Arritmias Cardíacas – Avaliação do Enfermeiro Conceito: anormalidade da freqüência, regularidade, ou na origem do impulso cardíaco, ou na alteração da sua condução causando uma seqüência anormal da ativação do miocárdio. Mecanismos desencadeantes: Alteração da automaticidade normal, mecanismos de reentrada Ritmo sinusal É o ritmo normal do coração O impulso é iniciado no nódulo sinusal em ritmo regular numa freqüência de 60 a 100bpm. Uma onda P aparece antes do complexo QRS O intervalo PR é de 0,12 a 0,20 s O complexo QRS é estreito (menor que 0,12s) Arritmias originadas no nódulo sinusal Taquicardia sinusal O nódulo sinusal acelera Limites superiores: 160 a 180bpm Causas 1. Anemia 2. Catecolaminas (dopamina e epinefrina) 3. Drogas 4. Esforço físico 5. Estimulantes (cafeína e nicotina) 6. Febre 7. ICC 8. Hipertireoidismo Características Eletrocardiográficas da taquicardia sinusal Freqüência - geralmente entre 100 a 150bpm Ritmo – regular Ondas P – normais (quando a FC muito alta as ondas P podem se agrupar na onda T e se de difícil identificação) Intervalo PR – normal, indicando que a condução do NSA através do ventrículo não está prejudicada Complexo QRS – normal Bradicardia sinusal Ritmo com impulsos originando-se no nódulo sinusal em uma freqüência inferior 60bpm O ritmo pode torna-se menor regular à medida que predomina uma FC mais lenta Causas 1. Antiarrítmicos 2. Bloqueadores do canal de cálcio 3. Betabloqueadores 4. HPIC 5. Hipotireoidismo 6. Hipotermia 7. Massagem do seio carotídeo 8. Relaxamento profundo 9. Sono 10. Vômito Sinais e sintomas 1. Assintomático 2. Alteração do estado mental 3. Dispnéia 4. Pele fria e pegajosa 5. Tontura Tratamento Atropina Marcapasso cardíaco Características eletrocardiográficas Freqüência – normalmente entre 40 e 60bpm, pode ser mais baixa Ritmo – normal Ondas P – normais Intervalo PR – normal, cada onda P precede um complexo QRS normal Complexo QRS – normal Arritmias Atriais 1. Taquicardia supraventricular paroxística (TSVP) FC: 150 a 250bpm Os impulsos originam-se acima dos ventrículos É de início súbito É ocasionada por um foco ectópico atrial ou por mecanismos de reentrada Ondas P do ritmo rápido se diferenciam das ondas P do ritmo inicial dentro da mesma derivação Causas 1. Álcool 2. Anomalias congênitas 3. Cafeína e cocaína 4. Digoxina (toxidade) 5. Estresse 6. HAS 7. Hipertireoidismo 8. Hipóxia 9. IAM Sintomas Redução DC Palpitações Pulso apical e periférico de alta freqüência ECG: ausência de onda P e complexo QRS Tratamento Cardioversão Drogas: amiodarona, adenosina, verapamil Estimulação vagal (MSC ou Manobra de Valsalva) provocar vômitos Fibrilação Atrial É definida como ritmo ectópico atrial rápido, atividade atrial caótica com seqüência de ondas P indefiníveis e resposta ventricular irregular. Causas 1. Cardiopatias subjacentes 2. Cardiopatia valvar 3. IAM 4. PO de CRVM 5. Pericardite Sintomas Perda das contrações atriais eficientes Provoca queda do DC Tratamento Bloqueadores do canal de cálcio Betabloqueadores Cardioversão Digitais Características eletrocardiográficas Freqüência – depende dos impulsos atriais, pode ser normal entre 60-100bpm ou menor que 60bpm Ritmo – irregular Ondas P – ausentes são substituídas por pequenas, irregulares e rápidas oscilações denominadas de ondas F Intervalo PR – não há intervalo PR, a maioria das ondas F é bloqueada no NAV, as que passam são conduzidas normalmente Complexo QRS – normal, uma vez que a condução do impulso abaixo do NAV não é prejudicada, porém, corre de forma irregular Por causa do estado dilatado passivo dos átrios, os trombos podem se formar na parede atrial e deslocar-se produzindo embolização O risco de embolização reduz com o uso de HEPARINA V2. Características eletro 1. Ausência de onda P 2. Distância entre R e R não é regular (irregularidade) FLUTTER ATRIAL É um ritmo atrial ectópico rápido A menos que exista uma via de condução AV anormal, os ventrículos podem responder apenas à metade da freqüência atrial, produzindo um