quartzitos bem selecionados
(fração areia fina), com mega estratificações cruzadas, puros, com baixo teor de ferro e
orientação definida.
Seu caimento é para leste e observando-se os morros vê-se dobras de dimensões
métricas (sinclinais e anticlinais), em grande maioria com planos horizontais a subhorizontais.
O material intemperizado é avermelhado, conservando a orientação original, apresentando
reentrâncias decorrentes da alteração desigual. Apresenta contato litológico com as demais
Formações na porção oeste da área mapeada e contato por falhamento com a Formação Sopa
– Brumadinho na porção leste.
V.2. – Petrografia e Metamorfismo
As rochas da região estudada apresentam um metamorfismo de baixo grau, em fácies
xisto verde, evidenciado pelos pequenos dobramentos e presença de filossilicatos como clorita
e sericita. Há predomínio de quartzitos, com características distintas, conglomerados e filitos.
14
Na Formação São João da Chapada, macroscopicamente observou-se quartzitos
micáceos, avermelhados, com textura granolepidoblástica e estrutura foliada. Juntamente,
observou-se conglomerados monomítico, como base do São João da Chapada.
Na Formação Sopa - Brumadinho macroscopicamente observou-se: quartzitos micáceos
avermelhados, levemente foliados, de granulometria areia média; quartzitos de coloração
creme, maciços e granoblásticos eqüigranulares, com presença de estratificações cruzadas de
pequeno porte; filitos com estrutura foliada, granulação fina, presença de sericita, clorita, talco e
quartzo; quartzitos com coloração creme e com nível de seixos no topo e alguns seixos
dispersos e conglomerados diamantíferos polimíticos (vários tipos de clastos).
Microscopicamente, observou-se estrutura maciça a granular nos quartzitos, ausência de
foliação e textura granoblástica. A matriz é bem selecionada, com grãos subeudrais e contatos
côncavo-convexos. Além de quartzo, por vezes policristalino, encontra-se opacos, como
óxidos/hidróxidos de ferro e manchas de alta birrefringência que podem tratar-se de epidoto.
Há ainda escassos grãos de rutilo. A granulação média está em torno de 0,5 m. Alguns grãos
de quartzo atingem 1 m.
Os filitos apresentam estrutura foliada e textura ledipoblástica a granolepidoblástica. Há
presença de microdobras de crenulação. A granulação é bastante fina, inferior a 0,5 m, com
cristais em torno de 0,9 m. Há pequena quantidade de opacos , subdiomórficos e escassos
grãos de quartzo submilimétricos. Os quartzitos micáceos apresentam estrutura foliada e
textura granolepidoblástica. São moderadamente selecionados, com os grãos de quartzo
subdiomórficos a panxenomórficos. Os contatos são engrenados a côncavo-convexos, quando
grãos maiores. Nos grãos menores, são retilíneos. A granulometria média está em torno de 0,5
m, variando de 0,1 m a 1 m. Os agregados micáceos estão sob a forma de lentes
descontínuas, em torno de 0,5 m.
Na Formação Galho do Miguel observou-se na análise macroscópica quartzitos maciços
granoblásticos, bem selecionados, de granulometria areia fina e coloração creme. As
estratificações cruzadas são de grande porte.
Microscopicamente, os quartzitos possuem estrutura maciça , não foliada e textura
granoblástica. Os grãos bem selecionados são euedrais a subeuedrais e os contatos são
côncavo-convexos e engrenados. Há pouca quantidade de filossilicatos como muscovita e
sericita, e raros agregados de argilominerais. A granulação está em torno de 0,8 m.
V.3. – Geologia Estrutural Local
Na região mapeada ocorrem estruturas rúpteis, como falhas e fraturas e dúcteis, como
dobras. As dobras apresentam grande porte, visíveis nos morrotes da Formação Galho do
Miguel. O pacote todo tem caimento geral para leste.
O acamamento (S0)
e a foliação estão, no geral, subparalelos. Nos dois domínios
principais (leste e oeste da área) ocorrem mudanças no caimento.
