a poda em cafezais

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ANO 4 - Nº 11 - JANEIRO/ABRIL - 2007
A PODA
EM CAFEZAIS
Vem aí o 5º Curso de Atualização em
Cafeicultura, na Fundação Procafé.
PARTICIPEM!
Será realizado em Varginha, no período de 17 a 19 de julho/2007.
As inscrições poderão ser feitas a partir de 15/06/2007, na Fundação Procafé,
por telefone (35) 3214-1411 ou por e-mail: [email protected]
Vagas limitadas.
Temas a serem abordados:
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Cultivares de café
Efeito das mudanças climáticas na cultura do café
Desequilíbrio e interações nas pragas e doenças do cafeeiro
Irrigação do cafeeiro
Práticas de recuperação dos cafezais
Floração e frutificação do cafeeiro
Classificação e manejo de solos para café
Propagação vegetativa de plantas superiores
Café Conillon: Tecnologias e perspectivas
Evolução na poda de cafeeiros
Secagem do café com novos sistemas
Custo de produção: Gestão
Mais informações? Consulte nosso site:
REVISTA BRASILEIRA DE
TECNOLOGIA CAFEEIRA
FUNDAÇÃO PROCAFÉ
CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA
ANO 4 - Nº 11 - JANEIRO/ABRIL - 2007
Neste número:
RECOMENDANDO
A PODA EM CAFEZAIS
Capa: Cafeeiros de lavoura na FEX Varginha, da variedade Catuaí, com 20
anos de idade, podados por decote baixo (a
1,5m) em agosto/06. Foto em maio/07.
NOTA DO EDITOR
Neste número especial da Revista
Coffea, dedicamos toda a matéria
sobre a recomendação de poda em
cafezais.
O assunto foi escolhido pela sua
atualidade, tendo em vista a
necessidade de adaptar as lavouras,
por intermédio de podas,
combinando a manutenção de uma
boa produtividade com a facilidade
de manejo dos tratos.
O texto é, na realidade, um tipo de
boletim técnico, que trata dos
objetivos, de como, quando e porque
realizar as podas nos cafezais.
O material se destina a técnicos e a
produtores, que prestam assistência
ou realizam os tratos em suas
lavouras, constituindo a base para a
tomada de decisão sobre a adoção das
podas, de acordo com o tipo da
lavoura, escolhendo o sistema de
poda mais adequado e executando-a
na época e de modo mais corretos.
1 - OS SISTEMAS DE CULTIVO/CONDUÇÃO DE CAFEEIROS NO BRASIL
E SUA RELAÇÃO COM O USO DE PODAS
03
2 - FINALIDADES DAS PODAS
06
3 - DEFINIÇÃO DA NECESSIDADE DAS PODAS
07
4 - TIPOS DE PODAS EM CAFEEIROS
08
4.1- Recepa
08
4.2- Decote
12
4.3- Esqueletamento e desponte
14
4.4- Podas de produção
17
4.5- Podas de limpeza
17
4.6- Desbrotas
17
4.7- Controle do tombamento de plantas
19
5 - FORMAS DE USO DAS PODAS NAS LAVOURAS
20
6 - COMO INDICAR AS PODAS
20
7 - EFEITO DA PODA NOS CAFEEIROS E NA ÁREA PODADA
23
8 - EMPREGO DE PODAS EM SISTEMAS OU CONDIÇÕES ESPECÍFICAS
DE CULTIVO
26
8.1- Podas em cafezais adensados/ superadensados
26
8.2- Podas em cafezais geados ou atingidos por granizo
30
8.3- Podas de lavouras em recuperação
31
8.4- Podas em cafezais Conillon
32
8.5- Podas para safra zero/safra cem
33
9 - EQUIPAMENTOS PARA PODAS
35
10- TRATOS ESPECIAIS EM CAFEZAIS PODADOS
37
11- ÉPOCAS DE PODAS
39
CARTA AO CAFEICULTOR
PODAR BEM SEU CAFEZAL EXIGE CONHECIMENTOS E
ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADA
Nos últimos anos tem crescido o uso de podas em cafezais, diante da necessidade de
renovar e/ou adaptar a ramagem dos cafeeiros, visando manter uma boa estrutura de
ramos produtivos, atendendo ainda à finalidade de contar com plantas que
apresentem facilidades na colheita e nos vários tratos culturais.
Conhecer bem os resultados das podas, observar experiências feitas em outros
talhões, visitar os campos experimentais (como a FEX - Varginha) e obter
informações em publicações constituem a base importante para acertar nas podas.
Procure também se aconselhar com os técnicos da assistência em sua cooperativa,
em consultores privados ou com técnicos de instituições de assistência em sua
região.
Lembre-se: Todo ramo cortado a mais representa desperdício e depois de cortado
não existe cola que conserte o erro.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Secretário de Produção e Agroenergia: Lineu Carlos da Costa Lima.
Chefe do Departamento de Café: Lucas Tadeu Ferreira
Secretário da SARC: Márcio A. Portocarrero
Superintendente Federal de Agricultura em Minas Gerais: João Vicente Diniz
Fundação Procafé
Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes
REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA
Ano 4: nº 11 janeiro-abril/2007.
Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de
Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/Fundação Procafé e Carlos
Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.
Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor.
Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Maria Emília Villela Reis
Tiragem: 3000 exemplares.
Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere
37026-400 - Varginha/MG
35. 3214-1411
[email protected]
e
Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro
20081-250 - Rio de Janeiro/RJ
21. 2233-8593
[email protected]
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.
www.fundacaoprocafe.com.br
RECOMENDANDO
03
A PODA EM CAFEZAIS
J.B.Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida - Engºs. Agros. MAPA/PROCAFÉ
O cafeeiro é uma planta tradicionalmente cultivada sem o uso de
podas, diferentemente de outras, como a videira e a figueira, plantas
que entram em dormência e cuja poda é prevista anualmente.
A cafeicultura moderna, no entanto, considera a poda como
mais uma prática no manejo dos cafezais, que deve ser aplicada de
acordo com a necessidade.
Diz-se, no futebol, que o presidente do clube é que deveria bater
os pênaltis, tamanha a responsabilidade dessa função.
A decisão de podar ou não e o modo adequado envolve,
igualmente, um potencial de risco, de erro ou acerto. Ela requer
conhecimento e bom senso, devendo, por isso, ser assessorada por um
Técnico especializado.
Nesse trabalho, os autores detalham as informações do porque e
de como podar o cafeeiro, visando dar base para que ocorram boas
vitórias do cafeicultor ao efetuar as podas.
1- OS SISTEMAS DE CULTIVO/CONDUÇÃO da lavoura, mas inclui, ainda, a espécie e variedade
DE CAFEEIROS NO BRASIL E SUA plantada, o uso ou não da irrigação e/ou
RELAÇÃO COM O USO DE PODAS
arborização, o tipo de manejo (manual ou
mecanização) e o tipo de trato (rotineiro ou
O sistema de cultivo ou condução dos tecnológico, químico ou orgânico, etc.).
cafeeiros envolve principalmente o espaçamento
A combinação no uso das práticas de
condução caracteriza um ou mais
sistemas de cultivo, que podem ser
empregados nas propriedades
cafeeiras.
O sistema mais tradicional para
cafeeiros da espécie arabica no Brasil é
o cultivo em espaçamentos abertos,
com as plantas conduzidas a livre
crescimento, praticamente sem podas.
Assim era nas grandes áreas cafeeiras
dos Estados do Paraná e São Paulo nas
décadas de 1960 a 1970, com cafeeiros
plantados em quadro de 3 a 4m x 3 a 4m
e nas décadas de 1970 a 1980 com
cafeeiros em todo o país, renovados em
RECOMENDANDO
04
renque aberto, com espaçamentos de 3,5 a 4,5m por sistemas de plantio em 3 épocas, buscando a
1,5 a 2,5m.
melhoria na produtividade.
As pesquisas mostram, com clareza, que o
número de plantas de café por área (stand) é um
Quadro 1: Efeito do espaçamento (número de
fator muito importante na produtividade da
plantas/área) sobre a produtividade dos
lavoura. Os exemplos de 3 ensaios com resultados
cafeeiros em 3 ensaios.
resumidos no quadro 1 demonstram a evolução nos
Locais e Espaçamentos
1 – Ensaio Pindorama-SP (média 21 safras / 19381959)
Espaçamento 4 x 4m
Espaçamento 3,5 x 2,5m
Espaçamento 3,5 x 1,7m
2 – Ensaio Varginha (média de 7 safras / 19781985)
Espaçamento 5 x 2,0m
Espaçamento 3,8 x 2,0m
Espaçamento 3,8 x 1m
Espaçamento 1,5 x 1m
3 - Ensaio Martins Soares (média de 11 safras /
1996 -2006)
Espaçamento 4 x 0,5m
Espaçamento 2 x 0,5m
Espaçamento 1 x 0,5m
Pode-se verificar (quadro 1) que as
produtividades obtidas, de acordo com o número
de cafeeiros por hectares, variaram de 8 a 80,
coincidindo com o que se diz no popular para
indicar grandes contrastes.
Os sistemas de espaçamentos mais indicados
para o plantio de cafeeiros atualmente são:
a) Sistema “renque” mecanizado, com a lavoura
mantida a maior parte do tempo aberta, através
de distâncias maiores nas ruas, de 3,5 4,0 m, e
pequenos espaços entre plantas nas linhas, de
0,5 a 1m, formando um renque de plantas.
b) Sistema adensado, para manejo manual, com
espaçamentos de 1,5 a 2,0 m por 0,5 1,0 m,
prevendo-se podas futuras.
Nº de planta/ha
covas
Produtividade
Sacas/ha
625
1142
1680
8,7
13,4
17,5
1000
1315
2630
6666
13,5
19,6
23,7
40,1
5000
10.000
20.000
42,7
56,0
78,0
Esses são dois sistemas básicos e existindo
variações no adensamento, como o semi-adensado,
com espaçamento de 2-3 m nas ruas e o superadensamento, com mais de 10 mil plantas por
hectare e espaços de 1 a 1,5 m nas ruas.
A redução nos espaçamentos, como visto,
com o conseqüente aumento do número de
plantas/ha, associada ao uso de variedades
vigorosas e, ainda, o emprego de adubações e
outros tratos em níveis adequados, levaram,
gradativamente, à maior necessidade do uso de
podas nas lavouras cafeeiras atuais no Brasil.
Verifica-se, deste modo, que a condução de
um cafezal, com ou sem poda, está correlacionada
com seu sistema de plantio e de manejo dos tratos.
Pode-se agrupar essa relação assim:
a) Condução da lavoura sempre aberta, a livre
RECOMENDANDO
crescimento, por longos períodos, aplicável ao
sistema renque mecanizado, que envolve
distâncias de 3,5 4,0m nas ruas.
b) Condução com podas somente corretivas
visando reabrir áreas, eliminar os problemas
eventuais que apareçam e para atender a
finalidades específicas que se deseja das podas
(ver item 2). É comum essa condução para
reabrir lavouras adensadas ou eliminar
fechamento provocado por excesso de número
de hastes e de crescimento em cafezais no
sistema renque aberto, para reduzir a altura de
plantas, etc.
c) Condução sempre fechada, para lavouras
adensadas onde propositalmente se deseja a
produção apenas nos ponteiros, que é bem
significativa, usufruindo das vantagens do
fechamento, que leva a economias nas capinas,
na adubação, na arruação/esparramação, nas
podas, etc.
d) Condução com podas programadas
essa
condução se aplica a cafezais adensados ou
super-adensados, onde se programa,
previamente, a poda escalonada, em uma ou
mais linhas a cada ano. Aplica-se, também, ao
sistema “safra-zero” ou “safra 100”, onde se
05
programa as podas laterais
(esqueletamento/desponte) a cada 2 ou mais
anos, logo após o ano(s) de safra alta, para zerar
a safra baixa.
Outra condição que tem induzido a um maior
uso de podas é o fator preço/renda do café. Nas
épocas de preços baixos os produtores maltratam
as lavouras, os cafeeiros se depauperam, e levando
muitos a realizar a recepa buscando a recuperação
dessas lavouras para produzir em períodos mais
favoráveis. Nessa situação os custos ficam mais
baixos, reduzindo a adubação, os controles de
pragas/doenças e, até, os pequenos usam as áreas
livres para culturas intercalares. Assim, a
capacidade financeira do produtor e as condições
de mercado também interferem na tomada de
decisão para efetuar podas, principalmente as mais
severas, como a recepa.
Nas lavouras de café Conillon (robusta), a
característica das plantas de emitir muitas hastes
(multicaule) induz uma maior necessidade de
podas, sendo usual a poda todos os anos, chamada
poda de produção, eliminando as hastes
desgastadas, substituindo por outras novas. Podese aplicar, também, a poda corretiva, abrindo a
06
lavoura por poda de recepa (total ou em linhas
alternadas).
2 - FINALIDADES DAS PODAS
As podas objetivam manter ou recuperar a
estrutura produtiva (ramagem) dos cafeeiros,
promovendo bons níveis de produtividade nos
cafezais. Visam, paralelamente, facilidades e
menores custos na execução dos tratos nas
lavouras.
