Radiologia intervencionista: Embolização de Aneurisma Cerebral

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Curso de Tecnólogo em Radiologia
Artigo de Revisão e Relato de Caso
Radiologia intervencionista: Embolização de Aneurisma Cerebral
INTERVENTIONAL RADIOLOGY: EMBOLIZATION OF CEREBRAL ANEURYSMS
Robson Machado Barbosa1, Nataniel Pacheco1, Jorge Felipe2.
1 Alunos do Curso Superior de Tecnólogo em Radiologia
2 Professor Especialista do Curso Superior de Tecnólogo em Radiologia
Resumo
Introdução: A Radiologia Intervencionista está entre um dos ramos mais utilizados na área da Imaginologia em
diversas especialidades, dentre elas, está a Neurologia, que se utiliza da Hemodinâmica para a realização de
diagnósticos e tratamentos através da Fluoroscopia, permitindo a visualização das imagens de estruturas internas do
paciente em monitores em tempo real, proporcionado pelo uso dos raios X e com o auxílio do meio de contraste. Essa
técnica possibilita diagnosticar e se necessário, tratar um aneurisma, por exemplo, na embolização por micromolas ou
por líquido embolizante. Objetivo: Descrever a importância da Radiologia Intervencionista no diagnóstico e tratamento
de aneurisma cerebral e tentar mostrar que é um procedimento menos invasivo comparado à cirurgia por clipagem que
é feita em crânio aberto. Materiais e Métodos: Trabalho acadêmico com foco em Hemodinâmica com destaque para a
Neurologia Intervencionista no diagnóstico e tratamento de aneurisma cerebral. Houve visita técnica em hospital
público onde levantamos a rotina de preparo antes dos procedimentos. A visita foi descrita em relatório e transcrita no
decorrer do trabalho. O levantamento teórico foi baseado em artigos científico na língua portuguesa, ingressa e livros
públicos nos últimos doze anos. As fontes obtidas em bibliotecas e em base de dados eletrônicos em artigos em PDF e
internet. Resultados: Em comparativo entre a literatura na área de Radiologia e a pesquisa de campo, se nota a
diferença de informações em alguns dados como na quantidade de contraste a ser ministrada no paciente, segundo
Bontrager é de 5 a 10 ml e já nos procedimentos realizados no Hospital de Base a média administrada é de 50 a 150
ml. Conclusão: Com o passar dos anos a Neurologia foi uma das especialidades mais beneficiadas pela Radiologia
Intervencionista especialmente no serviço de Hemodinâmica tanto em diagnóstico como em tratamento.
Palavras-Chave: Angiografia; Aneurisma; Cerebral; Embolização; Hemodinâmica; Radiologia.
Abstract
Introduction: Interventional Radiology is among one of the most used branches in the area of Imaging in various
specialties, among them, is Neurology, which uses the Hemodynamic to carry out diagnosis and treatment through
fluoroscopy, allowing the structures of image viewing internal patient monitors in real time provided by the use of X rays
with the aid of the contrast medium. This technique allows for, diagnose and, if necessary, for example treating an
aneurysm embolization in micro coils or liquid embolizing. Objective: To describe the importance of Interventional
Radiology in the diagnosis and treatment of cerebral aneurysm and try to show that is a less invasive procedure
compared to surgery for clipping to be made in open skull. Materials and Methods: Academic work focused on
highlighting the Hemodynamic Interventional Neurology in the diagnosis and treatment of cerebral aneurysm. There
were technical visit in a public hospital where we raise the preparation routine before the procedure. The visit was
described in the report and described in this work. The theoretical survey was based on scientific articles in Portuguese,
enters and public books in the last twelve years. The sources obtained from libraries and electronic database of articles
in PDF and internet. Results: In comparison between literature in the area of Radiology and field research, you notice
the difference information on data such as the amount of contrast to be administered to the patient, according Bontrager
is 5-10 ml and we have procedures performed in the Base Hospital administered the average is 50 to 150 ml.