15
Na área leste da foto, o acamamento apresenta-se caindo para leste, estando todo
dobrado (fato evidenciado pela formação de guirlandas no estereograma de planos), conforme
figura abaixo:
Figura 2: Estereograma do acamamento do domínio leste da área.
No domínio oeste também ocorrem dobras no acamamento, com eixos de orientação
sudoeste e flancos com caimento para NW e SE (figura 3).
16
Figura 3: Estereograma de Planos de Acamamento do domínio oeste da área.
Sn segue certa orientação e apresenta-se igualmente dobrado, por vezes cortado por
falhas e juntas. Esta fase de dobramento é observada também através da crenulação em filitos.
No domínio leste da área, Sn cai para leste a nordeste, enquanto que na área oeste, cai
para noroeste, conforme figuras a seguir, evidenciando os esforços aplicados na região.
Figura 4: Estereograma de Sn das camadas do domínio leste.
17
Figura 5: Estereograma de Sn das camadas do domínio oeste.
Foram observadas diversas falhas de pequeno porte nos afloramentos, que podem ser
classificadas como normais, apresentando caimento dos planos de falha condizentes com a
orientação das estrias, isto é, NE-SW. Isso pode ser relacionado à falha normal de grande
porte relacionada à evolução da região, que está localizada na porção central da área
mapeada.
18
Figura 6: Estereograma dos planos de falha medidos.
Figura 7: Estereograma das medidas de estrias de falhas.
V.4. – Geologia Econômica da Área Mapeada
Na área mapeada foi observada a exploração dos seguintes bens minerais:
- Diamantes, em lavras rudimentares, em conglomerados da Formação Sopa
Brumadinho, em toda sua área de ocorrência.
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- Areia para construção civil, em níveis mais alterados, também na Fm. SopaBrumadinho
- Quartzo para coleções, em garimpos extremamente rudimentares, principalmente onde
os veios de quartzo apresentavam grandes dimensões
- Pedras para cantaria, em pequenas pedreiras na Fm. Galho do Miguel.
V.5. – Evolução Geológica Local e Conclusões
Concluiu-se que a evolução da região inicia-se com a deposição das unidades
encontradas (São João da Chapada, Sopa – Brumadinho e Galho do Miguel). Após a
deposição, a região foi submetida a um esforço compressivo que gerou dobras, assim
formando um sinclinal assimétrico com caimento, onde os flancos mergulham para leste.
Um evento posterior gerou falhas normais, com padrão NE-SW, que movimentou a
Formação Galho do Miguel, colocando-a acima da Formação São João da Chapada.
O evento erosivo fez com que a Formação Galho do Miguel fosse colocada à leste da
Formação Sopa Brumadinho.
Pode-se concluir ainda que o critério litológico não é totalmente eficiente na
diferenciação das Formações, embora a geologia estrutural da área seja relativamente simples.
Os quartzitos, presentes em todas as Formações apresentam características faciológicas muito
próximas, sendo difícil sua diferenciação em campo.
Os objetivos visando relacionar os trabalhos em equipe no campo e no escritório, com a
finalidade de gerar um mapa geológico final foram alcançados, integrando os dados obtidos
com a interpretação foto-litológica.
V.6. – Recomendações e Dificuldades Encontradas
A
principal dificuldade verificada foi diferenciar os diversos tipos de quartzitos, das
diferentes Formações. Para um melhor desempenho seria necessário um amadurecimento
maior quanto à geologia da região.
Uma avaliação foto-litológica inicial mais detalhada e maior planejamento de campo
também contribuiríam para um maior aproveitamento dos dias de campo.
Recomenda-se, assim, que inicialmente haja um dia para uma análise foto-litológica
detalhada e observação de amostras provenientes das Formações aflorantes na região.
VI – BIBLIOGRAFIA
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20
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baseada na geometria os falhamentos de empurrão. REM: R. Esc. de Minas de Ouro Preto, 45 (1 e
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Geonomos (julho, 1995): Edição Especial – Geologia da Serra do Espinhaço. V.3 (1) p.41-63.
SCLIAR, C. 1995. Dotação mineral, meio ambiente e desenvolvimento do Alto Jequitinhonha.
