Curso de Tecnólogo em Radiologia Artigo de Revisão e Relato de Caso Radiologia intervencionista: Embolização de Aneurisma Cerebral INTERVENTIONAL RADIOLOGY: EMBOLIZATION OF CEREBRAL ANEURYSMS Robson Machado Barbosa1, Nataniel Pacheco1, Jorge Felipe2. 1 Alunos do Curso Superior de Tecnólogo em Radiologia 2 Professor Especialista do Curso Superior de Tecnólogo em Radiologia Resumo Introdução: A Radiologia Intervencionista está entre um dos ramos mais utilizados na área da Imaginologia em diversas especialidades, dentre elas, está a Neurologia, que se utiliza da Hemodinâmica para a realização de diagnósticos e tratamentos através da Fluoroscopia, permitindo a visualização das imagens de estruturas internas do paciente em monitores em tempo real, proporcionado pelo uso dos raios X e com o auxílio do meio de contraste. Essa técnica possibilita diagnosticar e se necessário, tratar um aneurisma, por exemplo, na embolização por micromolas ou por líquido embolizante. Objetivo: Descrever a importância da Radiologia Intervencionista no diagnóstico e tratamento de aneurisma cerebral e tentar mostrar que é um procedimento menos invasivo comparado à cirurgia por clipagem que é feita em crânio aberto. Materiais e Métodos: Trabalho acadêmico com foco em Hemodinâmica com destaque para a Neurologia Intervencionista no diagnóstico e tratamento de aneurisma cerebral. Houve visita técnica em hospital público onde levantamos a rotina de preparo antes dos procedimentos. A visita foi descrita em relatório e transcrita no decorrer do trabalho. O levantamento teórico foi baseado em artigos científico na língua portuguesa, ingressa e livros públicos nos últimos doze anos. As fontes obtidas em bibliotecas e em base de dados eletrônicos em artigos em PDF e internet. Resultados: Em comparativo entre a literatura na área de Radiologia e a pesquisa de campo, se nota a diferença de informações em alguns dados como na quantidade de contraste a ser ministrada no paciente, segundo Bontrager é de 5 a 10 ml e já nos procedimentos realizados no Hospital de Base a média administrada é de 50 a 150 ml. Conclusão: Com o passar dos anos a Neurologia foi uma das especialidades mais beneficiadas pela Radiologia Intervencionista especialmente no serviço de Hemodinâmica tanto em diagnóstico como em tratamento. Palavras-Chave: Angiografia; Aneurisma; Cerebral; Embolização; Hemodinâmica; Radiologia. Abstract Introduction: Interventional Radiology is among one of the most used branches in the area of Imaging in various specialties, among them, is Neurology, which uses the Hemodynamic to carry out diagnosis and treatment through fluoroscopy, allowing the structures of image viewing internal patient monitors in real time provided by the use of X rays with the aid of the contrast medium. This technique allows for, diagnose and, if necessary, for example treating an aneurysm embolization in micro coils or liquid embolizing. Objective: To describe the importance of Interventional Radiology in the diagnosis and treatment of cerebral aneurysm and try to show that is a less invasive procedure compared to surgery for clipping to be made in open skull. Materials and Methods: Academic work focused on highlighting the Hemodynamic Interventional Neurology in the diagnosis and treatment of cerebral aneurysm. There were technical visit in a public hospital where we raise the preparation routine before the procedure. The visit was described in the report and described in this work. The theoretical survey was based on scientific articles in Portuguese, enters and public books in the last twelve years. The sources obtained from libraries and electronic database of articles in PDF and internet. Results: In comparison between literature in the area of Radiology and field research, you notice the difference information on data such as the amount of contrast to be administered to the patient, according Bontrager is 5-10 ml and we have procedures performed in the Base Hospital administered the average is 50 to 150 ml. Conclusion: Over