1 RESUMO O estágio promovido pelo Instituto “Casa da Glória” teve o intuito de oferecer aos alunos o contato com a geologia da região, aprendendo técnicas de campo e escritório para otimizar o mapeamento geológico. A área mapeada pelo Grupo 2 concentrou-se na porção sul da foto aérea n.º 9882 a 9884, ano de 1973, na região do vilarejo de Guinda. Foram observadas de forma marcante três litologias, pertencentes às Formações São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e Galho do Miguel, do Supergrupo Espinhaço, que foram devidamente descritas e analisadas, com a finalidade de produzir um mapa geológico da região estudada. I – INTRODUÇÃO I.1. – Objetivos O objetivo principal do estágio de mapeamento geológico promovido pelo Instituto “Casa da Glória” é preparar os alunos para os procedimentos do dia-a-dia de uma campanha de campo, assim como para a metodologia utilizada em escritório. Os objetivos específicos deste grupo foram mapear a região próxima a Guinda (foto aérea n.º n.º 9882 a 9884, ano de 1973 – parte sul) e apresentar um mapa foto-litológico da região. I.2. - Localização e acesso A Serra do Espinhaço estende-se por 1.200 Km no sentido N-S entre os estados de Minas Gerais e Piauí. Sua porção Meridional abrange 300 Km de extensão na direção N-S entre o quadrilátero Ferrífero e a região de Olhos d’água representativa de uma faixa orogênica que limita a porção SE do Cráton São Francisco. De acordo com o Projeto Espinhaço (1997), a Folha Diamantina, com área total de 2.960 km² e inserida na porção central da Serra do Espinhaço, acha-se delimitada pelas coordenadas de longitudes 43°30' e 44°00'W e latitudes 18°00' e 18°30'S. O acesso é bom, pois a área é atravessada inteiramente pela BR-367 que liga Diamantina a Curvelo (passando por Gouveia) e ao vale do Jequitinhonha. A facilidade de se poder contar com uma rede viária bastante boa, bem como um aeroporto em Diamantina destinado a aeronaves de vôo doméstico, é explicada pelo índice demográfico relativamente elevado na folha (em termos de Serra do Espinhaço). Além das três sedes municipais (Diamantina, Datas e Gouveia) existem inúmeros vilarejos, podendo-se destacar, além dos já mencionados, os de Guinda, Sopa, Extração, São João da Chapada e Maria Nunes. A área mapeada fica nos arredores do vilarejo de Guinda, sendo quase que totalmente atingida pela rodovia principal (BR – 367) e por estradas secundárias, de terra, abertas principalmente em função do garimpo. 2 I.3. – Metodologia Foram seguidas duas metodologias: campo e escritório. Inicialmente, em escritório, efetuou-se fotointerpretação da área mapeada, com o intuito de determinar os perfis a serem realizados, assim como as informações fundamentais sobre a região. Em campo foram observados afloramentos, descrevendo características gerais (como dimensões do afloramento, presença ou não de estratificações, granulometria, tipo de rocha, medidas estruturais, etc), com o auxílio e uso de martelo, lupa, escala granulométrica e bússola. Em escritório, as informações coletadas em campo foram lançadas na foto, visando o fechamento da área e produção do mapa foto-litológico correspondente. Foram produzidos estereogramas com as medidas estruturais coletadas, perfis e lâminas para análise petrográfica (realizada em microscópio óptico Leinz). Com todas as informações em mãos, foram determinados os contatos entre formações e produzido o mapa final e o relatório. Foi utilizada a Plataforma Windows e o programa StereoNet 3.3. I.4. – Dados Físicos de Produção Área trabalhada (km2) 16,95 km2 Quilômetros Percorridos (a pé) 20,65 km2 Número de Afloramentos Descritos 32 Número de Amostras de Rocha 10 Número de Ocorrências Minerais Descobertas e 5 Cadastradas I.5. - Agradecimentos Agradecemos aos Institutos “Casa da Glória” (IGc – UFMG) e IGCE (UNESP / Rio Claro) pela oportunidade da realização do estágio de mapeamento, imprescindível para nossa formação. Aos orientadores Washington, Mário Chaves e Max, por todo auxílio e conhecimento. Aos funcionários da Casa da Glória e cidade de Diamantina pela acolhida. Ao nosso grupo por esses dias todos de trabalho e convivência, na chuva e no sol e pelos pontos de parada das laranjas. Aos amigos da turma pelo companheirismo e convivência, em especial 3 ao Grupo 1 (Geisa, Dani e Gandhi), que compartilhou conosco parte das nossas aventuras. Aos motoristas, pela viagem. II - ASPECTOS FISIOGRÁFICOS A Serra do Espinhaço é um divisor hidrográfico que divide as bacias dos rios Doce e Jequitinhonha/Araçuaí a leste e Rio São Francisco à oeste. Este “planalto” tem direção N-S e concavidade para W. Apesar da geometria encurvada ser o resultado de um mesmo evento geotectônico, seus dois limites tem características diferenciadas lito-estrutural e morfologicamente, devido suas respectivas posições num contexto geotectônico global. Tem planaltos meridional e setentrional com direções SSE-NNW e SSW-NNE, respectivamente separados por uma zona deprimida de direção SE-NW. II.1. - Clima A região da Serra do Espinhaço está situada na faixa de clima tropical sub-quente, no entanto, a orografia imposta pela região compartimenta o clima em diferentes domínios. O diagrama ombrotérmico feito a partir de dados de temperatura, calculados pelo Prof. Carlos Magno Ribeiro, mostra que o clima é mesotérmico caracterizado por verões brandos e úmidos (outubro a abril) invernos mais frescos e secos (julho a agosto) e curtas transições realizadas nos meses de maio e setembro. A temperatura média anual está na faixa de 18-19o e amplitude térmica 5,2oc. Dados da estação de Diamantina (1931/60) mostram uma insolação muito elevada com uma média de 2.203,7 horas/ano condicionando uma importante evapotranspiração potencial, que com uma média anual de 776,8mm teria condições de restituir para a atmosfera, metade das águas precipitadas. A umidade relativa do ar tem média anual de 75,6%. II.2. - Vegetação A cobertura vegetal apresenta variações de acordo com o sitio litológico, posição topográfica e drenagens. As serras quartzíticas apresentam solos arenosos (litossolos) tendo uma vegetação escassa representadas por gramíneas, flores secas (sempre-vivas), cactáceas e arbustos de pequeno porte. Fungos e liquens dão uma coloração particular para rochas que afloram. Nas drenagens ou alinhamentos estruturais, muitas vezes com intrusão de rochas metabásicas, onde a umidade se concentra, aparecem matas ciliares constituídas por vegetação exuberante com árvores de médio porte. Os fundos dos vales constituem matas com várias camadas onde se misturam árvores de grande porte (inclusive madeira de lei), arbustos, cipós, samambaias, gramíneas e orquídeas. A vegetação é marcada pela atividade e ataques antrópicos. 