Finalidades específicas, para atender a esses
objetivos maiores, podem ser assim enumeradas:
a) Eliminar ou reduzir os problemas de
fechamento dos cafezais possibilitando melhor
entrada de luz, maior quantidade de ramos
produtivos ao longo da haste, maior indução
floral e produtividade.
b) Aumentar a área de ramos produtivos (número e
comprimento) em plantas desgastadas,
cinturadas, deformadas, compactadas
(embatumadas), etc, propiciando o crescimento
de áreas novas de ramagem, aumentando, em
conseqüência, o número de nós produtivos.
c) Renovar a estrutura primária, as hastes e a copa
RECOMENDANDO
de cafeeiros, substituindo hastes finas, com
poucos ramos laterais, por outras brotações mais
vigorosas.
d) Eliminar excesso de hastes ou de plantas, devido
ao uso inadequado de mudas duplas no plantio
e/ou a falta de desbrota dos cafeeiros.
e) Reduzir a altura de plantas para facilitar os tratos
e, especialmente, a colheita, também
reequilibrando a parte aérea com o sistema
rudicular, condição útil em áreas mais secas.
f) Melhorar o ambiente (microclima), facilitando
a entrada de luz e o arejamento dentro do
cafezal, para reduzir a incidência e facilitar o
controle de pragas e doenças (broca, ferrugem,
phoma) que são favorecidas pela umidade
(período de molhamento). Também a abertura
(principalmente por recepa), favorece o
controle de pragas do solo, como mosca das
raízes e cigarras, que não mais ovipositam e a
aplicação de inseticidas é mais eficiente.
g) Acelerar e melhorar a recuperação de cafezais
danificados por geada, granizo, faísca elétrica,
seca, etc.
h) Facilitar a combinação de cultivos (plantas
arbóreas ou anuais) no meio do cafezal.
i) Melhorar e programar a produção das plantas,
RECOMENDANDO
tornando mais econômicos os tratos e a colheita.
j) Promover a reciclagem, no terreno, de matéria
orgânica da ramagem e da folhagem dos
cafeeiros e prover lenha, sendo essas finalidades
da poda somente complementares.
k) Facilitar a colheita, com corte simultâneo dos
ramos e daí retirando os frutos, no caso da
colheita acoplada ao esqueletamento (safra
zero), a coleita de ramos Conillon e a colheita
podada também no decote ou recepa baixa.
l) Facilitar a melhoria física e a correção do solo
em áreas de solo degradadas, através de subsolagem e calagem mais intensivas.
m)Facilitar o replantio e o repovoamento do
cafezal, abrindo a lavoura velha e assim
permitindo o melhor desenvolvimento das
plantas novas plantadas.
3 - DEFINIÇÃO DA NECESSIDADE DAS
PODAS
A decisão sobre a necessidade de uso e a
escolha do tipo de poda a empregar, em uma
determinada lavoura de café, deve ser tomada após
uma análise detalhada dos fatores relacionados
com as condições dos cafeeiros, que estejam
influindo negativamente na produtividade ou na
operacionalidade das práticas de manejo da
lavoura.
Deve-se observar o fechamento, o
acinturamento, a altura das plantas, o excesso de
hastes e outros aspectos.
É preciso, também, na análise prévia,
verificar se a lavoura tem condições de responder
às podas, levando-se em conta o vigor da
variedade, a idade das plantas, o estado do sistema
radicular, a presença de falhas etc.
Plantas muito velhas, principalmente quando
Tratamentos
Recepa de 1 planta/cova
Recepa de 3 planta/cova
Decote a 2m de altura
Testemunha
07
com seu sistema radicular deficiente, ou atacadas
por pragas/doenças de solo (nematóides, cigarras,
cochonillas, fusariose, moscas), respondem mal às
podas, sendo necessário práticas complementares
de tratamento para melhorar sua recuperação.
Na condição de lavouras já velhas, com
falhas e, principalmente, com baixo stand de
plantas/área, em função do uso de espaçamento
inadequado, deve-se considerar a alternativa de
substituir a lavoura em vez de podá-la. Pode-se,
ainda, principalmente nas pequenas propriedades,
optar pelo replantio ou repovoamento (dobra)
combinados com a poda.
Essa análise deve, sempre que possível, ser
assessorada por um técnico especializado,
buscando racionalizar a poda, atendendo suas
finalidades com a menor perda de produção e de
renda.
Cortar as plantas por cortar ou podar de
forma mais drástica do que o necessário representa
prejuízos no tempo de recuperação, nas perdas de
produtividade e no maior custo da operação de
podas.
Assim, a poda deve ser usada visando atender
aquelas finalidades específicas que se deseja,
conforme já detalhado no item 2.
De modo geral, as pesquisas realizadas com
podas em cafezais mostram que as plantas podadas
tendem a ter reduzida sua produtividade média,
sendo essa redução tanto maior quanto mais
drástica for a poda.
Vejam os exemplos dos quadros 2 e 3 com
resultados de produção em pesquisas com
cafeeiros podados e sem poda.
Quadro 2: Resultados de podas no passado.
Efeito de sistemas de poda na produtividade.
Cafezal Mundo Novo, 7 anos. Campinas SP,
1963.
Produtividade média de 4 safras
scs/ha
40,1
39,2
36,5
50,0
Fonte: Figueiredo, Cortes Brilho e Toledo – Exper. Cafeeira, IAC, p. 127, 1964.
RECOMENDANDO
08
Quadro 3: Resultados de podas no passado. Efeito de sistemas de poda na produtividade. Campinas SP, 1962.
Tratamentos
Decote a 2 m
Decote a 1,5 m
Recepa 1, 3, 4, 2
Testemunha
Produtividade média de 2 safras
scs/ha
12,5
10,1
11,0
16,6
Fonte: Moraes, Cortes Brilho, Toledo e Viana – Exper. Cafeeira, IAC, p. 128, 1964.
A necessidade de poda deve, portanto, de
forma resumida, atender às facilidades no manejo
do cafezal mantendo ao máximo sua
produtividade.
obedece a uma ordem, visando minimizar, dentro
da necessidade, a área cortada. Assim, em primeira
instância usa-se o decote, depois vem o decote com
desponte, depois o decote com esqueletamento e,
finalmente, a recepa (alta ou baixa).
4 - TIPOS DE PODAS EM CAFEEIROS
4.1 - Recepa
As podas usuais em lavouras de café podem
ser agrupadas em 2 tipos principais: As podas
drásticas e as podas leves.
As podas drásticas incluem a recepa e o
esqueletamento/desponte, havendo poda e
eliminação da maior parte da ramagem e/ou da
haste principal do cafeeiro, justificando o nome
pelo efeito drástico na estrutura vegetativa da
planta e na sua produtividade em curto prazo. Elas
promovem, no entanto, grande renovação na
ramagem, com bons resultados a médio prazo.
As podas leves abrangem o decote, as podas
de limpeza e, no cafeeiro Conillon, a poda de
produção. Nesse tipo de poda elimina-se pequenas
partes do cafeeiro, que assim, perde pouco da sua
produção e, em certos casos, chega a ganhar
produtividade no curto prazo.
Antigamente se utilizava mais as podas onde
o corte do cafeeiro era feito apenas sobre a(s)
hastes(s) principal(is), o tronco ou ramo
ortotrópico, com corte do tronco em sua parte
baixa, ou no decote, com corte na parte superior da
planta.
Cresceu bastante nos últimos anos a poda
feita sobre os ramos laterais, plagiotrópicos, como
acontece no esqueletamento/desponte.
A adoção de poda em cafeeiros normalmente
a) Como aplicar
A recepa é uma poda baixa, drástica, que
promove a renovação quase total da copa dos
cafeeiros. Ela é indicada para lavouras ou plantas
que perderam seus ramos produtivos inferiores, na
saia, devido ao avançado grau de fechamento. É
recomendada, ainda, na renovação da copa de
cafeeiros depauperados, em recuperação após
períodos de maltrato ou devido a problemas
climáticos, e que apresentem a copa esguia,
completamente deformada e com poucos ramos
laterais. Também é usada para lavouras
severamente atingidas por geadas, com queima até
o tronco, e para lavouras adensadas.
b) Tipos de recepa
A recepa pode ser de 2 tipos, variando a altura
de corte do tronco, de 0,2 a 0,8m, assim podendo
ser: baixa ou alta, esta última também chamada de
recepa “com pulmão”, pois deixa-se alguns ramos
laterais (1 a 3) da parte inferior (da saia) que
mantém ainda a produção de energia para a planta,
evitando perda maior do seu sistema radicular, e
que resulta em brotação e produção mais rápidas,
RECOMENDANDO
09
com o retorno em maiores níveis de produtividade indicando a retomada mais rápida da produção nos
no 2º ano. O quadro 4 mostra, em comparação, os cafeeiros de recepa alta, com “pulmão”.
dados de produção obtidos nos 2 tipos de recepa de
um cafezal, verificando-se acréscimo de Quadro 4: Produção inicial de cafeeiros após 2
produtividade de cerca de 22% favorável à recepa tipos de recepa (baixa e alta), cafezal Mundo
alta, em relação à baixa, diferencial bem maior Novo, 15 anos, 4x0,8m. Elói Mendes-MG 1994.
(110%) se considerada apenas a lª safra pós-poda,
Tratamentos
Recepa a 0,4 m
Recepa a 0,8m (com pulmão), 45 ramos laterais despontados
Safra pós-poda (scs/ha)
1ª safra
2ª safra
Média
10,2
87,0
48,6
21,0
98,0
59,5
Fonte: Ferroni, Matiello e Almeida – Anais do 20º CBPC, p. 5-6.
Na recepa alta deve-se procurar a altura, até
50-80 cm, onde se pode encontrar pelo menos 1
ramo lateral, sendo o ideal dois. Quando houver
mais de 2 ramos laterais e eles se encontrarem
muito longos e embatumados deve-se efetuar o
desponte (com facão) desses ramos. A recepa alta
deve ser preferida, sempre que possível. Caso não
sejam encontrados ramos laterais vivos até a altura
de 80 cm então aplica-se a recepa baixa.
A recepa baixa é feita no tronco à altura de
20-40 cm do solo e no caso do café Conillon (com
muitas hastes) deve ser mais baixa (até menos de 20
cm). Variedades de porte baixo e lavouras
adensadas, onde o tronco é mais fino, devem ser
recepadas em menor altura, de 20-30 cm. Com esse
tipo de recepa as plantas voltam com uma pequena
produção no 2º ano e com uma boa safra no 3º ano.
A recepa deve, sempre que necessário, ser
combinada à eliminação do excesso de hastes,
deixando-se aquelas mais alinhadas e em número
variável com o espaçamento, não devendo
ultrapassar por cova o nº original de hastes usadas
no plantio (1 a 3).
A recepa, como outros tipos de poda, pode ser
feita em toda a área ou em linhas intercaladas. A
intercalada tem a vantagem de preservar
parcialmente a produção na lavoura, evitando
deixar o produtor sem renda. Dois anos após,
depois de uma safra alta, efetua-se a recepa das
linhas restantes, que servem ainda para proteger as
brotações das linhas recepadas contra a ação de
ventos. Quando as linhas forem muito próximas e
houver perigo de estiolamento das brotações, pelo
sombreamento lateral, pode-se reduzir ( por decote
ou esqueletamento ) a altura das plantas da linha
que ficou ou, mais adequadamente, recepar 2
linhas e deixar uma a duas, com isso abrindo mais
espaço para insolação.
A recepa em cafeeiros Conillon deve ser
adotada de forma diferenciada. A prática tem
mostrado que: a) A recepa intercalada (pela
proteção por sombra) sempre brota melhor; b) A
recepa pode ser feita parcial, ou seja, na metade dos
troncos, aí conduzindo a brotação nova e dois anos
após se recepa as hastes restantes da planta,
funcionando como pulmão; na condução de brotos
deixar 3 a 6 por planta, de acordo com o
espaçamento.
c) Como recepar
A operação da recepa pode ser feita:
manualmente, ou mecanizada, com equipamentos
descritos no item 10.
O trabalho de recepa compreende 4 etapas:
a) o desgalhamento lateral, feito com foice;
b) o corte do tronco na altura desejada, e a
concomitante eliminação do excesso de hastes,
seguindo o desponte dos ramos pulmões,
quando indicado;
RECOMENDANDO
10
c) a retirada da lenha (grossa) e a trituração (com
grade, trincha ou roçadeira) da ramagem fina;
d) a desbrota, conduzindo um número de hastes
(brotos) adequado.
Para facilitar a operação de desgalhamento
dos troncos pode-se efetuar um decote baixo com a
decotadeira, passar o Triton ou a roçadeira para
destruição e, então, efetuar a recepa, ficando
apenas os troncos com pouca ramagem, o que
facilita sua retirada da área.
O corte manual deve, sempre que possível,
ser efetuado em bisel para evitar entrada de água e
reduzir a possibilidade de infecção por doenças, se
bem que aqui no Brasil somente a fusariose tem
aparecido, embora em pequena escala, e sem
problemas sérios, diferentemente de outros países,
onde se indica pincelamento com pasta fungicida
para desinfecção do corte. Também não causa
problema o óleo queimado que sai da motosserra e
que fica sobre o corte e nem o corte com machado,
cuja lascação do tronco não atrapalha a brotação.
O aproveitamento do material vegetal fino
(folhas, ramos laterais e galhos finos) é importante
como fonte de matéria orgânica, além de
representar uma significativa quantidade de
nutrientes devolvidos ao solo. Existe um
equipamento triturador (trincha) que faz, ao
mesmo tempo, uma roçada de mato e a trituração,
em pequenos pedaços, dos galhos podados. A
trituração da ramagem é mais fácil quando ainda
verde, logo após a poda.
O rendimento na recepa depende da idade da
lavoura e do nº de hastes por cova, e do
equipamento usado, variando de 50-100
plantas/dia com machado ou foice e 500-1000
pl/dia com motosserra, sendo de 5000 a 10.000
pl/dia com a recepadeira tratorizada.
d) Desbrota/condução
A desbrota, feita periodicamente, visa
conduzir apenas as hastes desejadas, devendo ter
início tão logo os brotos atinjam o tamanho de 1520 cm. Deve-se selecionar os brotos mais bem
implantados, saindo da parte média a baixa no
tronco, para dar origem a ramos secundários mais
junto ao solo, devendo os brotos deixados
coincidirem na direção da linha.
A quantidade de brotos a serem conduzidos
RECOMENDANDO
11
por planta está relacionada com o espaçamento,
principalmente a distância na linha. Para distâncias
menores de 1m deve-se conduzir somente 1
broto/planta, de 1 a 1,5m pode-se conduzir 1-2
brotos e com 1,5m ou mais conduzir 2-4
brotos/cova. Em áreas sujeitas a ventos e onde os
tratos podem acabar quebrando alguns brotos
pode-se deixar um número maior por planta na 1ª
desbrota e eliminar o excesso na segunda. Em
lavouras adensadas, resultados de pesquisa
recente, mostram a necessidade de conduzir mais
hastes, 2-3 por planta, no espaçamento 2 x 1 m (ver
quadro 5). Essa condução de brotos leva a um
número ideal de hastes/ha. A pesquisa mostra que
para plantios largos esse número se situa entre 5-7
mil hastes/ha e no adensado entre 7-10 mil/ha.
Quadro 5: Produção de café na cata inicial e em
4 safras após recepa e com plantas conduzidas
sob diferentes números de brotos/pl. Cafezal
Catuaí 2 x 1m - Manhuaçu, MG, 2004.
