PULSOS DO TIPO SÓLITON EM FIBRAS ÓPTICAS Nome Renato Juliani Ribamar Vieira1, Regina Maria Ricotta2 1,2 Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP [email protected], [email protected] 1. Introdução Desde a primeira observação de uma onda solitária, feita por Russell, em 1834, na forma de uma onda aquática [1], as ondas não-lineares têm fascinado cientistas do mundo inteiro. Do ponto de vista matemático, sólitons são soluções de equações diferenciais, não-lineares integráveis. Do ponto de vista prático, são ondas capazes de se propagarem com forma inalterada por distâncias muito elevadas, através do balanceamento entre a não-linearidade juntamente com termos de derivadas superior. Por este motivo, foi proposto que sólitons pudessem ser utilizados em telecomunicações, e a partir de então, vários desenvolvimentos tecnológicos foram realizados para sua propagação via fibras ópticas [2]. pelo pulso. A Figura 1 mostra as formas de dois pulsos após se propagarem por 125 e 310km por um guia óptico. Note que após 310km o pulso linear é completamente irresolvível. 2. Propagação do pulso via fibras ópticas No sistema de comunicação digital, a informação enviada é primeiramente codificada na forma de pulsos luminosos e transmitida por um transmissor (fibra óptica) para um receptor, onde a informação é decodificada. Dessa forma, quanto maior a quantidade de pulsos que podem ser enviados em um intervalo de tempo, e ainda serem determinados pelo receptor, maior será a capacidade de transmissão do sistema [3]. Entretanto, existem efeitos que induzem a um alargamento do pulso luminoso que se propaga em uma fibra óptica. Assim, nos sistemas de comunicação atuais, os sinais devem ser regenerados para assegurar que a informação seja inteiramente captada pelo receptor; processo realizado por regeneradores ou repetidores de sinais. São dois os efeitos sofridos pelo pulso que se destacam: - O efeito dispersivo (GVD – dispersão de velocidade de grupo) ocorre devido à dependência de cada comprimento de onda do pulso, que se propaga pela fibra, com o índice de refração do meio. Dessa forma, cada componente espectral do pulso apresentará uma velocidade, gerando um alargamento do envelope do pulso. Um pulso com estas características terá a freqüência instantânea dependente do tempo; para este efeito dá-se o nome de chirp. - O efeito não-linear da automodulação de fase (SPM) ocorre devido à variação do índice de refração como função da intensidade em um meio óptico não linear. Esse fenômeno leva a um alargamento espectral do pulso, mantendo a forma temporal inalterada. Através de um estudo dos efeitos combinados das freqüências induzidas pela dispersão da velocidade de grupo (GVD) e automodulação de fase (SPM), pode-se ter um balanceamento destes efeitos de forma a produzir uma onda estável (sóliton). Esta compensação pode ser alcançada através de uma escolha adequada da forma do pulso (uma secante hiperbólica) e da potência carregada Fig.1 – Forma de um pulso do tipo sóliton e um linear após se propagarem por um guia óptico. A evolução de um pulso óptico se propagando através de um meio dispersivo não-linear é aproximadamente governada pela equação de Schrödinger não-linear (NLSE): ∂f 1 ∂f 1 ∂2 f − α − i + + Γ f vg ∂ t 2 ∂t 2 ∂z 2 f = 0 (1) com α sendo o termo de dispersão e Γ o termo de nãolinearidade. 3. Conclusão Mesmo com as vantagens de não ser necessária a utilização de regeneradores de sinais, e oferecer altas taxas de transmissão ao se utilizar pulsos do tipo sóliton, o custo das fibras ópticas com as propriedades dielétricas desejadas é um fator que pesa contra a utilização destes pulsos. Por este motivo ainda não são utilizados em telecomunicação. Evidentemente, os sinais do tipo sóliton somente irão prevalecer caso ofereçam altas taxas de transmissão a baixos custos. 4. Referências [1] R.L. Herman, Soliton Propagation in Optical Fibers. http://people.unew.ed/hermanr/research/solitons/html [2] W. Galléas, L.H. Ymai, P.L. Natti, E.R. Takano Natti, Rev. Bras. Ens. Fis., V.25, n.3 (2003). [3] A.Ghatak and K. Thyagarajam, Introduction to Fiber Optics, Cambridge University Press, 1998. 1 Aluno de IC do CNPq.