V EVFITA – 8 a 10 de fevereiro de 2010 ITA - São José dos Campos Sistemas Dinâmicos Aplicados a Missões Espaciais Profa Dra Maisa de Oliveira Terra ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica Departamento de Matemática São José dos Campos, SP [email protected] V Escola de Verão de Física do ITA 8 a 10 de fevereiro de 2010 Sistemas Dinâmicos Aplicados a Missões Espaciais Profa Dra Maisa de Oliveira Terra ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica Departamento de Matemática São José dos Campos, SP [email protected] Esboço do Curso I: 1ª Aula: Introdução e Definições Gerais 2ª Aula: Projeto de Missões no Contexto do PR3C Parte Teórica 3ª Aula: Aplicações e Extensões a PR4C Esboço da 1a Aula: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Motivação Geral: o caso de N corpos O Problema de 2 Corpos Análise de Missões Interplanetárias O Conceito de Esfera de Influência Tipos de Manobras Orbitais Métodos Impulsivos Mais Importantes Transferência de Hohmann Transferência Bi-Elíptica Tri-Impulsiva Método Patched Conic e Manobras de Swing-By 7. Definições de Captura 8. Conjuntos Invariantes de Interesse Esboço da 2a Aula: 1. Objetivo e motivação 2. O Problema de N=3 Corpos ─ Caso Restrito Circular Planar ◦ Pontos de Equilíbrio ou Lagrangeanos ◦ Constante de Jacobi e Regiões de Hill ◦ Órbitas Periódicas de Poincaré e Halo ◦ Aplicações dos Pontos Lagrangeanos em Missões 3. Elementos Dinâmicos Relevantes do P3CRCP ◦ Conjuntos Invariantes Associados ◦ Contribuições de Conley – McGehee – Llibre, Martinez e Simó ◦ Existência de Órbitas Trânsito e de Orbitas Homoclínicas 4. Existência de Conecções Heteroclínicas 5. Aproximação de “Patched-3B” Esboço da 3a Aula: 1. Transferências Terra-Lua 2. Proposta da Fronteira de Estabilidade Fraca de Ed. Belbruno 3. Sistema Júpiter e suas 2 Luas 4. Extensão ao PR4C 5. Aplicações em outras Áreas Motivação: O Problema de N Corpos Considere o Problema de N corpos, N ≥ 2. Seja o movimento de N pontos materiais Pk de massa mk >0, k=1,2,…,N, em um espaço tridimensional sob ação da força gravitacional. Sabemos que teremos como Equações de Movimento: 3N EDOs de 2a Ordem (descrição newtoniana) ou, alternativamente, 6N EDOs de 1a Ordem (descrição hamiltoniana) Para N≥2, a partir das Leis Clássicas da Conservação da Quantidade de Movimento (6), da Energia (1) e do Momento Angular (3):Conjunto de 10 integrais algébricas independentes (3): (integrais primeiras de movimento) que podem ser usadas para reduzir a dimensão efetiva do espaço de fases ou do espaço de coordenadas. Motivação: Alguns Casos de Interesse Vôo de uma sonda espacial da Terra para Marte 4 Corpos: Sol, Terra, Marte, Sonda Duas possíveis abordagens preliminares: • Baseada em P2C: Missão pode ser dividida em 3 partes: 1ª fase: Terra - Sonda (próximo a Terra) 2ª fase: Sol - Sonda (vôo interplanetário) 3ª fase: Marte - Sonda (próximo a Marte) • Baseada em P3C: Missão pode ser dividida em 2 partes: 1ª fase: Sol - Terra - Sonda (próximo a Terra) 2ª fase: Sol - Marte - Sonda (próximo a Marte) Motivação: Vôo Direto de uma sonda espacial da Terra para Lua 3 Corpos: Terra, Lua, Sonda • Possível abordagem preliminar baseada em P2C: Missão pode ser dividida em 2 partes: 1ª fase: Terra - Sonda (próximo a Terra) 2ª fase: Lua - Sonda (próximo a Lua) Vôo de uma sonda espacial da Terra para Lua com Assistência Gravitacional do Sol 4 Corpos: Sol, Terra, Lua, Sonda • Possível abordagem preliminar baseada em P3C: Missão pode ser dividida em 2 partes: 1ª fase: Sol - Terra - Sonda (próximo a Terra) 2ª fase: Terra - Lua - Sonda (próximo a Lua) Revisão Histórica – Macro da Mecânica Celeste Segundo Szebehely (Adventures in Celestial Mechanics) pode ser dividida em 4 partes: (1a) ~2000 anos: inicia com Aristóteles, inclui Ptolomeu, Copérnico, Brahe, Galileu e Kepler. (2a) Clássica (provavelmente a mais significante do ponto de vista científico): Newton, Descartes, Leibnitz, Euler, Clairaut, D’Alembert, Lagrange, Laplace, Legendre, Gauss, Poisson, Encke e Hamilton. (3a) Moderna (Século 19): Hill, Tisserand, Poincaré, Moulton, Whittaker, Birkhoff. (4a) Século 20: Arnould, Brouwer, Duboshin, Herget, Herrick, Kolmogorov, Moser,Siegel, Wintner e outros. 9 Papel importante em Astronáutica por três motivos: 1. Único problema em astrodinâmica para o qual existe solução completa e geral (a exceção de casos particulares de PR3C). 