flutter de 2:1, 3:1 ou 4:1 A freqüência atrial rápida e regular produz um aspecto de dente de rato no ECG Causas Cardiopatia reumática e coronariana Tratamento Digitais – para aumentar o grau de bloqueio AV e controlar a FC atrial Características do eletrocardiograma Freqüência – podem variar de 60 – 150bpm, depende do número de impulsos que passar através do NAV Ritmo – regular na maioria das vezes. Entretanto como resultado das alterações e do grau de bloqueio no NAV o ritmo ventricular pode ser ligeiramente irregular Ondas P – apresentam ondas características, denominadas ondas F, ocorrem ucom uma freqüência que varia entre 250-400bpm Intervalo PR – na verdade pode ser chamado PF, não tem valor nessa arritmia, não precisa ser avaliado Complexo QRS – normais, indicando que a condução do impulso além do NAV é normal (indica que o problema QRS não é no ventrículo) ARRITMIAS VENTRICULARES TAQUICARDIA VENTRICULAR Batimento cardíaco rápido iniciado dentro dos ventrículos É comum como complicação do IAM É precursora da FV Causas 1. Aumento da automaticidade cardíaca (contração rápida) 2. Cardiopatia dilatada (doença de chagas) 3. Intoxicação por drogas ou medicamentos (heroína, cocaína, craque, digoxina) 4. IAM Sintomas Dor torácica Edema pulmonar (retenção de líquidos, átrio fica cheio fazendo congestão pulmonar) Hipotensão Hipóxia Inconsciência Tratamento Doente estável: lidocaína Doente instável: cardioversão Pode se usar o desfibrilador cardioversor implantável automático (DCIA – Desfibrilador cardioversor automático implantável), eletivo não é de emergência, colocado dentro do tórax, faz diagnostico, desfibrila, sem entrar em FA cardioversão 50 joules / 800VW Características eletrocardiográficas Freqüência: 140-220bpm Ritmo – o ritmo ventricular é regular Ondas P – raramente aparecem, estão enterradas nos complexos QRS Intervalo PR – não existe, uma vez que não há condução entre os átrios e ventrículos Complexo QRS: bizarro, típico de extra-sístole repetitivas EXTRA-SÍSTOLE VENTRICULARES Surgimento de uma contração ventricular prematura Tratamento Lidocaína ou procainamida ECG: QRS alargados que diferem da morfologia dos batimentos normais. Geralmente são precedidos de onda P Características eletrocardiográficas Freqüência - geralmente normal, mas ocorrem com qualquer frequencia Ritmo – regular Ondas P – ausentes no batimento ectópico, porque o estímulo se origina no ventrículo Intervalo PR – não há Complexo QRS – está sempre alargado e deformado Bigeminismo Uma extra sístole ventricular, acoplada a um batimento normal Trigeminismo É antecessor da TV BLOQUEIO ATROVENTRICULAR O BAV é definido como um distúrbio da condução do estimulo elétrico, gerado pelo nódulo sinusal até atingir ventrículos A condução é prolongada, mas todos os impulsos os finalmente conduzidos para os ventrículos O intervalo PR está presente, mas excede o limite de 0,2 s O prolongamento PR pode ser ocasionado por drogas, como digital, bloqueadores adrenérgicos ou de canal de cálcio Não tem conseqüência hemodinâmica para o paciente Nenhum tratamento é indicado Causas 1. Medicamentos (betabloqueadores e digoxina) 2. IAM 3. Miocardite BAV de 2º grau Ocorre um aumento progressivo do intervalo PR até que ocorra o bloqueio da despolarização atrial – onda P É causado por qualquer processo mórbido que atinja o nodo AV Geralmente é devido ao aumento do tônus parassimpático ou a efeitos de drogas Raramente o paciente é sintomático Não existe tratamento específico, s e drogas forem a causa a suspensão imediata é indicada Características eletrocardiográficas Freqüência – geralmente baixa, mas pode ser normal Ritmo – irregular, por causa do movimento ventricular “pulado” Ondas P – são mais numerosas do que os complexos QRS, porque alguns impulsos são bloqueados no NAV Intervalo PR – alarga-se progressivamente, até que um impulso atrial é bloqueado no NAV, e o complexo QRS não aparece no ECG QRS não aparece no ECG Complexo QRS geralmente normal BAV do 3º Grau (bloqueio