4 II.3. - Hidrografia O principal rio da bacia oeste é o Rio das Velhas, afluente de 1 a ordem de margem direita do coletor maior, em seu percurso recolhe direta ou indiretamente todas as drenagens oriundas da Serra do Espinhaço meridional (SdEM), destacando-se os rios Cipó, Paraúna, Pardo Pequeno, Pardo Grande e Curimataí. Dois elementos indicam uma fase de estabilização morfodinâmica dos cursos superiores: presença de uma soleira litológica (serras quartzíticas), estabelecendo um nível de base local, e extensas várzeas a montante desta, que regularizam o perfil longitudinal e induzem meandramentos conseqüentes. A regularização do perfil longitudinal dos cursos superiores na borda da serra não é uma tendência definitiva, mas aparente. A tendência verdadeira é a do encaixamento da rede hidrográfica marcada pelo recuo das cabeceiras, o padrão encaixado dos terraços aluviais e o aprofundamento das gargantas a jusante da soleira. A forte ação erosional natural e antrópica, cria uma sobrecarga sedimentar instantânea e contribui mais eficazmente do que o aumento do gradiente hidráulico, devido a um lento mas contínuo soerguimento epirogenético . Do ponto de vista econômico, os aluviões portadores de diamante e ouro, pertencem aos rios e córregos afluentes do rio Jequitinhonha, pelo fato destes secionarem extensivamente as camadas de quartzitos e metaconglomerados da Formação Sopa Brumadinho. III - GEOMORFOLOGIA Através das diferenças de comportamento frente ao intemperismo e de resistência mecânica, a erosão vai controlar grande parte da formação do relevo. A predominância absoluta dos quartzitos do Supergrupo Espinhaço compõem uma cobertura rígida mas densamente fraturada e cisalhada. As principais formas de relevo são representadas por cristas, escarpas e vales profundos relacionados com as estruturas tectônicas. Dentro deste compartimento de relevo, ocorrem áreas deprimidas composta por rochas metabásicas e pelíticas sustentando morfologias colinares policonvexas ou mais ou menos suavizadas (Allaoua Saadi, 1995). IV - GEOLOGIA REGIONAL IV.1. - Trabalhos Anteriores As primeiras contribuições científicas sobre a Serra do Espinhaço datam de 1.799, por Vieira Couto, e publicado somente em 1.848. A este, seguem-se os estudos do Barão Wilhem von Eschwege, devido a descoberta dos diamantes nas proximidades de Diamantina, no século XIX o qual abordou em suas pesquisas a geologia, a estratigrafia e contexto econômico 5 num âmbito regional (Eschwege, 1.833). Eschwege distingüiu quatro unidades englobando as formações Pré-Cambrianas, (1) os granitos, gnaisses, micaxistos, sienitos e basaltos e (2) litologias do itacolomito e itabirito; uma formação (3) calcária e pelítica do paleozóico inferior e (4) arenitos e conglomerados permianos. Posteriormente, Derby detalhou a seqüência abrangendo também a Chapada Diamantina e criou o termo de Série Minas para rochas pouco metamorfoseadas, tais como quartzitos, itabiritos, xistos e calcários, no Quadrilátero Ferrífero. Na região de Diamantina, distingüiu como mais recentes uma seqüência quartzítica sobre os filitos e conglomerados diamantíferos. Na década de 60, foram realizados trabalhos mais detalhados, possibilitando as primeiras subdivisões estratigráficas e correlações entre as seqüências do Espinhaço Meridional e do Quadrilátero Ferrífero, que se iniciaram com Pflug (1963, 1965 e 1968). Em meados de 1980, inicia-se uma tendência à pesquisas de maior detalhe, abrangendo estratigrafia/sedimentologia, geologia estrutural e econômica, geocronologia e evolução geológica/geodinâmica, culminando em mapeamento realizados pelo convênio DNPM/CPRM/FUNDEP UFMG, em 1979. IV.2. - Estratigrafia A Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) apresenta três conjuntos tectono- estratigráficos maiores: o Complexo Basal e os Supergrupo (Sg) Rio Paraúna e Sg. Espinhaço. Bordejando essa serra, e mesmo sobrepondo localmente suas faixas limítrofes, aparecem unidades dos grupos Macaúbas e Bambuí. 6 17º Rochas Granitóides GRUPO BAMBUÍ Indiviso GRUPO MACAÚBAS Formação Salinas Formação Jequitaí DIAMANTINA SUPERGRUPO ESPINHAÇO MERIDIONAL Grupo Conselheiro Mata SERRO Grupo Diamantina EMBASAMENTO PRÉ-ESPINHAÇO Indiviso Contato Geológico 20º BELO HORIZONTE Figura 1: Mapa Geológico da região de Diamantina (modificado de ALMEIDA ABREU, P.A. 1995) Complexo Basal Anteriormente nomeado de Sg. Pré-Rio das Velhas (Kneidl, 1977 in Schöll & Fogaça, 1979), ocupa parte da faixa mediana-central da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) representado predominantemente por rochas graníticas s.s. (Granito Gouveia) que aparecem ocasionalmente nas rochas gnáissicas-migmatíticas mais antigas (G. Congonhas). O granito foi datado de 2839 14 Ma (Machado et al. 1989) pelo método U/Pb em zircões. Subordinadamente ocorrem anfibolitos, migmatitos e charnoquitos. Supergrupo Rio Paraúna Anteriormente chamado de Sg. Rio da Velhas (Schöll & Fogaça, 1979) e representa uma seqüência supracrustal e aflora apenas na faixa mediana-central da SdEM e localmente, na borda sudeste desta serra. Grupo Pedro-Pereira- Sua ocorrência é muito restrita e é composta por uma associação de rochas metamáficas, meta-ultramáficas e ácidas na base e metassedimentos de origem 7 química (Bif’s e metacherts) no topo mostrando, invariavelmente, contatos tectônicos com as rochas do Complexo Basal. Grupo Costa-Sena- É a principal unidade em área e reúne rochas predominantemente epiclásticas com contribuições vulcânicas máficas a félsicas subordinadamente. Ocorrem xistos a quartzo e mica, de coloração cinza clara a esverdeada, ou mesmo róseo e avermelhada. Eventualmente contém lazulita, turmalina e hematita . Supergrupo Espinhaço O Sg. Espinhaço (Proterozóico Médio), com espessura estratigráfica preservada maior que 3.000 m, é composto predominantemente por rochas metassedimentares siliciclásticas e subordinadamente por rochas metavulcânicas, contendo no topo, algumas ocorrências de rochas carbonáticas. Pflug (1968) apresentou a primeira coluna estratigráfica do Sg. Espinhaço, que comporta oito unidades da base para o topo: São João da Chapada, Sopa Brumadinho, Galho do Miguel, Santa Rita, Córrego dos Borges, Córrego da Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande. A seqüência estratigráfica desenvolvida por Schöll & Fogaça (1979), foi confirmada por Dossin et al. (1984), que propõem uma subdivisão do Sg. Espinhaço em dois grupos: Grupo Diamantina, que engloba as 3 primeira formações e Grupo Conselheiro Mata, englobando as restantes. Almeida Abreu & Pflug (1994) incluem a formação Bandeirinha como formação basal do Sg. Espinhaço. Formação Bandeirinha - É caracterizada por espesso pacote de rochas predominantemente quartzíticas, sendo sua porção basal constituída predominantemente por quartzitos finos, puros a micáceos com variações laterais para quartzo-xistos finos. Na porções média e inferior são freqüentes os quartzitos de coloração rósea a avermelhada intensa causada por diferentes concentrações de óxidos de ferro nos grãos de quartzo e ao longo de suas bordas. Sua espessura pode chegar a 130 m. Sua deposição ocorreu em ambientes fluviais com contribuição eólica e de leques aluviais (Rodrigues da Silva (1995) in Almeida Abreu (1995)) e a presença de red beds caracteriza a deposição em idade de 1.750 Ma. Formação São João da Chapada - Trata-se de um conjunto litológico depositado em larga e extensa bacia fluvial, separado por profunda discordância angular e erosiva com a formação anterior, e tem predominância de quartzitos ferruginosos, mal selecionados e não micáceos na base e no topo, separados por um nível pouco espesso de rochas magmáticas. Dividida em três níveis distintos, por Schöll (1979) in Schöll & Fogaça (1979) : Nível AMetabrechas monomíticas de quartzito ou metaconglomerados polimíticos (30m). Nível BIntercalações de filitos hematíticos nos quartzitos, com espessura média de 20m. Nível CQuartzitos de granulação média a grossa, com estratificações cruzadas. 8 Formação Sopa Brumadinho - Esta unidade é constituída por três níveis litoestratigráficos (D, E, F) proposto por Schöll (1979) in Schöll & Fogaça (1979). O ambiente deposicional para essa formação é aluvial e lacustre . Nível D- composto por filitos, filitos quartzosos e quartzitos micáceos (35m). Nível E- subdividido em duas fácies, E1, constituída por quartzitos de granulometria grosseira, seixosos (localmente), com elevados teores em FeO que pode ser observado em laminações, estratos cruzados e marcas onduladas e E2, caracterizada por metaconglomerados polimíticos ou monomíticos intercalados por quartzitos grosseiros. Nível F: níveis com 25 a 30 m de espessura, constituídos por filitos e metassiltitos com intercalações de metabrechas quartzíticas que gradam para quartzitos micáceos, quartzitos de granulometria fina e, finalmente, para quartzitos Galho do Miguel. Formação Galho do Miguel - É a unidade de maior distribuição areal na região de Diamantina. São quartzitos puros de granulação fina e com alto grau de maturidade que podem apresentar micas nos planos de acamamento e a presença de seixos são freqüentes. Possui mega estratificações cruzadas, revelando um sistema deposicional eólico. Formação Santa Rita - É uma seqüência constituída por filitos, quartzitos sericíticos e metassiltitos. Espessura variando entre 100 e 250 m e seus limites, inferior e superior, são marcados pelo aparecimento de quartzitos. Apresentam diques de arenito constituídos por injeções sin-sedimentares de areias em camadas de metassiltitos bandados . Formação Córrego dos Borges - Corresponde a um pacote de quartzitos finamente laminados, branco-acinzentados, com espessura variável em torno de 100m. Há predomínio de quartzitos micáceos de granulometria fina com maior ou menor teor em turmalinas detríticas. São encontradas na base do pacote laminações argilosas entre 10 e 60cm. Formação Córrego da Bandeira - É distinguida pela alternância não uniforme de filitos e quartzitos de granulação fina. Sua porção basal é constituída por ritmitos cinza escuros e o topo por filitos quartzosos com grandes intercalações de quartzito fino. Formação Córrego Pereira - É um pacote de quartzitos diferenciado das demais formações devido ao déficit de feldspatos entre seus constituintes mineralógicos. Os quartzitos puros localizam-se na porção média do pacote enquanto os quartzitos micáceos são freqüentes na base e no topo do pacote, e os feldspáticos no topo do pacote. São identificadas estratificações cruzadas de baixo ângulo, diques de arenito, bolas de argila e laminações convolutas. Formação Rio Pardo Grande - Unidade aflorante a NW de Conselheiro Mata é constituída por alternâncias entre metassiltitos e metargilitos moldados em um sinclinal de grande envergadura e extensão quilométrica por sobre os quartzitos da Formação Córrego Pereira. São freqüentes crostas lateríticas e concreções ferro magnesíferas a partir de metargilitos e metassiltitos. 9 Supergrupo São Francisco Grupo Macaúbas - É uma seqüência sedimentar pré-cambriana depositada acima do Sg. Espinhaço com prolongamento superior a 500 km no sentido N-S no estado de Minas Gerais. Nele incluem os metassedimentos de origem glacial e os arenosos e conglomeráticos que ocorrem sob os metassedimentos glaciogênicos e sobre unidades do Sg. Espinhaço. Segundo Karfunkel & Karfunkel (1977) in Dardenne & Walde (1979) os sedimentos do Grupo Macaúbas apresentam a seguinte divisão litoestratígráfica: Fm. Califorme, contendo quartzitos com estratificação cruzada e algumas intercalações de conglomerados; Fm. Terra Branca, com filitos, quartzitos e metassiltitos. De W para E são distinguíveis as fácies Jequitaí, Cacaratiba e Turmalina; Fm. Carbonita, com quartzitos, metassiltitos e filitos com intercalações de xistos verdes. Grupo Bambuí - Dominado por seqüências carbonáticas com intercalações de unidades pelíticas. Ocupa vasta área do Cráton do São Francisco inserindo-se às bordas ocidental e setentrional da SdEM onde recobre litologias ou do Grupo Macaúbas ou do Sg. Espinhaço. A seqüência litoestratigráfica por Dardenne (1978, 1979) in Dardenne & Walde (1979): Formação Jequitaí - Constitui a base do Grupo Bambuí. É caracterizada por um paraconglomerado geralmente assimilado a um tilito de origem glacial, depositada em discordância sobre unidades mais antigas do Pré-cambriano. Formação Sete Lagoas – É representado por seqüência margosa e pelítica onde aparecem lentes carbonatadas de todas as dimensões. O contato desta formação com a Formação Jequitaí é aparentemente concordante, mas a diferença brusca de ambientes deposicionais que formaram as duas litologias