PRODUÇÃO (scs/ha)
TRATAMENTOS
(nº de hastes p/pl)
2000
2001
2002
2003
2004
Média
1 haste/planta
2,0
36,36
86,6 ab
41,9 b
106,5 a
67,8 ab
2 hastes/planta
7,0
56,4 a
200,6 a
56,9 a
74,4 ab
72,1 a
4 hastes/planta
10,0
46,3 ab
80,8 bc
56,9 a
69,2 ab
63,3 ab
Substituição *
0
12,4 c
98,5 a
22,6 c
73,7 ab
51,8 b
(*) Plantio 2 x 0,5m
Fonte: Matiello et alli, Anais do 30ºCBPC, MAPA/PROCAFÉ, 2004, p. 13.
Nas áreas muito batidas por ventos a recepa
intercalar, ou a manutenção de uma linha de café,
sem podas, a cada 4-5 linhas recepadas, favorece a
proteção das brotações, contra o efeito de ventos
frios e o ataque de doenças, como Phoma e
Ascochyta. Pode-se, também, instalar quebraventos temporários, como renques de milho, sorgo,
cana ou crotalária.
e) Vantagens e desvantagens
A poda de recepa apresenta como
vantagens: a possibilidade de renovação total da
planta; o aproveitamento da lenha (para secadores,
carvão etc); a abertura da área para correção do solo
e cultivo de culturas intercalares; o favorecimento
ao controle de pragas de raízes, tanto pela redução
da população re-infestante (muito importante no
caso de cigarras e mosca das raízes) como pela
facilidade na aplicação de produtos para controle;
facilita a adaptação da lavoura, através de replantio
ou repovoamento, melhorando o seu “stand”; e
ainda possibilita a eliminação do excesso de hastes.
Nas lavouras adensadas permite a abertura total da
lavoura.
As desvantagens da recepa são: a) a redução
que provoca na produção nos 2 primeiros anos; b) a
operação onerosa; c) a exigência de tratos
diferenciados (nutrição, controle fitossanitário
etc); d) o aumento da área a ser capinada e a
dificuldade inicial de controle com herbicidas, e) a
mortalidade que pode causar nas plantas,
principalmente nas mais fracas.
A morte de plantas por efeito de recepa
baixa foi pesquisada em um ensaio com diferentes
espaçamentos em Varginha-MG.. Verificou-se,
conforme dados resumidos no quadro 6, que após 2
ciclos de recepa feitas ao longo de 18 anos, mesmo
em material vigoroso (Acaiá), ocorre perda de
stand de plantas por morte, verificado percentual
de 10 a 44%, sendo tanto maio quanto maio for o
distanciamento de plantas na linha, motivado pelo
maior stres das plantas com maior carga individual.
RECOMENDANDO
12
Quadro 6: Rebrota e perda de stand de plantas após 2 ciclos de recepa baixa em cafeeiros Acaiá,
em diferentes espaçamentos, Varginha-MG, 1999.
Espaçamentos
2 x 0,5 m
2 x 1,0 m
2,5 x 0,5 m
4,0 x 1,5 m
4,0 x 2,0 m ( 2 mudas/ cv. )
Plantas/ha- stand
inicial
10 000
5 000
8 000
1 666
2 500
Plantas/ha- stand
final
7 200
2 800
6 240
1 428
2 250
Perda (%)
28
44
22
14
10
Fonte: Garcia et alli, Anais do 25 CBPC, p.333,1999
4.2 - Decote
a) Onde se aplica
O decote é um tipo de poda alta, que resulta
na eliminação da parte superior da copa do
cafeeiro, sendo indicada para lavouras em vias de
fechamento, ainda com boa ramificação lateral na
parte baixa das plantas. Ela pode ser usada,
também, para reduzir a altura das plantas, para
facilitar pulverizações e a colheita, principalmente
a mecânica, para corrigir pequenas deformações na
copa ou para reequilibrar a parte aérea e o sistema
radicular. As deformações são corrigidas tanto pela
eliminação da parte estragada, normalmente acima
do acinturamento, como pelo estímulo ao
alongamento e às novas brotações de ramos na
parte baixa da planta, recompondo a copa.
O decote se aplica, ainda, para cafeeiros
atingidos por geada de capote (queima da parte
superior da planta) ou por faísca elétrica nas
mesmas condições, quando deve ser eliminada a
parte superior do cafeeiro, onde a queima atingiu
folhas e a maioria dos ramos e até a haste principal,
condução que resulta em perda de produtividade.
b) Tipos de decote
A altura de corte da planta determina dois
tipos de decote: alto e baixo.
O decote alto: de 2-2,5m de altura, é usado
para reduzir a altura da planta, mantendo-a
constante, por determinado período, para a colheita
mecânica e para adequá-la à irrigação por pivô. É
indicado quando a copa se
apresenta em bom estado, não
necessitando de recomposição da
ramagem na sua parte superior, já
que esse tipo de decote prevê, em
sua maioria, o manejo com
desbrota constante na parte
superior, o que representa menor
produtividade.
Como a planta fica com
uma altura constante (menor)
ocorre um melhor equilíbrio com
o sistema radicular, o que é útil
para regiões com problemas de
déficit hídrico e para variedades
de porte alto, mais sujeitas ao
déficit, como os Icatus. O
RECOMENDANDO
13
aproveitamento da maior altura da planta
condiciona melhor produção a curto prazo, porém
esta altura do decote deve estar relacionada com o
espaço disponível na rua e o manejo desejado.
O decote baixo: de 1,0 a 1,8m se aplica em
cafeeiros que precisam de uma recomposição da
parte superior, com novos ramos, para lavouras
com cinturamento ou deformidades na parte
superior da copa pois nesse tipo de decote a
condução é feita com desbrota seletiva, deixando
1-2 brotos/planta original ( de 500 a 7000
hastes/há), ou a livre crescimento, voltando ao
decote, quando necessário, abaixo ou acima da
altura de corte anterior. Corte acima é usado
quando o decote é conduzido com 1 a 2 brotos.
Quanto mais baixa a altura da poda maior será a
perda na produção inicial, porém a poda é mais
duradoura.
Dentro de uma mesma lavoura o decote é,
geralmente, feito a uma só altura em todas as
plantas. Ele pode, também, no caso de poda por
plantas, ser aplicado a diferentes alturas,
dependendo do exame de cada planta, sendo
eliminada somente a parte superior, estragada,
acima do cinturamento.
no terminal do tronco é mais lenta. Uma maneira de
acelerar, nesse caso, consiste em eliminar os ramos
laterais da extremidade, deixando um “cotocó” de
mais ou menos 10cm.
O decote herbáceo é feito manualmente,
cortando o ponteiro com a mão ou canivete, nas
plantas mais jovens, com 3-5 anos, para regular a
altura das plantas. Ocorre, entretanto, um
crescimento compensatório da ramagem lateral, o
que acelera o fechamento.
O rendimento do decote manual, com foice, é
de 800 a 1200 plantas por dia e com a decotadeira
tratorizada é de 5000-10000 plantas por dia.
d) Condução/desbrota
A condução a livre crescimento é a que tem
apresentado melhores resultados em produção,
porém exige novas podas futuras, 2-3 anos após,
cortando-se mais baixo ou esqueletando, pois
forma-se um grande nº de ramos (finos) na parte
superior da planta e a recomposição da parte baixa
da planta é inadequada, havendo menor
recuperação de ramos secundários e terciários.
Pelos dados do quadro 7 observa-se que, no
ensaio realizado na Fazenda Experimental de
c) Como fazer
Varginha, as plantas decotadas e conduzidas a livre
crescimento ou com 2 brotos por planta tiveram,
O decote pode ser lenhoso ou herbáceo. O em média, produções quase 100 % superiores à
decote lenhoso corta a parte lenhosa da planta, condução com desbrota total.
usando ferramentas manuais ou mecanizadas (item
5.4.6.11) serrote de poda, foice, tesoura de poda,
Quadro 7: Tipo de poda e condução do decote
decotadeira. Em plantas com copa embatumada,
em cafezal adulto em recuperação (MN, 12
como em cafeeiros Catuaí mais velhos, a brotação
anos, 4 x 1m). Varginha-MG - 1998.
Tipos de poda e condução
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Decote (1,6m), cond. 1 haste
Decote (1,6m), cond. 2 hastes
Decote (1,6m), sem desbrota
Decote (1,6m), desbrota total
Idem 2, mais desponte
Idem 2, mais esqueletamento
Testemunha
1993
1994
28
30
34
15
13
18
39
74
74
64
36
65
75
44
Fonte: Garcia e Ferreira – Anais do 24º CBPC, p. 155-6, 1998.
Produção (scs/benef./ha)
1995 1996 1997 1998
3
3
8
2
3
5
12
37
35
43
20
61
66
31
13
7
16
16
6
5
18
79
94
83
42
80
71
48
Média
(6 safras)
39,0
40,5
41,3
21,8
38,2
40,0
32,0
RECOMENDANDO
14
A desbrota deve ser feita quando os ramos
atingirem 15-20 cm, através do arranquio manual,
ou seu corte com foices leves ou com a decotadeira
(regulada 15-20 cm superior à altura do corte do
tronco) quando a condução for por desbrota total.
Foi testada, com sucesso, também a desbrota
química, aplicando-se herbicidas sobre a nova
brotação. Indica-se o Gliphosate a 1% na calda ou o
Finale a 0,7%. O primeiro freia o crescimento dos
brotos e o segundo mata a parte nova dos brotos.
forçar a recomposição da ramagem lateral da
planta e a formação da copa. Nessas condições o
decote melhora a planta para, 2-3 anos após, ser
efetuado um desponte de renovação da ramagem,
contra-indicado no 1º ano, pois agravaria a situação
de fraqueza das plantas. O decote tende a aumentar
o diâmetro do caule dos cafeeiros, tornando-os
mais firmes e com menor tombamento.
A desvantagem do decote é o de ser uma poda
transitória, resolvendo o problema por um período
mais curto, não possibilitando uma renovação mais
duradoura.
e) Vantagens e desvantagens
4.3 Esqueletamento e desponte
O decote é uma poda bastante utilizada na
cafeicultura devido às suas vantagens,
principalmente por não causar perdas
significativas de produção, além de ser uma
operação mais simples e menos onerosa do que a
recepa, não exigindo, na maioria das áreas, a
retirada dos ramos podados, bastando passar a
roçadeira ou a trincha para destruí-los e aproveitálos como material orgânico. O decote ainda é
vantajoso por diminuir a altura das plantas,
facilitando os tratos e a colheita. Em lavouras em
recuperação (mal-tratadas) o decote é útil para
a) Como se aplica
O esqueletamento e o desponte são podas
semelhantes, aplicadas sobre os ramos laterais do
cafeeiro, os quais são cortados mais próximos ao
tronco, mantendo pequenas porções desses ramos,
deixando-se apenas o “esqueleto” da planta. No
esqueletamento, essas porções são menores, com
cerca de 1 palmo (20 cm), e no desponte o corte é
mais longo, ficando porções de 30-60 cm. Em
podas sucessivas deve-se prever variação nas
RECOMENDANDO
15
distâncias de corte dos ramos laterais. O tronco só é
cortado à altura normal de decote (1,7m) para
quebrar a dominância apical e, assim, facilitar a
brotação nos ramos laterais da planta. São podas
com uso crescente na cafeicultura com bons
resultados para determinadas condições de
lavoura, como: excesso de ramificação lateral,
produção restrita a apenas alguns nós da
extremidade de ramos laterais finos, e no caso de
safra zero.
As podas laterais são uma opção útil quando
os cafeeiros estiverem “embatumados”, quando os
ramos são longos, em grande número e finos em
sua extremidade, onde poucos nós dão frutos.
Levantando esses ramos se percebe, no interior da
planta, ramos pelados, com poucas folhas, restritas
à sua extremidade. Nessas condições ocorrem
vantagens produtivas em relação ao decote.
O esqueletamento e o desponte são indicados
para lavouras ainda sem fechamento, ou com um
número razoável de ramos laterais saindo do
tronco, de cima a baixo. Quando houver poucos
ramos laterais, mesmo com a brotação promovida
pelo seu corte, a planta fica deformada, não
preenchendo toda a copa. Uma alternativa para
esses casos é a condução de alguns brotos
ortotrópicos para preencher as falhas do tronco
onde não existem ramos laterais.
As podas de esqueletamento devem ser,
preferencialmente, aplicadas sobre lavouras em
bom estado nutricional e com bom vigor, pois as
plantas podadas precisam rebrotar em toda sua área
lateral, para refazer toda a copa, de cima a baixo,
em curto período.
Os dados dos quadros 7 e 8, obtidos em 2
ensaios realizados na FEV-Varginha, mostram que
em uma lavoura em recuperação, podada por
decote a 1,6 m, ou recepada a 0,8m, com e sem
desponte ou esqueletamento dos ramos laterais,
não foram obtidas melhorias significativas para
produção nas parcelas que receberam o desponte
ou esqueletamento, o que leva à constatação muito
válida, que nem todas as lavouras necessitam ou
respondem a esse tipo de poda. Lavouras mais
novas, até a 5ª- 6ª safra, normalmente possuem
ramos laterais em boas condições, situação em que
o desponte ou esqueletamento são desnecessários.
Para cafezais adensados, o esqueletamento
ou desponte são úteis apenas a curto prazo, pois a
condição de fechamento volta rapidamente. Além
disso, a brotação dos ramos baixos pode ser
prejudicada pela proximidade (e sombreamento)
dos cafeeiros da outra linha, muito próxima nesse
sistema de cultivo.
b) Como fazer
No esqueletamento ou desponte faz-se o
corte dos ramos laterais, combinando, quase
sempre, com o corte superior (1,70 2,00m) do topo
da planta, o que induz maior brotação lateral. Podese usar a poda sem cortar a haste principal, em
casos em que se deseja aproveitar a safra do
ponteiro e quando se quer menor diâmetro futuro
Quadro 8: Tipos de poda por recepa alta e decote, com e sem desponte ou esqueletamento. Cafezal
MN, 12 anos, espaçamento 4 x 1,5m. Varginha-MG - 1998.
Tipos de Podas
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Recepa a 0,8m, sem desponte
Recepa a 0,8m, com desponte
Recepa a 0,8m, com esqueletamento
Decote a 1,6m, sem desponte
Decote a 1,6m, com desponte
Decote a 1,6m, com esqueletamento
Testemunha
Fonte: Garcia e Ferreira, Anais 24º CBPC, p. 155-6.