Conclusion: Over the years the Neurology was one of the specialties most benefited by Interventional Radiology
especially in the Hemodynamic service both in diagnosis and in treatment.
Keywords: Angiography; Aneurysm; Brain; Embolization; Hemodynamic; Radiology
Introdução
A radiologia intervencionista é um
ramo da imaginologia que atualmente é
bastante utilizada no diagnóstico e também
no
tratamento
das
mais
diversas
especialidades na área da saúde. Uma
dessas especialidades é a neurologia, que
se utiliza no caso, da hemodinâmica, para
realizar o procedimento de angiografia
cerebral para diagnóstico e, quando
necessário, intervenção com Embolização
por micromolas e/ou oclusão de aneurisma
cerebral.
Esta
técnica
consiste
na
introdução de cateter na artéria femoral,
utilizando contraste e o aparelho de
Fluoroscopia/raios X em arco C, este que
tem como diferencial, produzir imagem em
tempo real por meio de um monitor assim
capaz de visualizar o sistema circulante
contrastado e também o aneurisma
cerebral (CANEVARO, 2009).
Utilizando-se de micro molas de
platina, pouco mais grossa que um fio de
cabelo, colocadas uma a uma até
preencher todo o espaço da patologia,
tendo como finalidade, impedir o fluxo
sanguíneo dentro do aneurisma evitando
assim,
o
rompimento
da
bolha
(BERGAMINI, 2011).
O aneurisma cerebral é uma
dilatação anômala de uma artéria ou vaso,
causado pelo enfraquecimento em sua
parede, fazendo com que esse vaso crie
uma espécie de bolha que dependendo de
alguns fatores, pode vir a se romper
ocasionando hemorragia ou derrame
levando a compressão da massa encefálica
que pode provocar paralisia ou até mesmo
levar o paciente ao óbito se não tratado de
forma adequada (FERREIRA, 2011).
Esse trabalho tem por objetivo,
destacar a importância da Radiologia
Intervencionista através da hemodinâmica,
no
diagnóstico
e
tratamento
de
embolização de aneurisma cerebral,
tentando mostrar que é uma técnica menos
evasiva, quando comparada com a
intervenção cirúrgica.
Materiais e Métodos
Trabalho acadêmico com foco em
hemodinâmica destacando a Neurologia
Intervencionista
na
angiografia
e
embolização de aneurisma cerebral. Foi
realizada uma visita técnica em um hospital
público para acompanhar em loco, a rotina
de preparação, o exame diagnóstico e
posterior tratamento. Esta visita técnica foi
descrita em relatório e transcrita no
decorrer do trabalho.
O
levantamento
teórico
foi
baseado em artigos científico na língua
portuguesa, ingressa e livros públicos nos
últimos doze anos.
As fontes obtidas em bibliotecas e
em base de dados eletrônicos em artigos
em PDF e internet. Tendo como delimitação
da pesquisa a Neurologia Intervencionista
diagnóstica e/ou terapêutica levando em
consideração que na maioria dos serviços,
na área de radiologia, a parte empírica
difere em muito da parte teórica. Com
outro prisma pode ser observado também,
nesta vista, que não foi abordado os
exames que foram estudados em sala
assim com muito material para ser
trabalhado. Foi de extrema relevância
construir este trabalho acadêmico, com
base na limitação do tempo para tanto
conteúdo.
Radiologia Intervencionista
Em 1964 Dr. Charles Dotter, (Pai
da Radiologia intervencionista) juntamente
com Dr. Melvin Judkins, introduziu a angioplastia vascular (FELIPE, 2015).
Os primórdios da Neurorradiologia
Intervencionista teve início por volta de
1960, quando um cirurgião Norte Americano chamado Alfred Lussenhop descreveu
uma técnica para ocluir malformações arteriovenosas cerebrais através da injeção de
pequenas esferas de metal (MAGALHÃES,
2011).