2. Grande variedade de problemas práticos podem ser tratados como P2C. 3. O efeito de outros corpos, em muitos casos, pode ser tratado como uma perturbação desse sistema. Breve Histórico: Para os antigos astrônomos babilônicos, gregos e egípcios o maior interesse era prever as posições do Sol, da Lua e dos planetas na esfera celeste a fim de obter um calendário exato e previsão exata de datas de eclipses. Ptolomeu – (151-127 a.C) – astronomia geocêntrica. A crença de mais de 1500 anos foi transcrita por Ptolomeu em sua obra Almagest: Esfera de estrelas gira em torno da Terra, Terra que está no centro, e demais corpos estão movendo-se separadamente em círculos perfeitos em esferas distintas. distintas Breve Histórico: Ptolomeu – (151-127 a.C) – astronomia geocêntrica (por 17 séc) Descrevia o movimento aparente dos astros (Sol, Terra, 5 planetas conhecidos e estrelas) como órbitas epicíclicas (Obra: Almagest). 1a Quebra de Paradigma: mudança do centro do Universo da Terra p/ o Sol Nicolau Copérnico – (polonês, 1473-1543) – influenciado por filósofos gregos (Pitágoras, Heráclides, Aristarco,…) propõe a teoria heliocêntrica, porém sem comprovação experimental. Evento contemporâneo a descoberta da América e o fim da escura Idade Média. Em 1609, Galileu Galilei (1564-1642) construiu o 1o telescópio. Dentre suas descobertas: de que Júpiter pode ser considerado como o centro de um sistema planetário com seus 4 satélites (suporte observacional a teoria heliocêntrica que passa a ser aceita); as fases de Vênus; os anéis de Saturno; crateras e montanhas na Lua. Tycho Brahé (1546-1601) - astrônomo dinamarquês - observou por anos o movimento dos astros e obteve uma grande quantidade de dados acurados em relação a suas posições. Johannes Kepler – alemão (1571-1630) – discípulo de Tycho Brahé. De 1601 a 1603 procura reconciliar teoria existente com dados observacionais precisos sobre a posição de Marte. 2a Grande Quebra de Paradigma: Conclusão: movimento em círculos divinamente perfeitos Æ elípses. Dois aspectos favoreceram suas descobertas: (i) dados observacionais cuidadosos e, (ii) a exceção de Mercúrio, órbita de Marte era a mais excêntrica. Descrição de Kepler do Movimento Planetário: Em 1609: (Astronomia Nova) 1ª Lei: A órbita de cada planeta é uma elípse com o Sol em um dos focos. 2ª Lei: (Lei das Áreas) O raio vetor que une o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. Em 1619: 3ª Lei: (Lei Harmônica) O quadrado do período de revolução de um planeta é proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol. O Pôrque: Isaac Newton (1642-1727) – no livro Principia (3 leis de movimento + LGU) Lei da Gravitação Universal: 2 corpos quaisquer se atraem mutuamente com uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância GMm r que os separa. − 29 3 2 F=− r 2 r , G = 6 , 673 x10 m /kg.s Solução do Problema de 2 Corpos: Hipóteses simplificadoras: • corpos perfeitamente esféricos → massas puntuais (pontos materiais) • única força do sistema é atração gravitacional mútua entre os 2C. Sejam: - o sistema inercial de referência Oxyz e - os pontos materiais P1 e P2 com massas M e m e posições r1 e r2 Assim, definindo r = r2 − r1 , temos um Sistema de 6 EDOs de 2a Ordem (2 corpos x 3 GL): &r&1 = Gm r , 2 r r &r&2 = − GM r r2 r cuja solução envolve 12 constantes arbitrárias de integração. Espaço de fases: 2x3x2 dimensões Sistema Integrável: devido às constantes de movimento Integrais de Movimento ou Integrais Primeiras do P2C Seja o centro de massa do sistema, cuja posição é rCM = Mr1 + mr2 M +m tal que Mr1 + mr2 = at + b a e b representam 6 constantes de movimento. Î CM em MRU com velocidade a ( M + m)−1 e posição inicial b ( M + m)−1 Podemos associar ao CM um sistema inercial de referência // ao sistema Oxyz , se deslocando com velocidade constante, obtendo-se 6 EDOs desacopladas. Novas posições: r1 ' e r2 '. Integrais de Movimento ou Integrais Primeiras do P2C • Integral de Energia (energia mecânica específica): 1 μ ε = υ 2 − , onde υ é a magnitude do vetor velocidade e μ = GM . 2 r • Integral do Momentum Angular: h = r × r& Ö r ⋅ h = r& ⋅ h = 0 → h é perpendicular ao plano definido pelos vetores r e r&. Como h é constante → movimento restrito ao plano orbital. Ö Segunda Lei de Kepler • Vetor de Laplace-Runge-Lenz: B = r& × h − μ r r Ö B ⋅ h = 0 → B está no plano da órbita, definindo uma direção. ε , h correspondem a 4 constantes e B a apenas 1 constante Obs.: Existe outra relação entre B e h. → 5 Integrais de Movimento Independentes Def 1.: Quando duas ou mais integrais de movimentos I1, I2 existem para um sistema de equações diferenciais ordinárias, estas são chamadas independentes se os vetores gradientes ∂ r ,r& ,t ≡ (∂ r1 ,K, ∂ rN , ∂ r&1 ,K, ∂ r&N , ∂ t ) de I1 e I2 são independentes. Isto implica que o posto da matriz de ordem 2x(6N+1) ∂ ( I1 , I 2 ) ∂ (r1 ,K, rN , r&1 ,K, r&N , t ) é em geral 2. Equação de Trajetória h2 μ r= 1 + ( B / μ ) cos f f , denominado anomalia verdadeira, é o ângulo entre r e B Equação geral de uma seção cônica em coordenadas polares com a origem localizada em um dos focos e ângulo f corresponde ao ângulo entre o raio vetor r e a direção associada ao ponto da curva mais próximo do foco. r= p 1 + e cos f Tipo de seção cônica: • Círculo: e=0 • Elipse: 0<e<1, • Parábola: e=1, • Hipérbole: e>1 onde p é o semi-latus rectum e e é a excentricidade. Em 3 dimensões, precisamos de 6 Elementos Orbitais para representar a dinâmica, que são as seguintes variáveis do: Tipo ação: 1. Semi-eixo maior a, 2. Excentricidade da órbita e, 3. Inclinação i (do plano orbital, com relação a um sistema inercial. Tipo ângulo: 4. 