levantamento e caracterização de espécie nativa do

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Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
10 a 12 de novembro de 2010
LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE ESPÉCIE NATIVA
DO CERRADO COM POTENCIAL ORNAMENTAL
Sarah Cristine Martins Neri1; Talita Cristina Mamedes1; Kenny Delmonte
Oliveira2; Saulo Araújo de Oliveira3
1
Gaduanda do curso de Engenharia Florestal, da Universidade Estadual de Goiás,
Unidade Universitária de Ipameri (UEG UnU de Ipameri), CEP 75780-000, Brasil.
E-mail: [email protected]
2
3
Graduando do Curso de Engenharia Florestal, da UEG de UnU Ipameri
Orientador, docente dos Cursos de Agronomia e Engenharia Florestal da UEG UnU
de Ipameri. E-mail: [email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Anemophaegma arvense; Cerrado; planta nativa; planta
ornamental.
1
INTRODUÇÃO
A flora existente no Brasil, em grande parte, está sendo perdida pela
exploração dos seus recursos de maneira extensiva e extrativista predatória. A
exportação das espécies medicinais em sua forma bruta ou mesmo em
subprodutos é considerável, no entanto, poucas são cultivadas. Este fator
torna-se, ainda, mais agravante quando se trata de espécies nativas, como a
Anemophaegma arvense (Vieira, 1994).
O Cerrado é apontado como grande detentor de diversidade
biológica, sendo a formação savânica com maior diversidade vegetal do
mundo, especialmente quando se consideram as espécies lenhosas.
Mendonça et al. (1998) fizeram extensa compilação referente à diversidade do
Cerrado brasileiro, sendo apontados, no total, 6.671 táxons nativos, distribuídos
em 170 famílias e 1.140 gêneros. Nesse trabalho, também, são relatados 11
táxons novos, conseqüentes às excursões realizadas para tal pesquisa. Porém,
os autores acrescentam que a flora do Cerrado permanece pouco conhecida.
Há carência de estudos voltados para a identificação de plantas
úteis do Cerrado, principalmente, quando se compara a diversidade e a área
ocupada. A preocupação com o desconhecimento de sua riqueza e suas
possibilidades se agrava quando são divulgados resultados de pesquisas que
relacionam as espécies existentes no Cerrado e a sua preservação. Ratter et
al. (1997) estimam que cerca de 40% deste território já tenha sido devastado.
Kaplan et al. (1994) afirmam que o Cerrado possui, somente, 1,5% de sua
extensão protegida por Lei, sendo esta a vegetação mais ameaçada no país. É
preciso considerar que esses recursos naturais, uma vez extintos, estarão
indisponíveis às futuras gerações. Entre estes, pode-se considerar o recurso
terapêutico oferecido pelas plantas medicinais.
O número de informações sobre plantas medicinais tem crescido
anualmente apenas 8% (Brito & Brito, 1993). Mostrando que apesar do Brasil
ter ecossistemas tão ameaçados, pesquisas com plantas medicinais ainda são
escassas e devem ser incentivadas. Isso porque quanto maior for a diversidade
taxonômica em níveis superiores, maior é o distanciamento filogenético entre
as espécies e maior é a diferença e diversidade química entre elas.
As plantas medicinais desempenham também um importante papel
sócioeconômico, tanto para as populações rurais como para cidadãos
urbanizados. Para os primeiros, a utilização de espécies medicinais, na maioria
das vezes, nativas da sua região ou cultivadas em seu quintal reduz ou elimina
os gastos com medicamentos sintéticos.
Para a indústria de fármacos, as plantas medicinais representam
boa parte da matéria prima para a confecção de medicamentos, além de
representarem um grande desafio, pois, de toda a flora mundial, apenas uma
pequena parcela é conhecida.
O Estado de Goiás e a região de Ipameri, não se diferencia de
outras regiões do Cerrado, visto que, se encontra em franca devastação para
ocupação agricultura, pecuária e florestal. Compreender os problemas que esta
degradação tem causado às espécies nativas tornou-se imprescindível para
manutenção destes ambientes. Portanto, entender o ciclo de cada planta é
também o fator que se sobressai no sucesso para a propagação, conservação
e cultivo destas espécies.
Estudos anatomo-morfológicos são particularmente úteis, neste
processo
de
preservação,
porque
fornecem
subsídios
importantes,
principalmente, quando associados à farmacognosia e taxonomia na
caracterização de espécies de importância.