the years the Neurology was one of the specialties most benefited by Interventional Radiology especially in the Hemodynamic service both in diagnosis and in treatment. Keywords: Angiography; Aneurysm; Brain; Embolization; Hemodynamic; Radiology Introdução A radiologia intervencionista é um ramo da imaginologia que atualmente é bastante utilizada no diagnóstico e também no tratamento das mais diversas especialidades na área da saúde. Uma dessas especialidades é a neurologia, que se utiliza no caso, da hemodinâmica, para realizar o procedimento de angiografia cerebral para diagnóstico e, quando necessário, intervenção com Embolização por micromolas e/ou oclusão de aneurisma cerebral. Esta técnica consiste na introdução de cateter na artéria femoral, utilizando contraste e o aparelho de Fluoroscopia/raios X em arco C, este que tem como diferencial, produzir imagem em tempo real por meio de um monitor assim capaz de visualizar o sistema circulante contrastado e também o aneurisma cerebral (CANEVARO, 2009). Utilizando-se de micro molas de platina, pouco mais grossa que um fio de cabelo, colocadas uma a uma até preencher todo o espaço da patologia, tendo como finalidade, impedir o fluxo sanguíneo dentro do aneurisma evitando assim, o rompimento da bolha (BERGAMINI, 2011). O aneurisma cerebral é uma dilatação anômala de uma artéria ou vaso, causado pelo enfraquecimento em sua parede, fazendo com que esse vaso crie uma espécie de bolha que dependendo de alguns fatores, pode vir a se romper ocasionando hemorragia ou derrame levando a compressão da massa encefálica que pode provocar paralisia ou até mesmo levar o paciente ao óbito se não tratado de forma adequada (FERREIRA, 2011). Esse trabalho tem por objetivo, destacar a importância da Radiologia Intervencionista através da hemodinâmica, no diagnóstico e tratamento de embolização de aneurisma cerebral, tentando mostrar que é uma técnica menos evasiva, quando comparada com a intervenção cirúrgica. Materiais e Métodos Trabalho acadêmico com foco em hemodinâmica destacando a Neurologia Intervencionista na angiografia e embolização de aneurisma cerebral. Foi realizada uma visita técnica em um hospital público para acompanhar em loco, a rotina de preparação, o exame diagnóstico e posterior tratamento. Esta visita técnica foi descrita em relatório e transcrita no decorrer do trabalho. O levantamento teórico foi baseado em artigos científico na língua portuguesa, ingressa e livros públicos nos últimos doze anos. As fontes obtidas em bibliotecas e em base de dados eletrônicos em artigos em PDF e internet. Tendo como delimitação da pesquisa a Neurologia Intervencionista diagnóstica e/ou terapêutica levando em consideração que na maioria dos serviços, na área de radiologia, a parte empírica difere em muito da parte teórica. Com outro prisma pode ser observado também, nesta vista, que não foi abordado os exames que foram estudados em sala assim com muito material para ser trabalhado. Foi de extrema relevância construir este trabalho acadêmico, com base na limitação do tempo para tanto conteúdo. Radiologia Intervencionista Em 1964 Dr. Charles Dotter, (Pai da Radiologia intervencionista) juntamente com Dr. Melvin Judkins, introduziu a angioplastia vascular (FELIPE, 2015). Os primórdios da Neurorradiologia Intervencionista teve início por volta de 1960, quando um cirurgião Norte Americano chamado Alfred Lussenhop descreveu uma técnica para ocluir malformações arteriovenosas cerebrais através da injeção de pequenas esferas de metal (MAGALHÃES, 2011). Entende-se por Radiologia Intervencionista, procedimentos que permitam intervenções diagnósticas e/ou terapêuticas por acesso endovenoso com o paciente sob anestesia local ou sedado. Tais procedimentos são realizados normalmente na sala de hemodinâmica que utiliza um aparelho de Fluoroscopia em arco C capaz de produzir imagens em tempo real com uso de meio de contraste que servem para orientar o médico na localização da lesão e na decisão do tratamento a ser feito. Atualmente, o meio de