Estudo descritivo bibliogáfico sobre Transtornos Alimentares: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtornos da Compulsão Alimentar Periódica. Renata Silveiro Picelli1, Priscila Alexandroni 1, Irene Coutinho de Macedo Silva 2 1 Aluna do curso de graduação em Nutrição pela Universidade São Francisco, Bragança Paulista, SP, Brasil. 2 Coordenadora e professora do curso de Nutrição da Universidade São Francisco (USF), campus Bragança Paulista, SP, Brasil. Autor para correspondência Renata Silveiro Picelli Praça José Amalfi, nº 25, Jardim Flaibam CEP: 13260-000 – Morungaba - SP Telefone: (11) 9658-2207 e-mail: [email protected] Renata Silveiro Picelli: responsável pela condução da pesquisa, pelas revisões dos artigos e redação do manuscrito. . Priscila Alexandroni: responsável pela condução da pesquisa, pelas revisões dos artigos e redação do manuscrito. Irene Coutinho de Macedo Silva: orientadora e responsável pelo projeto de pesquisa, responsável pela revisão das análises e colaboração na redação final do trabalho 1 Resumo Este artigo tem como objetivo realizar revisão bibliográfica sobre o tema Transtornos Alimentares. Os principais transtornos abordados foram anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódica. Estes transtornos são resultantes de diversos fatores que interagem entre si e considerando a complexidade da patologia o tratamento deve ser multiprofissional. A anorexia nervosa e a bulimia nervosa são os transtornos alimentares mais freqüentes, sendo a incidência do primeiro de 8 por 100 mil habitantes e do segundo de 13 por 100 mil habitantes. Há também casos em homens, mas com um número menor comparado com as mulheres. As complicações clínicas também estão presentes tanto na anorexia quanto na bulimia, sendo a amenorréia a principal delas. Existem alguns fatores para internação hospitalar destes pacientes, que, entre outros estão ligados ao peso corporal e ao baixo índice de massa corporal. Os objetivos do tratamento seja farmacológico, nutricional ou ambulatorial são: a recuperação do peso, a cessação da perda de peso, melhora no comportamento alimentar, no estado psicológico e emocional. A complexidade de fatores e a incidência de transtornos alimentares exigem cada vez mais profissionais capacitados a atender este tipo de paciente para obter melhor resposta ao tratamento desejado. Como medida preventiva, sugere-se a implementação de programas informando a população sobre alimentação saudável e sua influência na qualidade de vida, envolvendo pais e familiares sobre os riscos do cuidado excessivo com a imagem corporal. Palavras-chave: Transtornos Alimentares, anorexia nervosa, bulimia nervosa, Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica. 2 Abstract This article has as objective accomplishes bibliographical revision on the theme Eating Disorders. The principal Eating Disorders were anorexia nervosa, bulimia nervosa and Binge Eating Disorders. These Eating disorders are resultants of several factors that interact to each other and considering the complexity of the pathology the treatment should be made by multiprofissional. The anorexia nervosa and the bulimia nervosa are the more frequent eating disorder, being the incidence of the first of 8 for 100 thousand inhabitants and of the second of 13 for 100 thousand inhabitants. There are also cases in men, but with a number minor compared with the women. The clinical complications are also present in the anorexia and in the bulimia, being the amenorrhea to main of them. Some factors exist for internment hospital of these patient ones, that, among others they are linked to the corporal weight and the low index of corporal mass. The objectives of the treatment are pharmacological, nutritional or ambulatory they are: the recovery of the weight, the ceasing of the weight loss, gets better in the alimentary behavior, in the psychological and emotional state. The complexity of factors and the incidence of alimentary upset demand professionals more and more qualified to assist this patient type to obtain better answer to the wanted treatment. As preventive measure, is suggested the implementation of programs informing the population about healthy feeding and yours influences in the life quality, involving parents and relatives on the risks of the excessive care with the corporal image. Keywords: Eating Disorders, anorexia nervosa, bulimia nervosa, Binge Eating Disorders. 