levou diferentes autores a considerarem a existência de uma discordâncias entre as duas formações, que apresenta provavelmente um hiato na seqüência sedimentar. Formação Serra de Santa Helena – A formação é composta por folhelhos e siltitos com intercalações freqüentes de arenitos finos e calcários. Formação Lagoa do Jacaré - Caracteriza-se por intercalações de calcários oolíticos e psolíticos com siltitos e margas, que freqüentemente passam a ser predominantes. Formação Serra da Saudade – É constituída por folhelhos, argilitos, siltitos com lentes de calcário localmente observadas. Formação Três Marias - Caracterizada por arcósios e siltitos verdes. Apresenta contatos localmente diferenciados podendo ocorrer de forma transicional ou por discordância erosiva. IV.3. - Estrutural 10 Diversos trabalhos tem sido publicados sobre a caracterização estrutural da Serra do Espinhaço, em especial a partir de Herrgesell (1984) e Almeida Abreu et. al. (1986) in Rolim (1992). A Serra do Espinhaço pode ser genericamente definida como um orógeno, estruturado principalmente por um sistema de zonas de cisalhamento dúctil frontais/falhas de empurrão com direção norte-sul e vergência para oeste. Estas movimentações de massa ocorreram de leste para oeste e são consideradas o principal evento deformacional e suas características estão presente no região de Diamantina. No interior dos segmentos limitados pelos planos das falhas mais importantes podem aparecer amplas dobras abertas (localmente fechadas) com vergência para oeste. São freqüentes as inversões estratigráficas, estando inclusive, as unidades superiores do Supergrupo Espinhaço jogadas por sobre unidades do Supergrupo São Francisco, na borda oeste da Serra (Knauer & Ebert, 1997). Caracterização estrutural São estruturas características das deformações não-coaxiais que ocorreram nestes cinturões de falhamentos e dobramentos, principalmente na borda leste da Serra do Espinhaço. A principal estrutura planar no Espinhaço é uma foliação de aspecto anastomosado, muitas vezes de caráter milonítico que aparecem junto aos planos de falhas, com direções entre N10oW e N10oE e mergulhos moderados, localmente altos para leste. Esta foliação é uma xistosidade demarcada por minerais recristalizados sin-tectonicamente. As dobras relacionadas à esta foliação, apresentam amplitudes centimétricas até métricas abertas, raramente fechadas e isoclinais, de caráter sin-milonítico com eixos orientados NS e mergulhos moderados para leste, podendo desenvolver localmente em faixas de elevadas deformação dobras em bainha resultante do progressivo encurtamento destes eixos. A borda leste da Serra do Espinhaço é a parte mais deformada da Serra, onde a foliação milonítica é marcante, e quase invariavelmente paralela ao acamamento, sendo ambos subparalelos aos falhamentos, todos com direção média norte-sul. A repetição de horizontes estratigráficos associados a zonas de cisalhamento discretas, permitem inferir um sistema de cavalgamento, em escala maior, constituindo por estruturas do tipo “horse” e leques embricados compressivos. As lineações mineral e de estiramento, marcadas tanto por minerais, grânulos, seixos e concreções ferruginosas, com atitude média de S80oE (“down-dip”), estas lineações constituem um dos principais elementos da borda leste da serra do Espinhaço. Desenvolvem-se estruturas compressivas como clivagem de crenulação (Sn+1) nos planos axiais de amplas dobras abertas (localmente fechadas) via de regra com vergência para oeste, sendo denominada clivagem de crenulação nos filitos e xistos e clivagem de fraturas nos quartzitos. A ocorrência de dobras amplas e muito suaves, com eixos de direção próximos a EW com mergulhos subverticalizados, associados à clivagem de fratura e crenulação Sn+2. As 11 estruturas miloníticas e compressivas, foram formadas simultaneamente, sendo respostas deformacionais heterogênea das rochas, a uma mesma compressão leste-oeste (Rolim, 1992). Ocorrência de “boudinage” assimétrica, tanto de veios de quartzo como da própria foliação, indicando transporte para oeste; “shear bands” tardias de direção N-S e mergulhos normalmente altos para leste; veios de quartzo estruturados “en echelon”, mostrando a mesma simetria e estruturas do tipo “mica-fish” em lâminas delgadas, formado por minerais placóides em disposição sigmoidal. A análise do padrão geométrico e cinemático do variado acervo de estruturas tectônicas caracteriza este “ Evento Deformacional Principal” de ampla magnitude como tangencial, de caráter progressivamente dúctil até dúctil-rúptil e rúptil, heterogêneo e de natureza não-coaxial. Uma questão existente na literatura, é quanto ao posicionamento cronológico deste “Evento Deformacional Principal”. A maioria dos autores considera a estruturação da Serra como exclusivamente formada durante o Brasiliano com caráter da deformação monocíclica representado por um evento deformacional com transporte de leste para oeste, entretanto (e.g. Knauer (1990); Almeida Abreu & Pflug (1994); Kault (1991) in Renger & Knauer (1995), entre outros) defendem o caráter policíclico da deformação, com dois grandes eventos relacionados à proximidade da interface Meso-Neoproterozóico e ao Brasiliano. IV.4. - Evolução Geológica A Serra do Espinhaço Meridional é o resultado da uma seqüência de eventos geotectônicos, tendo como principais eventos uma fase rifte (1,9 à 1,7 Ga) e uma fase pós-rifte. A fase rifte em torno de l.752 Ma (final do Paleoproterozóico), deu inicio á formação de uma bacia onde se acumularam mais de 5.000 m de sedimentos predominantemente areníticos do Supergrupo Espinhaço. O fechamento da bacia por esforços compressivos com transporte de E para W, gerando o Orógeno do Espinhaço em torno de 1.250 Ma (Mesoproterozóico); Durante os 250 Ma seguintes, processou-se a sedimentação do Grupo Macaúbas, parcialmente glaciogênica e mais desenvolvida na parte setentrional; Em torno de 900 Ma (Neoproterozóico), um evento distensivo foi responsável por intenso magmatismo basáltico e a subsequente subsidência do Cráton do São Francisco, que permitiu a formação da bacia que acolheu os sedimentos pelítico-carbonáticos do Grupo Bambuí; Ao final do Neoproterozóico, o amalgamento do Supercontinente Gondwana induz uma reativação das estruturas nucleadas anteriormente, resultando em empurrões de E para W, impondo a superposição das seqüências do Supergrupo Espinhaço às dos grupos Macaúbas e Bambuí. IV.5 – Geologia Econômica Regional Complexo Basal – Apresenta escassa potencialidade econômica, embora a utilização das rochas granitóides como material de construção seja muito comum. As únicas 12 mineralizações contidas na unidade estão associadas a pegmatitos cuja gênese está relacionada a eventos mais jovens, possivelmente de idade brasiliana (UHLEIN et al. 1986). Sequências Supra- Crustais – Apresentam sequências vulcano- sedimentares de Serro e Rio Mata Cavalo. Estão representadas por rochas ultramáficas metamorfizadas Apresentam baixo grau (xistos magnesianos e serpentinitos), intercalando-se com metassedimentos de natureza química e detrítica, sendo possível que estas sequências sejam do tipo Greenstone Belt (Arqueano). As associações minerais nestas sequências são de cromita (cromititos), ouro (aluvionar), talco e esteatito (meta- ultramáficas e talco carbonato xistos) e sulfetos (rochas metamórficas, meta- ultrabásicas e turmalinitos) Supergrupo Rio Paraúna – Esta sequência foi dividida em Grupo Pedro Pereira (clorita xistos, formações ferríferas e micas xistos) e Costa Sena (quartzo mica xistos, quartzitos e metaconglomerados). As ocorrências minerais são: ouro (disseminado em veios de quartzo), cianita (quartzo mica xistos), lazulita (lazulita quartzo mica xistos) e sulfetos (xistos básicos). Supergrupo Espinhaço – Área formada por metassedimentos, subdividido em oito formações inseridas em dois grupos: Grupo Diamantina (São João da Chapada, Sopa Brumadinho, Galho do Miguel) e Grupo Conselheiro Mata (Santa Rita, Córrego dos Borges, Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande). Os depósitos minerais associados são: diamante (metaconglomerados – Sopa Brumadinho e metabrechas – São João da Chapada), ouro (veios de quartzo em unidades metapelíticas), quartzo (veios em zona de falha), sulfetos (metariolitos), fluorita (metariolitos) e quartzito. Supergrupo São Francisco – Apresenta sequência metassedimentar que compreende duas unidades principais: Macaúbas e Bambuí. Os depósitos minerais associados são : diamante (material elúvio- coluvionar), quartzo (veios e drusas) e mármore. Pegmatitos – Encontram- se encaixados em rochas gnaíssicas do Embasamento Cristalino. Os bens minerais associados são columbita- tantalita, berilo industrial, águasmarinhas, feldspatos e micas. Coberturas Elúvio - Coluvionares Laterizadas ou não – Consistem em porções peneplanizadas de idade terciário- quaternário. As associações minerais destas áreas são: manganês, bauxita e waletita/turquesa. V – GEOLOGIA DA ÁREA MAPEADA V.1 – Estratigrafia V.1.1. – Comentários Gerais A estratigrafia, na área, por vezes não apresenta a seqüência normal, em função dos dobramentos sucessivos ocorridos na região. Encontrou-se, de forma geral, três formações do Supergrupo Espinhaço (segundo ALMEIDA ABREU, P.A. 1989, 1993 e 1995): Grupo Diamantina; Formação São João da 13 Chapada, Formação Sopa - Brumadinho e Formação Galho do Miguel. Todo o pacote tem caimento para leste. V.1.2. – Unidades Estratigráficas Formação São João da Chapada - a porção basal é dada por conglomerados monomíticos, seguidos por um quartzito friável, de granulometria areia média a grossa, com estratificações cruzadas acanaladas e também por quartzitos micáceos, avermelhados. A cor de alteração deste material é alaranjada. Seu contato a leste com a Formação Sopa – Brumadinho é litológico, não sendo totalmente definido. Formação Sopa - Brumadinho - A parte basal observada nesta formação é dada por quartzitos micáceos (alta porcentagem de muscovita) e filitos. Segue-se um grande pacote de quartzitos conglomeráticos, clasto sustentados, de matriz arenosa, onde os clastos podem chegar a 20 cm de comprimento, por vezes deformados. Os clastos tem composição em maioria quartzítica, porém há alguns clastos de composição máfica. Na parte superior são observados filitos hematíticos, que apresentam feições de dobramento, como crenulações. Abaixo, são observados quartzitos bem selecionados (areia fina a média), coloração clara, com alguns leitos de óxido de ferro, estratificações cruzadas de pequeno porte, por vezes acanalada. Há seixos de quartzito dispersos em meio a esta rocha. O contato com os filitos é gradacional. Na porção oeste da área apresenta contato litológico com a Formações São João da Chapada e Galho do Miguel. Na porção leste, apresenta contato por falha normal com a Formação Galho do Miguel. Formação Galho do Miguel - As rochas observadas são quartzitos bem selecionados (fração areia fina), com mega estratificações cruzadas, puros, com baixo teor de ferro e orientação definida. Seu caimento é para leste e observando-se os morros vê-se dobras de dimensões métricas (sinclinais e anticlinais), em grande maioria com planos horizontais a subhorizontais. O material intemperizado é avermelhado, conservando a orientação original, apresentando reentrâncias decorrentes da alteração desigual. Apresenta contato litológico com as demais Formações na porção oeste da área mapeada e contato por falhamento com a Formação Sopa – Brumadinho na porção leste. V.2. – Petrografia e Metamorfismo As rochas da região estudada apresentam um metamorfismo de baixo grau, em fácies xisto verde, evidenciado pelos pequenos dobramentos e presença de filossilicatos como clorita e sericita. Há predomínio de quartzitos, com características distintas, conglomerados e filitos. 14 Na Formação São João da Chapada, macroscopicamente observou-se quartzitos micáceos, avermelhados, com textura granolepidoblástica e estrutura foliada. Juntamente, observou-se conglomerados monomítico, como base do São João da Chapada. Na Formação Sopa - Brumadinho macroscopicamente observou-se: quartzitos micáceos avermelhados, levemente foliados, de granulometria areia média; quartzitos de coloração creme, maciços e granoblásticos eqüigranulares, com presença de estratificações cruzadas de pequeno porte; filitos com estrutura foliada, granulação fina, presença de sericita, clorita, talco e quartzo; quartzitos com coloração creme e com nível de seixos no topo e alguns seixos dispersos e conglomerados diamantíferos polimíticos (vários tipos de clastos). Microscopicamente, observou-se estrutura maciça a granular nos quartzitos, ausência de foliação e textura granoblástica. A matriz é bem selecionada, com grãos subeudrais e contatos côncavo-convexos. Além de quartzo, por vezes policristalino, encontra-se opacos, como óxidos/hidróxidos de ferro e manchas de alta