As espécies Jacaranda decurrens (caroba), Anemopaegma arvense,
(catuaba ou verga tesa) e Zeyheria montana (bolsa de pastor), são plantas
medicinais do Cerrado que apresentam, respectivamente, atividade estimulante
do sistema nervoso, atividade antiinflamatória e antineoplásica sendo esta
última atribuída a triterpenos, principalmente ao ácido ursólico, com baixa
toxicidade em humanos (Varanda et al., 1992; Santana et al., 1980). Outros
estudos constataram a presença de lapachol em Zeyheria montana (Almeida et
al., 1990; Jacome et al., 2001).
A espécie Anemopaegma arvense consta na 1ª edição da
Farmacopéia Brasileira (Silva, 1929). É uma Bignoniaceae bastante confundida
com
outra
espécie,
a
Erythroxylon
catuaba,
pertencente
à
família
Eritroxylaceae, que possui o mesmo nome vulgar e é utilizada popularmente,
no Brasil, para fins semelhantes (Almeida et al., 1998).
Segundo Almeida et al. (1998) a catuaba ocorre, comumente, no
Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. É um
subarbusto perene que atinge até 60 cm de altura, de folhas compostas,
opostas, trifoliadas, curto-pecioladas, que pode ser encontrado distribuído em
meio à vegetação do Cerrado. Suas flores são grandes, corolas campanuladas,
brancas ou amareladas, solitárias dispostas nas axilas do ápice do caule. Os
frutos são cápsulas de coloração acinzentada com poucas sementes
esbranquiçadas.
Ainda de acordo com o autor supracitado, seu período de
florescimento e sua propagação, que ocorrem entre os meses de agosto e
novembro, após queimadas ou chuvas inesperadas, devem ser melhor
estudados. A multiplicação desta espécie ocorre ao natural, somente, por meio
de sementes.
Sua utilização é medicinal, sendo muito utilizada no Centro Oeste
goiano, no entanto pode ser cultivada para ornamentação. Como mencionado,
os estudos da análise de desenvolvimento, propagação e cultivo de
Anemopaegma arvense são insípidos, esparsos, escassos, como para a
maioria das espécies nativas do Cerrado. Portanto, o presente estudo teve
como objetivo acompanhar e descrever as características ambientais e
etnobotânicas desta espécie.
2
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado em área de Cerrado antropizado, na
Fazenda Experimental da Unidade Universitária de Ipameri, Universidade
Estadual de Goiás, Ipameri, GO. Utilizou-se plantas nativas da espécie
Anemophaegma arvense existentes na área.
Foram realizadas medições mensais da planta no campo para
caracterização
fenológica
e
determinação
das
diferentes
fases
do
desenvolvimento. Para as medições utilizou-se fita métrica e paquímetro.
As variáveis qualitativas observadas foram: luminosidade, estágio
fenológico em que se encontrava a planta no decorrer do ano. E as variáveis
quantitativas observadas foram: altura da planta; altura do caule; número de
ramificações na touceira, diâmetro da base do caule; diâmetros maior e menor
da touceira; e número de folhas por caule.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo de medição e caracterização das plantas foi primordial
para avaliação de períodos de senescência, desenvolvimento, presença de
inimigos naturais, ambiente adequado para a espécie. Dessa forma, verificouse que todas as variáveis analisadas apresentaram desenvolvimento
crescente, sendo que alguns apresentaram estagnação e até diminuição no
desenvolvimento em determinados meses, como por exemplo: altura total da
planta (Figura 1), altura média das ramificações (Figura 2) no mês de maio,
diâmetro médio das ramificações (Figura 3) no mês de abril, diâmetro da
touceira (Figuras 4 e 5) no mês de fevereiro e março e queda de folhas (Figura
6) no mês de fevereiro.
Atribui-se a queda e estagnação do desenvolvimento das plantas a
fatores não controlados, como por exemplo: herbivoria, senescência, estação
seca prolongada.
Figura 1: Altura total da planta de Anemophaegma arvense ao longo de um
ano.
Figura 2 : Altura média das ramificações de Anemophaegma arvense ao longo
de um ano .
Figura 3: Diâmetro médio das ramificações de Anemophaegma arvense ao
longo de um ano .
Figura 4: Diâmetro maior da touceira de Anemophaegma arvense ao longo de
um ano .
Figura 5: Diâmetro menor da touceira de Anemophaegma arvense ao longo de
um ano
Figura 6: Número de folhas da touceira de Anemophaegma arvense ao longo
de um ano.
4. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitiram ampliar o conhecimento sobre a
espécie
Anemophaegma
arvense,
gerando
informações
quanto
suas
características biométricas quantitativas e observações qualitativas, que
permitiram inferir sobre a população estudada e seu comportamento ao longo
de um ano.
Estudos das espécies nativas com potencial ornamental devem ser
realizados, por proporcionarem conhecimento sobre as espécies, favorescendo
sua preservação e utilização como planta ornamental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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