Entende-se por Radiologia Intervencionista, procedimentos que permitam
intervenções diagnósticas e/ou terapêuticas
por acesso endovenoso com o paciente
sob anestesia local ou sedado. Tais procedimentos são realizados normalmente na
sala de hemodinâmica que utiliza um aparelho de Fluoroscopia em arco C capaz de
produzir imagens em tempo real com uso
de meio de contraste que servem para
orientar o médico na localização da lesão e
na decisão do tratamento a ser feito. Atualmente, o meio de contraste utilizado na
hemodinâmica é o iodado não iônico por
ser um agente menos agressivo que iodado
iônico (CANEVARO, 2009).
A história da Hemodinâmica
começa pela invenção do primeiro aparelho
fluoroscópico, que foi desenvolvido por
Thomas Edson em 1896 após descobrir
propriedade de fluorescência no tungstato
de cálcio com cristais expostos em um
papelão (DURAN, 2012).
ou ate mesmo paralisia em um dos lados
do rosto (PINHEIRO, 2011).
Aneurisma Cerebral
Durante o tratamento, os pacientes
são instruídos a evitar o tabagismo, pois é
ele, uma das principais causas do
aneurisma, o consumo do álcool,
medicamentos estimulantes, assim como
drogas e esforço físico excessivo
(PINHEIRO, 2015).
O Aneurisma cerebral é uma
dilatação em forma de balão ou um
rompimento em uma ou mais artérias
cerebrais, isso ocorre por conta de um
enfraquecimento da parede do vaso
(PINHEIRO, 2015). Marcel Pierobon o
descreve como uma protuberância anormal
em uma artéria do cérebro.
Fig.1- Representação de um Aneurisma Cerebral
Se for o caso desse aneurisma ser
muito grande com muitas chances de risco
do rompimento dessa artéria, ou até
mesmo se algumas dessas artérias já
tiverem se rompido, o tratamento é
cirúrgico, visando à interrupção do fluxo
sanguíneo preservando a passagem do
sangue circulante pela artéria. Já no caso
se o aneurisma for roto a cirurgia tem que
ser imediata (INTERNEURO, 2012).
O tamanho dos aneurismas pode
ser (AMIB, 2013):
Aneurisma muito pequeno: menor que 3
milímetros;
Aneurisma
milímetros;
(Centro Avançado de Neurologia e Neurocirurgia
de Porto Alegre- RS, 2014).
Atualmente, o aneurisma cerebral é
considerado
uma
das
patologias
intracranianas mais graves e com elevada
taxa morbi/mortalidade.
Após um derrame causado pelo
rompimento de aneurisma, os sintomas que
podem ocorrer são, dores, fraqueza,
dificuldade repentina de falar, desmaio,
coma e podendo levar o indivíduo a morte.
O nível de gravidade do aneurisma
cerebral depende da localização, tamanho,
ocorrência de ruptura e finalmente, a idade
e a saúde do indivíduo.
Os principais fatores de risco dessa
doença são: o tabagismo, hipertensão
contínua e histórico familiar de doenças
arteriais (FERREIRA, 2011).
A maioria dos aneurismas não
apresenta sintomas, e geralmente os casos
são descobertos durante exames de
imagens de Angiografia Cerebral a não ser
que esse aneurisma se torne grande ou até
mesmo se rompa.
Quando o aneurisma cresce
rapidamente, ele pressiona os nervos e
tecidos cerebral, alguns desses sintomas
que podem ocorrer são, dores, fraqueza,
pequeno:
menor
de
11
Aneurisma grande: 11 a 25 milímetros;
Aneurisma gigante: maior
milímetros (AMIB, 2013).
de
25
A embolização do aneurisma, não
requer uma cirurgia aberta, é um método
menos invasivo, esse procedimento é muito
semelhante a um cateterismo: O médico
cirurgião irá inserir um cateter em uma
artéria, que é conduzida até o aneurisma,
ao chegar ao ponto exato, micromolas de
platina é colocado dentro do aneurisma, no
qual irá preencher espaço interno da bolha
aneurísmica evitando o seu rompimento
(INTERNEURO, 2012).