3 Introdução Os transtornos alimentares são fenômenos resultantes da interação de fatores pessoais, familiares e socioculturais, caracterizados pela preocupação intensa com o alimento, peso e corpo1, e devido a complexidade desses transtornos, é exigido tratamento multiprofissional 2, tanto no contexto hospitalar quanto ambulatorial 3 . Os transtornos alimentares têm uma etiologia multifatorial, ou seja, são determinados por uma diversidade de fatores que interagem entre si, de modo complexo, para perpetuar a doença. Classicamente, distinguem-se os fatores predisponentes, precipitantes e mantenedores. Os fatores predisponentes são aqueles que aumentam a chance de aparecimento do transtorno alimentar, mas não o torna inevitável, e são caracterizados em três grupos: individual, familiar/ hereditário e sociocultural. Os fatores que precipitam a doença marcam o aparecimento dos sintomas dos transtornos alimentares que são: dietas para emagrecer e eventos de estresse. E finalmente, os fatores mantenedores que determinam se o transtorno vai ser perpetuado ou não, sendo que nele inclui o papel das alterações fisiológicas e psicológicas, produzidas pela desnutrição e pelos constantes episódios de compulsão alimentar, que tendem a perpetuar o transtorno 4. Testes neurológicos têm sido utilizados em diversos estudos comprovando alterações no Sistema Nervoso Central no individuo com transtornos alimentares. Alguns estudos demonstram que pacientes com anorexia nervosa caracterizam-se por déficits de atenção e viso-perceptivo. Já na bulimia nervosa, caracterizavam-se por anormalidades ligadas com funções executivas 5. Alguns estudos demonstram que os transtornos alimentares podem provir de influências genéticas. Estudos de genética molecular começam a identificar áreas do genoma que podem influenciar no risco destes distúrbios 6. A bulimia nervosa e a anorexia nervosa são os transtornos alimentares mais freqüentes. A anorexia nervosa é uma doença que leva o paciente à inanição, com uma perda de peso muito excessiva e com desgaste físico e psicológico. Pacientes anoréxicos tem uma distorção da imagem corporal e não se percebem magros, mas sempre gordos, continuando a não se alimentar corretamente 7. A incidência de anorexia nervosa é de aproximadamente de 8 por 100 mil habitantes 8. A bulimia nervosa não apresenta um risco tão sério do estado nutricional quanto à anorexia. Pacientes bulímicos, geralmente se mantém próximo ao peso normal ou algumas vezes tem sobrepeso. Indivíduos com bulimia nervosa também apresentam 4 distorções do tamanho normal de seu corpo, mas é menor comparado com a anorexia nervosa 7. A incidência de bulimia nervosa é de 13 por 100 mil habitantes 8. A incidência de transtornos alimentares em adolescentes praticamente dobrou nesses últimos vinte anos 9, pois os mesmos vivem o momento atual e não se importam com as conseqüências de seus hábitos alimentares, que podem ser prejudiciais 10 , e o número de casos novos teve um aumento constante entre 1955 e 1984 em adolescentes de 10 a 19 anos e a prevalência varia de 2% a 5% em mulheres adolescentes e adultas. Nos Estados Unidos é a terceira doença crônica mais comum entre adolescentes, só perdendo para a obesidade e a asma. Atualmente a magreza feminina é enfatizada como sinônimo de atrativo sexual, o que faz com que a sociedade rejeite a mulher obesa dessa associação de beleza, sucesso e felicidade com um corpo magro têm levado as pessoas à prática de dietas abusivas e de outras formas não saudáveis de regular o peso9. Os indivíduos obesos podem apresentar também possíveis diferenças comportamentais, que pode ter desencadeado o quadro de obesidade. Essa diferença comportamental pode estar ligada ao transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). Pacientes com TCAP estão associados com episódios de compulsão alimentar11. Os transtornos alimentares afetam predominantemente as mulheres jovens, com uma prevalência média de relação homem-mulher de 1:10 e até de 1:20. Essa diferença diminui entre populações de indivíduos mais jovens, nas quais os meninos correspondem de 19% a 30% dos casos de anorexia nervosa 8. A anorexia nervosa e a bulimia nervosa em homens não são muito compreendidas pelos profissionais de saúde. Homens que apresentam maiores chances de desencadear esses transtornos são os que têm preocupações com o peso ou sua forma corporal como os bailarinos, modelos, jóqueis, ginastas, nadadores, fisiculturistas, corredores, lutadores e homossexuais 12. Entre as atletas femininas é alta a incidência de transtornos alimentares, pois há muita desinformação sobre a dieta recomendada, tanto entre as atletas quanto seus treinadores que assume a responsabilidade pelo controle dietético. Assim sendo, algumas atletas comprometem sua própria saúde e esforçam-se para manter um determinado peso corpóreo, geralmente inadequado, com o percentual de gordura mais baixo que o recomendado 13. As principais causas de morte, devido a esses transtornos são: complicações cardiovasculares, insuficiência renal e suicídio 14. 