- Academia Brasileira de Neurocirurgia

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WORLD FEDERATION OF NEUROSURGICAL SOCIETIES POST GRADUATE COURSE
XI CONGRESSO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROCIRURGIA
2005 – CAMPOS DO JORDÃO
o tumor epidermóide deve ser considerado como importante hipótese e,
quando tratado adequadamente, pode ser curativo.
Angioma cavernoso da medula espinhal
Guirado VMP, Taricco MA, Dias MRP, Araújo MMP, Meluzzi A, Melo LRS
Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (SP)
Os angiomas cavernosos do sistema nervoso central são malformações
vasculares incomuns e, particularmente os de localização medular, são
extremamente raros. Sete casos consecutivos de angiomas cavernosos
medulares são apresentados, onde cinco foram tratados cirurgicamente.
Nossa série consiste de cinco mulheres e dois homens com cavernomas
intramedulares localizados nas seguintes regiões: três cervicais e quatro
torácicos. Todos os sete pacientes foram sintomáticos e com sinais de
mielopatia, incluindo déficit sensitivo-motor, correspondendo com o
nível da lesão. Cinco pacientes foram submetidos à cirurgia. Dois encontram-se em seguimento ambulatorial, sem indicação cirúrgica. Entre
os cinco pacientes cirúrgicos, quatro foram submetidos à laminectomia
e um paciente a uma laminoplastia cervical para acessar as lesões.
A ressecção completa foi conseguida em três casos. No seguimento
pós-operatório (média de 14 meses), a melhora dos sinais clínicos foi
demonstrada nos quatro pacientes. Um caso permaneceu com estado
clínico inalterado. Os pacientes em seguimento sem cirurgia não foram
indicados para o procedimento tendo em vista estabilidade dos sintomas,
lesões medulares cervicais pequenas e anteriores. Com isso, conclui-se
que a ressecção microcirúrgica é uma opção de tratamento para os cavernomas medulares maiores e que sejam acessíveis cirurgicamente.
Cisto de Tarlov – diagnóstico e conduta
em seis casos
Guirado VMP, Taricco MA, Dias MRP, Araújo MMP, Meluzzi A, Melo LRS
Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (SP)
Introdução: O cisto de Tarlov ou cisto perineural é uma formação
patológica localizada no espaço entre o peri e o endoneuro na entrada
da raiz nervosa posterior. Descritos originalmente por Tarlov como
sendo uma lesão assintomática, podem causar sintomas radiculares e
disfunções esfincterianas. Objetivo: Relatar seis casos de pacientes
com cisto de Tarlov sintomáticos, apresentando síndrome de dor lombar
com boa resposta ao tratamento clínico. Método: Foram analisados
seis pacientes com diagnóstico por ressonância magnética da coluna
lombossacral de cisto de Tarlov, em seguimento no ambulatório de
Coluna Vertebral da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, entre 1990
e 2005. Os cinco pacientes foram convocados e reavaliados. Avaliouse sexo, idade, apresentação clínica, método diagnóstico, conduta
terapêutica e seguimento ambulatorial. Resultados: Três mulheres
e três homens, idades variando entre 48 a 71 anos, síndrome de dor
lombar, com piora da dor à manobra de Valsava. Todos os pacientes
realizaram exame de ressonância magnética. Todos foram tratados
conservadoramente. Seguimento ambulatorial por período média de 24
meses. Discussão: O desenvolvimento das técnicas de imagem como
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a ressonância magnética tem favorecido a identificação do cisto de
Tarlov como causa de sintomas neurológicos. Há ainda considerável
controvérsia com relação ao objetivo do tratamento do cisto de Tarlov
sintomático. Os tratamentos propostos são clínicos e cirúrgicos. Os
procedimentos terapêuticos minimamente invasivos incluem: drenagem
liquórica lombar e aspiração do cisto guiada por tomografia. As técnicas
neurocirúrgicas abertas para os cistos perineurais sintomáticos incluem:
laminectomia descompressiva simples, exérese do cisto e/ou da raiz
nervosa e imbricação e fenestração microcirúrgica. Apesar de não existir
consenso definitivo para o tratamento do cisto de Tarlov sintomático, a
literatura descreve os métodos cirúrgicos abertos como apresentando
os melhores resultados. Conclusão: O tratamento clínico é uma opção
para o tratamento do cisto de Tarlov sintomático.