Angiografia Cerebral Digital
Ao fim das décadas de 80 e de 90,
a evolução da angiografia convencional
para a angiografia por subtração digital,
proporcionou grande crescimento na área
da Neurorradiologia intervencionista e a
aquisição
de
imagens
vasculares
tridimensionais possibilitaram melhores
imagens dos vasos, identificando lesões
como um aneurisma cerebral.
A angiografia cerebral é o estudo
do sistema circulatório do cérebro em
tempo real através do uso dos raios X em
interação com a fluoroscopia, com o uso de
cateter e meios de contraste a base de iodo
não iônico (LUNELLI, 2013).
A inserção do cateter é feita
preferencialmente via femoral. O cateter é
introduzido até ao cajado aórtico e a partir
daí, o vaso a ser estudado é selecionado.
Geralmente os vasos selecionados nesse
exame, incluem artérias carótidas externas,
internas, comuns e as artérias vertebrais
(BONTRAGER, 2005).
A quantidade de contraste a ser
administrada depende da artéria ou veia
estudada, mas geralmente varia entre 5 e
10 ml. O meio de contraste utilizado é o
iodado, mais especificamente, o não iônico
por ser menos agressivo ao paciente em
comparação com o contraste iodado iônico.
A angiografia da carótida comum
está dentre os exames mais realizados
dentro da Neurorradiologia, o giro do
aparelho em AP, favorece na visualização
da artéria comum direita, já em perfil, é
demonstrada a bifurcação dessa artéria,
em carótidas interna e externa. A região de
bifurcação é bastante analisada na busca
de estenoses e oclusões para diagnóstico e
posterior tratamento intervencionista. O
lado esquerdo da carótida comum é
simultaneamente estudado de forma similar
(BONTRAGER, 2005).
Fig.2 Angiografia comum da carótida esquerda
A) Angiografia comum (Lunelli, 2012).
Embolização de Aneurisma Cerebral
A embolização de aneurisma
cerebral é um dos tratamentos realizados
na área da Neurologia. O outro tratamento
utilizado é a cirurgia de clipagem de
aneurisma,
através
da
craniotomia,
procedimento que consiste na abertura na
região de interesse do crânio para ter
acesso ao aneurisma, um clipe é colocado
na base do aneurisma com a finalidade de
interromper o fluxo sanguíneo da artéria
que iria alimentar essa dilatação localizada
(LUNELLI, 2012).
Em termos gerais, embolização
significa preenchimento de um determinado
espaço e neste caso, agentes embólicos
são inseridos na artéria ou veia via femoral
através do microcateter para fazer a
oclusão dentro do aneurisma. Um desses
agentes embolizantes são as micromolas
em espirais de platina ou aço inoxidável
conhecidas como coils.
Um planejamento é realizado antes
do tratamento para previamente decidir a
quantidade de micromolas utilizadas de
acordo com o tamanho e a localização da
lesão, mas a derradeira decisão. Somente
durante o procedimento (BERGAMINI,
2011).
Fig.3 Exemplo de Micromola (coil)
Auditoria em Saúde Unimed, 2009.
Procedimentos e Materiais Utilizados na
Embolização
(B) Angiografia com subtração digital (DAS).
Na admissão do paciente é feita anamnese
e exame clínico, onde será verificado todo
o preparo como, por exemplo, se existe
reação alérgica ao contraste iodado.
Geralmente o acesso do cateter é feito via
femoral como já citado anteriormente,
utilizando
(LAGEMANN,
2014
e
BERGAMINI, 2011):
Introdutor: através dele, criamos o acesso
para o procedimento e por onde entrará os
materiais necessários, essa ferramenta
evita o refluxo sanguíneo.
Cateter Guia: dispositivo que nos procedimentos, auxilia na movimentação artero
venosa de materiais (stents, coils, micro
cateteres, balões, etc.).
Micro cateter Guia: Função de movimentar e estabilizar os microcateteres nos procedimentos endovasculares.