5 O presente artigo tem como objetivo apresentar e discutir pesquisas publicadas sobre transtornos alimentares: anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódica, para ressaltar a importância de como abordar um paciente com transtorno alimentar, conhecer seus hábitos e comportamentos a fim de obter melhor resposta ao tratamento. 6 Metodologia Realizou-se uma revisão bibliográfica, utilizando como recurso de busca as bases de dados Scielo, Bireme e Biblioteca Virtual de Saúde Publica (BVS) sobre o tema transtornos alimentares. Foram selecionados artigos publicados entre os anos de 1998 e 2008. Os descritores usados na busca bibliográfica foram: transtornos alimentares, bulimia nervosa, anorexia nervosa, compulsão alimentar, transtorno da compulsão alimentar periódica. 7 Anorexia nervosa Historicamente, o termo anorexia vem de origem grega, onde “an” significa ausência ou deficiência de, e “orexis” apetite. Também se pode dizer enjôo do estômago, inapetência ou aversão à comida. Os primeiros indícios sobre esta condição surgiram em 106 a 43 anos antes de Cristo. O termo anorexia nervosa surgiu a partir de 1873 com Willian Gull 15. Hoje em dia a denominação anorexia nervosa é utilizada para identificar indivíduos com uma recusa alimentar extremamente deliberada, com objetivo de emagrecer ou por receio muito grande de engordar 15. A anorexia nervosa é caracterizada por um tipo de transtorno alimentar que envolve perturbações no comportamento alimentar, onde sua característica é o medo mórbido de engordar 16. Geralmente começa na adolescência, a restrição de alimentos, devido a uma má aceitação às mudanças corporais, associados a fatores psicológicos individuais e familiares e também ao culto a magreza, e isso pode desencadear um transtorno alimentar, como a anorexia nervosa 9. Niemeiyer e Kruse17 analisaram os discursos sobre o corpo da adolescente veiculados na revista Capricho que tem como público alvo adolescentes do sexo feminino e observaram que a maioria dos discursos está relacionado a um ideal de corpo associado à magreza. As autoras apontam que, ao mesmo tempo em que a revista não prega o emagrecimento, considera que engordar é um problema. Concluem que os discursos estimulam o comportamento anoréxico à medida que abordam excessivamente os temas: dieta, “malhação” e roupas para disfarçar o corpo. Os principais sintomas da anorexia nervosa são uma acentuada perda de peso, onde o indivíduo passa fome intencionalmente e apresenta-se muito magro, e, apesar disso, ainda se considera com excesso de peso. Em muitos casos é necessária a internação clínica para evitar a inanição18. Outros sintomas podem ser: distúrbios menstruais, perda de massa muscular e gordura corporal, irregularidades digestivas, arritmia cardíaca, desidratação, intolerância ao frio, cabelos finos e fracos, entre outros 13. Exercícios físicos intensos para a redução de peso também são um dos sintomas de anorexia nervosa, quase sempre despercebida pelos familiares. No conjunto de restrição alimentar e eliminação de certos tipos de alimentos, geralmente os que contêm carboidratos simples e gordura, o emagrecimento torna-se mais perceptível e 8 acentuado19. Além do exercício físico, indivíduos com este transtorno geralmente fazem uso de inibidores de apetite, diuréticos e laxantes 20. Os pacientes com anorexia nervosa apresentam dificuldades para lidar com alimento, apresentam medo, crenças e distorções sobre alimentação e nutrição. Geralmente costumam dizer ter grandes conhecimentos sobre alimentação, mas estão restritos somente ao conteúdo calórico e dietas de emagrecimento21. Segundo Saikali e col.22, a distorção da imagem corporal é um dos fatores necessários para o desenvolvimento da anorexia nervosa e sua melhora poderia ser temporária se não houvesse mudança corretiva na imagem corporal. Os fatores que podem desencadear anorexia nervosa são os