contraste utilizado na hemodinâmica é o iodado não iônico por ser um agente menos agressivo que iodado iônico (CANEVARO, 2009). A história da Hemodinâmica começa pela invenção do primeiro aparelho fluoroscópico, que foi desenvolvido por Thomas Edson em 1896 após descobrir propriedade de fluorescência no tungstato de cálcio com cristais expostos em um papelão (DURAN, 2012). ou ate mesmo paralisia em um dos lados do rosto (PINHEIRO, 2011). Aneurisma Cerebral Durante o tratamento, os pacientes são instruídos a evitar o tabagismo, pois é ele, uma das principais causas do aneurisma, o consumo do álcool, medicamentos estimulantes, assim como drogas e esforço físico excessivo (PINHEIRO, 2015). O Aneurisma cerebral é uma dilatação em forma de balão ou um rompimento em uma ou mais artérias cerebrais, isso ocorre por conta de um enfraquecimento da parede do vaso (PINHEIRO, 2015). Marcel Pierobon o descreve como uma protuberância anormal em uma artéria do cérebro. Fig.1- Representação de um Aneurisma Cerebral Se for o caso desse aneurisma ser muito grande com muitas chances de risco do rompimento dessa artéria, ou até mesmo se algumas dessas artérias já tiverem se rompido, o tratamento é cirúrgico, visando à interrupção do fluxo sanguíneo preservando a passagem do sangue circulante pela artéria. Já no caso se o aneurisma for roto a cirurgia tem que ser imediata (INTERNEURO, 2012). O tamanho dos aneurismas pode ser (AMIB, 2013): Aneurisma muito pequeno: menor que 3 milímetros; Aneurisma milímetros; (Centro Avançado de Neurologia e Neurocirurgia de Porto Alegre- RS, 2014). Atualmente, o aneurisma cerebral é considerado uma das patologias intracranianas mais graves e com elevada taxa morbi/mortalidade. Após um derrame causado pelo rompimento de aneurisma, os sintomas que podem ocorrer são, dores, fraqueza, dificuldade repentina de falar, desmaio, coma e podendo levar o indivíduo a morte. O nível de gravidade do aneurisma cerebral depende da localização, tamanho, ocorrência de ruptura e finalmente, a idade e a saúde do indivíduo. Os principais fatores de risco dessa doença são: o tabagismo, hipertensão contínua e histórico familiar de doenças arteriais (FERREIRA, 2011). A maioria dos aneurismas não apresenta sintomas, e geralmente os casos são descobertos durante exames de imagens de Angiografia Cerebral a não ser que esse aneurisma se torne grande ou até mesmo se rompa. Quando o aneurisma cresce rapidamente, ele pressiona os nervos e tecidos cerebral, alguns desses sintomas que podem ocorrer são, dores, fraqueza, pequeno: menor de 11 Aneurisma grande: 11 a 25 milímetros; Aneurisma gigante: maior milímetros (AMIB, 2013). de 25 A embolização do aneurisma, não requer uma cirurgia aberta, é um método menos invasivo, esse procedimento é muito semelhante a um cateterismo: O médico cirurgião irá inserir um cateter em uma artéria, que é conduzida até o aneurisma, ao chegar ao ponto exato, micromolas de platina é colocado dentro do aneurisma, no qual irá preencher espaço interno da bolha aneurísmica evitando o seu rompimento (INTERNEURO, 2012). Angiografia Cerebral Digital Ao fim das décadas de 80 e de 90, a evolução da angiografia convencional para a angiografia por subtração digital, proporcionou grande crescimento na área da Neurorradiologia intervencionista e a aquisição de imagens vasculares tridimensionais possibilitaram melhores imagens dos vasos, identificando lesões como um aneurisma cerebral. A angiografia cerebral é o estudo do sistema circulatório do cérebro em tempo real através do uso dos raios X em interação com a fluoroscopia, com o uso de cateter e meios de contraste a base de iodo não iônico (LUNELLI, 2013). A inserção do cateter é feita preferencialmente via femoral. O cateter é introduzido até ao cajado aórtico e a partir daí, o vaso a ser estudado é selecionado. Geralmente os vasos selecionados nesse exame, incluem artérias carótidas externas, internas, comuns e as artérias vertebrais (BONTRAGER, 2005). A quantidade de contraste a ser administrada depende da artéria ou