atrioventricular total) Não há correlação entre a despolarização atrial e a ventricular. Os estímulos provinientes dos átrios são totalmente bloqueados No ECG as ondas P e os complexos QRS estão presentes mas não existe correlação entre eles Os intervalos PP e RR são regulares, mas o intervalo PR é variável Causa 1. Uso de drogas que retardam a condução do estimulo Tratamento Atropina Marcapasso O tempo de aparecimento QRS é maior Distancia P é normal BAVT Características eletrocardiográficas Freqüência – a freqüência ventricular é baixa e constante (30 – 40 bpm). A FC atrial independe da ventricular, é sempre mais rápida (60 – 120bpm) Ritmo – regular, os ritmos são independentes um do outro Ondas P – normais, porém existem mais ondas P que complexos QRS Intervalo PR – inconstantes devido ao fato dos átrios e os ventrículos possuírem marcapassos independentes Complexos QRS – se o bloqueio está próximo ao NAV o complexo QRS pode ser normal TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO Sucessão rápida de batimentos ectópicos ventriculares que pode levar a acentuada deteriorização hemodinâmica, chegando mesmo a ausência de pulso arterial palpável, quando então é considerada uma modalidade de PCR. ATIVIDADE ELETRICA SEM PULSO – AESP (Dissociação Eletromecânica) – não tem complexo QRS Ausência de pulso detectável na presença de algum tipo de atividade elétrica, com exclusão da TV e FV Causas 1. Acidose 2. Hipotermia 3. Hipóxia 4. Tamponamento cardíaco Tratamento: atropina e epinefrina ECG: evidencia de atividade elétrica organizada, o músculo cardíaco está muito fraco ou muito mal perfundido para responder ao estímulo elétrico O estimulo é gerado de maneira regular, porém o coração não responde FIBRILAÇÃO VENTRICULAR A atividade contrátil cessa e o coração apenas tremula O débito cardíaco é zero, não há pulso, nem batimentos cardíacos PARADA CARDÍACA No ECG temo um ritmo irregular, sem ondas P, QRS ou T Não há despolarização ventricular Ritmo irregular, caótico, com ondas de vários tamanhos e formas (v2) FV fina: aparecimento recente (v2) FC grosseira: evolução tardia, geralmente precede a assistolia Causas 1. Desequilíbrio eletrolítico 2. Hipotermia 3. IAM Tratamento Desfibrilação através de choque por corrente direta de 200 a 360j, Lidocaína ECG: seqüência de ondas ampliadas numa linha irregular não se observando qualquer complexo definido ASSISTOLIA Também chamada de assistolia ventricular ou parada ventricular Ausência de atividade elétrica discernível nos ventrículos Pode haver atividade nos átrios, mas não os impulsos que não são conduzidos aos ventrículos Causas 1. Distúrbios eletrolíticos 2. Hipovolêmia 3. Hipóxia 4. Hipotermia 5. IAM 6. Tamponamento cardíaco Tratamento RCP: adrenalina, atropina EV, oxigênio Características eletrocardiográficas A tríade clássica de um IAM que pode acontecer independente é: Isquemia: não significa infarto e sim redução do suprimento de sangue proviniente das artérias coronárias ou suprimento menor que o normal. O sinal característico é a inversão da onda T Injúria (lesão) – significa IAM agudo ou recente. O sinal característico é a elevação (supradesnivelamento do segmento ST), retornando mais tarde ao nível da linha base. Características eletrocardiográficas O supra de ST pode estar presente também no aneurisma de aorta e na pericardite, porém o mesmo não retorna a linha base O segmento ST pode estar deprimido em alguns casos como: digitalização e prova de esforço em doentes com isquemia Infarto – é feito pela presença de onda Q Uma onda O patológica tem 0,04s ou um terço da altura de complexo QRS Pequena onda P pode ocorrer em DI, DII, V5 e V6 Características eletrocardiográficas Várias partes da parede do ventrículo podem sofrer IAM, sendo chamadas de: Infarto anterior – ondas Q em V1,V2,V3 e V4 Infarto septal – ondas Q em V1,V2,V3 e V4 Infarto lateral – onda Q em DI e AVL Infarto inferior – ondas Q em DII, DIII e AVF Infarto posterior – ondas Q invertidas que se parecem onda R em V1 ou V2