Produção Média
6 safras (scs/ha)
31,5
31,3
35,3
36,3
40,4
35,0
34,3
16
RECOMENDANDO
preencher a falta de ramos
laterais. No caso de aplicação do
sistema safra zero, com
esqueletamento a cada 2 anos, a
desbrota fica muito onerosa e,
assim, não vem sendo feita em
muitas lavouras , não se
conhecendo o seu efeito no longo
prazo.
Plantas esqueletadas/
despontadas, com brotações
novas em toda sua extensão,
ficam muito sujeitas a
Phoma/Ascochyta e
Pseudomonas, além de sua maior
exposição a ventos frios e
granizo. Pelo embatumado de
ramos, em seguida, tornam-se
nos cafeeiros.
O corte pode ser feito manualmente, com susceptíveis à ferrugem, o que exige controle
foice ou com roçadeira costal motorizada, ou d i f e r e n c i a d o , e s p e c i a l m e n t e q u a n d o o
mecanicamente, com esqueletadeira tratorizada esqueletamento estiver sendo usado para o sistema
safra-zero.
(ver item 10)
O corte dos ramos deve ficar oblíquo em
relação ao tronco, a parte inferior mais longe e a d) Vantagens e desvantagens
superior mais perto, na forma de cone, para evitar
A principal vantagem do esqueletamento ou
sombreamento.
Nas plantas esqueletadas ou despontadas, desponte está na característica desse tipo de poda
drástica, permite renovar
cada ramo lateral cortado dá origem a vários que, mesmo
outros, que se desenvolvem mais longos e praticamente toda a copa do cafeeiro e abrir a
vigorosos. Ocorre que quanto mais longo for o lavoura, com perda de somente uma produção,
desponte, maior é a área de brotação e, havendo possibilidade de compensar parte dessa
consequentemente, maior será a quantidade de perda por acréscimo na safra seguinte.
Outra vantagem é que o esqueletamento
ramos formados, o que pode tornar a planta
dispensa o trabalho de retirada de material podado
“embatumada” no futuro.
No 2° ciclo de poda lateral deve-se aplicar o para fora da área, pois a poda mantém a parte
corte dos ramos em região mais junto ao tronco, grossa do tronco das plantas o que não ocorre com a
com isso eliminando o embatumado de ramos da recepa.
As desvantagens estão relacionadas com o
poda anterior.
maior trabalho na execução da poda, quando feita
manualmente, e, também, é muito trabalhosa a
c) Condução/desbrota
desbrota . Quando comparada ao decote a poda de
Para a condução normal do desponte, deve-se desponte apresenta as desvantagens da perda da
retirar todos os brotos ladrões que saem nas hastes produção do ano e a abertura da área que, assim, vai
do cafeeiro, deixando, apenas, 1-2 no ponteiro. dar mais mato.
Pode-se manter alguns brotos ladrões para
RECOMENDANDO
17
4.4 - Podas de produção
4.6 - Desbrotas
O conceito de poda de produção se aplica
mais ao cafeeiro Conillon, cuja planta é multicaule,
indicando-se podas anuais para eliminar as hastes
desgastadas, substituindo-as por outras novas, com
isso mantendo ou mesmo elevando a produção
No cafeeiro arábica pode ser considerada
uma poda de produção a aplicação d decote por
planta ( por apreciação ), cortando a parte superior
estragada somente dos cafeeiros que produziram
muito. Essa poda é especialmente útil em cafezais
adensados e que foram conduzidos ou houve
escape de várias hastes ortotrópicas..
Quando o tronco do cafeeiro fica exposto à
insolação direta em função das podas ou quando
ocorre qualquer anormalidade que interfere na
dominância apical da planta, aparecem brotações
de ramos ortotrópicos, saindo desse tronco,
conhecidas como ramos ladrões, os quais vão dar
origem a novas hastes.
O mal trato, que provoca a seca de ramos
laterais, expondo o tronco, o vergamento pelo
vento, as machucaduras mecânicas (por granizo,
por colheita mecânica ou por geada), a desnutrição
e o ataque severo e continuado de pragas e doenças
e o stress por seca, são fatores que agravam a
brotação, e que podem levar a um número
excessivo de hastes.
A operação de desbrota deve ser praticada
nas plantas podadas sempre que necessário,
conduzindo o número adequado de brotos,
conforme já apresentado para cada tipo de poda.
Nas lavouras não podadas a desbrota deve ser feita
de forma preventiva, a partir do plantio e formação
da lavoura, seguindo-se na lavoura adulta,
realizando desbrotas anualmente, após a colheita,
visando manter o nº adequado de hastes, uma vez
que o excesso acelera o fechamento da lavoura,
devido ao vergamento destas hastes, sempre mais
4.5 - Podas de limpeza
A operação conhecida como poda de limpeza
consiste na eliminação de partes secas, galhos ou
ramos, que aparecem nos cafeeiros em função de
carga alta associada a desequilíbrio nutricional,
ataque de ferrugem, cercóspora ou Phoma, por
estiagem prolongada ou por queima leve de geada.
Ela era muito usada no passado, porem não traz
benefícios, pois essas partes secas apodrecem e
caem, naturalmente, no período seguinte de
chuvas. É, portanto, uma prática desnecessária.
RECOMENDANDO
18
finas, para o meio da rua.
O quadro 9 mostra a importância da
condução de hastes na formação do cafezal, com o
excesso de hastes, mesmo em lavoura aberta,
provocando redução na produtividade. Verifica-se
que no espaçamento usado (1,5 m entre plantas),
com 1 haste/planta a produção foi 15 % superior a 4
hastes/cova.
Sistemas de plantio/nº de hastes
1 haste, 1 muda simples
2 hastes, 1 muda simples, podada
4 hastes, 2 mudas simples, podadas
2 hastes, 1 muda dupla
Quadro 9: Produção em cafeeiros sob efeito do
nº de hastes/cova, oriundo de plantio de mudas
simples e duplas, com e sem poda. Lavoura
Mundo Novo, espaçamento 3,8 x 1,5m.
Varginha-MG 1989.
Produção média
5 safras (scs/ha)
19,0
18,8
16,5
16,8
Fonte: Toledo, Miguel, Matiello e Almeida – Anais do 15º CBPC, p.161-2.
A perda de produção devida á má condução
está relacionada com: a) O auto-sombreamento e o
“embatumado” de hastes na planta; b) o menor
comprimento dos ramos laterais que saem das
hastes (normalmente mais finas) comportando,
assim, menor número de nós produtivos/ramo; c) a
manutenção de um micro-clima mais favorável ao
ataque de doenças; e d) o menor tamanho dos frutos
produzidos em hastes mais finas.
As desbrotas anuais são ideais, pois atuam de
forma preventiva. Em certos casos, com as plantas
mais novas (até 3º-4º anos) é possível efetuar
desbrotas pela eliminação de hastes velhas sem
deixar muitas seqüelas (buracos) nas plantas. Em
plantações velhas, essa eliminação normalmente
só pode ser feita associada a uma poda drástica.
Uma situação encontrada na prática é o excesso de
hastes provocado pelo plantio de mudas duplas, e
com a variedade Catuaí, mais susceptível à
compactação de ramos. Outra condição que
favorece o aumento do n° de hastes por planta é o
seu vergamento, na fase de formação, pela ação de
ventos.
No quadro 10 abaixo, verifica-se os bons
resultados obtidos com a eliminação de plantas
duplas de um cafezal com 7 anos.
Já, para a eliminação de plantas no renque,
muito próximas, a 0,5m, não existem respostas
positivas, ao contrário, em certos casos, ocorrem
perdas de produção pela eliminação alternada
passando de 0,5m para 1,0m e para 1,5m.,
conforme se pode observar no quadro 11.8 (na
página seguinte).
Quadro 10: Produção de cafeeiros M. Novo (7
anos), no espaçamento 3,8 x 0,75m, submetidos
à eliminação da muda dupla. Resultados de 4
colheitas. Alfenas-MG - 1990.
Tratamentos
1)
2)
3)
4)
Testemunha: muda dupla 3,8 x 0,75 – 4 hastes
Eliminação de covas alternadas 3,8 x 1,5 – 2 hastes
Elimin. de cvs altern. c/elim. de 1 haste 3,8 x 1,5 – 1 haste
Eliminação de 1 haste nas mudas duplas 3,8 x 0,75 - 1 haste.
Fonte: Toledo, Miguel, Garcia e Matiello – Anais do 15º CBPC, p. 119 -1.
Produção
média 4 safras Acréscimo
(scs benef./ha)
%
10,8
13,1
21
14,0
30
12,8
18
RECOMENDANDO
19
Quadro 11: Efeito do desbaste na linha sobre as 2 safras posteriores, em cafeeiros plantados no
espaçamento 3,75 x 0,5m, com Catuaí - no Oeste da Bahia - 2001.
Ensaios
1º
2º
3º
Produção média anual em 2
safras, pós-modificação
(scs/ha)
Tratamentos
Modificados após 1ª safra
1) original 3,75 x 0,5m
2) modif. 3,75 x 1,0m
3) modif. 3,75 x 1,5m
Modificados após 2ª safra
a) original 3,75 x 0,5m
b) modif. 3,75 x 1,0 m
c) modif. 3,75 x 1,5m
Modificados após 3ª safra
a) original 3,75 x 0,5m
b) modif. 3,75 x 1,0m
c) modif. 3,75 x 1,5m
91,5
63
57
87
51
36
70
41
30,5
Fonte: Santinato et alli – Anais 27º CBPC, p. 196-7.
4.7 - Controle do tombamento de plantas
O tombamento de plantas de café tem se
tornado um problema sério nos últimos anos em
algumas regiões. Ele é observado em cafezais onde
se usa melhores níveis tecnológicos nas lavouras,
com adubações pesadas, irrigação e emprego de
espaçamentos menores nas linhas de plantio
(renque), visando maior produtividade e facilidade
de tratos mecanizados.
O tombamento ocorre pelo rápido
crescimento dos cafeeiros, associado a troncos
finos. A produção vai se concentrando na parte alta
das plantas, que tombam para o meio da rua,
dificultando a passagem de tratores (para os tratos
normais) e a colhedeira mecanizada.
RECOMENDANDO
20
As regiões de maior ocorrência são aquelas
onde se utiliza a irrigação, principalmente nas que
apresentam temperaturas médias mais altas
durante o ano, com inverno mais quente
(temperatura média mensal sempre acima de
19°C).
O controle do tombamento pode ser
efetuado, com os conhecimentos atuais, de 2
maneiras:
a) Preventivamente, plantando mais longe de pé a
pé, pelo menos 1,25 m entre plantas, mas nesse
caso perde-se em produtividade. Ensaios em
diferentes distâncias na linha, no Oeste baiano,
mostram que o tombamento decresce na medida
em que se aumenta as distâncias na linha e a
produtividade também decresce.
b) Correlativamente, tem sido adotado o amarrio
d
e plantas, ou com auxílio de bambus
entremeados na linha, entre as plantas.
Outras tentativas que vem sendo testadas
pela pesquisa são o decote (herbáceo ou lenhoso)
dos cafeeiros, após a primeira safra. Isto também
vai reduzir a produtividade. Outras alternativas a
estudar são: a aplicação de hormônios antigiberelina e o uso de variedades de menor
crescimento, aliando menores níveis de trato
durante a formação da lavoura, para as plantas
crescerem menos.
O decote lenhoso, feito após a terceira safra,
promove o engrossamento do tronco e reduz o peso
na parte alta das plantas, assim, firma e diminui a
queda de plantas.
área.
A poda parcial ou intercalada se caracteriza
pelo corte de algumas linhas, por exemplo,
recepando uma e deixando outra sem recepar.
A poda por apreciação ou por planta prevê o
exame e a aplicação de poda diferenciada para cada
cafeeiro. Uma planta muito estragada pode ser
recepada, a outra pode receber decote e outras
ficarem sem ser podadas.
As vantagens do uso da poda intercalada e da
por apreciação são a manutenção de boa parte da
produção do talhão, aproveitando fileiras ou
plantas individuais deixadas sem podar. Em áreas
com problemas de vento e também de excesso de
insolação as plantas em linhas sem podar oferecem
proteção àquelas podadas.
As desvantagens da poda parcial são a
dificuldade dos tratos diferenciados, no controle do
mato, na adubação, no controle de pragas/doenças
e na colheita, principalmente na operacionalização
mecanizada.. Também ela favorece a permanência
de inóculo de doenças e focos de pragas na lavoura.
Na aplicação da poda intercalada ou naquela
por apreciação vai-se, nos anos seguintes (23anos), podando, gradativamente, toda a lavoura.
6 - COMO INDICAR AS PODAS
A indicação das podas significa a escolha
dos talhões ou parte deles onde devem ser
efetuadas as podas, definindo qual o tipo, a altura e
o modo de podar.
Nessa indicação deve-se levar em conta os
objetivos que se deseja alcançar com a poda diante
dos fatores ou problemas que a lavoura vem
apresentando. Esses fatores principais vão ser
5 - FORMAS DE USO DAS PODAS NAS discutidos em seguida.
LAVOURAS
a) Fechamento da lavoura
As podas nos cafezais podem ser usadas de 3
formas: A poda contínua; a poda intercalda ou
O fechamento de cafezais tem origem no
parcial; e a poda por apreciação ou por planta.
grande crescimento dos cafeeiros, cujas hastes se
A poda contínua é aquela onde todas as vergam para o meio das ruas, reduzindo a insolação
plantas do talhão são podadas, como por exemplo, sobre os ramos produtivos, principalmente
uma recepa ou decote ou esqueletamento total da daqueles na parte baixa do cafeeiro (saia). Eles
RECOMENDANDO
passam a produzir pouco e morrem, ocorrendo a
derramagem e a perda da saia. Na evolução do
fechamento formam-se verdadeiros túneis na
lavoura e a produção fica restrita à parte alta
(ponteiros) das plantas, com redução na
produtividade da lavoura.
As lavouras fechadas apresentam
dificuldades na execução da maioria dos tratos,
especialmente aqueles mecanizáveis, pois fica
quase impraticável transitar com máquinas no
cafezal. Assim, as pulverizações, a colheita, a
adubação e outros tratos apresentam menor
rendimento operacional, tendo-se que, em muitos
casos, passar a usar a alternativa da operação
manual, mais onerosa.