veia estudada, mas geralmente varia entre 5 e 10 ml. O meio de contraste utilizado é o iodado, mais especificamente, o não iônico por ser menos agressivo ao paciente em comparação com o contraste iodado iônico. A angiografia da carótida comum está dentre os exames mais realizados dentro da Neurorradiologia, o giro do aparelho em AP, favorece na visualização da artéria comum direita, já em perfil, é demonstrada a bifurcação dessa artéria, em carótidas interna e externa. A região de bifurcação é bastante analisada na busca de estenoses e oclusões para diagnóstico e posterior tratamento intervencionista. O lado esquerdo da carótida comum é simultaneamente estudado de forma similar (BONTRAGER, 2005). Fig.2 Angiografia comum da carótida esquerda A) Angiografia comum (Lunelli, 2012). Embolização de Aneurisma Cerebral A embolização de aneurisma cerebral é um dos tratamentos realizados na área da Neurologia. O outro tratamento utilizado é a cirurgia de clipagem de aneurisma, através da craniotomia, procedimento que consiste na abertura na região de interesse do crânio para ter acesso ao aneurisma, um clipe é colocado na base do aneurisma com a finalidade de interromper o fluxo sanguíneo da artéria que iria alimentar essa dilatação localizada (LUNELLI, 2012). Em termos gerais, embolização significa preenchimento de um determinado espaço e neste caso, agentes embólicos são inseridos na artéria ou veia via femoral através do microcateter para fazer a oclusão dentro do aneurisma. Um desses agentes embolizantes são as micromolas em espirais de platina ou aço inoxidável conhecidas como coils. Um planejamento é realizado antes do tratamento para previamente decidir a quantidade de micromolas utilizadas de acordo com o tamanho e a localização da lesão, mas a derradeira decisão. Somente durante o procedimento (BERGAMINI, 2011). Fig.3 Exemplo de Micromola (coil) Auditoria em Saúde Unimed, 2009. Procedimentos e Materiais Utilizados na Embolização (B) Angiografia com subtração digital (DAS). Na admissão do paciente é feita anamnese e exame clínico, onde será verificado todo o preparo como, por exemplo, se existe reação alérgica ao contraste iodado. Geralmente o acesso do cateter é feito via femoral como já citado anteriormente, utilizando (LAGEMANN, 2014 e BERGAMINI, 2011): Introdutor: através dele, criamos o acesso para o procedimento e por onde entrará os materiais necessários, essa ferramenta evita o refluxo sanguíneo. Cateter Guia: dispositivo que nos procedimentos, auxilia na movimentação artero venosa de materiais (stents, coils, micro cateteres, balões, etc.). Micro cateter Guia: Função de movimentar e estabilizar os microcateteres nos procedimentos endovasculares. Microcateter: Responsável por conduzir materiais pra o tratamento de embolização cerebral, tendo pequeno diâmetro permitindo acesso à região e quem o direciona é a microguia. Balões de Remodelamento: Nos procedimentos em que o colo do aneurisma é grande, utilizamos o microcateter com balão desinsuflado que será posicionado na artéria afetada, em seguida, será inserido o microcateter com os coils no interior do aneurisma, nesse momento o balão deverá ser inflado o que dará estabilização dos coils no interior da artéria (fig.4). Retiramse os dois microcateteres, o do balão primeiro e em seguida, o do microcateter de micromolas. Stents Intracranianos: Dispositivo de malha metálica feita de um polímero especial que tem a função de evitar a saída de micromolas para o vaso afetado (fig. 4). A inserção do cateter com stent é similar ao do balão. Também através do redirecionamento de fluxo, ele é capaz de evitar a hipertensão no aneurisma (LAGEMANN, 2014 e BERGAMINI, 2011). Fig.4 Representação de Cateter Balão Bergamini, 2011. Após a embolização, o paciente geralmente permanecerá internado por vinte e quatro horas. Deverá ser realizada angiografia cerebral após alguns meses para acompanhamento da estabilidade das micromolas (INTERNEURO, 2012). Os coils ficarão permanentemente inseridos dentro do aneurisma após o