individuais, familiares, hereditários e culturais. Fatores individuais, incluem obsessão, perfeccionismo, passividade e introversão. Fatores familiares e hereditários têm sido apontados como predisponentes para desenvolver transtornos alimentares. Estudos demonstram que a anorexia nervosa e a bulimia nervosa são mais freqüentes em parentes de primeiro grau dos pacientes com transtorno alimentar, do que parentes de primeiro grau em indivíduos saudáveis. Sobre a contribuição genética ainda faltam estudos conclusivos 4. Conforme o estudo de Dunker & Philippi9 os principais fatores da anorexia nervosa são: sexo, sendo mais predominante em mulheres, e idade, sendo que seu inicio é mais freqüente na adolescência. A prevalência de anorexia nervosa varia de 0,5 a 3,7%. A incidência é de aproximadamente 8 por 100 mil habitantes por ano. O abuso de substâncias para obter uma perda de peso mais acentuada é de 12 a 18% na anorexia nervosa 8. Dentre todos os distúrbios psiquiátricos a anorexia nervosa apresenta a mais alta taxa de mortalidade, sendo de aproximadamente 0,56% ao ano 14. Há também casos de anorexia nervosa em homens, mas o número exato não foi estabelecido, pois os homens são excluídos de muitos estudos devido ao baixo número de casos. A anorexia nervosa em homens é menor do que na bulimia nervosa. Em relação às complicações médicas, pacientes masculinos que sofrem deste transtorno atingem rapidamente problemas circulatórios devido à desidratação, já que as mulheres têm maior quantidade de gordura corporal, que as protege por maior tempo da desidratação. Sobretudo, homens com anorexia nervosa têm maior perda óssea do que as mulheres com o mesmo distúrbio 12. 9 O diagnóstico de anorexia nervosa deve ser por meio dos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) e da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 9. Segundo o DSM-IV há dois tipos de anorexia nervosa para diferenciar a ausência ou a presença de compulsões periódicas ou purgações durante o episodio de anorexia. No tipo restritivo o emagrecimento ocorre devido a dietas, exercícios em excesso e jejum. O tipo compulsão periódica ou bulímica ocorre quando o indivíduo dedica-se a purgações que estão ligadas a vômitos auto-induzidos, abuso no uso de diuréticos ou laxantes 16. As complicações clínicas são diversas tanto na anorexia nervosa quanto na bulimia nervosa, e essas complicações são: alterações metabólicas, sendo que as principais observadas são a hipercolesterolemia e a hipoglicemia. Na anorexia nervosa a mais freqüente é a hipercolesterolemia; alterações endócrinas; alterações ósseas e no crescimento, pois 50% das mulheres com anorexia nervosa estão com a densidade óssea abaixo da média, e quando ocorre na fase precoce da puberdade, é mais freqüente ocorrer osteopenia ou até mesmo osteoporose irreversível, facilitando a ocorrência de fraturas patológicas14. Essas condições podem ser decorrentes da baixa ingestão de cálcio, e em condições de baixa ingestão muito prolongada, o mesmo passa a ser retirado dos ossos, podendo causar vários prejuízos na sua densidade mineral 23 . Alterações hidroeletrolíticas, expõem o anoréxico a um maior risco de desenvolvimento de arritmias cardíacas. A hiponatremia é comum na anorexia nervosa e pode ser devido a grande ingestão de água e as flutuações do hormônio antidiurético (Antidiuretic Hormone (ADH)); alterações hematológicas, os achados mais decorrentes são a anemia e a leucopenia; alterações visuais; alterações cardiovasculares; alterações pulmonares; alterações renais e alterações gastrintestinais 14. Em um estudo feito em pacientes com anorexia nervosa, foi observado que os mesmos apresentavam tempos de reação e velocidade motora inferiores e lentidão motora 5. Para a internação hospitalar são indicados indivíduos com anorexia nervosa caracterizados como: o peso corporal 75% do peso mínimo esperado; o IMC abaixo de 13 a 14 Kg/ m2 ; alterações hemodinâmicas, hidroeletrolíticas e metabólicas como: hipotensão arterial grave, hipotermia, hipoglicemia, bradicardia e hipopotassemia; e alterações físicas de ameaça a sobrevivência do paciente, como: disfunções cardíaca, renal ou hepática, desidratação ou desnutrição grave24. 