Além disso, o sombreamento provocado pelo
fechamento favorece o microclima (úmido e
sombrio) para o desenvolvimento da broca, da
ferrugem e da Phoma/Ascochyta, resultando,
também, no atraso da maturação dos frutos e tende
a piorar a qualidade do café, devido à dificuldade
na seca mais lenta dos frutos e às fermentações,
decorrentes do ambiente mais úmido.
O fechamento pode ocorrer na rua e na linha.
Na rua o fechamento é prejudicial, pois fica sem
espaço para o sol penetrar na lavoura. Já, o
fechamento na linha é previsto pelo plantio em
renque, a distâncias menores de 1m entre plantas.
21
Nesse caso, o sol penetra e atinge lateralmente a
ramagem.
Os fatores que aceleram o fechamento são: o
uso de variedades de porte alto e de maior diâmetro
de copa; o uso de espaçamentos mais juntos na rua;
a condução sem desbrota, que dá origem a várias
hastes/planta; o uso de adubações pesadas,
principalmente de N. Deste modo, pode-se
prevenir ou atrasar os problemas de fechamento
através do uso adequado de variedades, de sistemas
de plantio e de condução de plantas, com desbrotas
eliminando o excesso de hastes, adubação
equilibrada etc. A face do terreno e o alinhamento
das linhas de cafeeiros em relação ao
caminhamento do sol também interferem no
fechamento.
Os problemas de fechamento constituem o
principal fator que levam ao uso de podas na
cafeicultura brasileira e em função do seu estágio
são indicados os vários tipos de poda, de forma
mais ou menos drástica.
É preciso considerar, ainda, que um pouco de
fechamento não é problemático e é até desejável
nas lavouras de Conillon, onde a produção é
concentrada na parte alta das hastes e nas lavouras
no sistema adensado ou semi-adensado nas regiões
montanhosas e nas áreas quentes. Ali o autosombreamento reduz o trabalho de controle do
22
mato, evita excesso de insolação nas regiões
quentes e promove o melhor aproveitamento dos
adubos e de nutrientes.
Nessas condições, a condução da lavoura
com fechamento, por um certo período, não leva a
perdas de produtividade. Ao contrário, se efetuadas
podas muito freqüentes, para abertura da lavoura,
ocorrem perdas na produtividade média do
período.
b) Desgaste, cinturamento, deformação e
embatumado
Cafeeiros mal tratados, com deficiências
nutricionais graves por longos períodos, agravados
por ataque de pragas/doenças e o por déficits
hídricos, apresentam desgaste da ramagem lateral
que, secando, acabam deixando as plantas esguias
e com pouca área produtiva. Quando restrita a uma
parte da copa a morte de ramos laterais provoca
deformações e acinturamento.
Dependendo do nível e da altura onde
ocorrem os problemas pode-se aplicar decote, para
forçar a formação de ramos terciários e, assim,
recompor de ramagem a parte baixa do cafeeiro e,
em estágio mais crítico, indica-se uma recepa. Em
cafeeiros fracos, maltratados, o esqueletamento
não é indicado até que as plantas possam
recuperar parcialmente os ramos e folhas e, assim,
terem capacidade de melhor.resposta à poda.
Outra condição que ocorre, em plantas mais
velhas, principalmente em variedades compactas,
como o Catuaí, é o embatumado de ramos laterais,
principalmente na parte baixa e média do cafeeiro.
Os ramos vão se alongando com o passar dos anos,
vão ficando finos e assim suportam o
desenvolvimento de apenas 3-4 nós produtivos em
sua extremidade e dão origem a frutos pequenos.
Ao afastar os ramos para ver o interior da copa,
verifica-se uma enorme porção dos ramos
suberificada, e pelo seu grande número formam um
embatumado. Nesse caso, o esqueletamento ou
desponte é o ideal, para eliminar o excesso lateral,
deixando apenas pequenas porções mais grossas
dos ramos produtivos, que vão dar origem a novos
RECOMENDANDO
ramos, que passarão a receber melhor irrigação de
seiva.
c) Altura excessiva das plantas
Lavouras de café com plantas muito altas
tem os trabalhos de pulverização e de colheita
dificultados, embora em espaçamentos mais largos
a boa altura das plantas represente maior área
externa de ramos produtivos, pois o cafeeiro é
similar a um cilindro, onde essa área é resultado de
sua base (perímetro) vezes sua altura.
Estudo realizado na FEV-Varginha, no Sul
de Minas, mostrou um rendimento de colheita 38%
superior na operação em cafeeiros Catuaí, que não
precisaram de escada, em relação a cafeeiros
Mundo Novo, colhidos com auxílio de escadas.
Para a colheita com máquinas automotrizes
ou similares (KTR), até pouco tempo a altura ideal
das plantas era ao redor de 2,7 m, sendo que
algumas máquinas de gerações mais atuais colhem
com até 3,5 m. Na colheita manual, especialmente
em áreas montanhosas, com o crescente custo da
mão-de-obra, a tendência é a de manter planta mais
baixas, que não ocupem escadas para a colheita e
nas quais o colhedor possa colher com maior
rendimento.
A poda por decote pode ser empregada para
reduzir a altura de plantas, aplicando-a,
periodicamente, de acordo com a necessidade.
A altura mais comum do decote é entre 1,7 e
2,0 m. Como o topo da planta cresce por 2-3 safras,
significa uma altura total de 2,3 2,8 m, considerada
uma boa altura adequada de planta de café, que
facilita a colheita e possibilita uma boa cobertura
pela pulverização.
Em lavouras com espaçamento largo na rua
pode-se trabalhar com cafeeiros mais altos, pois no
movimento do sol durante o dia, a sombra
promovida pelas plantas não chega a ser excessiva
para a parte baixa dos cafeeiros, como seria para
aqueles em menores distâncias entre linhas. Para a
colheita mecânica também pode-se trabalhar com
plantas mais altas, conforme já discutido.
A redução da altura da planta por decote
RECOMENDANDO
23
tende a promover o engrossamento do tronco e
reduz o tombamento de plantas, comum nos
plantios em renque, em áreas irrigadas e regiões
mais quentes. Essa redução auxilia, ainda, no
reequilíbrio da parte aérea com o sistema radicular,
sendo útil em regiões com déficit hídrico.
de nutrientes pelo material vegetal (folhas, ramos,
troncos) podado; a morte do sistema radicular; o
aumento na brotação e sua condução; a perda de
produção no curto prazo; a ocorrência de
deficiências nutricionais e a mudança nas ervas,
pragas/doenças.
d) Excesso de hastes
a) Reposição de nutrientes pela ramagem
O excesso de hastes é promovido pela falta
da desbrota anual.
Quando se constata o problema na lavoura
ainda jovem, com até 3-4 anos, pode-se eliminar as
hastes em excesso, eliminando aquelas mais novas
e finas, por arranqio ou corte baixo delas.
Nas lavouras mais velhas, onde as hastes já
se estabeleceram e o seu arranquio deixaria
“buracos” na planta, o excesso de hastes deve ser
eliminado por ocasião de uma recepa da lavoura.
É muito clara e de fácil entendimento a
prática de aproveitar todo o material vegetal
podado, composto por folhas, ramos e partes finas
do tronco, para repor nutrientes e matéria orgânica
no solo da área podada. Mesmo assim, muitos
produtores ainda arrastam para fora da área e até
queimam os restos da poda.
O quadro 12 abaixo mostra o conteúdo
nutricional das partes de cafeeiros podados, nos
diversos tipos de poda. Os teores de nutrientes
foram tanto maiores quanto mais drástica foi o
sistema de poda usado. Para destacar apenas os
teores de NK eles variavam de 40 kg/ha no decote
alto para a faixa de 150-170 kg/ha na recepa baixa.
A volta para o solo da enorme quantidade de
nutrientes acumulada nos tecidos vegetais
podados, ainda melhor, na forma orgânica, com
melhor aproveitamento nutricional, reduz a
necessidade de adubação em seguida à poda.
Esse aproveitamento da grande parte da
7 - EFEITO DA PODA NOS CAFEEIROS E NA
ÁREA PODADA
A execução de podas nas lavouras de café
interfere nas características da área e na condição
vegetativa e produtiva dos cafeeiros, exigindo
manejo diferenciado nas áreas podadas.
Os principais aspectos que devem ser
observados pelo efeito das podas são: a reposição
Quadro 12: Quantidade de macro e micronutrientes nas partes podadas de cafeeiros (folhas + ramos
+ tronco), em cafezal Mundo Novo, 12 anos, 4 x 1,2m. - Varginha-MG - 1984.
Nutrientes
N (g/planta)
P (g/planta)
K (g/planta)
Ca (g/planta)
Mg (g/planta)
S (g/planta)
B (mg/planta)
Cu (mg/planta)
Zn (mg/planta)
Recepa
0,4m
169
10
150
78
16
5
189
120
91
Tipo e altura de poda
Decote
Decote
1m
154
8
139
72
17
4
197
115
79
Fonte: Garcia et alli – Anais do 13º CBPC, p. 158-64.
1,5m
85
5
88
33
8
3
86
64
39
Decote
2m
42
2
41
17
4
2
93
26
14
RECOMENDANDO
24
ramagem é facilitado, nas áreas mecanizadas, pelo
uso de roçadeiras e, principalmente, a trincha,
implementos que reduzem os materiais podados
em pequenos pedaços, facilitando sua
decomposição e evitando que eles atrapalhem
qualquer tipo de trato na lavoura (controle do mato,
adubação, etc).
Apenas a parte grossa dos troncos, no caso de
recepa, deve ser retirada, aproveitando-se a mesma
para lenha, muito usada na secagem do café, ou até
para venda como lenha ou carvão.
função da redução da parte aérea da planta, a qual é
a responsável pelo fornecimento de reservas de
sobrevivência e crescimento das raízes.
O quadro 13 mostra perdas de raízes
proporcionais à intensidade das podas. A morte é
gradual e persiste até aos 4 meses na recepa e
esqueletamento (podas drásticas) e já ocorre
recuperação a partir dos 2 meses nas plantas
decotadas.
A morte de raízes influi negativamente na
absorção de nutrientes e água e tende a ser maior
quanto mais perdurar o período seco pós-poda.
b) Morte de raízes
Portanto, sempre que possível, é indicado irrigar as
plantas recepadas/esqueletadas. Esse aspecto vem
Os trabalhos de pesquisa mostram que ocorre agora sendo pesquisado. Em Mutum-MG, o
uma significativa morte de raízes finas nos tratamento com irrigação pós recepa baixa em
cafeeiros podados, essa morte ocorrendo em cafeeiros Conillon se recuperou rapidamente,
Quadro 13: Mortalidade de raízes de cafeeiros em vários tipos de podas cafezal Mundo Novo, 7
anos, 3,5 x 1,5m (3-4 hastes/cova) - Alfenas-MG - 1986.
Tipos de
% de raízes vivas (em peso)
Podas
Aos 30 dias Aos 60 dias Aos 120 dias
Recepa
87
32
17
Esqueletamento
75
37
17
Decote
90
55
77
Test. sem poda
100
100
100
Fonte: Miguel, Oliveira, Matiello e Fioravante – Anais 11º CBPC, p. 240 -1
Média
44
42
77
100
RECOMENDANDO
25
crescendo 39% a mais em altura e
45% a mais no diâmetro das
plantas e resultando num
acréscimo de 75 % de produção
na 1ª colheita pós recepa.
a) Aumento nas brotações e
crescimento de ramos
As podas resultam no corte
do tronco e dos ramos do
cafeeiro, quebrando a
dominância apical e, por isso,
induzindo a formação de novas
gemas ou brotos, que dão origem
a novos ramos ortotrópicos ou
ramos ladrões e, também, levam
ao crescimento e formação de
novos ramos laterais,
plagiotrópicos.
No decote, por exemplo, o corte do tronco,
na parte alta dos cafeeiros induz a u formação de
um “tapete de ramos” ladrões, saídos do tronco na
área inferior ao corte, podendo ou não ser feita a
desbrota. A curto prazo essa brotação aumenta a
área produtiva. Paralelamente, ocorre um
crescimento dos ramos laterais, tendendo a
aumentar o diâmetro da planta e, principalmente na
condução sem brotos na parte alta, leva a planta,
através de bifurcações e crescimento dos ramos
produtivos, a estruturar melhor a copa do cafeeiro,
que se torna mais cilíndrica, havendo, assim, um
crescimento compensatório, que auxilia na
manutenção da produtividade, mesmo com o corte
e perda de produção na parte alta dos cafeeiros.
Na recepa ocorre grande brotação no tronco,
que precisa ser conduzida para gerar novas hastes,
mais grossas e produtivas.
No esqueletamento/desponte, a exposição do
tronco ao sol promove a quebra de dormência de
Tratamentos
Recepa a 40 cm
Decote a 1,8 m
Testemunha
gemas ortotrópicas e leva a um superbrotamento de
ladrões, que também necessita desbrota.
b) Perda de produção no curto prazo
A perda de produção nas plantas podadas,
principalmente no curto prazo, nos dois primeiros
anos pós-poda, é a principal razão que muitas vezes
contra-indica o uso de podas em cafezais e/ou
reduz a aceitação da prática pelos produtores.
De fato, quanto mais drástica for a poda, mais
tempo a planta necessita para reformar sua
estrutura produtiva, isto fazendo com que, dentro
da necessidade, se deva podar o mínimo possível
da planta.
Veja-se o exemplo do quadro 14 onde após
uma geada de capote se podou baixo, por recepa,
alto, por decote, ou não se podou.
Quadro 14: Produção de café após sistemas de
podas na recuperação de cafeeiros atingidos por
geada superficial (“capote”), em cafezal MN, 5
Produção média anual de 2
safras pós- poda (scs/ha)
3,2
15,8
14,5
26
anos, 4 x 2 m Elói Mendes-MG, 1979.