Hematoma subdural agudo espinhal –
relato de caso
Guirado VMP, Taricco MA, Dias MRP, Araújo MMP, Meluzzi A, Melo LRS
Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (SP)
Introdução: Os hematomas subdurais espinhais são doenças raras,
mas com grande importância clínica pela possibilidade de compressão
medular aguda com altas taxas de morbidade e mortalidade. Objetivo:
Os autores apresentam o relato de um caso de hematoma subdural agudo
espinhal espontâneo, tratado cirurgicamente. Caso clínico: JML, 63
anos, masculino. Quadro súbito de perda de força muscular em dimídio
corporal esquerdo, associando-se cervicalgia intensa, em setembro de
1999. Evoluiu rapidamente, com perda de força muscular em dimídio
direito. Antecedente de cirurgia cardíaca para implante de válvula
mitral biológica há 16 anos, com terapia anticoagulante oral em uso de
Marcomar. Admitido consciente com síndrome piramidal – tetraparesia
assimétrica, mais intensa à esquerda, síndrome cordonal posterior e
bexiga neurogênica. Realizou tomografia computadorizada com identificação de hematoma intra-raquiano entre C4-C5-C6. Submetido à
laminectomia descompressiva, durotomia e drenagem do hematoma
subdural. Evoluiu com melhora progressiva dos déficits e atualmente
deambula sem apoio e com controle esfincteriano. Conclusões: Os
hematomas espinhais devem ser considerados no diagnóstico diferencial
de qualquer paciente com dor aguda na coluna vertebral, especialmente
naqueles com antecedentes de doenças hematológicas. O diagnóstico e
o tratamento precoce previnem as complicações neurológicas que tem
altas taxas de morbidade e mortalidade.
Infecção espinhal – proposta de um
protocolo de condutas
Guirado VMP, Taricco MA, Dias MRP, Araújo MMP, Meluzzi A, Melo LRS
Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (SP)
Introdução: As infecções espinhais são afecções cada vez mais
freqüentes na prática do neurocirurgião, representando um importante problema clínico que requer condução terapêutica meticulosa
e pontual. Objetivo: Propor uma uniformização nos procedimentos
J Bras Neurocirurg 16(3)93-143, 2005
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diagnósticos, condutas terapêuticas e de seguimento, através da
elaboração de um protocolo para orientar a condução dos casos de
infecção espinhal. Discussão: A apresentação clínica inicial, usualmente inespecífica, deve ser lembrada no diagnóstico diferencial
das dores da coluna vertebral, mesmo quando não associada à febre
e aos estados de imunossupressão. O espectro destas infecções inclui
a osteomielite vertebral piogênica e não-piogênica, abscesso espinal
epidural, abscesso espinal subdural, abscesso intramedular, espondilodiscites e infecções espinais pós-operatórias. O diagnóstico é feito
com base na clínica, com auxílio dos exames séricos laboratoriais,
exames de imagem e através de biópsias. Os princípios do tratamento
conservador são estabelecidos no acurado diagnóstico microbiológico,
no tratamento antibioticoterápico específico, na imobilização e na
monitorização cuidadosa da instabilidade espinal e da deterioração
neurológica. Os princípios do tratamento cirúrgico são a obtenção de
múltiplas culturas intra-operatórias, a realização de debridamento do
tecido infectado e a descompressão das estruturas neurais, além da
reconstrução da estabilidade da coluna vertebral com enxerto ósseo
e instrumentação concomitante, quando necessário. As complicações
advêm do diagnóstico tardio e incluem o déficit neurológico, a deformidade espinal, a dor crônica, além de septicemia e até a morte.
Conclusão: O pronto reconhecimento e o oportuno tratamento contribuem para a boa evolução dos casos.
Tuberculoma espinhal intradural extramedular
– relato de caso
Guirado VMP, Taricco MA, Dias MRP, Araújo MMP, Meluzzi A, Melo LRS
Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (SP)
Introdução: O tuberculoma espinhal intradural extramedular é uma
rara manifestação patológica da tuberculose, com somente poucos
casos descritos na literatura médica. Objetivo: Os autores apresentam
o relato de um caso de tuberculoma espinhal intradural extramedular
tratado clinicamente. Caso clínico: MTL, com 48 anos, sexo masculino, internado para investigação de confusão mental e dificuldade
a marcha, há um mês. Identificada discreta fraqueza muscular nos
membros inferiores e retenção urinária. Antecedente de tratamento
de meningite tuberculosa há oito meses, com adequada resposta
clínica. Instituído costicosteróide e reiniciada terapia com tuberculostáticos, apresentando rápida melhora dos sintomas e sinais.