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das rochas Arqueanas e Proterozóicas da Serra do Espinhaço Meridional - MG. Anais do XXXIV
Congr. Bras. de Geologia, Goiânia, GO. V. 3 p. 1191-1199
22
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de inversão na borda sudeste do Cráton do São Francisco. Geonomos 3 (1): 1999 – 107.
23
VII – ILUSTRAÇÕES
24
VIII – ANEXOS
25
DESCRIÇÃO DOS AFLORAMENTOS DOS TRABALHOS DE CAMPO
(os pontos estão localizados no Mapa de pontos apresentado nos anexos)
Dia 10/02/2004
Ponto 1 - Lavrinha de Areia
Na base, um quartzito com estratificações cruzadas de pequeno porte essa camada com
aproximadamente 1,5m. Acima dessa camada uma outra camada com 1m de espessura de
conglomerado. E no topo com aproximadamente 2m um quartzito com estratificações cruzadas
(10cm) e com seixos dispersos no topo. Características essas da Fm. Sopa Brumadinho.
N295/20 Acamamento
N290/40 e N244/30 Estratificações cruzadas
Há presença de uma lente de filito na base dessas camadas.
N240/47 N284/33 N280/60 N290/50 Foliação do filito
Ponto 2 e 3 - Galho do Miguel
Quartzitos bem selecionados e limpos (Fm. Galho do Miguel). A foliação corta o
acamamento.
Esse material por ser mais resistente, salta no relevo formando morros de diferentes
formatos.
Grau variado de alteração dos quartzitos, há oxidação.
Grande quantidade de seixos soltos, o que indica carregamento dos conglomerados do
Sopa Brumadinho.
N100/10 N90/35 N16E Direção do mergulho
Cristais bem formados de quartzo.
Ponto 4 - Galho do Miguel
Quartzito bem litificado, fino, maciço não é definido o S0.
Estratificações paralelas.
Pode se ter descido na estratigrafia.
Ponto 5
Quartzito alterado e dobrado, material parece com os veios dos pontos anteriores
(material solto).
Encontramos cristais bem formados de quartzo.
26
Dia 11/02/2004
Ponto 6
Próximo à estrada Guinda/Sopa na altura da lavrinha.
Quartzito fino à médio com clastos de quartzo.
Filito micáceo com um acamada avermelhada de alteração.
Perfil rumo à W.
N96/40 N93/33 Mergulho da foliação do filito
Há intercalações de filito no quartzito.
Uma Segunda intercalação de filito está sendo sobreposta por um nível (0,5 à 1m) de
uma rocha sedimentar que seria um cascalho com seixos angulosos de tamanhos variados
desde milimétricos até 4cm; e sobreposta à esta rocha há um nível de um material de origem
sedimentar com matriz arenosa apresentando grãos de quartzo milimétricos, em toda a
camada.
Esta ultima camada está sendo pedogenizada.
Provavelmente Fm. Sopa Brumadinho.
A direção da lineação é EW.
Amostra G2 Pto6 (Filito).
Ponto 7 - Ravina antrópica à 100m da estrada Guinda /Sopa
Quartzito conglomerático com seixos de no máximo 10cm arredondados de natureza
quartzosa (quartzo leitoso), a matriz é um arenito fino à médio com estratificações cruzadas de
médio porte tabular planar.
Do lado W da ravina há um filito em contato com o arenito (Fm. Sopa Brumadinho).
N100/30 mergulho da foliação
O arenito é grosso conglomerático com seixos de quartzo leitoso subangulosos de no
máximo 1cm.
Ponto 8
Morro destaca-se na topografia (Fm. Galho do Miguel).
Quartzito mal selecionado, pouco alterado, que apresenta uma maior resistência à
erosão. Com estratificações cruzadas de grande porte.
Amostra G2Pto8
Ponto 9 - Pequena lavra à 200m do ponto anterior, ainda Fm. Galho do Miguel
Quartizito com estratificações cruzadas.
Funcionando como um a calha natural dentro dessa unidade.
A drenagem está do lado esquerdo da lavra e do topo do morro do pto8.
