Maneja da dor em urgência e emergência Profº. Enfº. Diógenes Trevizan Especialização Urgência e Emergência • Para o adequado cuidado de enfermagem ao paciente com dor é fundamental o conhecimento de sua fisiopatologia, sua classificação e as diversas possibilidades de tratamento. Antes disso, porém, você precisa saber como os conceitos de dor foram se formando histórica, social e culturalmente e fazer uma reflexão sobre seus próprios conceitos de dor. • Para poder atuar adequadamente perante a dor é necessário conhecer sua fisiopatologia. Vamos discutir conceitos que podem inicialmente parecer de difícil compreensão, mas que são fundamentais para o entendimento desse processo. Entre o estímulo causado pela lesão tecidual e a experiência de dor, ocorrem fenômenos elétricos e químicos bastante complexos que compreendem os processos de transdução ou geração, transmissão, percepção e modulação que descreveremos a seguir. Transdução: é a conversão da informação química do ambiente celular em impulsos elétricos que se movem em direção à medula espinhal. Essa fase é iniciada quando o dano tecidual provocado por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos e a resposta inflamatória que o acompanha, resultam na liberação de vários mediadores químicos, por exemplo: prostaglandinas, bradicininas, serotonina, histamina. Estes mediadores, denominados substâncias algiogênicas, estimulam receptores especializados da dor (nociceptores) localizados em camadas superficiais da pele, músculos, periósteo, superfícies articulares, paredes arteriais, vísceras e polpa dentária, e geram potencial de ação e despolarizam a membrana neuronal. O impulso elétrico é conduzido pelas fibras nervosas à medula espinhal. Transmissão: é a condução do estímulo doloroso da periferia às diversas estruturas do sistema nervoso central. A informação gerada nos tecidos alcança o cérebro após passar pela medula espinhal e tronco cerebral. Diversos neurotransmissores estão envolvidos nessa transmissão. O estímulo doloroso evoca respostas neurovegetativas e comportamentais, que visam à adaptação a dor, pois a dor representa ameaça à integridade do indivíduo. • Percepção: é quando a sensação dolorosa, transmitida pela medula espinhal e tálamo ao atingir o córtex cerebral, se torna consciente e então percebemos onde dói, como dói, de onde ela vem, quanto dói, o que fazer. A interpretação desse estímulo nos faz ter respostas físicas, emocionais e sociais denominadas comportamento doloroso. Comportamento doloroso pode ser chorar, solicitar analgésico, gemer, ficar imóvel, contrair a musculatura, massagear a área dolorosa ,entre outros. Esse comportamento tem a intenção de comunicara dor e o sofrimento, buscar ajuda e diminuir a sensação de desconforto. • A modulação da dor é o processo pelo qual a transmissão do estimulo de dor é facilitada ou inibida. Este processo envolve substâncias bioquímicas endógenas como serotonina e noradrenalina ,assim como as endorfinas e encefalinas. Outro mecanismo de modulação que ocorre na medula espinhal é a estimulação de fibras que transmitem sensações não dolorosas, bloqueando ou diminuindo a transmissão dos impulsos dolorosos. A equipe de enfermagem frente ao doente com dor Escala de dor O tratamento farmacológico da dor deve ser multimodal, ou seja, baseado na associação de vários grupos farmacológicos. Este tratamento baseia-se na escada analgésica proposta, em 1984, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para tratamento de pacientes com dor do câncer, mas atualmente ,após algumas revisões, é utilizada para tratamento de todos os tipos de dor. • Analgésicos não opióides contêm um conjunto de drogas largamente utilizadas que incluem os antiinflamatório não esteroidais (AINEs), o paracetemol e a dipirona. Os opiáceos, opióides ou morfínicos compreendem um grupo de fármacos naturais e sintéticos com estrutura química e efeitos semelhantes aos dos alcalóides do ópio, cuja ação analgésica, euforizante e ansiolítica é conhecida há séculos. Os analgésicos adjuvantes, não são classificados farmacologicamente como analgésicos, mas são usados isolados ou em combinação com opióides para alívio da dor. Estão incluídos neste grupo os ansiolíticos, antidepressivos, neurolépticos e anticonvulsivantes. Exemplos Cabe lembrar que toda vez que há dor ocorre contração muscular reflexa. A massagem de conforto, geralmente aplicada no dorso, traz sensação de relaxamento e bem-estar. Essas técnicas atuam como adjuvante ao tratamento farmacológico, mas não deve substituí-lo. Devem atender às necessidades dos pacientes e muitas vezes não eliminam a dor, mas contribuem para amenizar o sofrimento. Veja como podemos utilizar esses métodos. Fim!!!!