Ressonância magnética da coluna torácica demonstrou empiema
subdural torácico posterior, com pequeno efeito de massa sobre a
medula. Recebeu alta sem déficits neurológicos. Discussão: O tuberculoma espinhal intradural extramedular está sempre associado
com a meningite tuberculosa. As duas condições podem ocorrer
simultaneamente, entretanto, na maior parte dos casos o empiema é
precedido pela meningite tuberculosa. Estas lesões predominam na
população de adultos jovens, afetando ambos os sexos. A patogênese
é desconhecida, sendo considerada por alguns autores uma reação
paradoxal às mediações antituberculose. A doença apresenta-se de
modo insidioso, com paraparesia, hipoestesia com nível sensitivo
e disfunção vesical devido à compressão medular pelo processo
inflamatório. É comum a paraparesia permanente como seqüela. A
J Bras Neurocirurg 16(3)93-143, 2005
ressonância magnética é a técnica diagnóstica de escolha. A descompressão cirúrgica e o debridamento do empiema é o tratamento de
escolha. O tratamento antituberculose é também indicado, sendo
recomendando a associação com corticosteróides. Conclusão: O
tuberculoma espinhal intradural extramedular é uma complicação
rara da meningite tuberculosa, que se apresenta de modo insidioso
a despeito do tratamento antituberculose adequado. Para se evitar
a lesão neurológica permanente, o diagnóstico precoce e o pronto
tratamento clínico ou cirúrgico são essenciais.
Esquistossomose mansônica cerebral
Haikel Jr LF, Almeida CE, Romero FR, Galles MHL, Roca GR,
Listik S, Pereira CAB
Serviço de Neurocirurgia do Complexo Hospitalar Heliópolis, São Paulo (SP)
Objetivo: A neuroesquistossomose é ume forma rara de apresentação da esquistossomose. Este trabalho tem por objetivo apresentar o
caso de um paciente com neuroesquistossomose, bem como sua sintomatologia e achados radiológicos inespecíficos. Método: Paciente
masculino, 25 anos, natural de Feira de Santana (BA), procedente
de Osasco (SP). Apresentou crise epiléptica generalizada (quatro
episódios em uma semana). Exame neurológico: vigil, orientado no
tempo e no espaço, sem alterações nas provas de força, sensibilidade,
nervos cranianos ou cerebelo. O exame de RM mostrou processo
expansivo no ramo posterior da fissura sylviana, hipodenso em
T1, heterogêneo em T2 e com captação noduliforme de contraste,
além de grande área de edema. Resultado: O anatomopatológico
demonstrou processo inflamatório granulomatoso no córtex cerebral
com a presença de linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. Alguns
ovos tinham uma espícula lateral. Diante de tais achados foi dado
o diagnóstico de Schistosoma mansoni. Além do tratamento cirúrgico, também recebeu medicação anti-helmíntica (praziquantel).
Alta no quarto pós-operatório com boa evolução e sem déficits.
Conclusão: A neuroinfecção mais comum é dada pelo Schistosoma
japonicum, entretanto, no nosso caso o anatomopatológico revelou
Schistosoma mansoni. Na infecção crônica, sinais de hipertensão intracraniana, focais ou crises epilépticas são decorrentes do
processo inflamatório. Complicações neurológicas decorrentes da
infecção cerebral é incomum, mas pode ocorrer, principalmente por
resposta inflamatória. Os sintomas neurológicos parecem ser mais
freqüentes quanto maior é a quantidade de ovos depositados no
tecido cerebral, isto é creditado pela migração anômala dos vermes
adultos para o sistema nervoso central, promovendo uma deposição
de ovos in situ. Estudos de necropsia de pacientes oriundos de área
endêmica de esquistossomose mostrou evidências histológicas do
envolvimento cerebral em um número não desprezível de pacientes,
principalmente, naqueles com a forma hepato-esplênica associada
à hipertensão pulmonar. Nestes casos, a embolização dos ovos é
facilitada provavelmente por fístulas arteriovenosas resultantes da
hipertensão portal e pulmonar.
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