10 Em um estudo de Salzano & Cordás foram comparados o uso de placebo e fluoxetina, os resultados demonstraram ganho de peso e melhora na psicopatologia, no humor e nos pensamentos somente para pacientes que usaram fluoxetina, recomendando o uso da droga na prevenção de recaídas 25. Alvarenga & Larino21 propõe a dietoterapia como um processo integrado, no qual o nutricionista e a equipe trabalham juntos para modificar os comportamentos relacionados ao peso e à alimentação. A reabilitação nutricional deve alcançar uma dieta balanceada e suficiente para atingir as necessidades do paciente com a doença e recuperar o estado nutricional 21. No tratamento ambulatorial, os objetivos da reabilitação nutricional são: a recuperação do peso, a cessação da perda de peso, melhora no comportamento alimentar, no estado psicológico e emocional 21. 11 Bulimia nervosa Historicamente, o termo bulimia nervosa provém do grego, onde “bous” significa boi e “limos” fome, entendendo que um homem poderia comer um boi ou quase 15 . O termo boulimos já era usado séculos antes de Cristo. Hipócrates o usava para designar uma fome doentia, que não era igual a fome fisiológica. Em 1973 foi descrito a true boulimos para episódios de grande ingestão de alimentos e preocupações imensas com os mesmos, seguidos de desmaios e vômitos após estes episódios 26. Em alguns relatos de casos descrito em 1979 por Russel, sugeria-se que seria uma evolução de anorexia nervosa. Nos anos 50 essa doença foi descrita entre pacientes com anorexia nervosa e mais tarde entre obesos e nos anos 70 , pesquisadores identificaram sintomas de bulimia nervosa em mulheres jovens com peso normal. Nomes diferentes já foram dados para esta doença, mas o termo hoje utilizado é bulimia nervosa 15. A bulimia nervosa é um transtorno que possui episódios de ingestão de uma grande quantidade de alimentos, em um espaço curto de tempo, que dura em média 2 horas 27 , mas não, obrigatoriamente, em um único lugar, pois pode se prolongar por maior tempo28. O individuo apresenta falta de controle durante as crises e tem comportamento inadequado com objetivo de prevenir o aumento de peso pela falta de controle na hora de comer 27 e aliviar sua culpa e vergonha 29 , por essa razão faz uso excessivo de laxantes, diuréticos e/ ou outros medicamentos, jejuns ou exercícios físicos intensos e também a auto-indução do vômito 27. O desejo pela comida afeta o comportamento alimentar por reforço negativo, ou seja, hesitação ou fuga para o organismo como, por exemplo, fome ou estados negativos de espírito como tristeza e ansiedade. Foram consideradas as teorias baseadas no efeito da comida como suas propriedades sensoriais agradáveis, isto é, cheiro, sabor, textura, entre outros. Deste modo, estas influências fazem com que haja uma procura de bemestar para o organismo 30. O exagero no consumo desencadeia ansiedade e medo de engordar, levando aos comportamentos compensatórios inadequados para controle de peso, consolidando-se o ciclo "dieta -> episódio de compulsão alimentar -> purgação". Este comportamento alimentar é muito estressante para o paciente, e ele necessita readquirir controle antes de se envolver com outras patologias psicoterápicas 21. A auto-estima do paciente bulímico é influenciada pelo peso e forma do corpo 31 . Pode-se afirmar que indivíduos com bulimia acreditam que uma maneira de resolver o seu 12 problema de insegurança pessoal é através de um corpo perfeito e curvilíneo, e para alcançar seu desejo, fazem práticas de dietas impossíveis de serem seguidas e desenvolvem atitudes radicais com um pensamento de que estar magro é um dos caminhos para se obter a felicidade 32. Em relação a calorias há relatos de ingestão em média de três a quatro mil calorias por episódio, mas já foram evidenciados relatos com ingestão de até vinte mil calorias 32. Segundo Claudino e Borges28 a bulimia não tem apenas o objetivo de saciar uma fome exagerada, mas está ligada a uma série de estados emocionais ou situações de estresse. A prevalência de bulimia nervosa varia entre 1,1 a 4,2% e sua incidência é de 13 por 100 mil habitantes por ano. O abuso de substâncias na bulimia nervosa está entre 30 a 37%. Alguns estudos demonstram índices de recuperação que variam de 50% a 70%, mas as recaídas estão em torno de 30% a 50%. As taxas de mortalidade estão entre 0,3% a 3% 8. A bulimia nervosa também apresenta complicações clinicas como: alterações endócrinas e pode-se citar a amenorréia, o nível basal de hormônio do crescimento pode estar aumentado, hipercortisolemia, elevação no cortisol livre urinário; alterações ósseas e do crescimento; alterações hidroeletrolíticas; alterações hematológicas; alterações renais; alterações visuais e dos