5. Longitude do nodo ascendente Ω Argumento do periapsis (ou pericentro ou periélio) ω 6. Anomalia verdadeira v. Obs: Movimento no Sistema Solar não está confinado a um único plano orbital. Neste diagrama, o plano orbital (amarelo) intersepta um plano de referência (cinza). Para satélites orbitando a Terra, o plano de referência é geralmente o Equador da Terra, e para satélites em órbitas solares é plano de revolução da Terra em redor do Sol, chamado plano eclíptico. Direção do Equinócio Vernal (♈): linha de referência a partir do Sol a um ponto fixo na esfera celeste. Corresponde ao 1o dia de primavera no hemisfério Norte, apontando à constelação de Áries. A intersecção é chamada a linha dos nodos, uma vez que conecta o centro de massa com o nodo ascendente (ponto onde a órbita intersecta o plano de referência) e o nodo descendente. O ângulo entre a linha de referência até o nodo ascendente é a Longitude do Nodo Ascendente Ω. Este plano, junto com o Ponto Vernal, (♈), estabelece o sistema de referência. Análise de Missões Espaciais Interplanetárias: Método “Patched Conic”: Análise de uma missão complexa, envolvendo uma EN e vários corpos celestes como uma seqüência de P2C, no qual um dos corpos é sempre a EN. Justificativa: EN é suficientemente próxima a um corpo celeste, tal como da Terra, de modo que a força de atração gravitacional dos outros corpos (Sol, Lua e outros planetas) pode ser desprezada. Então trata-se do P2C Terra-EN. Def.: A região dentro da qual esta aproximação é válida é chamada Esfera de Influência (SOI) da Terra. Cada corpo celeste tem uma Esfera de Influência. No sistema solar, se um corpo está fora da SOI de planetas e lua, considera-se a órbita em torno do Sol. Com a aproximação de missão complexa como uma seqüência de P2C, usa-se órbitas cônicas para descrever as várias fases da missão. Trajetórias “Planetary Flyby” ou “Gravity-Assist”: Encontros ocorrem dentro da SOI do Planeta de Flyby. Flyby planetário tem sido usado extensivamente por EN interplanetárias. Exs: • Voyager 1 voando de Júpiter a Saturno; • Voyager 2 voando por Júpiter, Saturno, Urano e Netuno em 1989; • ICE (Interplanetary Cometary Explorer) flyby pela Lua em direção ao Cometa Giacobinni-Zinner em 1984; e • Galileu, usou uma trajetória VEEGA: Venus-Earth-Earth Gravity-Assist, explorando um flyby de Venus seguido de 2 flybys da Terra, antes de atingir Júpiter, em 1995. Obs: Missão Galileu foi finalizada em Set 21, 2003 (14 anos de duração explorando Júpiter e arredores (9 Luas e anel). SOI da Terra: região dentro da qual, pode-se como uma aproximação desprezar as forças gravitacionais na EN devido ao Sol, Lua e outros planetas e analisar o Problema como um P2C Terra-EN. Buscando uma definição correta: Uma Definição Simplísta de SOI: a força na EN devido à Terra é maior que a força na EN devido ao Sol. A superfície ao longo da qual as 2 forças são iguais seria a Esfera de Influência (SOI). 1/ 2 ⎛ me ⎞ Gme mv Gms mv ⎜⎜ ⎟⎟ rsv > ⇒ < r ev 2 2 rev rsv ⎝ ms ⎠ s → Sol e → Terra v → veículo Se supomos que EN está entre a Terra e o Sol, então: rev + rsv = 1au ≈ 1,5 × 108 km ⇒ rsv = 1 − rev me ⇒ rev < ms au, ⎛ me ⎞ ⎟ ⎜1 + m s ⎠ ⎝ me ms ≈ 3 × 105 ⇒ rev ≅ 2,5 × 105 km ≅ 42 raios da Terra Lua fora da SOI da Terra: Lua deveria estar orbitando em torno do Sol como um asteróide Definição Incorreta Definição Correta de SOI: Devida a Laplace no Séc. 18. Considera a EN como um satélite de um corpo, calculando a perturbação da aceleração deste movimento devido a atração do outro corpo. Fazendo isto para cada corpo, é possível determinar a esfera de influência, comparando a razão entre as acelerações. Vejamos: Escrevendo Eq. de Mov de cada um dos corpos e subtraindo-as duas a duas obtemos: Seja o sistema de 3C: Sol (s) – planeta (p) – EN (v) (de veículo) •Movimento da EN relativa ao planeta, perturbado pelo Sol: ⎡ rsv rsp ⎤ d 2rpv d 2rpv G (m p + mv ) rpv = −Gms ⎢ 3 − 3 ⎥ ⇒ − A p = Ps + 2 3 2 dt rpv dt ⎣ rsv rsp ⎦ onde Ap representa a aceleração gravitacional devido ao planeta e Ps é a perturbação devida ao Sol. •Movimento da EN relativa ao Sol, perturbado pelo planeta: ⎡ rpv rsp ⎤ d 2rsv d 2rsv G (ms + mv ) rsv = −Gm p ⎢ 3 − 3 ⎥ ⇒ 2 − A s = Pp + 2 3 dt rsv dt ⎣ rpv rsp ⎦ onde As representa a aceleração gravitacional devido ao Sol e Pp é a perturbação devida ao planeta. Ainda que ms>>mp+mv, se veículo está muito próximo