procedimento, reforçando a estrutura como se fosse um trombo resultante da estagnação de fluxo sanguíneo. Isto resulta no bloqueio de irrigação para o aneurisma o que faz evitar o seu rompimento (LAGEMANN, 2014). Quando há impossibilidade de embolização do aneurisma com micromolas como no caso de aneurismas gigantes e em locais praticamente inacessíveis, um tratamento alternativo é a oclusão parcial da carótida por exemplo. Mas é preciso primeiramente, realizar um teste para avaliar se a outra artéria carótida suprirá a demanda de fluxo da parte que será ocluída, esse teste é o que denominamos de fluxo sanguíneo contralateral (BERGAMINI, 2011). Fig.5 Angiografia por DAS pós-embolização Instituto Neurovascular, 2011. A exemplo da angiografia cerebral, a embolização é realizada na sala de hemodinâmica (LUNELLI, 2013). Atualmente, devido às demandas das várias especialidades, a sala de hemodinâmica sofreu readaptações, conceitualmente denominamos de sala híbrida (Fig.7), por ser composta em um mesmo local por uma parte de sala de cirurgia e por uma sala de hemodinâmica que é constituída por espaço interno amplo; equipamento fluoroscópico em arco C; monitoração cardíaca, equipamento de anestesia, mesa de procedimentos resistentes ao peso de aproximadamente até 120 a 150 Kg e também às possíveis manobras de ressuscitação cardiopulmonar do paciente Esse ambiente deve conter também: Recepção; sala de preparo e exame físico; sala de procedimentos; sala de observação; expurgo; vestiários; sala de Materiais; e área administrativa (LAGEMANN, 2014). Fig.8 Diagrama de Alguns componentes de um Fluoroscópico Fig.6 Detalhe de uma Sala de Hemodinâmica Híbrida Copyright, 2012 – Diagnóstico oweb. Todos os direitos reservados. Como já foi citado anteriormente, o aparelho radiológico utilizado no procedimento é o fluoroscópico em arco C que é composto principalmente por: painel de controle, gerador de alta tensão, ampola de raios X, intensificador de imagem, receptor de imagem. A radiologia intervencionista em geral, utiliza as imagens fluoroscópicas como guia de imagem (CANEVARO, 2009). A Fluoroscopia proporciona visualização em tempo real dos órgãos e tecidos de um paciente durante um procedimento bem como a movimentação e funcionalidade dos mesmos. Isto ocorre graças à interação de fonte de raios X em contato com a tela fluorescente na entrada de um intensificador de imagem que transforma que converte a imagem dos raios X do paciente em uma imagem digital (CANEVARO, 2009). Fig.7 Equipamento em Arco C General Electric Company, 2014. Lunelli, 2012 Relato de Causa: Visita Técnica ao Serviço de Hemodinâmica do Hospital de Base de Brasília- DF No dia dezoito de Novembro de 2015, foi realizada Visita Técnica individual nas dependências do serviço de Hemodinâmica do Hospital de Base de Brasília sob a orientação de dois técnicos em Radiologia e de uma enfermeira residente. A visita teve início às 08h00min e houve a oportunidade de conhecer o espaço físico de uma das duas salas de Hemodinâmica disponíveis no Hospital, A sala é composta também por um aparelho de Fluoroscopia em arco C, o equipamento possui ampola de raios X, intensificador de imagem circular, mesa de procedimentos com limite de peso de até 150 Kg por paciente, pedal de comando e dois monitores de imagens e bomba injetora de contraste, foi explicado que durante um procedimento da Neurologia utiliza-se aproximadamente de 50 a 150 ml de contraste iodado, isso depende da região anatômica a ser estudada e também do tamanho do intensificador de imagem. Também antes de acompanhar o exame, fui apresentado à enfermeira residente para conhecer a rotina de preparo dos pacientes que se submetem as angiografia e aos procedimentos endovasculares em geral e para conhecer o espaço físico do serviço, desde a recepção até ao momento do exame e/ou tratamento do paciente na mesa do equipamento. A Enfermeira detalhou que o paciente depois de admitido, passa por rigorosa triagem com análises de exames de sangue e urina para obter as précondições do paciente