Tuberculose Grave problema de saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento (22 países = 80% casos novos). Brasil: Em 2000 foram notificados 82.249 casos novos. o Sudeste (49%), Nordeste (29%), Sul (11%), Norte (7%) e Centro-oeste (4%). o A distribuição por formas clínicas mostrou: 60,7% de formas pulmonares com baciloscopia positiva, 24,9% de pulmonares sem confirmação bacteriológica e 14,4% de extra pulmonares. Doença crônica, que primariamente afeta os pulmões, podendo disseminar-se para outros sítios (rins, ossos, SNC, fígado, etc). É uma doença que atinge principalmente as pessoas na idade produtiva entre 15 e 59 anos (70%). Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch; seres humanos são os únicos reservatórios). Bacilo imóvel, aeróbio obrigatório; Parede celular com grande quantidade de lipídeos (ácidos micólicos); Álcool–ácido resistente, resistente a dessecação, sensível ao calor e radiação ultravioleta; Cresce lentamente em cultura (3-6 semanas pra crescimento visível). Micobactérias outras que não–tuberculosis (MOTT; NTM) também são capazes de causar doenças pulmonares (M. avium e M. intracellulare: pacientes com AIDS; infecção disseminada). Transmissão Inalação do bacilo em aerossóis e poeiras (tosse, fala, espirro de paciente bacilífero) ou Ingestão de leite infectado (M. bovis) Epidemiologia Distribuição mundial Endêmica no Brasil. Rio de Janeiro: um dos principais focos (outros focos: MG, BA, SP) Países desenvolvidos: aumento na incidência a partir da década de 80 (Desde 1993, a TB vem sendo reconhecida pela OMS como uma emergência global) Advento da AIDS (chances de que a infecção evolua para doença tuberculosa são de 8% a 10% ao ano em indivíduos com HIV) Aumento da pobreza Imigração de indivíduos provenientes de áreas endêmicas Ocorrência de cepas multirresistentes (isoniazida, rifampicina e etambutol, pirazinamida) Sintomas A tuberculose primária (primeira exposição ao microrganismo) geralmente é leve e assintomática; em 90% dos casos não ocorre evolução da doença. Principais sintomas: fadiga, perda de peso, febre, suores noturnos e tosse produtiva crônica (tuberculose pulmonar). Patogênese Depende da faixa etária, das condições imunológicas do hospedeiro e da carga total de microrganismos ou da virulência da cepa aspirada. Infecção = Doença Ativa (5%) 1/3 da população mundial A infecção pelo M. tuberculosis pode ter três desfechos: controle na porta de entrada, doença ativa, ou tuberculose latente. Formas Patogênicas: Tuberculose Primária (Primoinfecção) Infecção resultante do primeiro contato do homem com o bacilo tuberculoso. Como conseqüência, surge um cancro de inoculação, em geral único e periférico, chamado de foco de Ghon Os M. tuberculosis inalados são depositados nos alvéolos e fagocitados pelos macrófagos (mas não totalmente destruídos). Os bacilos multiplicam-se dentro dos macrófagos, que destroem alguns e apresentam os antígenos para os linfócitos T. Resposta imunológica de hipersensibilidade e celular iniciadas pelos macrófagos controla a infecção (e também danificam os tecidos do hospedeiro). Reação granulomatosa Bloqueio da proliferação bacilar e da expansão da lesão, impedindo o aparecimento da doença. Pacientes imunossuprimidos = formação inadequada de granulomas = progressão da doença Tuberculose Primária Progressiva (Envolvimento ganglionar, dos pulmões ou formas meníngea ou hematogênica) Tuberculose Secundária (Cavitária) Ocorre apenas em indivíduos previamente infectados A origem, na maioria, é a reativação (endógena) a partir do recrudescimento de um foco latente. Outro mecanismo é a re-infecção (exógena) na qual o sistema de defesa não é capaz de deter sua progressão. O pulmão é o órgão mais comumente atingido. As respostas imunológicas mediadas pelas células T contra os antígenos do bacilo causam necrose tissular e produção de lesões cavitárias. Condições que predispõem o ressurgimento do M. tuberculosis endógeno: o Alcoolismo, desnutrição, AIDS, idade avançada, diabetes, tumores e uso de medicação imunodepressora. o Carga bacilífera, sua virulência hipersensibilidade do organismo. e o estado de Diagnóstico Laboratorial Radiografia do tórax Teste de PPD (Derivado Protéico Purificado) Teste intradérmico utilizado para a avaliação da imunidade contra o M. tuberculosis (presença de eritema e enduração). Indicações: identificação de infecção latente, avaliação da resposta à vacinação por BCG e triagem de contactantes com portadores de tuberculose pulmonar ativa. Se positivo, indica infecção prévia pelo Mycobacterium, não sendo capaz de distinguir o indivíduo infectado do doente. Resultados falso-negativos (15-20%): infecções (sarampo, caxumba, tuberculose grave ou pleural), HIV, hanseníase, vacinações com vírus vivos atenuados (varicela, pólio oral), alterações metabólicas, desnutrição, uso de corticosteróides imunossupressores, faixa etária (crianças e idosos), e degradação do antígeno (temperatura, exposição à luz), etc. Resultados falso-positivos: infecção prévia por outras micobactérias. indivíduos vacinados enduração < 10 mm. apresentam diâmetro de Diagnóstico Microbiológico Coloração de Zielh-Neelsen (Baciloscopia) Sensibilidade: 75% (100 bacilos/ml de escarro) Utilizado para diagnóstico (forma pulmonar) e acompanhamento do tratamento Execução rápida, fácil e de baixo custo, favorece ampla cobertura diagnóstica, identificando a principal fonte de infecção (doentes bacilíferos). Critérios para leitura dos resultados da baciloscopia, padronizados para o método de Ziehl-Neelsen pela OMS Em amostras de escarro, quando: ► não são encontrados BAAR em 100 campos = negativo ► 1 a 9 BAAR em 100 campos = quantidade de BAAR encontrada ► 10 a 99 BAAR em 100 campos = positivo + ► 1 a 10 BAAR por campo, nos primeiros 50 campos = positivo ++ ► mais de 10 BAAR por campo, nos primeiros 20 campos = positivo +++ Cultura 10-100 bacilos/mL de escarro (método mais sensível) Crescimento visível em torno do 28º dia Permite identificação da espécie e realização de testes de sensibilidade Exige condições adequadas de biosegurança Meios: Lowestein-Jensen e Middlebrook 7H10 ou 7H11 (sólidos); meios líquidos associados com sistemas automatizados (MGIT, Bactec 12B, MB/BacT 3D, etc). Testes moleculares (PCR, sondas, sequenciamento de DNA) 83-97% de sensibilidade em amostras BAAR + 40-73% de sensibilidade em amostras BAAR - Tratamento A quimioterapia reduz a mortalidade, o período de transmissibilidade e pode ser usada para prevenir que pessoas infectadas evoluam até a doença. o Existem 3 regras básicas em relação ao tratamento: Associar pelo menos três medicamentos; Tempo prolongado de tratamento; Regularidade na tomada da medicação. Para prevenção de recaídas e recidivas (bacilos persistentes) e aparecimento de resistência, os esquemas de tratamento se dividem em duas fases: Fase de ataque, para reduzir rápida e drasticamente a população bacilar e proporção de mutantes resistentes; Fase de manutenção, para eliminar os bacilos persistentes. Estágios da Tuberculose Fonte: Rubin, Patologia, 4ª ed.