ao planeta, Ps<<Ap. Quando veículo está longe do planeta, Pp<<As, pois mp<<ms. Definição Correta da SOI: superfície ao longo da qual as magnitudes das acelerações satisfazem: Pp Ps = As Ap Se o lado esquerdo > lado direito, então EN está dentro da SOI do planeta. Contrasta com definição incorreta para a qual interior da SOI é dada por Ap Ap Ps > 1, para a correta > << 1. As As Pp Para Terra, Ps ≅ 0,15. Pp Dado que rpv na SOI<<rsv ou rsp, a superfície da definição é aproximadamente esférica com centro no centro do planeta e raio dado por rSOI ⎛ mp ⎞ ≈ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎝ ms ⎠ 2/5 rsp Raios da Esfera de Influência de Planetas e da Lua Corpo Celeste Raio Equato- Raio da SOI rial (km) (km) Raio da SOI (raio do corpo) Mercúrio 2487 1,13 x 105 45 Venus 6187 6,17 x 105 100 Terra 6378 9,24 x 105 145 Marte 3380 5,74 x 105 170 Júpiter 71370 4,83 x 107 677 Netuno 22320 8,67 x 107 3886 Lua 1738 6,61 x 104 38 Obs.1: Para a Lua, SOI relativa a perturbações da Terra. Obs.2: Note que raio da SOI da Terra = 145 raios da Terra e não 42, como na definição incorreta. A Lua, como está a 60 raios da Terra, está bem dentro da SOI da Terra (raio da SOI da Terra=6x10-3 u.a. Quase um ponto no Sistema Solar) . Definindo a Terminologia de Manobras Orbitais: Manobras Impulsivas São as que envolvem uma única mudança de velocidade “quaseinstantânea”. Baseados no modelo de propulsão com empuxo infinito. Em fases de projeto preliminares os projetistas de missões consideram as mudanças de manobras desejadas como manobras impulsivas, pois isto reduz a complexidade de encontrar as transições orbitais corretas. As mudanças instantâneas em velocidade são referidas como ΔV. Manobras Não-Impulsivas Corresponde à aplicação de baixo impulso por períodos de tempo maiores. São consideradas menos eficientes, porém podem ser a única opção quando baixos pesos de lançamento são desejados. Manobras Orbitais: Métodos Impulsivos Mais Importantes Transferência de Hohmann É a solução bi-impulsiva ótima para a transferência entre 2 órbitas circulares coplanares de mesmo sentido. Foi criada por Walter Hohmann (Alemanha,1925). É o resultado mais usado em manobras espaciais. Solução: Órbita elíptica tangente a ambas órbitas circulares. Segue os seguintes passos: (i) Na órbita inicial, um impulso de magnitude ⎛ ⎞ ⎛ rf ⎞ 2 ⎜ ⎟ ⎜ r ⎟ 0 ⎠ − 1⎟ ⎝ ΔV0 = V0 ⎜ ⎜ ⎛ rf ⎞ ⎟ 1 + ⎜ ⎜ r0 ⎟ ⎟ ⎠ ⎠ ⎝ ⎝ (onde r0 (rf) é o raio da órbita inicial (final) e V0 é a velocidade do veículo em sua órbita inicial) é aplicado tangencialmente ao movimento. Com este impulso, o veículo entra em uma órbita elíptica com periapsis rf e apoapsis r0. (ii) O 2o impulso é aplicado quando o veículo está no apoapsis, com magnitude 2 −1 (rf / r0 ) 2 ΔV f = V0 1 − (rf / r0 ) + 1 E esse impulso circulariza a órbita no raio final desejado. Duração da manobra: ½ do período da órbita elíptica de transferência 1 ⎧1 + rf r0 ⎫ t= ⎨ ⎬ T0 2⎩ 2 ⎭ 3/ 2 onde T0 é o período da órbita inicial. É a abordagem tradicional para transferência de uma EN da Terra para a Lua. Para sua construção usa-se dinâmica de 2C para Terra-EN apenas e uma semi-elipse kepleriana conectando a Órbita estacionária em torno da Terra com uma Órbita estacionária em torno da Lua. Obs.: Dinâmica Lua-EN não incluída. Custo da transf. é geralmente alto e outras tentativas para minimizálo têm sido feitas. Generalizações daTransferência de Hohmann Após trabalho fundamental de Hohmann surgiram várias generalizações para outros casos de transferências coplanares. Alguns exemplos: — Para uma transf. entre uma órbita circular de raio r0 e uma elíptica externa com periapsis rp e apoapsis ra (r0<rp) ou de órbitas que se interceptam (rp<r0<ra) a solução de menor consumo é a que utiliza do apoapsis da órbita elíptica (Gobetz e Doll, 1969 e Marchal, 1965). — Outro caso: órbita elíptica interna a órbita circular (r0>ra). Regra geral para transferências bi-impulsivas tipo Hohmann entre órbitas coplanares: recomenda-se que se use a manobra que sai de um periapsis e vai a um apoapsis. Também já estudada: transferência entre 2 elípticas coaxiais. Caso não-coaxial não possui solução pronta: requer estudo numérico. A Transferência Bi-Elíptica Tri-Impulsiva A transferência bi-elíptica consiste de 2 órbitas em semi-elipses. Essa transferência possui os seguintes passos: (i) O 1o impulso ΔV0 é aplicado à órbita inicial para colocar a EN (ponto1) em uma órbita de transf. com periapsis r0 e apoapsis ri (ri>rf) (*), (ii) Quando EN está no apoapsis (ponto 2), 2o impulso ΔVi é aplicado para aumentar a altura do periapsis para rf ; (Esperto: longe do centro de atração!) (iii) Um 3o impulso é aplicado, agora contrário a direção do movimento, quando EN está no periapsis (ponto 3); esse impulso circulariza a EN em uma órbita final desejada. (*) Caso