27
Ponto 10 - 300m à W da lavrinha, cruzamos a drenagem
Quartzito com estratificações cruzadas de médio porte e veios de quartzo.
Camadas de filitos intercaladas com o quartzito. Quartzito de coloração creme à amarela.
N214/10 acamamento
Há presença de níveis de seixos dispersos, angulosos a subarredondados de natureza
quartzosa.
Filito com coloração cinza esverdeada, com uma camada de alteração avermelhada.
N112/30 Sn filito
Amostra G2Pto10 (filito)
Ponto 11 - Corte da drenagem à 150m da confluência principal
Quartzito sem muita orientação, micáceo com intercalações de filito.
Há estratificações cruzadas. Quartzito com tons avermelhados devido à alteração.
Amostra G2Pto11A e G2Pto11B (Quartzito micáceo)
Ponto 12 - À 100m W da drenagem
Pelas características dos quartzitos entramos novamente na Fm. Galho do Miguel.
N24/50 acamamento
Quartzito com estratificações cruzadas de grande porte, rocha alterada de coloração
avermelhada, produto de alteração.
Dia 12/02/2004
Ponto 13 - Morro Fm. Galho do Miguel
Quartzito bem selecionado com estratificações de grande porte.
Presença de seixos de até 3cm. Quartzito alterado, presença de ferro.
Ponto 14 - Estrada principal à 100m da porteira
Veios de quartzo embaixo arenito grosso com seixos milimétricos.
Camada de seixos varia de 2cm à 2m.
Camada superior desaparece em alguns locais.
Ponto 15 - Próximo à curva da estrada secundária
Quartzito bem selecionado Fm. Galho do Miguel.
N186/10 acamamento.
Ponto 16 - Morro
Mega estratificações (Fm. Galho do Miguel).
Ponto 17 - Ravina à 5Km de Diamantina
Fm. Sopa Brumadinho
28
Ponto 18 - À 4Km de Diamantina
Fm. Galho do Miguel, quartzito bem selecionado, bem litificado, estratificaçõesde m’dio
porte.
N10/12 estratificações
Dia 13/02/2004
Ponto 19 - À 50m da Lavrinha
Contato Sopa/Galho, possivelmente gradacional.
Ponto 20 - À 50m do contato
Fm. Galho do Miguel.
N140/30
Ponto 21- À 50m da drenagem
Fm. Galho do Miguel.
Falha/ fratura direcional
N162/85 Falha
N58/60 Estrias
Pontos 22 à 26 - Perfil após o morro
Fm. Galho do Miguel com mega estratificações e atitudes variaveis. Grandes dobras.
Ponto 27- Afloramento próximo à drenagem
Veios de quartzo.
Amostra G2Pto27.
Ponto 28 - Lavra de areia para construção
Fm. Sopa Brumadinho.
Ponto 29 à 31
Fm. Galho do Miguel, quartzitos bem selecionados com estratificações cruzadas pouco
preservadas.
Ponto 32
Quartzito bem selecionado e limpo, presença de falhas e fraturas.
Material intemperizado.
N158/25 N155/25 acamamento
A drenagem está correndo numa falha normal.
N300/65 N300/65 plano da falha
N14/33 estrias
Amostra G2Pto32
EW/60 falha
29
N335/30 estrias
Par conjugado de falhas
N352/40 N132/10 acamamento
N102/80 N98/75 falha normal
N193/85 estria
N126/40 N126/20 N134/18 acamamento
N322/58 N352/58 falha
N35/12 estrias
30
Ficha para descrição petrográfica
Ponto: 05
Estado de alteração: Baixo
Descrição macroscópica
Estrutura: Foliada
Textura: Lepidoblástica
Mineralogia: Micas e talco
Relações entre minerais e estruturas: Minerais placóides, dispostos de forma foliada, planar
Descrição microscópica
Estrutura: Foliada
Textura: Lepidoblástica
Granulação: A granulação da rocha é fina ( em torno de 0,5 m) , com alguns grãos maiores
(opacos e quartzo) espalhados pela lâmina.