birrefringência que podem tratar-se de epidoto. Há ainda escassos grãos de rutilo. A granulação média está em torno de 0,5 m. Alguns grãos de quartzo atingem 1 m. Os filitos apresentam estrutura foliada e textura ledipoblástica a granolepidoblástica. Há presença de microdobras de crenulação. A granulação é bastante fina, inferior a 0,5 m, com cristais em torno de 0,9 m. Há pequena quantidade de opacos , subdiomórficos e escassos grãos de quartzo submilimétricos. Os quartzitos micáceos apresentam estrutura foliada e textura granolepidoblástica. São moderadamente selecionados, com os grãos de quartzo subdiomórficos a panxenomórficos. Os contatos são engrenados a côncavo-convexos, quando grãos maiores. Nos grãos menores, são retilíneos. A granulometria média está em torno de 0,5 m, variando de 0,1 m a 1 m. Os agregados micáceos estão sob a forma de lentes descontínuas, em torno de 0,5 m. Na Formação Galho do Miguel observou-se na análise macroscópica quartzitos maciços granoblásticos, bem selecionados, de granulometria areia fina e coloração creme. As estratificações cruzadas são de grande porte. Microscopicamente, os quartzitos possuem estrutura maciça , não foliada e textura granoblástica. Os grãos bem selecionados são euedrais a subeuedrais e os contatos são côncavo-convexos e engrenados. Há pouca quantidade de filossilicatos como muscovita e sericita, e raros agregados de argilominerais. A granulação está em torno de 0,8 m. V.3. – Geologia Estrutural Local Na região mapeada ocorrem estruturas rúpteis, como falhas e fraturas e dúcteis, como dobras. As dobras apresentam grande porte, visíveis nos morrotes da Formação Galho do Miguel. O pacote todo tem caimento geral para leste. O acamamento (S0) e a foliação estão, no geral, subparalelos. Nos dois domínios principais (leste e oeste da área) ocorrem mudanças no caimento. 15 Na área leste da foto, o acamamento apresenta-se caindo para leste, estando todo dobrado (fato evidenciado pela formação de guirlandas no estereograma de planos), conforme figura abaixo: Figura 2: Estereograma do acamamento do domínio leste da área. No domínio oeste também ocorrem dobras no acamamento, com eixos de orientação sudoeste e flancos com caimento para NW e SE (figura 3). 16 Figura 3: Estereograma de Planos de Acamamento do domínio oeste da área. Sn segue certa orientação e apresenta-se igualmente dobrado, por vezes cortado por falhas e juntas. Esta fase de dobramento é observada também através da crenulação em filitos. No domínio leste da área, Sn cai para leste a nordeste, enquanto que na área oeste, cai para noroeste, conforme figuras a seguir, evidenciando os esforços aplicados na região. Figura 4: Estereograma de Sn das camadas do domínio leste. 17 Figura 5: Estereograma de Sn das camadas do domínio oeste. Foram observadas diversas falhas de pequeno porte nos afloramentos, que podem ser classificadas como normais, apresentando caimento dos planos de falha condizentes com a orientação das estrias, isto é, NE-SW. Isso pode ser relacionado à falha normal de grande porte relacionada à evolução da região, que está localizada na porção central da área mapeada. 18 Figura 6: Estereograma dos planos de falha medidos. Figura 7: Estereograma das medidas de estrias de falhas. V.4. – Geologia Econômica da Área Mapeada Na área mapeada foi observada a exploração dos seguintes bens minerais: - Diamantes, em lavras rudimentares, em conglomerados da Formação Sopa Brumadinho, em toda sua área de ocorrência. 19 - Areia para construção civil, em níveis mais alterados, também na Fm. SopaBrumadinho - Quartzo para coleções, em garimpos extremamente rudimentares, principalmente onde os veios de quartzo apresentavam grandes dimensões - Pedras para cantaria, em pequenas pedreiras na Fm. Galho do Miguel. V.5. – Evolução Geológica Local e Conclusões Concluiu-se que a evolução da região inicia-se com a deposição das unidades encontradas (São João da Chapada, Sopa – Brumadinho e Galho do Miguel). Após a deposição, a região foi submetida a um esforço compressivo que gerou dobras, assim formando um sinclinal assimétrico com caimento, onde os flancos mergulham para leste. Um evento posterior gerou falhas normais, com padrão NE-SW, que movimentou a Formação Galho do Miguel, colocando-a acima da Formação São João da Chapada. O evento erosivo fez com que a Formação Galho do Miguel fosse colocada à leste da Formação Sopa Brumadinho. Pode-se concluir ainda que o critério litológico não é totalmente eficiente na diferenciação das Formações, embora a geologia estrutural da área seja relativamente simples. Os quartzitos, presentes em todas as Formações apresentam características faciológicas muito próximas, sendo difícil sua diferenciação em campo. Os objetivos visando relacionar os trabalhos em equipe no campo e no escritório, com a finalidade de gerar um mapa geológico final foram alcançados, integrando os dados obtidos com a interpretação foto-litológica. V.6. – Recomendações e Dificuldades Encontradas A principal dificuldade verificada foi diferenciar os diversos tipos de quartzitos, das diferentes Formações. Para um melhor desempenho seria necessário um amadurecimento maior quanto à geologia da região. Uma avaliação foto-litológica inicial mais detalhada e maior planejamento de campo também contribuiríam para um maior aproveitamento dos dias de campo. Recomenda-se, assim, que inicialmente haja um dia para uma análise foto-litológica detalhada e observação de amostras provenientes das Formações aflorantes na região. VI – BIBLIOGRAFIA ALMEIDA ABREU, P.A. 1989 - Geologia das Quadrículas Onça e Cuiabá (Gouveia-MG) – Região 20 Mediana Central da Serra do Espinhaço Meridional. pp. 4-12 UFRJ, Rio de Janeiro, RJ. ALMEIDA ABREU, P.A. 1993 - A Evolução Geodinâmica da Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais, Brasil. Doct. dissertation, Geowiss. Fakultät. Universidade de Freiburg, Freiburg, 150 p. ALMEIDA ABREU, P.A. 1995 - O Supergrupo Espinhaço da Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais: O Riftee, A bacia, e o Orógeno, Revista Geonomos 3 (1):1-18, Belo Horizonte -MG. CARVALHO,A.S.1982 - Geologia e Gênese das Mineralizações de Quartzo no Espinhaço Meridional, Minas Gerais – Brasil., pp76-79. Universidade de Brasília - DF CHULA, A. M. D. 1995. Caracterização e geoquímica dos metamagmatitos e metassedimentos da região de Planalto de Minas, Diamantina, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, 162 pp. DARDENNE, M.A. 1978 - Síntese sobre a estratigrafia do Grupo Bambuí no Brasil Central. Anais XXX Congresso Brasileiro de Geologia, Vol. 2, p. 597 -610, Recife. DARDENNE, M.A., WALDE, D.H.G. 1979. A estratigrafia dos Grupos Bambuí e Macaúbas no Brasil Central. Atas do 1o Simpósio de Geologia de Minas Gerais. Diamantina, MG. p.43-53. DOSSIN, T.M.; DOSSIN, .I.A.; UHLEIN, A.1984. Geologia da Faixa Móvel Espinhaço em sua Porção Meridional – MG. Anais do XXXIII Congresso Brasileiro de Geologia, Rio de Janeiro, RJ. p 3.118 – 3.132. DUSSIN & DUSSIN . 