contrário, Holmann seria mais eficiente. Uma transferência bi-elíptica de uma órbita inicial menor (azul escuro), para uma órbita circular maior (vermelha). Hoelker e Silber (1959) mostraram que: a Transferência de Hohman é a transferência ótima entre 2 órbitas circulares e coplanares apenas quando rf / r0< 11,93876, caso contrário a Transferência Bi-Elíptica com 3 impulsos pode apresentar menor Δv. O impulso total gasto nessa transferência diminui quando ri aumenta. O mínimo ocorre quando ri=∞, a transferência bi-parabólica (2 órbitas passam a ser parabólicas). Sabe-se que para rf /ro >15,58178, a transferência bi-eliptica é sempre superior a de Holmann (para qualquer valor de ri>rf) e no intervalo 11,93876 < rf / r0 < 15,58178 existe um valor limite de ri para o qual a bi-elíptica deve ser mais eficiente do que a de Hohmann. Outras Manobras Bi-Impulsivas Gobetz e Doll (1969) detalharam que: Existem transferências derivadas da bi-elíptica para os casos de transferência: — entre uma órbita circular e uma elíptica e — entre órbitas elípticas coaxiais. De forma geral, sabe-se que para uma transferência entre 2 órbitas coplanares existem duas possibilidades para uma manobra ótima do ponto de vista de consumo mínimo de combustível: — Bi-impulsiva do tipo Hohmann ou — Tri-impulsiva passando pelo infinito. Sendo que o acréscimo de mais impulsos finitos não pode reduzir ainda mais o consumo de combustível (Ting, 1960). Existem muitas outras variantes de manobras do tipo impulsiva na literatura: as que utilizam de uma série de manobras nos apsides para compensar uma eventual falta de capacidade dos propulsores em fornecer o impulso necessário ; a transf. com 2 impulsos de magnitude fixa; transf. de um corpo de volta ao mesmo corpo, etc. Os casos particulares mencionados já foram estendidos ao caso mais geral de transf. não-coplanares. “Patched Conic” As manobras anteriores não levam em conta a fase de inserção da órbita em torno de um 2o corpo, como por exemplo a Lua em uma manobra Terra-Lua. O Método “Patched Conic” resolve este problema quebrando a manobra total em duas partes. Ilustrando com uma manobra Terra-Marte: i) A 1a parte despreza os efeitos de Marte e utiliza um dos métodos para levar a EN da órbita inicial a uma órbita que cruze com a trajetória da Marte. ii) Quando EN penetra a SOI de Marte, os efeitos da Terra são desprezados e a órbita é considerada kepleriana em torno de Marte. Obs.: Para as missões Voyager e Galileo, a abordagem patch-conic funcionou muito bem, mas outras abordagens se tornaram necessárias à medida que novos desafios são formulados: por exemplo, as trajetórias da Gênesis e de EN que orbita várias luas de Júpiter (múltiplas manobras usando assistência gravitacional foram utilizadas para gerar uma TBE) são mais parecidas a soluções do problemas restritos de 3 e 4C do que das soluções de P2C. Fundamentalmente, são soluções do Problema restrito de N corpos não-keplerianas. Métodos Modernos Estão baseados em 2 conceitos de mecânica celeste: • • O de captura gravitacional, O de manobras assistidas por gravidade. 1. Idéia da captura gravitacional: uma órbita levemente hiperbólica (energia residual positiva) em torno de um corpo (por ex., a Lua) pode ser transformada em uma órbita levemente elíptica (energia residual negativa) devido a perturbações de outros corpos celestes (por ex., a Terra e o Sol, no caso de captura da Lua). Essa captura em geral, é temporária, mas um impulso pode ser aplicado para completar uma captura definitiva. A manobra realizada neste momento representa uma economia de combustível em relação a uma manobra realizada antes da captura. 2. Conceito de manobras assistidas por gravidade (Swing-By): manobra em que a EN se utiliza de uma passagem próxima a um corpo celeste para ganhar ou perder velocidade. Linhas gerais do Método Swing-By: Problema pode ser estudado supondo um sistema formado por 3 corpos: •Um primário, primário que domina o sistema (Terra, no sistema Terra-Lua-EN), •Um secundário de massa finita, finita que permanece em torno do primário (Lua) •Uma partícula de massa desprezível (EN) que permanece em torno do primário e faz uma passagem próxima ao secundário. Essa passagem tem o efeito de alterar a velocidade, energia e momento angular da EN em relação ao primário entre os instantes imediatamente anterior e posterior a essa passagem próxima (suposta como instantânea). É possível escolher a geometria e velocidade dessa passagem para definir a magnitude e o sinal (aumento ou diminuição) dessas variações, dentro de certos limites, o que abre um largo espectro de possibilidades para pesquisas. Manobras coplanares e em 3D são possibilidades, conforme o objetivo da missão. Esta variação de velocidade (sem propelente) é fornecida pelo campo gravitacional do