pra a realização do procedimento, destacando também se o paciente não é alérgico ao contraste iodado e se o mesmo encontra-se com as funções renais normais. Após a anamnese é feita uma ficha de sala com todas as informações do paciente, tanto dados pessoais quanto médicos. O paciente aguarda em uma sala de observação até o momento do procedimento. Já de volta à sala de comando obtive a oportunidade de observar na companhia de um técnico, um exame de paciente do sexo feminino, 43 anos de idade a qual foi submetida a uma angiografia cerebral por cateterismo via femoral. O exame teve início às 08h25min com a equipe formada por dois técnicos de enfermagem, um técnico de Radiologia, um médico staff e um médico residente, todos devidamente equipados com os EPI de radioproteção, ou seja, aventais e óculos plumbíferos e protetores de tireoidea. Ao transcorrer do exame angiográfico, constatou-se a confirmação da presença de um aneurisma localizada na artéria carotídea esquerda, quase no centro da parte frontal do parênquima cerebral. A equipe médica decidiu então, fazer a intervenção através da embolização por micromolas quase que imediatamente. Às 09h00min iniciou-se a embolização do aneurisma através do cateterismo via femoral. Devido à urgência do caso, os médicos decidiram realizar a embolização sem anestesia. O procedimento aconteceu sem maiores intercorrências terminando às 09h30min totalizando um tempo de uma hora e cinco minutos entre o início da angiografia e o término da embolização cerebral. A paciente foi levada de volta ao quarto onde ficaria em observação por até doze horas após o procedimento. Ao término do procedimento, o técnico foi indagado sobre as medidas do aneurisma e ele me reportou da impossibilidade de informar naquele momento porque ele necessitava de um parâmetro físico a exemplo do próprio cateter, como base para o sistema computacional calcular essa medida. Referente à técnica de aquisição de imagem em tempo real, o técnico falou de uma importante ferramenta facilitadora para se chegar ao exato local do estudo e/ou tratamento denominado Road Map que em tradução livre significa: mapa da rota é uma ferramenta inserida no próprio sistema que cria uma silhueta dos vasos como uma espécie de “falsa” imagem para traçar um caminho por onde o cateter irá passar e tem como principal benefício, a diminuição da dose de contraste iodado ministrado ao paciente. Sobre materiais embolizantes, ele informou que além das micromolas, utilizase também o líquido embolizante denominado ônix (etileno vinil álcool), que é utilizado em casos de aneurismas de dimensões menores, o qual poderá ser inserido no aneurisma pelo cateter logo após se solidificando e modelando o aneurisma. Sem mais, a visita técnica foi encerrada às dez horas. Resultados Foi observado que em alguns casos, há diferença entre a literatura de Radiologia e a pesquisa de campo como na informação de dose de contraste iodado administrado ao paciente nos procedimentos, Bontrager afirma que a média é de 5 a 10 ml, já na pesquisa feita no Hospital de Base foi levantado que essa quantidade fica entre 50 a 150 ml por procedimento. Outra observação é quanto ao tempo de recuperação do paciente pós embolização, o site da Interneuro informa vinte e quatro horas e já na pesquisa de campo foi de doze horas após o tratamento. Discussão Dependendo do tamanho e localização de um aneurisma cerebral e das condições clínicas do paciente, a equipe médica decidirá qual a melhor forma de intervenção, atualmente, as duas principais técnicas utilizadas são; a cirurgia de clipagem da artéria feita por craniotomia (abertura do crânio) e a outra técnica é a embolização de aneurisma cerebral, procedimento endovascular que utiliza cateterismo via femoral com auxílio do equipamento de fluoroscopia em arco com imagem em tempo real possibilitado pela interação dos raios X com a tela fluorescente e como auxílio do meio de contraste iodado não iônico que irá proporcionar melhor visualização da região anatômica estudada. De um modo