Microcateter: Responsável por conduzir
materiais pra o tratamento de embolização
cerebral, tendo pequeno diâmetro permitindo acesso à região e quem o direciona é a
microguia.
Balões de Remodelamento: Nos procedimentos em que o colo do aneurisma é
grande, utilizamos o microcateter com balão desinsuflado que será posicionado na
artéria afetada, em seguida, será inserido o
microcateter com os coils no interior do
aneurisma, nesse momento o balão deverá
ser inflado o que dará estabilização dos
coils no interior da artéria (fig.4). Retiramse os dois microcateteres, o do balão primeiro e em seguida, o do microcateter de
micromolas.
Stents Intracranianos: Dispositivo de
malha metálica feita de um polímero
especial que tem a função de evitar a saída
de micromolas para o vaso afetado (fig. 4).
A inserção do cateter com stent é similar ao
do
balão.
Também
através
do
redirecionamento de fluxo, ele é capaz de
evitar a hipertensão no aneurisma
(LAGEMANN, 2014 e BERGAMINI, 2011).
Fig.4 Representação de Cateter Balão
Bergamini, 2011.
Após a embolização, o paciente geralmente
permanecerá internado por vinte e quatro
horas. Deverá ser realizada angiografia
cerebral após alguns meses para acompanhamento da estabilidade das micromolas
(INTERNEURO, 2012).
Os coils ficarão permanentemente
inseridos dentro do aneurisma após o procedimento, reforçando a estrutura como se
fosse um trombo resultante da estagnação
de fluxo sanguíneo. Isto resulta no bloqueio
de irrigação para o aneurisma o que faz
evitar o seu rompimento (LAGEMANN,
2014).
Quando há impossibilidade de embolização do aneurisma com micromolas
como no caso de aneurismas gigantes e
em locais praticamente inacessíveis, um
tratamento alternativo é a oclusão parcial
da carótida por exemplo. Mas é preciso
primeiramente, realizar um teste para avaliar se a outra artéria carótida suprirá a
demanda de fluxo da parte que será ocluída, esse teste é o que denominamos de
fluxo sanguíneo contralateral (BERGAMINI,
2011).
Fig.5
Angiografia
por
DAS
pós-embolização
Instituto Neurovascular, 2011.
A exemplo da angiografia cerebral, a embolização é realizada na sala de hemodinâmica (LUNELLI, 2013).
Atualmente, devido às demandas
das várias especialidades, a sala de hemodinâmica sofreu readaptações, conceitualmente denominamos de sala híbrida
(Fig.7), por ser composta em um mesmo
local por uma parte de sala de cirurgia e
por uma sala de hemodinâmica que é constituída por espaço interno amplo; equipamento fluoroscópico em arco C; monitoração cardíaca, equipamento de anestesia,
mesa de procedimentos resistentes ao
peso de aproximadamente até 120 a 150
Kg e também às possíveis manobras de
ressuscitação cardiopulmonar do paciente
Esse ambiente deve conter também: Recepção; sala de preparo e exame físico;
sala de procedimentos; sala de observação; expurgo; vestiários; sala de Materiais;
e área administrativa (LAGEMANN, 2014).
Fig.8 Diagrama de Alguns componentes de um
Fluoroscópico
Fig.6 Detalhe de uma Sala de Hemodinâmica
Híbrida
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Como já foi citado anteriormente, o
aparelho
radiológico
utilizado
no
procedimento é o fluoroscópico em arco C
que é composto principalmente por: painel
de controle, gerador de alta tensão, ampola
de raios X, intensificador de imagem,
receptor
de imagem. A radiologia
intervencionista em geral, utiliza as
imagens fluoroscópicas como guia de
imagem (CANEVARO, 2009).
A
Fluoroscopia
proporciona
visualização em tempo real dos órgãos e
tecidos de um paciente durante um
procedimento bem como a movimentação e
funcionalidade dos mesmos. Isto ocorre
graças à interação de fonte de raios X em
contato com a tela fluorescente na entrada
de um intensificador de imagem que
transforma que converte a imagem dos
raios X do paciente em uma imagem digital
(CANEVARO, 2009).