1995 - Supergrupo Espinhaço: Modelo de Evolução Geodinâmica.., Revista Geonomos 3 (1): 19-26., Belo Horizonte, MG. FLEISCHER, R. 1995 - Prospecção e Economia do Diamante da Serra do Espinhaço. Geonomos (julho, 1995) : Edição Especial – Geologia da Serra do Espinhaço. V.3 (1) p.27-30. FOGAÇA, A.C.C; ALMEIDA ABREU, P.A; SCHORSCHER, H.D. 1984 - Estratigrafia da Seqüência Supracrustal Arqueana na Porção Mediana-Central da Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Anais do XXXIII Congresso Brasileiro de Geologia., pp. 2654 - 2667. Rio de Janeiro - RJ. FOGAÇA, A.C.C. 1996. Mapa Geológico da Folha Diamantina, M.G. Projeto Espinhaço, Brasil, 1:100.000. UFMG/COMIG. KNAUER, L.G.; EBERT, H.D. 1997. Estruturação tectônica da região de Diamantina, MG e considerações sobre a idade do Orógeno Espinhaço. VI Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos. 21 p 56-58. MACHADO, N., SCHRANK, A., ABREU, F.R. de, KNAUER, L.G. & ALMEIDA ABREU, P.A. 1989 - Resultados preliminares da geocronologia U/Pb na Serra do Espinhaço Meridional. Anais, 5o Simpósio Geol. de Minas Gerais, Soc. Bras. Geologia, Núcleo MG, Bol. 10, Belo Horizonte, p. 171174. PFLUG, R. 1965 - A geologia da parte meridional da Serra do Espinhaço e zonas adjacentes, Minas Gerais. Div. Geol. Min., Bol. 226, 55 pp., Rio de Janeiro. PFLUG, R. 1968. Observações sobre a Estratigrafia da Série Minas na Região de Diamantina, Minas Gerais. DNPM, Notas Preliminares e Estudos, no 142 p.1-20, Rio de Janeiro - RJ. RENGER, F.E. 1979 - Evolução dos Conceitos Geológicos da Serra do Espinhaço, Atas do I Simpósio de Geologia de Minas Gerais, pp. 9 a 21, Diamantina - MG. RENGER, F. E.; KNAUER, L. G. 1995. Espinhaço - Quo Vadis? ( Onde está? – Aonde vai?) A evolução dos conhecimentos sobre a cordilheira do espinhaço meridional em Minas Gerais entre 1979 e 1995. Geonomos 3 (1): 31 – 39. ROLIN, V. K. 1992. Uma interpretação das estruturas tectônicas do Supergrupo Espinhaço, baseada na geometria os falhamentos de empurrão. REM: R. Esc. de Minas de Ouro Preto, 45 (1 e 2): 75 - 77. SAADI, A. 1995. A Geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e de suas margens. 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Geonomos 3 (1): 1999 – 107. 23 VII – ILUSTRAÇÕES 24 VIII – ANEXOS 25 DESCRIÇÃO DOS AFLORAMENTOS DOS TRABALHOS DE CAMPO (os pontos estão localizados no Mapa de pontos apresentado nos anexos) Dia 10/02/2004 Ponto 1 - Lavrinha de Areia Na base, um quartzito com estratificações cruzadas de pequeno porte essa camada com aproximadamente 1,5m. Acima dessa camada uma outra camada com 1m de espessura de conglomerado. E no topo com aproximadamente 2m um quartzito com estratificações cruzadas (10cm) e com seixos dispersos no topo. Características essas da Fm. Sopa Brumadinho. N295/20 Acamamento N290/40 e N244/30 Estratificações cruzadas Há presença de uma lente de filito na base dessas camadas. N240/47 N284/33 N280/60 N290/50 Foliação do filito Ponto 2 e 3 - Galho do Miguel Quartzitos bem selecionados e limpos (Fm. Galho do Miguel). A foliação corta o acamamento. Esse material por ser mais resistente, salta no relevo formando morros de diferentes formatos. Grau variado de alteração dos quartzitos, há oxidação. Grande quantidade de seixos soltos, o que indica carregamento dos conglomerados do Sopa Brumadinho. N100/10 N90/35 N16E Direção do mergulho Cristais bem formados de quartzo. Ponto 4 - Galho do Miguel Quartzito bem litificado, fino, maciço não é definido o S0. Estratificações paralelas. Pode se ter descido na estratigrafia. Ponto 5 Quartzito alterado e dobrado, material parece com os veios dos pontos anteriores (material solto). Encontramos cristais bem formados de quartzo. 26 Dia 11/02/2004 Ponto 6 Próximo à estrada Guinda/Sopa na altura da lavrinha. Quartzito fino à médio com clastos de quartzo. Filito micáceo com um acamada avermelhada de alteração. Perfil rumo à W. N96/40 N93/33 Mergulho da foliação do filito Há intercalações de filito no quartzito. Uma Segunda intercalação de filito está sendo sobreposta por um nível (0,5 à 1m) de uma rocha sedimentar que seria um cascalho com seixos angulosos de tamanhos variados desde milimétricos até 4cm; e sobreposta à esta rocha há um nível de um material de origem sedimentar com matriz arenosa apresentando grãos de quartzo milimétricos, em toda a camada. Esta ultima camada está sendo pedogenizada. Provavelmente Fm. Sopa Brumadinho. A direção da lineação é EW. Amostra G2 Pto6 (Filito). Ponto 7 - Ravina antrópica à 100m da estrada Guinda /Sopa Quartzito conglomerático com seixos de no máximo 10cm arredondados de natureza quartzosa (quartzo leitoso), a matriz é um arenito fino à médio com estratificações cruzadas de médio porte tabular planar. Do lado W da ravina há um filito em contato com o arenito (Fm. Sopa Brumadinho). N100/30 mergulho da foliação O arenito é grosso conglomerático com seixos de quartzo leitoso subangulosos de no máximo 1cm. Ponto 8 Morro destaca-se na topografia (Fm. Galho do Miguel). Quartzito mal selecionado, pouco alterado, que apresenta uma maior resistência à erosão. Com estratificações cruzadas de grande porte. Amostra G2Pto8 Ponto 9 - Pequena lavra à 200m do ponto anterior, ainda Fm. Galho do Miguel Quartizito com estratificações cruzadas. Funcionando como um a calha natural dentro dessa unidade. A drenagem está do lado esquerdo da lavra e do topo do morro do pto8. 