A perda total de uma safra, como ocorre na
recepa e no esqueletamento e a perda parcial na
segunda, principalmente na recepa, pode
comprometer a média de um período mais longo,
com isso a produtividade nas plantas sem poda
tende a se manter sempre mais alta.
a) Deficiências nutricionais:
As carências nutricionais tendem a ficar
reduzidas nas plantas podadas, devido à sua menor
produção. Por um lado a morte de raízes traria
maior dificuldade de absorção de nutrientes. Por
outro lado a reposição de material vegetal podado é
uma boa fonte de suprimento
O que se pode observar de diferente nas
plantas podadas é uma necessidade maior de
micronutrientes, pela maior brotação que ocorre,
como de zinco e boro associados aos tecidos
meristemáticos, nas zonas de crescimento dos
ramos. Com isso são exigidos maiores cuidados no
seu suprimento.
b) Problemas de ervas, pragas e doenças
As lavouras podadas, pela maior abertura das
áreas, são mais infestadas por ervas daninhas e o
seu controle, por herbicidas de pós-emergência, é
dificultado nos casos de recepa, onde as brotações
ficam muito sujeitas à deriva das aplicações e,
assim, podem ser intoxicadas.
Quanto às pragas, existem comportamentos
diferentes entre elas. O ataque de broca tende a ser
reduzido (pelo maior arejamento), ao contrário,
pela maior insolação, tende a aumentar o ataque de
bicho-mineiro e de ácaros. Pequenos besouros,
como carneirinhos e vaquinhas, costumam atacar
bastante as brotações de recepa.
As pragas de sistema radicular ficam
reduzidas nos cafeeiros podados drasticamente,
principalmente na recepa. As cigarras e a mosca de
raiz não ovipositam na área recepada e, assim, sua
população fica gradativamente reduzida. Os
nematóides também têm sua população diminuída,
RECOMENDANDO
pela morte das raízes, porém essa redução é
temporária, voltando a atacar as raízes novas
emitidas e se tornando muito prejudicial na
recuperação da rebrota.
Nas doenças, a ferrugem e a cercosporiose
são menos graves nas plantas podadas, pelo maior
arejamento e pela redução na produção. A Phoma,
Ascochyta e a Pseudomonas, ao contrário, são
favorecidas, pois atacam as brotações novas e são
auxiliadas pela maior ação dos ventos. Nas podas
intercaladas as plantas sem podar fornecem
inoculo para o ataque nas brotações dos cafeeiros
recepados, além de formarem um ambiente( microclima) mais sombrio e úmido sobre eles.
8. EMPREGO DE PODAS EM SISTEMAS OU
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DE CULTIVO
8.1 - Podas em cafezais adensados/
superadensados
A poda é uma prática mais importante para os
cafezais conduzidos em sistemas adensados,
devido às menores distâncias usadas nos
espaçamentos de plantio, que favorecem o
fechamento precoce da lavoura e os problemas
inerentes de dificuldade no manejo dos tratos, de
perda de produtividade etc.
O fechamento é o principal problema na
adoção do sistema adensado, sendo programadas
podas para prevenir ou, então, de forma corretiva,
proceder a reabertura da lavoura. Porem, o
fechamento pode ser admitido, até certo ponto,
uma vez que a produtividade por área pode manterse suficientemente alta, mesmo quando restrita à
parte superior das plantas. Uma nova alternativa de
condução da lavoura preconiza, até, o fechamento
como uma forma de simplificar os tratos (poucas
capinas, colheita no chão etc.). Esses conceitos se
aplicam melhor nas condições de pequenas
propriedades e em regiões montanhosas
O uso de podas em cafezais adensados pode
ser feita dento de 3 formas:
Ÿ Podas programadas.
Ÿ Podas corretivas.
RECOMENDANDO
Ÿ Novos sistemas
Ÿ Sem podas.
a) Podas programadas:
São podas que podem ser aplicadas de
forma preventiva, ou seja, previne-se o fechamento
crítico.
Elas podem ser de vários tipos:
Ÿ Arranquio de linhas alternadas;
Ÿ Recepa de linhas alternadas (1 ou 2);
Ÿ Recepa de 1/3 das linhas conforme previamente
programado;
Ÿ Recepa e decote alternados;
Ÿ Recepa de 20 a 25% das linhas, conforme
esquema programado, tipo “Fukunaga”;
Ÿ Recepa por talhão;
Ÿ Esqueletamento em ciclos.
O arranquio de linhas alternadas: pode ser
efetuado após a 3ª ou 5ª colheita, de acordo com o
espaçamento adotado. Deve ser efetuado antes que
as plantas sofram perda significativa dos ramos da
“saia”. Assim, a lavoura fica transformada para o
sistema aberto, porém a produtividade média por
área será maior, devido à colaboração das 4 ou 5
27
primeiras colheitas, efetuadas no espaçamento
menor. Em geral esse sistema reduz a
produtividade em relação à ausência do arranquio.
A recepa de linhas alternadas: também deve
ser iniciada após a 3ª ou 5ª colheita, antes do
desaparecimento dos ramos da “saia”. Quando o
espaçamento entre linhas for pequeno e,
principalmente, com plantas de porte alto pode
haver o estiolamento (entre-nós longos) da
brotação, devido à falta de luz. Nesse caso, a
solução é adotar a recepa a cada 2 linhas alternadas.
Outra opção é a recepa de uma linha e o decote da
outra.
Após a 1ª ou 2ª colheita nas plantas
recepadas, se houver necessidade, poda-se as
linhas não podadas anteriormente.
Na recepa de 1/3 das linhas inicia-se a partir
da 4ª safra, recepando a 1ª fileira; no ano seguinte a
3ª e a 2ª em seguida, voltando novamente à 1ª
fileira (no 4º ano).
Na recepa de 20% das linhas Sistema
“Fukunaga” modificado: implica na poda
programada do cafezal, conforme esquema
previamente elaborado, recepando-se 1/5 das
linhas e decotando-se 2/5. Assim, se o esquema de
recepa a ser estabelecido, em cada conjunto de 5
RECOMENDANDO
28
linhas, for na ordem: 1, 3, 5, 2, 4, ou seja, após a 2ª
colheita, recepa-se a linha nº 1 e decota-se as linhas
nº 2 e nº 4, no ano seguinte (após a 3ª colheita),
recepa-se a linha nº 3; após a 4ª colheita poda-se a
linha nº 5; após a 5ª colheita, a linha nº 2 e
finalmente após a 6ª colheita, corta-se a linha nº 4,
encerrando-se o 1º ciclo de poda. Após a 7ª colheita
reinicia-se novo ciclo de poda, seguindo-se o
mesmo esquema anterior ou modificando-o
conforme o aspecto da lavoura.
A recepa por talhão é um sistema que pode ser
programado com o plantio escalonado ou,
simplesmente, de acordo com o ciclo (número de
safras ) que se deseja entre as podas. Ele se mostra
aplicável também ao superadensamento, nesse
caso a ciclos mais curtos.
O esqueletamento se adapta melhor nas
lavouras semi-adensadas, onde a poda é
programada a cada ciclo de 3-4 safras, visando
manter as condições de mecanização dos tratos.
b) Podas corretivas
Nesse sistema de podas a lavoura é mantida
sem poda enquanto a produtividade permanecer
boa, e quando houver grande declínio ou, então, as
plantas ficarem excessivamente altas efetua-se a
recepa total da lavoura, a 20-30 cm de altura.
Os ensaios têm mostrado que até a 8ª ou 10ª
produção pode-se manter a lavoura e, em alguns
casos, a produção permanece vantajosa por mais de
12 safras, conforme pode ser observado mediante
os dados do quadro 15 no fim da página.
Para evitar a perda total da produção na
propriedade pode-se adotar a recepa por talhões,
em plantios escalonados (a cada 1-2 anos),
cortando-se, também, de forma escalonada.
c) Novos sistemas
Trabalhos de pesquisa mais recentes
demonstram a viabilidade de aplicar novos
sistemas de poda em cafezais adensados ou semiadensados.
O esqueletamento pode ser uma opção
temporária, pois com a proximidade das linhas de
cafeeiros, o fechamento volta a se manifestar
rapidamente. Outro problema é que não ocorre
recomposição na saia, visto ali já se encontrarem
mortos os ramos laterais, pelo fechamento anterior,
o que pode ser corrigido parcialmente pela
condução de alguns ramos ladrões, saídos do
tronco nas porções onde se deseja cobrir as falhas
dos laterais. Como já dito anteriormente, o
esqueletamento vai bem para lavouras semiadensadas.
A segunda opção é a aplicação de decote
baixo nos cafeeiros adensados, que pode ser
Quadro 15: Tipos de poda em cafezal adensado, Catuaí 1,75 x 1m. Produção média em scs. benef./ha
em períodos separados. Varginha-MG 1993.
Tratamentos
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Três 1ªs safras
82-84
Testemunha
25,4
Fukunaga
25,2
2 alternos
24,1
Recepa total
25,7
Decote herbáceo
25,4
23,6
Arranquio alternado
4ª - 7ª safras
85-88
41,6
29,2
29,1
41,1
39,4
26,9
8ª - 12ª safras
89-93
35,5
30,0
25,5
10,5
11,9
27,8
Média das 12
safras 82-93
34,8 (*)
28,5
23,7
24,8
22,4
26,4
Obs.: Podas 2, 3, 5 e 6 iniciadas em 1984; recepa total (4) efetuada em 1989. O decote herbáceo (5) também
levou recepa total em 1989.
(*) Melhor produção até a 12ª safra, onde não levou poda.
Fonte: Miguel, Matiello, Almeida e Toledo – Anais 19º CBPC, p. 100-1, 1993
RECOMENDANDO
29
adotado em todas as plantas, em linhas alternadas
ou só nas plantas estragadas por alta produção. O
decote pode ser feito após 3ª ou 4ª safras, quando a
carga se concentra somente na parte alta dos
cafeeiros. Esses topos das plantas se esgotam
depois de uma safra alta, quando, então, devem ser,
cortados (decotados), voltando a brotação em
seguida. Com esse tipo de poda amplia-se a área
superior do cafeeiro e, conseqüentemente, sua
produtividade. Além disso, a altura das plantas é
reduzida, facilitando a colheita e os tratos. Outras
vantagens são: a) a não abertura da área, o que evita
a reinfestação de ervas; e b) a pouca quebra nas
safras, que seria grande na opção por podas
drásticas (recepa).
A terceira opção é a recepa “a posteriori”,
ou seja, recepando a planta após brotação
provocada e conduzida na parte baixa da planta.
Tratamentos
Recepa total
Decote total
Decote alternado
Decote por apreciação
Testemunha
2003
7,0
35,6
33,7
48,1
tipos de poda. Martins Soares-MG, 2006.
d) Condução sem podas
Um sistema novo prevê a condução das
lavouras adensadas sem poda, formando “salões”
sob os cafeeiros, ficando a produção restrita aos
ponteiros. As capinas ficam muito reduzidas, pelo
sombreamento total do solo, e a colheita é prevista
por derriça (com varas) no chão.
Algumas dificuldades observadas são:
problemas com a qualidade do café; colheita pouco
aceita pelos trabalhadores; ataque maior de broca e
ferrugem; e pulverizações quase impraticáveis
pelos sistemas normais, sendo aplicável, quase que
somente, o uso de canhões-atomizadores.
e) Recomendações das podas
Para cafeeiros muito adensados o ideal seria
recepar baixo 2 linhas e as 2 restantes ficariam
abertas, assim seu tronco emitiria brotos, que
seriam conduzidos. Dois anos após essas plantas
seriam recepadas, porém com corte acima,
aproveitando esses brotos já crescidos.
Essas várias opções, principalmente as duas
últimas, se aplicam melhor aos casos de pequenos
cafeicultores.
O quadro 16 mostra os resultados de um
ensaio em cafezal adensado em área montanhosa
na Zona da Mata de Minas Gerais. Pode-se
verificar que o decote, principalmente na
modalidade de apreciação, resultou nos melhores
resultados de produtividade.
Quadro 16: Produção de café (scs/ha) em
lavoura adensada 2,0 x 0,7m sob diferentes
Produção (scs./ha)
2004
2005
2006
38,5
43,9
118,2
83,0
35,3
132,7
74,4
18,9
99,6
81,5
42,5
129,8
61,5
39,2
124,9
Média
50,1
64,5
57,1
71,9
68,4
Dentre os sistemas aqui apresentados para
lavouras adensadas o que tem sido mais usado, na
prática, é a recepa total do talhão. Também pode ser
indicada a recepa a cada 2 linhas alternadas. Essa
recepa, quando efetuada mais cedo na lavoura,
deve ser, preferencialmente, feita mais alta,
aproveitando 1 a 2 ramos laterais (“pulmões”)
desde que encontrados até 60-70 cm do solo, os
quais, quando muito longos ou “embatumados”,
devem ser despontados. Caso contrário, recepar
baixo (20-40 cm). Conduzir 1 broto por planta a 0,5
m e 2 brotos no espaçamento de 1m entre plantas.
O decote seria normalmente uma poda
imprópria para o sistema adensado, visto que
elimina, justamente, a parte alta da planta, onde se
concentra a produção nesse sistema. Além disso,
quando efetuado mais cedo, acelera o fechamento,
pois aumenta o crescimento dos ramos laterais.
30
Atualmente, porém, novos
resultados, conforme dados já
apresentadas no quadro , estão
mostrando a viabilidade do
decote, aplicado por planta,
também em lavouras adensadas
(ver item c).
As podas de desponte ou
esqueletamento (laterais), tem
menor uso. A princípio, elas tem
se mostrado menos adequadas às
lavouras adensadas, pois o
espaço é pequeno, havendo
estiolamento das brotações
laterais. Também, essas podas
voltam a fechar rapidamente, já
no 2º ano pós-podas. Nos sistemas semi-adensados
elas encontram melhor aplicação.
Nas podas com tipos intercalados um dos
problemas é a necessidade de adubação e tratos
diferenciados, o que dificulta o manejo. Outra
questão é a contaminação, por doenças e pragas,
das plantas remanescentes sobre aquelas
recepadas.
É necessário, ainda, prestar atenção ao fato
de que as plantas podadas ficam mais sujeitas às
geadas e o efeito do frio é sempre mais danoso
nessas plantas.
8.2 Podas em cafezais geados ou atingidos por
granizo.
A aplicação de podas em cafezais atingidos
por geadas ou chuvas de granizo vai depender da
observação prévia do nível de dano causado à copa
das plantas, valendo para elas a mesma
recomendação geral aplicável às lavouras não
atingidas: quanto menos cortar melhor, pois devese aproveitar, ao máximo, a estrutura produtiva das
plantas, ganhando-se com menores gastos com
poda e com o retorno mais rápido à produção.