secundário. Assim, essa manobra pode ser usada para: • Para diminuir o ΔV de uma missão, o que diminui o combustível necessário, possibilitando o envio de uma carga útil maior. • Durante uma transferência de retorno a Terra, para diminuir a velocidade de reentrada na atmosfera da Terra. • Redução de consumo de combustível em missões que requerem escape da Terra (viagens interplanetárias ou interestelares). Nesse Caso EN parte da Terra com energia para entrar em uma órbita elíptica que cruze com a órbita da Lua em algum ponto. Nesse ponto ocorre um Swing-By com a Lua, transformando a órbita da EN em hiperbólica com relação a Terra. • Obter uma imagem próxima do planeta ou satélite. Swing-Bys Sucessivos: Vejamos um excelente exemplo: Programa Voyager NASA-JPL Grand Tour pelos Planetas Gasosos Programa Voyager da NASA-JPL (Jet Propulsion Lab) Grand Tour pelos Planetas Gasosos Constituído por duas missões: Voyager 1 e Voyager 2. Lançadas em 1977: Oportunidade de uma nave viajando em direção ao exterior do Sistema Solar, podendo passar pelos 4 planetas gasosos gigantes sem ter que alterar sua trajetória (oportunidade que só ocorreria novamente em 176 anos): Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. 10.000 trajetórias foram estudadas para a escolha das 2 trajetórias que poderiam se aproximar mais de Júpiter e sua lua gigante Io, Saturno e sua lua grande Titan. Órbita escolhida para Voyager 2 permitiu ainda continuação para Urano e Netuno. Voyager 2 lançada antes de Voyager 1, mas Voyager 1 foi lançada numa órbita mais curta e mais rápida. Voyager 1: Flyby por Júpiter e Saturno Lançada em Set 5, 1977 (32 anos e 152 dias atrás !!!) Duração da missão: indefinida (previsão de perder comunicação com a Terra em 2020). Mar 5, 1979 Júpiter Nov 12, 1980 Saturno Júpiter pela Voyager 1 Após Titan, anéis de Saturno,..., espaço interestelar. Ago 05, 2006 Ago 28, 2009: 100 U.A. a partir do Sol 110.94 U.A. a partir do Sol estudando região da heliopausa. Obs: Missão Galileu, lançada em 1989, chega a Júpiter em 1995. Obs: 1 U.A (unidade astronômica) = distância Sol-Terra. Voyager 2: Flyby por Júpiter, Saturno,Urano, Netuno (!!!) Lançada em Ago 20, 1977 (16 dias antes da Voyager 1) Duração da missão: indefinida. Jul 9, 1979 Júpiter Ago 25, 1981 Saturno Jan 24, 1986 Urano Ago 25, 1989 Netuno, 4º Artefato humano a ultrapassar órbita de Plutão, iniciando saída do Sist.Solar Dados extraídos da Página do JPL atualizada em Fev,04, 2010. http://voyager.jpl.nasa.gov Limites Práticos Para Uso das Manobras de Swing-By: - Planetas e corpos celestes envolvidos não estão sempre nos lugares certos para que se obtenha o destino final desejado da EN; - Atmosfera dos Planetas: quanto mais próximo dos Planetas, maior efeito que se tem com a manobra. Entretanto se aproximação da atmosfera é grande, perda com atrito pode ser maior que o ganho. Vamos considerar o P3C, com as partículas P1, P2, P3. Seja o vetor posição de P3 : Q = (Q1 , Q2 , Q3 ) ∈ ℜ3 Pode-se falar de captura de P3 por uma ou pelas duas partículas. Definição de Captura Permanente ou Total: P3 é permanentemente capturado pelo sistema P1,P2 em evolução temporal direta, se para t → ∞, |Q| é limitado e para t → -∞, |Q| →∞. P3 é permanentemente capturado pelo sistema P1,P2 em evolução temporal retrógrada, se para t → -∞, |Q| é limitado e para t → ∞, |Q| →∞. Mais genericamente, esta definição pode ser estendida no Problema de N corpos em 3D. Para N=3, temos que: Teorema (Chazy,1918,1922): O conjunto de órbitas que levam a captura permanente no problema geral de 3C possui medida nula. (não garante existência desse conjunto!) A questão de existência da Captura Permanente foi resolvido pela 1a vez por Sitnikov (1960), na versão particular do P3C 3D, agora chamado Problema de Sitnikov. Alekseev (1960) provou isto por métodos mais sofisticados. Provou também que movimento do sistema é caótico (existência de um Conjunto Invariante Hiperbólico). Prova de Moser (1973) mais clara. Órbitas Parabólicas são definidas como órbitas críticas de escape, i.e., tal que: . quando t → ±∞, Q3 (t ) = ∞, e Q 3 (t ) → 0. Representam a fronteira entre órbitas hiperbólicas e órbitas limitadas. Esta região pode dar origem á órbitas fortemente sensíveis que podem realizar movimentos complicados. Assim, as órbitas parabólicas separam o espaço de órbitas em . órbitas que escapam para infinito, tal que lim Q (t ) > 0 t →∞ 3 e órbitas que permanecem limitadas para todo tempo. Def.: Uma órbita parabólica para o problema restrito elíptico satisfaz: . lim Q(t ) = ∞, lim Q(t ) = 0. t →±∞ t →±∞ O caso para t→∞ define as órbitas ω-parabólicas e t→-∞ define as órbitas α-parabólicas. Def.: P3 é ejetado, ou alternativamente escapa do sistema P1,P2 no Prob. Restrito elíptico em evolução temporal direta se lim Q(t ) = ∞. t →∞ Este é referido como escape ilimitado. Se P3 vai além de uma dada distância ρ no instante t, |Q(t)|> ρ, então P3 tem um escape limitado. Def.: P3 tem captura temporária em t=t0, |t0|< ∞, se Q(t0 ) < ∞, e lim Q(t) = ∞. t →±∞ Captura Definida Analiticamente (Captura Balística) Distinguindo-se das capturas definidas geometricamente, nesta definição, monitora-se o sinal da Energia de Kepler de P3 com respeito ao primário P2. Def.: A energia kepleriana de 2 corpos de P3 com respeito a P2 em coordenadas inerciais centradas em P2, é dada por 1 &2 μ & E2 ( X , X ) = X − , 2 r23 onde r23 =|X|, 0≤μ<1/2. Def.: P3 é balisticamente capturado por P2 no instante t=t1 se E2(φ(t1)) ≤0 para uma solução φ(t)=(X(t), dX(t)/dt) do Problema Restrito relativo a P2. Conjuntos de Dimensão Inteira: Pontos fixos, Órbitas Periódicas, Órbitas Quasi-Periódicas, Conjuntos Invariantes associados a OP,… Conjuntos de Dimensão Fractal: Atratores Caóticos e Selas Caóticas. Atratores (Selas) Caóticos são conjuntos invariantes atrativos (não-atrativos) caóticos que contém infinitas órbitas periódicas instáveis. Mapa de Poincaré Seja Σ uma seção de superfície de co-dimensão 1. Esta hipersuperfície deve ser escolhida de forma que todas as trajetórias que cruzam Σ satisfaçam duas condições: (i) (ii) As trajetórias interseptem Σ transversalmente, Cruzem Σ na mesma direção. Fig. Seção de Poincaré gerada pela intersecção de trajetórias com uma superfície de Poincaré. Obrigada pela atenção!! V Escola de Verão de Física do ITA 8 a 10 de fevereiro de 2010 Sistemas Dinâmicos Aplicados a Missões Espaciais Profa Dra Maisa de Oliveira Terra ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica Departamento de Matemática São José dos Campos, SP [email protected] Esboço da 2a Aula: 1. Objetivo e motivação 2. O Problema de N=3 Corpos ─ Caso Restrito Circular Planar ◦ Pontos de Equilíbrio ou Lagrangeanos ◦ Constante de Jacobi e Regiões de Hill ◦ Órbitas Periódicas de Poincaré e Halo ◦ Aplicações dos Pontos Lagrangeanos em Missões 3. Elementos Dinâmicos Relevantes do P3CRCP ◦ Conjuntos Invariantes Associados ◦ Contribuições de Conley – McGehee – Llibre, Martinez e Simó Existência de Órbitas Trânsito e de Orbitas Homoclínicas 4. Existência de Conecções Heteroclínicas 5. Aproximação de “Patched-3B” Objetivo de Hoje: Como utilizar a teoria de sistemas dinâmicos aplicada ao Problema de 3 Corpos Restrito no Projeto de Missões Espaciais de Baixa Energia. Uma Motivação Prática: Missão Genesis Missão: coletar amostras do vento solar a partir de uma órbita Halo do ponto L1 e retornar a Terra. Órbita Halo, trajetórias de transferência e de retorno em um sistema girante. Projetada usando Teoria de Sistemas Dinâmicos (Barden, Howell, Lo). Segue a dinâmica natural, usando pouca propulsão após lançamento. Porção de retorno a Terra utiliza dinâmica heteroclínica. Formulação Matemática do Problema de N Corpos O Problema Geral de N Corpos da Mecânica Celeste consiste de um problema de valor inicial para EDOs. Dados os valores dos parâmetros do sistema: massas mk, k=1,…, N e das condições iniciais: posições qk(0) e velocidades iniciais dqk/dt(0) das N part. queremos encontrar as 2N funções vetoriais tridimensionais do tempo – 6N variáveis, soluções das equações: && j = G ∑ mj q k≠ j m j mk (q k − q j ) qk − q j 3 , j = 1,..., N Dadas as 10 Integrais Algébricas Independentes, temos que a dinâmica efetiva no espaço de fase é de (6N-10) dimensões. No Problema Restrito de 3C Circular (PR3CC) temos 2 primários de massas m1 e m2 que movem-se em círculos, em torno de seu centro de massa; o menor (3o corpo) move-se na presença do campo gravitacional dos primários (sem afetá-los, dado que m3<<(m1,m2)). É importante considerar tanto o caso planar como o espacial. Caso planar: 3 corpos num mesmo plano. Caso espacial: 2 primários em um plano e 3o corpo no espaço 3D. Vamos focar o caso planar. Usualmente, o movimento é visto em um referencial girante x-y, de modo que os primários parecem estáticos. Normaliza-se a velocidade de angular do sistema girante a unidade e, também, a distância entre os primários a unidade de modo que estes se localizem no eixo x em (-μ,0) e (1- μ,0), onde μ = m2 , m1 > m2 . m1 + m2 Seja (x,y) a posiçao do 3o corpo no sistema baricêntrico sinódico. As equações de movimento são dadas por: &x& − 2 y& = Ω x &y& + 2 x& = Ω y onde x 2 + y 2 1 − μ μ μ (1 − μ ) Ω= + + + , 2 r1 r2 2 r12 = ( x − μ ) + y 2 , r22 = ( x + 1 − μ ) + y 2 , 2 2 A Integral de movimento J define uma variedade invariante 3D: M (μ , C ) = {( x, y , x& , y& ) ∈ R 4 | J ( x, y , x& , y& ) = constante} , J ( x, y , x& , y& ) = 2Ω( x, y ) − (x& 2 + y& 2 ) = C . C é associada à energia do 3o corpo e é a chamada constante de Jacobi. (M restringe o movimento no espaço de fase 4D a uma variedade invariante 