geral, ambas as técnicas têm demonstrado resultados satisfatórios no tratamento do aneurisma cerebral. Em comparação entre as duas técnicas, observamos que ambas demonstram eficiência no tratamento da patologia, porém, no caso da cirurgia de craniotomia por ser um método mais invasivo, o tempo de recuperação do paciente é mais longo, aumentado o risco de infecção ao passo que na embolização tem o uso de alta dose de radiação ionizante por raios X, por exemplo, Lunelli afirma que, a média de dose efetiva em médicos envolvidos em dez procedimentos de embolização cerebral em um instituto de Medicina em Recife chegou a 18,5 μSv, sendo que o limiar de dose ao indivíduo ocupacionalmente exposto é de 20mSv ao ano, porém, o método endovascular é menos invasivo pelo uso do cateterismo e imagem em tempo real na proporcionado pela fluoroscopia, dando ao paciente, menor tempo de recuperação. Lembrando que a decisão referente ao melhor tratamento a ser realizado, cabe somente à junta médica da Neurologia e do serviço de hemodinâmica da instituição hospitalar. Conclusão Concluímos que a Neurologia se tornou com o passar dos anos, uma das principais especialidades médicas inseridas dentro da Radiologia Intervencionista, especialmente no serviço de hemodinâmica, tanto no diagnóstico como no tratamento de patologias como no caso do diagnóstico por angiografia cerebral e pela intervenção por embolização de aneurisma cerebral. A cada dia surgem novas tecnologias, como por exemplo, Road map que consiste em criar uma rota imaginária angiográfica para melhor guiar o médico no cateterismo via femoral até chegar à área de interesse. O presente trabalho buscou mostrar a importância da Radiologia Intervencionista que, na angiografia e na embolização cerebral no serviço de hemodinâmica, é uma das principais técnicas para o tratamento dessa grave doença. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus, às nossas Famílias pela compreensão, ao nosso orientador, à Coordenação do curso de Radiologia e por último, ao Professor Jorge Felipe pela dedicação, apoio e paciência. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA – AMIB, Aneurismas Cerebrais, 2009 https://www.fernandora1.dominiotemporario.com/doc/Neuro_aula16.pdf - Acesso em 26/11/2015. BERGAMINI, A. ATUALIZAÇÃO EM OPME- FOCO EM NEUROLOGIA, BUZIOS, 2011. BONTRAGER, Kenneth LAMPIGNANO, John P. Tratado de Posicionamento Radiográfico e Anatomia Associada. Tradução: Ana Maria R. Santos. 5ª Edição. Mosby Elsevier Editora: Rio de Janeiro, 2005. CANEVARO, L. Aspectos Físicos e Técnicos da Radiologia Intervencionista, RJ, 2009. DURAN, J. H. R. Biofísica: Conceitros e Aplicações, SP, 2012. FELIPE J. Incidências Especiais – História da Hemodinâmica, DF, 2015. FERREIRA, D. B. Doenças do Cérebro: Aneurisma, GO, 2011. INTERNEURO Tratamento de Aneurisma Cerebral, Neurologia Vascular, Interneuro Todos os Direitos Reservados, 2015 http://www.interneuro.com.br/tratamento-aneurisma-cerebral.html Acesso em 23/11/2015. LAGEMANN, R. C. et. al. O Enfermeiro no Laboratório de Hemodinâmica, PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Saúde do Adulto: Ciclo 9. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 35-67. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2). LUNELLI, N. A. Avaliação da Dose Ocupacional e de Pacientes Adultos no Procedimento de Angiografia Cerebral, SP, 2013. MAGALHÃES, J. M. F. M. C. A Neurorradiologia de Intervenção no Tratamento do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, Revista: Acta Radiológica Portuguesa (Sociedade Portuguesa de Radiologia e Medicina Nuclear), Faculdade de Medicina Universidade do Porto FMUP, 2011. PIEROBON, M. R. Classificação Anátomo-Radiológica dos Aneurismas da Artéria Comunicante Posterior, Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRS. Faculdade de Medicina. Porto Alegre, 2012 PINHEIRO, P. Aneurisma Cerebral: Sintomas e Tratamento, Dr. Pedro Pinheiro Médico Nefrologista MD. Saúde, http://www.mdsaude.com/2012/07/aneurisma-cerebral.htm, l Acesso em 02/12/2015.