Lista 6 - Teoria de Grupos - 2015 Professor: Marcelo Muniz Alves Turma: Matemática Noturno Data: 10/06/2015 1. Mostre que o grupo H = {(123), (321), id} é um subgrupo normal de S3 (use a “fórmula da conjugação”). Escreva a tabela da operação em S3 /H e verifique que este é um grupo cı́clico de ordem 2. 2. O grupo de Klein V4 é o subgrupo de S4 constituı́do pelos elementos id, (12)(34), (13)(24), (14)(23) que são todas as possı́veis composições de 2-ciclos disjuntos, e a identidade. (a) Mostre que V4 é subgrupo normal de S4 (use a “fórmula da conjugação”). Como todo elemento de V4 é par, segue que V4 é subgrupo normal de A4 . (b) Mostre que as classes laterais V4 , (123)V4 , (321)V4 são distintas, e conclua que estas são todas as classes laterais distintas de V4 no grupo alternado A4 . (c) Prove que A4 /V4 é um grupo cı́clico de ordem 3. 3. Se G é um grupo finito então todo elemento de G tem ordem finita. Neste exercı́cio você mostrará que a recı́proca não é verdadeira. Considere o grupo quociente Q/Z (operação de soma). Mostre que (a) Todo elemento não-nulo de Q/Z pode ser escrito como m n + Z com 1 ≤ m ≤ (n − 1). (dito de outra forma, qualquer racional é congruente, módulo Z, a um número dessa forma. Para provar isso, use o algoritmo da divisão). (b) Todo elemento de Q/Z tem ordem finita. (por exemplo, 2 · (3/2 + Z) = 3 + Z = Z (= 0Q/Z ), pois 3 ∈ Z.) (c) Para cada n > 0 existe pelo menos um elemento de ordem n. Deduza disso que Q/Z é infinito. (d) Prove que existem exatamente Φ(n) elementos em Q/Z que têm ordem n. 4. Considere o grupo R/Z. (a) Use a função “parte inteira” para mostrar que todo elemento de R/Z se escreve como λ + Z com 0 ≤ λ < 1. (b) Determine quais são os elementos de ordem finita de R/Z, e quais os de ordem infinita. (isso não depende do item anterior) (sugestão: lembre-se que aqui “ordem finita” significa “existe n tal que nλ + Z = 0 + Z”, e isso ocorre apenas se nλ ∈ Z.) 5. Mostre que um elemento αQ∗ do grupo C∗ /Q∗ tem ordem finita se e somente se α é raiz de uma equação da forma xn = b para algum n ≥ 1 e b ∈ Q∗ . 6. Em cada item abaixo, determine se a aplicação dada é ou não um homomorfismo de grupos. (a) det : GL(n, R) → R∗ . (a aplicação que leva A em seu determinante det(A)) (b) f : R → R dada por f (x) = x2 . (c) f : R∗ → R∗ dada por f (x) = x2 . (d) f : R∗ → R∗ dada por f (x) = x2 + x. (e) f : R∗ → R∗ dada por f (x) = xn . (f) f : (0, ∞) → R∗ dada por f (x) = √ n x. (g) f : R → R dada por f (x) = ax, a um real fixo diferente de zero. (h) m : C∗ → (0, ∞) dado por m(z) = |z|. (i) exp : R → R∗ (função exponencial com base e) (j) cos : R → R (função cosseno) (k) log : R∗ → R (função logaritmo) 7. Seja ϕ : G → H um isomorfismo de grupos. Prove que (a) Se G é abeliano então H é abeliano. (b) Se G tem elementos de ordem n então H também tem elemento de ordem n. (c) Existe uma bijeção entre o conjunto de elementos de ordem n de G e o conjunto de ordem n de H. 8. Seja n inteiro positivo, d um divisor de n. Neste exercı́cio trabalharemos com Zn e Zd e, para não haver confusão, a classe de a módulo n (respectivamente, módulo d) será denotada por [a]n (respec. [a]d ). (a) Mostre que a aplicação ϕ : Zn → Zd dada por ϕ([a]n ) = [a]d está bem definida (isto é, se [a]n = [a0 ]n então [a]d = [a0 ]d ) e que é um homomorfismo sobrejetor. Zn é isomorfo a Zd . (b) Mostre que seu núcleo é o subgrupo gerado por [d]n . Conclua que h[d]n i 9. Considere o polı́gono regular cujos vértices são as raı́zes n-ésimas da unidade e seja D2n seu grupo de simetrias, o grupo diedral de 2n elementos. Sejam ρ a rotação de 2π/n no sentido anti-horário e τ a reflexão no eixo x. Pode-se verificar que todo elemento de D2n se escreve de