Fig.7 Equipamento em Arco C
General Electric Company, 2014.
Lunelli, 2012
Relato de Causa: Visita Técnica ao
Serviço de Hemodinâmica do Hospital
de Base de Brasília- DF
No dia dezoito de Novembro de
2015, foi realizada Visita Técnica individual
nas
dependências
do
serviço
de
Hemodinâmica do Hospital de Base de
Brasília sob a orientação de dois técnicos
em Radiologia e de uma enfermeira
residente.
A visita teve início às 08h00min e
houve a oportunidade de conhecer o
espaço físico de uma das duas salas de
Hemodinâmica disponíveis no Hospital, A
sala é composta também por um aparelho
de Fluoroscopia em arco C, o equipamento
possui ampola de raios X, intensificador de
imagem circular, mesa de procedimentos
com limite de peso de até 150 Kg por
paciente, pedal de comando e dois
monitores de imagens e bomba injetora de
contraste, foi explicado que durante um
procedimento da Neurologia utiliza-se
aproximadamente de 50 a 150 ml de
contraste iodado, isso depende da região
anatômica a ser estudada e também do
tamanho do intensificador de imagem.
Também antes de acompanhar o exame,
fui apresentado à enfermeira residente para
conhecer a rotina de preparo dos pacientes
que se submetem as angiografia e aos
procedimentos endovasculares em geral e
para conhecer o espaço físico do serviço,
desde a recepção até ao momento do
exame e/ou tratamento do paciente na
mesa do equipamento.
A Enfermeira detalhou que o
paciente depois de admitido, passa por
rigorosa triagem com análises de exames
de sangue e urina para obter as précondições do paciente pra a realização do
procedimento, destacando também se o
paciente não é alérgico ao contraste iodado
e se o mesmo encontra-se com as funções
renais normais.
Após a anamnese é feita uma ficha
de sala com todas as informações do
paciente, tanto dados pessoais quanto
médicos. O paciente aguarda em uma sala
de observação até o momento do
procedimento.
Já de volta à sala de comando
obtive a oportunidade de observar na
companhia de um técnico, um exame de
paciente do sexo feminino, 43 anos de
idade a qual foi submetida a uma
angiografia cerebral por cateterismo via
femoral.
O exame teve início às 08h25min
com a equipe formada por dois técnicos de
enfermagem, um técnico de Radiologia, um
médico staff e um médico residente, todos
devidamente equipados com os EPI de
radioproteção, ou seja, aventais e óculos
plumbíferos e protetores de tireoidea.
Ao
transcorrer
do
exame
angiográfico, constatou-se a confirmação
da presença de um aneurisma localizada
na artéria carotídea esquerda, quase no
centro da parte frontal do parênquima
cerebral. A equipe médica decidiu então,
fazer a intervenção através da embolização
por micromolas quase que imediatamente.
Às 09h00min iniciou-se a embolização do
aneurisma através do cateterismo via
femoral. Devido à urgência do caso, os
médicos decidiram realizar a embolização
sem anestesia.
O procedimento aconteceu sem
maiores intercorrências terminando às
09h30min totalizando um tempo de uma
hora e cinco minutos entre o início da
angiografia e o término da embolização
cerebral.
A paciente foi levada de volta ao
quarto onde ficaria em observação por até
doze horas após o procedimento.
Ao término do procedimento, o
técnico foi indagado sobre as medidas do
aneurisma e ele me reportou da
impossibilidade de informar naquele
momento porque ele necessitava de um
parâmetro físico a exemplo do próprio
cateter, como base para o sistema
computacional calcular essa medida.
Referente à técnica de aquisição
de imagem em tempo real, o técnico falou
de uma importante ferramenta facilitadora
para se chegar ao exato local do estudo
e/ou tratamento denominado Road Map
que em tradução livre significa: mapa da
rota é uma ferramenta inserida no próprio
sistema que cria uma silhueta dos vasos
como uma espécie de “falsa” imagem para
traçar um caminho por onde o cateter irá
passar e tem como principal benefício, a
diminuição da dose de contraste iodado
ministrado ao paciente.