Outro ponto importante é a época de podar.
Os trabalhos de pesquisa mostram que se deve
esperar de 60-90 dias após a geada (coincidindo
com o reinício do período quente chuvoso) para
RECOMENDANDO
podar os cafeeiros. Primeiro porque logo após a
geada não se sabe exatamente até onde queimou.
Depois porque a poda sempre elimina reservas,
necessárias à recuperação das brotações, em uma
época normalmente seca (julho-setembro).
Não se pode descuidar, ainda, de antecipar
podas, em áreas sujeitas a geadas dentro do período
de risco, uma vez que a planta podada fica muito
mais sujeita a danos pelo frio.
Quanto ao modo de podar cafezais geados,
deve-se seguir a orientação normal, adotando
podas leves (decote) ou drásticas (recepa) ou
dispensar as podas, efetuando apenas desbrotas, o
que é comum nos casos de lavouras com queima
superficial (“capotinho”) por geada ou atingidas
levemente por chuva de granizo.
Para queima parcial do cafeeiro (“capote”)
pode-se adotar um decote, que pode ser feito
previamente à brotação, ou, então, conduzir os
brotos no ponteiro e, depois, quebrar manualmente
as hastes secas. Para queima grave, até o tronco,
pode-se adotar podas por recepa. Nesse caso podese efetuá-la à altura logo abaixo do ponto que
queimou, podendo ocorrer, nessa condição,
recepas mais altas, ou até decotes baixos (1-1,2 m),
costumando-se chamar a operação como recote.
Quando a operação é feita manualmente pode-se
usar alturas variadas por planta. O esqueletamento
e o desponte normalmente não são indicados pois a
geada já efetua um desponte natural dos ramos
RECOMENDANDO
31
Cafeeiros cinturados
podem receber poda
leve de recuperação,
como um decote
seletivo (planta da
frente) vendo-se a
situação de planta
podada no ano
anterior (fundo).
laterais.
Para plantas novas, atingidas por canela de
geada, deve-se primeiro esperar as brotações, logo
abaixo da canela. Quando os brotos estiverem com
cerca de 10 cm deve-se efetuar a desbrota,
conduzindo 1 broto por planta e, na medida em que
esse broto estiver firme, cortar logo acima,
eliminando a haste original, uma vez que a parte
superior à lesão vai, aos poucos, amarelecendo até
morrer.
Como já foi citado anteriormente, as lavouras
atingidas por granizo normalmente não precisam
de poda. Muitas vezes é necessário desbrotas, pois
as machucaduras causadas na haste dos cafeeiros
estimulam as brotações. Deve-se, no entanto,
cuidar do controle fitossanitário, pois as aberturas
são porta de entrada para microrganismos (fungos
e bactérias), que causam desfolha e seca de ramos.
8.3 Podas de lavouras em recuperação
Em lavouras submetidas a mal trato, durante
anos sucessivos, boa parte das plantas apresentam
grande quantidade de ramos laterais mortos (não
havendo renovação de gemas para esses ramos)
deixando as plantas deformadas, cinturadas e
depauperadas, com pequena área produtiva na
copa.
Na fase de recuperação dessas lavouras devese analisar, previamente, a condição vegetativa dos
cafeeiros, para verificar a necessidade de poda e a
capacidade de resposta, observando a parte aérea e
o sistema radicular das plantas. Cafeeiros muito
velhos, de variedades pouco vigorosas, atacados
por nematóides e com sistema radicular deficiente
têm reduzida sua capacidade de recuperação e,
muitas vezes, precisam ser substituídos.
O tipo e a altura da poda, indicados para
auxiliar na recuperação, variam com o que a
lavoura mostrar, podendo ser decote ou recepa, ou
ambos na mesma lavoura (poda por planta), com ou
sem desponte. Plantas ainda com a copa
aproveitável, geralmente se recuperam bem com
um decote, que promove o forçamento na
formação de novos ramos laterais, brotados a partir
de outros. A recepa tem a vantagem de renovar toda
a copa, além de favorecer o reequilibro da parte
aérea e do sistema radicular, facilitando, ainda, o
tratamento contra pragas de solo eventualmente
presentes.
As podas, quando necessárias, devem ser
complementadas pelo uso adequado dos tratos,
RECOMENDANDO
32
visando a recuperação no desenvolvimento e
produtividade das plantas podadas, destacando-se
a correta adequação do solo, (física e química)
suprindo e reequilibrando os nutrientes, o controle
das ervas e das pragas/doenças, especialmente as
do sistema radicular.
8.4 Podas em cafezais Conillon
O conceito de poda em café Conillon é
bastante diferente daquele usado para variedades
de café arábica, em função de 2 características
básicas do cafeeiro Conillon: a) as plantas
apresentam uma intensa ramificação ortotrópica
(multi-caule) ficando sem saia e a produção fica
restrita à parte alta das plantas; e b) o manejo
tradicional é feito sem desbrota, só ultimamente,
em plantios mais adensados, se adota um menor nº
de hastes/planta.
Em conseqüência dessas características é
normal um cafeeiro Conillon adulto possuir mais
de 30-50 hastes ortotrópicas. A planta, assim,
cresce em forma de uma taça (moita), não mantém
saia e a produção é restrita à parte superior das
hastes, as quais são continuamente renovadas.
Deste modo, o problema de fechamento no
café Conillon não é grave como nos cafezais de
arábica, nos quais a condução é feita com poucas
hastes (1-2/planta) e onde a produção deve ocorrer
em toda a superfície da copa cilíndrica, de alto a
baixo. O fechamento nos cafezais Conillon
atrapalha a mecanização dos tratos e favorece o
ataque de broca e de ferrugem, além de dificultar
seu controle. Porém, o fechamento facilita bastante
o controle do mato, o que é desejado pelos
produtores de áreas não mecanizáveis.
Assim, até a década de 80, praticamente não
se usava podas em Conillon. De lá para cá, novas
lavouras, mais empresariais, foram implantadas,
muitas com irrigação e mecanização, outras mais
adensadas, e o trabalho de poda foi muito
ampliado, com bons resultados.
A poda em cafeeiros Conillon pode ser usada
para uma ou mais das seguintes finalidades:
a) Renovação das plantas.
b)
c)
d)
e)
f)
Regularização da produção anual.
Redução do tamanho das plantas.
Eliminação do excesso de brotos ou ramos.
Eliminação de ramos improdutivos.
Facilidades no controle de broca, ferrugem e na
colheita.
g) Viabilidade na mecanização e no manejo da
lavoura.
h) Melhoria da relação galho/folhas.
Existem, ainda, poucos trabalhos de pesquisa
sobre tipos de podas em cafezais Conillon. Um
experimento realizado em Marilandia pelos
Técnicos do ex-IBC, comparou os tipos: recepa
baixa total, recepa baixa parcial, desbaste lateral e
decote. Após 4 safras, os melhores resultados de
produção média foram com o desbaste lateral (30
scs/ha/ano) e com a recepa parcial (22 scs/ha/ano)
onde se deixou 3-5 hastes, eliminadas 2 anos após,
ficando a recepa total com 15sacas, e a testemunha
(sem poda) com 28 scs/ha, confirmando a
expectativa de que o fechamento não estava
restringindo significativamente a produção, no
período estudado.
Na prática, três tipos de podas vêm sendo
mais
usados: a) a recepa baixa total, ou
intercalada, à semelhança do que se usa em café
arábica; b) a eliminação anual de ramos velhos,
esgotados, chamada de poda de produção,
associada à condução de novas hastes; e c) a
desbrota do excesso de brotos.
Ultimamente vem sendo praticada no
Espírito Santo, sem base experimental, a
eliminação (desbaste) de ramos produtivos, de
baixo para cima nas hastes, aqueles que já
frutificaram no ano anterior.
Deste modo, observando os resultados de
ensaios e as experiências práticas realizadas com o
café Conillon no Brasil, pode-se indicar:
a) Fazer desbaste lateral, após a colheita, dos
ramos vergados para o meio da rua, visando
prolongar o período de abertura da lavoura.
b) Em áreas pequenas ou onde houver
disponibilidade de mão-de-obra aplicar a poda
de produção, de forma preventiva, a partir da 3ª-
RECOMENDANDO
33
4ª safra, eliminando, a cada ano, logo após a
colheita, os ramos que produziram muito, e
normalmente os que já produziram 2-3 safras e
que se encontram esgotados (com poucos
ramos laterais enfolhados).
c) A renovação da planta pode ser feita através da
recepa baixa ou da aplicação da poda de
produção de forma mais drástica, deixando
menos hastes velhas por planta, e com maior
número de hastes novas conduzidas, nesse caso
podendo ser usada mais tardiamente, a partir da
6ª-8ª safras.
d) Em lavouras mais adensadas (2 a 2,5m x 1m)
conduzir 2-3 hastes por planta e iniciar sua
renovação, por poda de produção anual, após a
2ª ou 3ª safra.
junto na linha (1 m), com a condução de uma só
haste, que assim forma uma planta cilíndrica,
semelhante à de café arábica. O problema é que nas
regiões mais secas as plantas costumam cinturar e,
também, com o tempo, a saia fica muito larga,
exigindo desponte. Outra observação curiosa é que
logo os ramos plagiotrópicos se engrossam e
começam a emitir ramos ortotrópicos. Os estudos
feitos sobre essa alternativa mostram que uma só
haste reduz a produtividade e que o ideal para esse
sistema de condução é deixar 3 hastes/planta, como
se pode ver no quadro 17. Para apenas uma haste
está sendo testada uma distância menor, de 0,5m
entre plantas. Nessa condição as plantas ficam com
saia, se assemelham a cafeeiros arábica e podem
ser passíveis de colheita mecânica.
A poda de produção pode ser feita com
facão, serra de poda ou podão. Os ramos esgotados
(emponteirados) devem ser cortados deixando-se o
melhor broto existente, mais abaixo, para renovar a
copa. Pode-se combinar essa poda com a
eliminação do excesso de brotos existentes na
planta, possibilitando uma melhor entrada de luz
dentro da mesma. Não existem, entretanto, dados
que permitam afirmar se essa desbrota favorece ou
não a produtividade. As hastes esgotadas
apresentam a casca mais clara, esbranquiçada.
Quanto antes essa poda é realizada (após a colheita,
a partir de abril/maio) melhor.
Uma nova alternativa de condução de
cafeeiros Conillon vem sendo adotada por
produtores de Rondônia. Trata-se do plantio mais
8.5 Podas para safra zero/safra cem
Nos últimos anos tem crescido bastante o
uso de podas sistemáticas nas lavouras, mesmo nas
abertas, visando zerar a safra no ciclo de baixa
produção. Esse sistema recebeu o nome de safra
zero ou, mais propriamente, safra cem, pois é
preciso ter safras altas para manter boa
produtividade média diante de outra safra zerada
pela poda.
O sistema utiliza a poda de desponte nos
cafeeiros, aplicada após a colheita da safra alta, e
no ano seguinte eles não produzem, recuperam sua
ramificação lateral , e voltam a produzir muito 2
anos após.
Com isso objetiva-se baratear o custo da
Quadro 17: Produção de cafeeiros Conillon, no espaçamento 2 x 1m, conduzidos com diferentes
números de hastes/planta Mutum-MG -2002.
Tratamentos
Uma haste/planta
Duas hastes/planta
Três hastes/planta
Quatro hastes/planta
Livre crescimento
Produtividade média
2 primeiras safras (scs/ha)
52
69
80
54
50
Fonte: Matiello et alli – Anais 28º CBPC, p. 37-8
34
colheita, operação que
apresenta maior
rendimento na condição de alta produtividade,
ficando zerada, portanto sem custo, naqueles anos
em que ficaria uma operação onerosa pela baixa
produtividade.
O sistema safra zero tem boa
fundamentação técnica e econômica mas é preciso
considerar os fatores que podem influenciar nos
seus bons resultados. Dentre esses fatores deve-se
levar em conta: o problema de risco climático
(geada, seca) que possa vir a ocorrer coincidindo
quando haveria a boa colheita, o que ampliaria as
perdas; o comportamento das variedades em
relação ao esqueletamento; o ciclo ideal da poda; a
condição da lavoura, sua capacidade de resposta e
seu stand de plantas; e o nível de trato adequado a
cada ano
A recuperação de cafeeiros Mundo-Novo
tem sido melhor do que no Catuaí, este último
dependendo mais das reservas que ele ainda
mantinha no pós-colheita da safra alta.
Com relação ao tipo de trato, atualmente
está sendo recomendado o maior nível nutricional
e de controle fitossanitário no ano da poda.
Não se conhece bem, ainda, o melhor ciclo
RECOMENDANDO
de poda. Para certos casos é preciso esperar mais
safras e não duas como é comum.
Os novos experimentos em andamento tem
mostrado que para se obter bons resultados com o
sistema safra-zero, é preciso: contar com uma
variedade bem vigorosa; ter um bom stand de
plantas; realizar a poda mais cedo; cuidar de
problemas fitossanitários mais graves na planta
super-brotada (Phoma, ferrugem); observar
problemas de pragas de solo para uso de
granulados; deixar o material podado nas lavouras;
efetuar desbrotas corretamente.
Relativamente ao nível nutricional e ao
ciclo de poda, o quadro 18 mostra alguns resultados
obtidos. Verifica-se, pelos resultados preliminares,
que a adubação normal, com níveis semelhantes
todos os anos, tem funcionado melhor do que a
indicação que se preconiza hoje, que consiste numa
adubação mais pesada no ano da poda ou safra
baixa, visando maior recuperação da ramagem.
Tudo indica que o material vegetal podado
contribua bastante para o suprimento nutricional
no pós-poda. Sobre o ciclo de poda pode-se
verificar diferenças importantes entre variedades,
com o Catuaí respondendo pior em ciclos curtos.
RECOMENDANDO
35
Quadro 18: Produção de café, na média de 3 safras, em cafeeiros sob diferentes ciclos de
Tratamento
Esqueletamento cada 2 anos
Esqueletamento cada 3 anos
Esqueletamento cada 4 anos
Testemunha/sem esquel.