27 Ponto 10 - 300m à W da lavrinha, cruzamos a drenagem Quartzito com estratificações cruzadas de médio porte e veios de quartzo. Camadas de filitos intercaladas com o quartzito. Quartzito de coloração creme à amarela. N214/10 acamamento Há presença de níveis de seixos dispersos, angulosos a subarredondados de natureza quartzosa. Filito com coloração cinza esverdeada, com uma camada de alteração avermelhada. N112/30 Sn filito Amostra G2Pto10 (filito) Ponto 11 - Corte da drenagem à 150m da confluência principal Quartzito sem muita orientação, micáceo com intercalações de filito. Há estratificações cruzadas. Quartzito com tons avermelhados devido à alteração. Amostra G2Pto11A e G2Pto11B (Quartzito micáceo) Ponto 12 - À 100m W da drenagem Pelas características dos quartzitos entramos novamente na Fm. Galho do Miguel. N24/50 acamamento Quartzito com estratificações cruzadas de grande porte, rocha alterada de coloração avermelhada, produto de alteração. Dia 12/02/2004 Ponto 13 - Morro Fm. Galho do Miguel Quartzito bem selecionado com estratificações de grande porte. Presença de seixos de até 3cm. Quartzito alterado, presença de ferro. Ponto 14 - Estrada principal à 100m da porteira Veios de quartzo embaixo arenito grosso com seixos milimétricos. Camada de seixos varia de 2cm à 2m. Camada superior desaparece em alguns locais. Ponto 15 - Próximo à curva da estrada secundária Quartzito bem selecionado Fm. Galho do Miguel. N186/10 acamamento. Ponto 16 - Morro Mega estratificações (Fm. Galho do Miguel). Ponto 17 - Ravina à 5Km de Diamantina Fm. Sopa Brumadinho 28 Ponto 18 - À 4Km de Diamantina Fm. Galho do Miguel, quartzito bem selecionado, bem litificado, estratificaçõesde m’dio porte. N10/12 estratificações Dia 13/02/2004 Ponto 19 - À 50m da Lavrinha Contato Sopa/Galho, possivelmente gradacional. Ponto 20 - À 50m do contato Fm. Galho do Miguel. N140/30 Ponto 21- À 50m da drenagem Fm. Galho do Miguel. Falha/ fratura direcional N162/85 Falha N58/60 Estrias Pontos 22 à 26 - Perfil após o morro Fm. Galho do Miguel com mega estratificações e atitudes variaveis. Grandes dobras. Ponto 27- Afloramento próximo à drenagem Veios de quartzo. Amostra G2Pto27. Ponto 28 - Lavra de areia para construção Fm. Sopa Brumadinho. Ponto 29 à 31 Fm. Galho do Miguel, quartzitos bem selecionados com estratificações cruzadas pouco preservadas. Ponto 32 Quartzito bem selecionado e limpo, presença de falhas e fraturas. Material intemperizado. N158/25 N155/25 acamamento A drenagem está correndo numa falha normal. N300/65 N300/65 plano da falha N14/33 estrias Amostra G2Pto32 EW/60 falha 29 N335/30 estrias Par conjugado de falhas N352/40 N132/10 acamamento N102/80 N98/75 falha normal N193/85 estria N126/40 N126/20 N134/18 acamamento N322/58 N352/58 falha N35/12 estrias 30 Ficha para descrição petrográfica Ponto: 05 Estado de alteração: Baixo Descrição macroscópica Estrutura: Foliada Textura: Lepidoblástica Mineralogia: Micas e talco Relações entre minerais e estruturas: Minerais placóides, dispostos de forma foliada, planar Descrição microscópica Estrutura: Foliada Textura: Lepidoblástica Granulação: A granulação da rocha é fina ( em torno de 0,5 m) , com alguns grãos maiores (opacos e quartzo) espalhados pela lâmina. Mineralogia Argilominerais (sericita/clorita): 75% Opacos: 15% Quartzo: 8% Biotita: 2% Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: A rocha apresenta orientação, com presença de dobras e clivagem de crenulação (com identificação de septo e micróliton). Não se pode determinar os minerais opacos, por ser luz refratada (apesar das quantidades). A presença de minerais placóides (micas) caracteriza a estrutura foliada. Nome da rocha: Filito Protólito: Pelito 31 Ficha para descrição petrográfica Ponto: 10 Localização: A 300 m a W da Lavrinha Estado de alteração: Baixo grau de alteração Descrição macroscópica Estrutura: Foliada Textura: Lepidoblástica Mineralogia: Micas e talco Relações entre minerais e estruturas: Minerais placóides, dispostos de forma foliada, planar Descrição microscópica Estrutura: Foliada Textura: Lepidoblástica Granulação: A granulação da rocha é fina, menor que 0,5 m. Mineralogia: Argilominerais (sericita/clorita): 75% Biotita: 20% Opacos: 5% 32 Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: Os minerais micáceos estão orientados segundo a foliação principal, há presença de clivagem de crenulação e podese observar os septos com clareza. Os agregados micáceos se encontram dobrados. Nome da rocha: Biotita filito Protólito: Pelito Ficha para descrição petrográfica Ponto: 11b Localização: Corte da drenagem a 150 m da confluência da drenagem principal Estado de alteração: Baixo grau de alteração Descrição macroscópica Estrutura: Levemente foliada Textura: Granolepidoblástica Mineralogia: Quartzo e micas Relações entre minerais e estruturas: A foliação da rocha é dada pela presença de minerais micáceos (que chegam a 15% da constituição da rocha). Descrição microscópica Estrutura: Foliada Textura: Granolepidoblástica Granulação:alguns grãos menores que 0,5 m e outros que variam de 0,5 a 0,7μm. Mineralogia: Quartzo: 80% Micas: 15% Opacos: 3% 33 Secundários: 2% Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: Os grãos de quartzo se apresentam na maioria com contatos côncavo – convexos e alguns engrenados. As micas se apresentam sob a forma de lentes descontínuas, que podem ocorrer dobradas ou não. Nome da rocha: Quartzito micáceo Protólito: Arenito micáceo Ficha para descrição petrográfica Ponto: 27 Localização: Afloramento próximo a drenagem, em direção a Guinda Estado de alteração: médio/alto grau de alteração Descrição macroscópica Estrutura: Não foliada Textura: Granoblástica Mineralogia: Quartzo Relações entre minerais e estruturas: Grãos equigranulares, dispostos de forma maciça Descrição microscópica Estrutura: Maciça 34 Textura: Granoblástica Granulação: Grãos em torno de 5μm. Mineralogia: Quartzo: 95% Micas: 5% Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: O contato entre os grãos de quartzo se apresentam engrenado e côncavo-convexos na sua maioria. A pequena quantidade de minerais micáceos se apresenta sob a forma de pequena lentes. Nome da rocha: Quartzito Protólito: Arenito Ficha para descrição petrográfica Ponto: 32 Localização: Limite da foto, ponte na estrada, drenagem Estado de alteração: Baixo grau de alteração Descrição macroscópica Estrutura: Não foliada Textura:Granoblástica Mineralogia: Quartzo Relações entre minerais e estruturas: Grãos equigranulares, dispostos sem foliação Descrição microscópica Estrutura: Maciça Textura: Granoblástica 35 Granulação:.Em torno de 0,5μm. Mineralogia: Quartzo: 95% Biotita: 4% Argilominerais: 1% Comentários sobre as relações estruturais, texturais e mineralógicas: Pelo fato de a rocha ser formada quase na sua totalidade por grãos de quartzo, sendo os contatos engrenados ( na sua maioria), esta possui estrutura maciça e textura granoblástica. Nome da rocha: Quartzito médio Protólito: Arenito médio