forma única como ρi τ j , com i = 0, 1, . . . , n − 1 e j = 0, 1. As seguintes equações são verificadas: ρn = id, τ 2 = id, τ ρ = ρ−1 τ. (a) Mostre que a equação τ ρ = ρ−1 τ vale. (para isso, você pode usar o fato que ρ e τ são aplicações lineares e trabalhar com suas matrizes). (b) Mostre que o conjunto R das rotações é um subgrupo cı́clico de D2n ; (c) Mostre que o conjunto das reflexões não é um subgrupo de D2n ; (d) R é subgrupo normal de D2n (use as expressões dos elementos como monômios em ρ e τ ); (e) D2n /R é isomorfo a Z2 ; (f) D2n é solúvel. 10. Mostre que Sn /An é isomorfo ao grupo multiplicativo G = {±1}. (use o sinal da permutação para obter um homomorfismo de Sn sobre G) 11. Mostre que S3 e S4 são solúveis (veja exercı́cios (1), (2) e o exercı́cio anterior ). √ √ 12. Seja L = Q( 2, 3). (a) Use a correspondência de Galois para listar os subcorpos de L usando os subgrupos de G. √ √ (b) Use a ação √ do grupo de Galois para obter o polinômio minimal de α = 2 + 3 sobre Q e sobre Q( 2). √ √ (c) Conclua que L = Q( 2 + 3). √ 13. Seja α = 4 2. (a) Mostre que o grupo de Galois G = Gal(Q(α)|Q) da extensão Q(α) ⊃ Q tem exatamente 2 elementos (dica: quem é o polinômio minimal de α sobre Q, e quem são suas raı́zes?). Escreva a expressão do automorfismo que não é a identidade aplicado no elemento genérico √ a + bα + cα2 + dα3 de Q( 4 2). (b) Mostre que Q(α)G = {a + bα2 ; a, b ∈ Q}. (c) A extensão Q(α) ⊃ Q não é de Galois. Por quê? (d) Encontre uma extensão de Q contendo α que seja de Galois. √ 14. Seja L = Q( 4 2, i). Mostre que (a) L é o corpo de decomposição de f (x) = x4 − 2. (b) G = Gal(L|Q) é isomorfo ao grupo diedral D8 . Para isso, procure um elemento ρ de ordem 4 e um elemento σ de ordem 2 que não esteja no subgrupo cı́clico gerado por ρ; mostre que estes elementos satisfazem a equação σρσ = ρ−1 , e que todo elemento de G se escreve como ρk σ l (ou σ l ρk ) para k = 0, 1, 2, 3, l = 0, 1. 15. Considere o grupo multiplicativo C∗ . (a) Mostre que f : C∗ → R∗ dada por f (z) = |z| é um homomorfismo sobrejetor. (b) Mostre que seu núcleo é o subgrupo S1 . Mostre que as classes laterais distintas são da forma rS1 , com r real positivo, e descreva o conjunto rS1 geometricamente. (c) Mostre que C∗ /S1 é isomorfo a R∗ . √ 16. (ver lista 4, exercı́cio 6). Sejam p, q primos, sejam α = p q, λ = exp(i2π/p), e considere a extensão L = Q(α, λ) ⊃ Q. Seja G = Gal(L | Q) o grupo de Galois da extensão (o grupo de Q-automorfismos de L). No exercı́cio 4 da lista 6 foi mostrado que os elementos de G são os automorfismos σr,s : L → L, com 0 ≤ r ≤ p − 1 e 1 ≤ s ≤ p − 1, definidos na base por σr,s (αi λj ) = αi λri+sj e que a operação de composição tem como resultado σk,m ◦ σr,s = σk+mr,ms , onde os ı́ndices devem ser considerados módulo p. (a) Use esta expressão para verificar que o subgrupo H1 = {σr,1 ; 0 ≤ r ≤ p − 1} = hσ1,1 i é subgrupo normal de G. (b) Mostre que cada elemento do subgrupo H2 = {σ0,s ; 1 ≤ s ≤ p − 1} corresponde a uma classe lateral distinta de H1 em G. Ou seja, se r 6= s e 1 ≤ r ≤ p − 1, 1 ≤ r ≤ p − 1, então σ0,r H1 6= σ0,s H1 (c) Mostre que G/H1 é isomorfo ao grupo multiplicativo Z∗p . 17. Considere a aplicação ϕ : R → C∗ que leva t em exp(2πit). (a) Mostre que ϕ é um homomorfismo. (b) Mostre que a imagem de ϕ é o grupo multiplicativo S1 = {z ∈ C; |z| = 1} dos complexos de módulo unitário. (c) Mostre que o núcleo de ϕ é o grupo (aditivo) Z. Conclua que ϕ induz um isomorfismo de R/Z em S1 . 18. Tome a restrição da aplicação ϕ do exercı́cio anterior ao grupo Q. Use-a para deduzir um ∗ ∗ isomorfismo de Q/Z com o grupo U∞ (C∗ ) = ∪∞ n=1 Un (C ), onde Un (C ) é o grupo das raı́zes n-ésimas da unidade. (ver exercı́cio 13, lista 4).