Adubações:
03/04 / 04/05 / 05/06
Baixa / Alta / Baixa
Média / Média / Média
Alta / Baixa / Alta
Baixa / Alta / Baixa
Média / Média / Média
Alta / Baixa / Alta
------------Baixa / Alta / Baixa
Média / Média / Média
Alta / Baixa / Alta
Produção média 2004-2005-2006 (scs/ha)
Ensaio Catuaí
Ensaio Catucaí
26,4
26,2
30,1
36,4
21,4
30,2
50,8
62,5
51,2
68,9
48,3
64,1
------------------------69,0
66,3
57,0
63,4
65,6
69,3
esqueletamento e níveis de adubação N/ K2O,
Martins Soares - MG, 2006.
Quanto à época do desponte, o ensaio cujos
dados se encontram na figura 1 (abaixo) mostram
que quanto mais cedo melhor foi o crescimento da
ramagem, que apresentou maior número de nós por
ramo produtivo, portanto com maior potencial de
produção, nas épocas mais cedo.
em 2 grupos: os de operação manual e os
mecanizados, operados por trator.
Para os serviços de poda manual são usados:
foices, facões, machados, serrinhas, podões,
motoserras e podadeiras costais motorizadas.
As foices e facões são usados para o
desgalhamento dos cafeeiros, preparando-os para a
recepa ou para podas leves, como as de limpeza ou
de produção, muito usadas nos cafeeiros Conillon,
ou para decote em cafeeiros arábica.
9 - EQUIPAMENTOS PARA PODAS
Os podões podem ser de 2 tipos, o comum,
operado
com as 2 mãos, usados no corte e
Os equipamentos disponíveis para os
trabalhos de poda em cafezais podem ser reunidos eliminação de ramos improdutivos (caso do café
Crescimento Vegetativo
12
10,2 a
9,4 b
Nº de nós/ramo
10
8,3 c
6,5 d
8
5,5 e
6
4,2 f
4
2
0
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro Dezembro
Figura 1. Crescimento
vegetativo medido pelo n° de
nós em cafeeiros submetidos
ao esqueletamento e desponte
realizados em diferentes
épocas, nos meses de julho a
dezembro. (Médias seguidas
de mesma letra não diferem
entre si pelo teste de SkottKnot a 5%).
36
Conillon) ou para decote. O outro tipo, menos
comum, é a tesoura podadeira, ligada a um
compressor (mesmo da máquina derriçadeira de
café), através de uma mangueira e o corte, operado
com uma só mão, é feito pela força pneumática (ar
comprimido) podendo, assim, cortar galhos mais
grossos.
O machado e a motoserra são usados na
recepa, ou seja, no corte da haste (ou hastes) grossa
do cafeeiro. A motoserra indicada para o trabalho é
a de modelo de sabre menor, mais leve.
As máquinas podadeiras motorizadas
também podem ser de 2 tipos: o 1º é um
equipamento costal motorizado (motor de 2
tempos) que aciona um disco com 2-3 lâminas,
sendo esta a mesma máquina comumente usada
para roçar grama em jardins. Ela é mais útil no
trabalho de desponte ou esqueletamento de
cafeeiros. Existe um Kit para adaptar a máquina
derriçadeira, para, também, efetuar poda.
O 2º tipo opera o corte dos ramos com um
implemento que tem um conjunto de laminas tipo
pente ou segadeira, que pode ser acoplado em um
motor de 2 tempos, tipo motosserra, ou ligado a
RECOMENDANDO
uma mangueira de ar comprimido (mesma da
derriçadeira). Esse tipo vem sendo empregado no
corte de ramos laterais, nas podas de
esqueletamento ou desponte. A pare cortante pode
ficar próxima ao motor ou no final de um
alongador, que pode chegar a altura de corte até 5m
do chão, nesse caso tendo na extremidade um
conjunto de corte de 30 cm, com corrente cortante
semelhante à da motoserra.
A máquina mais comum, para uso em áreas
mecanizáveis, é a recepadeira/decotadeira, que
trabalha acoplada aos 3 pontos do trator, sendo
acionada pela TDF. Um conjunto de polias e
correias transmite rotação para um grande disco de
serra circular, que efetua o corte na altura
(regulável) desejada. O conjunto de corte é o
mesmo para a recepa ou o decote. Para adaptar ao
decote coloca-se uma outra base para acoplar aos 3
pontos, adiciona-se uma polia com as correias e
uma torre de alongamento em altura. Trabalhando
como recepadeira a máquina pode ser regulada
desde 30 cm até 1,20m e como decotadeira desde
1,50 até 2,30m, em tratores mais altos até 2,50m.
Atualmente, algumas fábricas
RECOMENDANDO
37
Dois tipos de
trinchas, usados
para passagem
sobre ramos
podados,
visando
triturá-los.
comercializam modelos da máquina recepadeira
separadamente daquela decotadeira, sendo: Serra
recepadeira, serra decotadeira e recepadeira, com
regulagem de altura de 40 cm até 2,80 m. A
transmissão é feita por caixa multiplicativa
acionada pela bomba hidráulica.
Uma haste metálica é acoplada na parte
lateral da máquina, com o objetivo de conduzir os
ramos (hastes ortotrópicas) dos cafeeiros para a
área central, na região de corte do disco. Em
lavouras com cafeeiros com grande número de
hastes, abertas, às vezes é preciso, na poda de
decote, fazer um repasse manual (com foice), em
algumas hastes que sobram do corte pela
decotadeira.
Os equipamentos acoplados a trator para
esqueletar ou despontar os cafeeiros, constam de
um conjunto de discos de serra circular
(normalmente 3 ) ou de facas triangulares dispostos
em uma haste que caminha lateralmente e em
posição oblíqua à linha de cafeeiros, efetuando o
corte dos ramos laterais em forma cônica. O
equipamento permite regulagem do angulo de
corte de 75, 90, 105 e 120 graus.
Um equipamento de introdução mais recente,
chamado de duplex, possui serras laterais e
também no ponteiro, efetuando, assim, o
esqueletamento e o decote ao mesmo tempo. No
equipamento pirâmide doblô, usada para
esqueletar, pode-se acoplar um triturado, fazendo a
poda lateral e a trituração dos galhos em uma só
operação. O material fino, podado, composto de
ramos e folhas, pode ser deixado no próprio local,
passando-se em seguida uma roçadeira para triturálo ou uma grade para efetuar a redução do tamanho
dos resíduos da poda, de modo a permitir os tratos.
A manutenção desse material na lavoura significa o
aproveitamento dos nutrientes nele contidos e de
seu efeito orgânico, dispensando adubações. Os
caules grossos devem ser removidos, podendo ser
usados como lenha nos secadores. Para triturar
melhor os galhos existem 3 equipamentos
(modelos) que funcionam acoplados ao trator,
constituídos por um rolo, com martelos, que gira e
reduzem os galhos em pedaços pequenos (Triton,
Triturador TP 1510 Urso Branco e Berton).
10 - TRATOS ESPECIAIS EM CAFEZAIS
PODADOS
RECOMENDANDO
38
As lavouras podadas devem merecer alguns
cuidados especiais, visando suprir e proteger as
novas brotações, melhorar o crescimento da
ramagem e resultar na recuperação mais adequada
em tempo e em quantidade produzida.
Os brotos ficam mais sujeitos aos ventos, às
pragas e doenças (como o Bicho-Mineiro e a
Phoma), ao abafamento pelo mato e à fitoxidade
por herbicidas. Assim, principalmente no caso de
poda drástica (recepa) em toda a lavoura, deve-se
observar a necessidade de quebra-ventos
(temporários) ou, então, deixa-se linhas do cafezal
sem podar para proteger àquelas podadas.
O mato deve ser mantido controlado na linha
e as pragas e doenças devidamente tratadas. É
comum aparecer ataques de besouros (vaquinhas,
burrinhos) na folhagem nova, nas brotações de
recepa, estas sendo muito sujeitas a intoxicações
com herbicidas (deriva).
No caso de poda intercalar, deve-se observar
que a linha não podada fornece inóculo de doenças
e pragas para as plantas podadas. O uso de
granulados de solo é bastante efetivo para a
recuperação no sistema radicular, seja pelo seu
efeito tônico/hormonal, seja por auxiliar no
controle de pragas do solo (nematóides, cigarras,
cochonilhas, moscas).
A irrigação também tem se mostrado de
grande utilidade na recuperação de plantas
podadas, especialmente nas áreas de café Conillon.
Muitos produtores confundem poda com
recuperação de cafezais, o que não é realidade. É
fato que ao podar o cafeeiro promove-se um
melhor equilíbrio da parte aérea com o sistema
radicular. De forma paralela, são incorporados
materiais vegetais podados, e ocorre baixa
produção inicial, condições essas que facilitam a
recuperação das plantas podadas no curto prazo.
No entanto, a pesquisa mostra a importância de
adotar novos padrões tecnológicos na recuperação
de cafezais pós-podas ou mesmo sem elas,
conforme demonstra dados do quadro 19 (abaixo).
Com relação à nutrição destaca-se a maior
exigência em nutrientes para a brotação,
especialmente para o zinco, boro, cálcio e
magnésio, na medida em que há necessidade de
ativar o crescimento.
As recomendações de adubação em
cafeeiros podados são as seguintes:
Ÿ Para cafeeiros recepados, no primeiro ano póspoda, se a brotação vier bem não é necessário
adubar com NPK. Se houver ma
desenvolvimento dessa brotação é indicado
usar 30-50 g de N/K2O por planta ou metro de
linha, correspondendo a cerca de 80 a 140 kg de
N/K2O por há. No segundo ano usar as doses de
acordo com a carga estimada.
Ÿ Para lavouras decotadas, sendo mantida a
capacidade produtiva, havendo, por outro lado,
uma vegetação adicional, são recomendadas as
mesmas doses de NPK usadas em lavouras sem
Quadro 19: Efeito dos níveis de tecnologia e do tipo de poda na recuperação de cafezal velho,
M.Novo 379/19, espaçamento 3x2,5m. E.S.Pinhal, SP 1997. Produção média, 4 safras.
SISTEMAS DE MANEJO
1
2
3
4
5
-
Testemunha
Correção do solo
Corr. Solo + NPKS
3 + micro + fung. cúprico
4 + granul. de solo
- em sacas/ha
Sistemas de poda
Livre cresc.
Decote 2m
Recepa alta
10,8
20,2
13,2
17,9
21,9
13,6
19,4
28,5
18,7
32,5
32,8
23,3
41,4
44,5
28,1
Fonte: Santinatto et alli - Anais do 23° CBPC, p. 143 - 4
RECOMENDANDO
39
Brotação maior,
resultado de
recepa cedo, em
julho (em cima),
em outubro (em
baixo) e em
dezembro, muito
tarde (dir.)
poda, ajustando de acordo com a carga
esperada.
Ÿ Para cafeeiros esqueletados/despontados não
existe uma recomendação bem testada,
devendo-se considerar o mesmo critério de
lavoura normal, calculando a dose de nutrientes
pela média das duas safras esperadas, sendo
uma zero e a outra a ser estimada.
Na condição em que, principalmente os
pequenos produtores, efetuam podas para
reduzir custos em períodos de preços baixos,
plantando, inclusive, culturas intercalares para
ajudar na renda, tem acontecido a falta de
capitalização do produtor no médio prazo para
que possa dar o trato adequado as áreas podadas.
11 - ÉPOCAS DE PODAS
As podas, no geral, devem ser efetuadas
sempre após uma safra alta ou na perspectiva de
safra baixa no ano seguinte. Com isso,
aproveitando o ciclo bienal de produção nos
cafeeiros arabica, a perda de safra fica reduzida.
Nos cafeeiros conillon, onde se faz a poda
de produção, as hastes que se mostrarem fracas,
com pouca capacidade produtiva, devem ser
eliminadas, assim efetuando-se podas todos os
anos.
A época ideal para a poda é no período entre
o término da colheita e o reinício das chuvas,
normalmente isso ocorre em agosto/setembro.
Nas regiões com risco de geada ou em áreas
muito expostas a ventos frios, as podas devem ser
realizadas após passado o período sujeito a esses
fenômenos climáticos.
As podas leves em cafeeiros arábica e as
podas de produção no Conillon devem ser
realizadas o mais cedo possível, para promover a
abertura das plantas, e, assim, melhorar as floradas.
Nas podas drásticas em regiões muito secas
e sem irrigação pode-se retardar um pouco a
operação visando evitar que a planta podada fique
muito tempo sem chuva, o que tende a causar maior
morte de raízes.
Pesquisas mais recentes na Zona da Mata e
Sul de Minas mostram, no entanto, que a recepa a
partir de julho e o esqueletamento também mais
cedo, em agosto, apresentou recuperação mais
rápida nas brotações e no alongamento de ramos
RECOMENDANDO
40
conforme pode-se observar no quadro 20 e figura 1.
Épocas de poda (meses)
Produção, em litros por planta
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
4,0
3,5
1,5
0,8
0,2
0,0
Fonte:Mendonça et alli, dados em publicação
Quadro 20: Produção na primeira safra aos 2,5
anos da primeira época, em litros de café cereja
por planta, em cafeeiros recepados em 6
diferentes épocas.Martins Soares -MG, 2007.
Nas podas após geadas ou chuvas de granizo
deve-se aguardar melhor a definição da altura em
que as plantas irão brotar, assim evitando cortar
mais que o necessário. Três meses após a
ESQUELETADEIRA LATERAL DIANTEIRA
ELD - 2.500 PLUS
APLICAÇÃO:
DESENVOLVIDA PARA ESQUELETAMENTO
DE CAFEEIROS (CONDUZIDOS C/ DESBROTA)
ISENTOS DE RAMOS LADRÕES.
- CERCAVIVA
( SANSÃO
DO CAMPO).
ÁREA DE CORTE - 2.280 MM
ALTURA MÍN. INF. DE CORTE - 100 MM
ALTURA MÁX. INF. DE CORTE - 300 MM
GRAU DE INCLINAÇÃO - 35°
EQUIPADA COM 36 FACAS
OPCIONAL: PISTON HIDRÁULICO P/
REGULAGEM DE INCLINAÇÃO LATERAL
(NECESSÁRIO COMANDO DUPLO)
GIRO DAS FACAS - 400 GPM
TRATOR: A PARTIR DE 40 CV
TRATOR: EQUIPADO COM BOMBA
ALIMENTAÇÃO CONTÍNUA.
EQUIPADA COM MOTOR HIDRÁULICO 10 CV
ACOPLAMENTO NA DIANTEIRA DO TRATOR
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