SÓLITONS EM UMA LINHA DE TRANSMISSÃO ELÉTRICA NÃO-LINEAR DISPERSIVA Robson Vieira de Farias Filho1, Eduardo dos Santos Ferreira2, Regina Maria Ricotta3 1,2,3 Faculdade de Tecnologia de São Paulo [email protected], [email protected] 1. Introdução 3. Resultados A primeira observação documentada de uma onda solitária na água foi feita por John Scott Russell em 1834, que notou algumas características importantes deste fenômeno [1]. Sólitons são ondas solitárias muito estáveis que se propagam sem alterar sua forma. A razão para que isto ocorra é que os efeitos dispersivos e de não linearidade são equilibrados, descritos por equações diferenciais não-lineares integráveis, como a equação de KdV, por exemplo. O objetivo deste projeto é analisar a propagação de sólitons através de uma linha de transmissão elétrica não-linear dispersiva de 98 células. A não-linearidade surge na linha porque a capacitância do diodo depende de sua voltagem, enquanto a dispersão acontece porque a linha tem um número finito de células [1]. A solução da equação de KdV para este caso é ( 3 v2 − v2 3 v 2 − v02 0 2 V= sec h 2 2b v v0 ) (x − vt ) , (1) δ Figura 2 - Relação entre capacitância e tensão. Pode-se observar que os pulsos retangulares gradualmente vão se transformando semelhantemente a forma de sech2 ao passar por cada célula, conforme a equação (1) que descreve sólitons, com pouca variação de velocidade, Figura 3. sendo V a tensão, v a velocidade, v0 a velocidade inicial, δ o número da célula onde a onda está localizada e b o parâmetro não linear devido ao componente. 2. Procedimento Experimental Utilizou-se uma linha de transmissão previamente montada [2], construída com 98 células, sendo que cada célula é constituída por um indutor de 47µH e um capacitor não-linear que consiste em um diodo MV209. Para minimizar o efeito de reflexão do sinal, foi colocado no terminal do circuito um resistor variável, Figura 1. Figura 1 - Linha de transmissão. Foram testadas as duas propriedades principais para que o circuito pudesse propagar sólitons [3], a dispersão e a não-linearidade. Observou-se o comportamento nãolinear que é devido aos diodos (Figura 2), mas não foi possível o mesmo com a dispersão, já que não podíamos obter altas freqüências com o gerador de funções utilizado. Para gerar sólitons na linha de transmissão, utilizaram-se pulsos positivos retangulares, com freqüência de 63,3 kHz e amplitude de 6,8 Vpp. Figura 3 – Forma de onda na célula 98 4. Conclusões Por meio deste trabalho foi possível notar algumas características da propagação de sólitons em uma linha de transmissão elétrica não-linear dispersiva, como velocidade e forma constante, que são informações importantes para estudos futuros e completa observação destas ondas. A linha de transmissão elétrica mostra-se assim como um meio laboratorial promissor para a direta e simples observação de sólitons. 5. Referências [1] M. Remoissenet, Waves called solitons: Concepts and Experiments, Spring-Verlag, 1999. [2] R. J. C. Pinto, R. M. Ricotta e E. S. Ferreira, Boletim Técnico da Fatec/SP, BT21, (2006) 66. [3] Solitons on a Nonlinear Transmission Line, R. Lindberg, Physics Dept., UIUC, 1999. 1 Aluno de iniciação Científica do PIBIC-CNPq