fâneros, como úlceras e escoriações dorsais na superfície das mãos e presença de calos nos dedos podem ser constatadas devido à decorrência de vômitos excessivos; alterações cardiovasculares; alterações pulmonares como a taquipnéia que pode ocorrer da acidose metabólica devido ao uso de laxantes e ainda a bradipnéia devido a alcalose metabólica em conseqüência freqüente alta de indução do vomito; e alterações renais 14. Devido ao ritual secreto desta doença, o diagnóstico de bulimia nervosa é muito difícil, sendo que impede a prevenção cedo do tratamento 29. Segundo Alvarenga & Larino21 entender o comportamento bulímico e suas alterações é o começo para o tratamento nutricional da bulimia nervosa, um conhecimento mais profundo do comportamento alimentar faz com que o planejamento da intervenção nutricional seja necessário para melhorar a qualidade da dieta desses pacientes. O aconselhamento dietético para evitar alimentos e bebidas ácidas, reduzindo a sua ingestão, especialmente na última refeição noturna, tem sido relatado como importante contribuição no tratamento dos pacientes bulímicos 33. 13 Raramente pacientes com bulimia nervosa necessitam de internação hospitalar completa, mas as principais indicações clínicas são conseqüentes de sintomas purgativos persistentes como: convulsões, hipocalemia e alterações hemodinâmicas. As indicações psiquiátricas são para casos graves onde não houve resposta ambulatorial adequada, como risco de suicídio e quando ocorre comportamento purgativo que necessitam constantemente de supervisão durante e após as refeições 24. As metas do tratamento são: a normalização do padrão alimentar com a interrupção dos episódios bulímicos e práticas compensatórias como as medidas purgativas e restritivas; orientação nutricional com ganho de peso e identificação de alterações psicológicas que reforcem o transtorno alimentar. A oferta calórica é gradativamente aumentada até atingir o nível adequado para a altura e idade do paciente bulímico. A psicoterapia tem importância muito grande para a recuperação dos pacientes. As modalidades que mais contribuem são de enfoque psicoeducacional, comportamentalcognitivo e terapia interpessoal . O apoio psicológico inclui terapia familiar ou de casal, englobando parentes que tenham maior afinidade com o paciente que sofre este transtorno 34. Assim sugere-se o acompanhamento de equipe multiprofissional incluindo tratamento medicamentoso psicológico, orientação nutricional, técnicas educacionais, acompanhamento médico-endocrinológico e orientação ou tratamento familiar 31. 14 Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) A obesidade é definida quando a composição corporal apresenta níveis de gordura maiores que o normalmente esperado, ou seja, maiores que 26% da composição corporal35. Muitos pacientes obesos referem ingestão alimentar compatível com os parâmetros da normalidade. Alguns, involuntariamente, ocultam parcela significativa do volume energético ingerido. É por esta razão é extremamente difícil medir a quantidade de energia consumida. Pesquisa mostrou, que 70% dos obesos informam valores fisiologicamente improváveis de energia ingerida 36. Há várias e constantes tentativas de classificar os obesos, a fim de melhor tratá-los, mas esta divisão torna-se difícil na medida em que pessoas obesas não compõem um grupo homogêneo; ao contrário, é um grupo bastante heterogêneo. Porém, observou-se que há uma população de obesos com características semelhantes, que não respondem a tratamento comportamental para perda de peso e apresentam altos índices de transtornos do humor e de transtornos de ansiedade. Esses obesos apresentam compulsão alimentar e TCAP e, mesmo apresentando alto grau de sofrimento, geralmente não recebem tratamento especifico e adequado 35. O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) é uma categoria de diagnóstico recente. A característica deste transtorno são os episódios de compulsão alimentar, onde o paciente ingere uma quantidade muito grande de alimentos num curto período, seguido de uma sensação de perda de controle sobre o seu comportamento 37 alimentar . O tempo de duração deve ser delimitado, em torno de duas horas no 28 máximo . Este episódio é seguido por uma intensa aflição, caracterizada por sentimentos de ansiedade, tristeza, culpa e vergonha 38. Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios devem ocorrer por pelo menos dois dias por semana durante 6 meses, em conjunto com algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso 11 . A descrição desta síndrome surgiu pela necessidade de diferenciar indivíduos obesos com compulsão daqueles sem compulsão alimentar e dos bulímicos 28. A compulsão alimentar, foi descrita pela primeira vez por Stunkard em 1959, no sentido de uma ingestão de enormes quantidades de comida em um curto espaço de tempo, seguida por sentimentos de desconforto físico e de condenação. A partir da década de 70, começou-se a pensar na compulsão alimentar como uma síndrome. Em 1977, desenvolveram critérios de diagnósticos para a síndrome da compulsão alimentar periódica como: ingestões rápidas, impulsivas, episódicas e sem controle de grandes 15 quantidades de alimentos em um período de tempo relativamente curto; o episódio termina apenas quando há desconforto físico, como dor abdominal. Vômitos autoinduzidos podem ocorrer, mas não são necessários para o diagnóstico 35 A TCAP ocorre em indivíduos com peso normal e em indivíduos obesos. Em obesos que procuram programas para controle de peso, estima-se a freqüência de 5 a 30% do transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). No Brasil, encontraram prevalências de TCAP entre 15% e 22% em pacientes que procuravam tratamento para emagrecer 39 . Entre os pacientes que se submeteram a cirurgia bariátrica, esta prevalência pode variar de 27% a 47%. Aproximadamente 20% dos indivíduos que se identificam como portadoras de compulsão alimentar possuem diagnósticos de TCAP. A dimensão variada encontrada na prevalência do TCAP é devida, em parte, às variações das definições de compulsão40. Geralmente o TCAP acomete indivíduos de todas as raças, com distribuição aproximada entre os sexos, sendo três mulheres para cada dois homens, na maioria das vezes tem início no final da adolescência. Mulheres com esse diagnóstico apresentam índice de massa corporal mais alto do que mulheres sem TCAP, assim como oscilações de peso mais freqüentes e maior dificuldade em aderir ou manter ou manter o peso ao tratarem a obesidade41. O TCAP é diferente da bulimia nervosa em alguns pontos. Os portadores de TCAP costumam apresentar índice de massa corporal (IMC) maior do que portadores de bulimia nervosa. Além disso, pacientes com bulimia nervosa fazem uso de dietas e perda de peso, enquanto que os comportamentos prévios do TCAP são mais variáveis. Pacientes com bulimia nervosa mostram maiores níveis de restrição alimentar comparado aos portadores de TCAP 11. Sendo o TCAP uma categoria diagnóstica muito recentemente, o estudo da terapia farmacológica ainda se encontra em estágio inicial. Algumas das informações sobre a eficácia terapêutica de agentes farmacológicos no TCAP derivaram de estudos com pacientes portadores de BN do tipo não-purgativo. O tratamento do TCAP deve analisar vários aspectos da sua apresentação clínica como: as alterações do comportamento alimentar, as manifestações psicopatológicas associadas, isto é, sintomas depressivos e alterações da imagem corporal e a obesidade 42. 16 Conclusão Os hábitos alimentares inadequados são cada vez mais freqüentes em nossa sociedade. A obsessão pela beleza e magreza feminina está aumentando gradativamente ao longo dos anos, desencadeando os mais diversos transtornos alimentares. Diante deste quadro é extremamente necessário o aumento no número de profissionais habilitados e capacitados a diagnosticar e tratar pacientes acometidos por esses transtornos. Relevante considerar que o acompanhamento e tratamento de transtorno devem ser realizados por uma equipe de saúde multiprofissional, incluindo médico clínico, psiquiatra, nutricionista, enfermeiro e psicólogo. Considerando a relevância dessas patologias, sugere-se que órgãos públicos implementem programas de educação profissional como, por exemplo, fazer reuniões, discussões com pais e filhos sobre alimentação saudável, discutir a importância do alimento sobre a vida, dizer como uma alimentação inadequada pode prejudicar suas vidas futuras. Implementar no ensino básico e fundamental matéria de nutrição e campanhas educativas para pais de adolescentes sobre os riscos de obsessão a magreza e repulsa doentia pela obesidade. 17 Referências bibliográficas 1. Souto S, Ferro-Bucher JSN. Práticas indiscriminadas de dietas de emagrecimento e o desenvolvimento de transtornos alimentares. Rev. Nut. 2006; 19 (6): 693-704. 2. Gorgati SB, Holcberg AS, Oliveira MD. 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