Mineralogia
Argilominerais (sericita/clorita): 75%
Opacos: 15%
Quartzo: 8%
Biotita: 2%
Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: A rocha apresenta
orientação, com presença de dobras e clivagem de crenulação (com identificação de septo e
micróliton). Não se pode determinar os minerais opacos, por ser luz refratada (apesar das
quantidades). A presença de minerais placóides (micas) caracteriza a estrutura foliada.
Nome da rocha: Filito
Protólito: Pelito
31
Ficha para descrição petrográfica
Ponto: 10
Localização: A 300 m a W da Lavrinha
Estado de alteração: Baixo grau de alteração
Descrição macroscópica
Estrutura: Foliada
Textura: Lepidoblástica
Mineralogia: Micas e talco
Relações entre minerais e estruturas: Minerais placóides, dispostos de forma foliada, planar
Descrição microscópica
Estrutura: Foliada
Textura: Lepidoblástica
Granulação: A granulação da rocha é fina, menor que 0,5 m.
Mineralogia:
Argilominerais (sericita/clorita): 75%
Biotita: 20%
Opacos: 5%
32
Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: Os minerais micáceos
estão orientados segundo a foliação principal, há presença de clivagem de crenulação e podese observar os septos com clareza. Os agregados micáceos se encontram dobrados.
Nome da rocha: Biotita filito
Protólito: Pelito
Ficha para descrição petrográfica
Ponto: 11b Localização: Corte da drenagem a 150 m da confluência da drenagem principal
Estado de alteração: Baixo grau de alteração
Descrição macroscópica
Estrutura: Levemente foliada
Textura: Granolepidoblástica
Mineralogia: Quartzo e micas
Relações entre minerais e estruturas: A foliação da rocha é dada pela presença de minerais
micáceos (que chegam a 15% da constituição da rocha).
Descrição microscópica
Estrutura: Foliada
Textura: Granolepidoblástica
Granulação:alguns grãos menores que 0,5 m e outros que variam de 0,5 a 0,7μm.
Mineralogia:
Quartzo: 80%
Micas: 15%
Opacos: 3%
33
Secundários: 2%
Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: Os grãos de quartzo se
apresentam na maioria com contatos côncavo – convexos e alguns engrenados. As micas se
apresentam sob a forma de lentes descontínuas, que podem ocorrer dobradas ou não.
Nome da rocha: Quartzito micáceo
Protólito: Arenito micáceo
Ficha para descrição petrográfica
Ponto: 27
Localização: Afloramento próximo a drenagem, em direção a Guinda
Estado de alteração: médio/alto grau de alteração
Descrição macroscópica
Estrutura: Não foliada
Textura: Granoblástica
Mineralogia: Quartzo
Relações entre minerais e estruturas: Grãos equigranulares, dispostos de forma maciça
Descrição microscópica
Estrutura: Maciça
34
Textura: Granoblástica
Granulação: Grãos em torno de 5μm.
Mineralogia:
Quartzo: 95%
Micas: 5%
Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: O contato entre os grãos
de quartzo se apresentam engrenado e côncavo-convexos na sua maioria. A pequena
quantidade de minerais micáceos se apresenta sob a forma de pequena lentes.
Nome da rocha: Quartzito
Protólito: Arenito
Ficha para descrição petrográfica
Ponto: 32
Localização: Limite da foto, ponte na estrada, drenagem
Estado de alteração: Baixo grau de alteração
Descrição macroscópica
Estrutura: Não foliada
Textura:Granoblástica
Mineralogia: Quartzo
Relações entre minerais e estruturas: Grãos equigranulares, dispostos sem foliação
Descrição microscópica
Estrutura: Maciça
Textura: Granoblástica
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Granulação:.Em torno de 0,5μm.
Mineralogia:
Quartzo: 95%
Biotita: 4%
Argilominerais: 1%
Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: Pelo fato de a rocha ser
formada quase na sua totalidade por grãos de quartzo, sendo os contatos engrenados ( na sua
maioria), esta possui estrutura maciça e textura granoblástica.
Nome da rocha: Quartzito médio
Protólito: Arenito médio
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