Sobre materiais embolizantes, ele
informou que além das micromolas, utilizase também
o líquido embolizante
denominado ônix (etileno vinil álcool), que é
utilizado em casos de aneurismas de
dimensões menores, o qual poderá ser
inserido no aneurisma pelo cateter logo
após se solidificando e modelando o
aneurisma.
Sem mais, a visita técnica foi
encerrada às dez horas.
Resultados
Foi observado que em alguns casos, há
diferença entre a literatura de Radiologia e
a pesquisa de campo como na informação
de dose de contraste iodado administrado
ao paciente nos procedimentos, Bontrager
afirma que a média é de 5 a 10 ml, já na
pesquisa feita no Hospital de Base foi
levantado que essa quantidade fica entre
50 a 150 ml por procedimento.
Outra observação é quanto ao tempo de
recuperação do paciente pós embolização,
o site da Interneuro informa vinte e quatro
horas e já na pesquisa de campo foi de
doze horas após o tratamento.
Discussão
Dependendo do tamanho e localização de
um aneurisma cerebral e das condições
clínicas do paciente, a equipe médica
decidirá qual a melhor forma de
intervenção, atualmente, as duas principais
técnicas utilizadas são; a cirurgia de
clipagem da artéria feita por craniotomia
(abertura do crânio) e a outra técnica é a
embolização de aneurisma cerebral,
procedimento endovascular que utiliza
cateterismo via femoral com auxílio do
equipamento de fluoroscopia em arco com
imagem em tempo real possibilitado pela
interação dos raios X com a tela
fluorescente e como auxílio do meio de
contraste iodado não iônico que irá
proporcionar melhor visualização da região
anatômica estudada. De um modo geral,
ambas as técnicas têm demonstrado
resultados satisfatórios no tratamento do
aneurisma cerebral.
Em comparação entre as duas técnicas,
observamos que ambas demonstram
eficiência no tratamento da patologia,
porém, no caso da cirurgia de craniotomia
por ser um método mais invasivo, o tempo
de recuperação do paciente é mais longo,
aumentado o risco de infecção ao passo
que na embolização tem o uso de alta dose
de radiação ionizante por raios X, por
exemplo, Lunelli afirma que, a média de
dose efetiva em médicos envolvidos em
dez
procedimentos
de
embolização
cerebral em um instituto de Medicina em
Recife chegou a 18,5 μSv, sendo que o
limiar
de
dose
ao
indivíduo
ocupacionalmente exposto é de 20mSv ao
ano, porém, o método endovascular é
menos invasivo pelo uso do cateterismo e
imagem em tempo real na proporcionado
pela fluoroscopia, dando ao paciente,
menor tempo de recuperação. Lembrando
que a decisão referente ao melhor
tratamento a ser realizado, cabe somente à
junta médica da Neurologia e do serviço de
hemodinâmica da instituição hospitalar.
Conclusão
Concluímos que a Neurologia se tornou
com o passar dos anos, uma das principais
especialidades médicas inseridas dentro da
Radiologia Intervencionista, especialmente
no serviço de hemodinâmica, tanto no
diagnóstico como no tratamento de
patologias como no caso do diagnóstico
por angiografia cerebral e pela intervenção
por embolização de aneurisma cerebral. A
cada dia surgem novas tecnologias, como
por exemplo, Road map que consiste em
criar uma rota imaginária angiográfica para
melhor guiar o médico no cateterismo via
femoral até chegar à área de interesse. O
presente trabalho buscou mostrar a
importância da Radiologia Intervencionista
que, na angiografia e na embolização
cerebral no serviço de hemodinâmica, é
uma das principais técnicas para o
tratamento dessa grave doença.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, às nossas Famílias pela compreensão, ao nosso orientador, à
Coordenação do curso de Radiologia e por último, ao Professor Jorge Felipe pela dedicação,
apoio e paciência.
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