3D) Pontos Lagrangeanos Este sistema dinâmico possui 5 pontos de equilíbrio, definidos por : ∂J = Ω x = 0, ∂x ∂J = Ω y = 0, ∂y ∂J = 0 ⇒ x& = 0, ∂x& ∂J = 0 ⇒ y& = 0. ∂y& Estes pontos são chamados Lagrangeanos, sendo: • 3 colineares: L1, L2 e L3 localizados ao longo do eixo-x (pontos sela-centro); • 2 triângulares: L4 e L5 estão nos vértices de triângulos equiláteros, (estáveis, se m1/m2>24,96). O valor da constante de Jacobi nestes pontos é denotada por Ck, k=1,2,3,4,5. Fig.: Sistema Sol-Júpiter-Cometa A projeção da superfície M no espaço de posições é chamada Região de Hill(*), M(μ,C)={(x,y)|Ω(x,y)≥C/2} e constitue a região acessível às trajetórias para um dado valor de C. Pois: x& + y& = 2Ω( x, y ) − C ≥ 0 2 2 5 Possibilidades de Regiões de Hill Uma Região de Hill é limitada pela curva de velocidade zero, denominada Curva de Hill. P/ o Sistema Terra-Lua: C1 ≈ 3,20034 C2 ≈ 3,18416 C3 ≈ 3,02415 C4 = C5 = 3 (*) Devido a George William Hill (1838-1914). Caso 5: C<C4 Todo plano é acessível. Ref.: Chaos and Stability in Planetary Sytems, R.Dvorak, F.Freistetter, J.Kurths (Eds.), Lecture Notes in Physics 683, Springer, 2005. L1,L2,L3 selas L4,L5 máximos globais Potencial Efetivo do Sistema Terra-Lua U ( x, y ) = −Ω + μ (1 − μ ) 2 Pontos Lagrangeanos no Sist. Terra-Lua Possibilidade de uma EN orbitar um dos Pontos Lagrangeanos Valores do Parâmetro para o Sistema: Terra-Lua μ=0,01211506683 Sol-Júpiter μ=0,0009537 Sol-Terra μ=0,000003 Fig.: Valores de Ck=-2Ek para os 5 pontos Lagrangeanos em função de μ. Estes valores separam os 5 casos de Regiões de Hill. Se m2<<m1, então L1 e L2 estão aproximadamente a mesma distância r do secundário menor, igual ao raio da Esfera de Hill: r≈R 3 m2 3m1 onde R é a distância entre os 2 primários. Exemplos: Valores de r para: Sol e Terra: 1.500.000 km da Terra Terra e Lua: 61.500 km da Lua=16%dTL Órbitas Periódicas em Torno dos Pontos Lagrangeanos Em torno dos Pontos de Equilíbrio existem Órbitas Periódicas, que são chamadas Órbitas de Lyapunov no Problema Planar e Órbitas Halo no Problema Espacial. A estabilidade de órbitas periódicas é definida pelo estudo da chamada Matriz de Monodromia. Do Ponto L1: O Pon to L1 d o Sol-Terra é ideal para realizar observações do Sol. Objetos ali nunca são sombreados pela Terra ou pela Lua. A SOHO (Solar and Heliospheric Observatory)(Esa-Nasa) foi estacionada em uma Órbita Halo em L1, e a ACE (Advanced Composition Explorer) em uma Órbita Lissajous em L1. (Nasa) (óbita quase-periódica) Outras Missões ali: WIND (Nasa), Genesis (Nasa,finalizada), International Sun/Earth Explorer 3 (ISEE-3, Nasa, já deixou L1), Deep Space Climate Observatory (Nasa), Solar-C (Japan Aerospace Exploration Agency, possível para após 2010). O L1 d o Terra -Lu a permite fácil acesso a órbitas lunares e terrestres, com variação mínima de velocidade e seria ideal a uma estação espacial localizada no meio do percurso, dedicada a auxiliar no transporte de cargas e pessoas, para a ida e volta da Lua. Do Ponto L2: O Pon to L2 d o Sol-Terra é um ponto ideal um bom local para observatórios espaciais, pois um objeto em torno de L2 manterá a mesma orientação com relação ao Sol e a Terra, tornando a calibração e manutenção muito mais simples. A Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (Nasa) já está em órbita em torno do L2 d o Sol-Terra . Os futuros Planck satellite (ESA, primavera de 2009), Herschel Space Observatory (ESA, primavera de 2009 c/Planck), Gaia probe e James Webb Space Telescope (Nasa,ESA,Canadian Space Agency, Junho de 2013 ou após) serão colocados no L2 d o Sol-Terra . O L2 d o Terra -Lu a seria uma boa localização para um satélite de comunicação cobrindo o lado mais distante da Lua. Do Ponto L3: O L3 d o Sol-Terra é altamente instável, devido às forças gravitacionais dos demais planetas mais importantes que a Terra (Venus, por ex., aproxima-se dentro de 0,3 UA de L3 a cada 20 meses). Dos Pontos L4 e L5: •Os L4 e L5 d o Sol-Jú piter estão ocupados por muitos milhares de asteróides, os chamados Asteróides Troianos; •Os L4 e L5 d o Sol-Terra contêm poeira interplanetária; •Os L4 e L5 d o Terra -Lu a contêm poeira interplanetária, chamadas Nuvens de Kordylewski. • N etu n o tem objetos do Cinturão de Kuiper nos seus pontos L4 e L5 . • A Lu a d e Sa tu rn o Teth ys tem 2 satélites muito menores nos seus pontos L4 e L5 chamados Telesto and Calypso, respectivamente. •A s Lu a d e Sa tu rn o D ion e tem Luas muito menores Helene e Polydeuces nos seus pontos L4 e L5 , respectivamente. Estabilização em uma Órbita Halo: Uma possibilidade é usar controle ótimo para o direcionar traj. à variedade estável de órbita halo de L1. Uma Ilustração sobre Estabilidade de Pontos de Equilíbrio Em Sistemas Conservativos O Pêndulo Simples l θ m=1 θ=0 Soluções Locais próximo a Orb.Lyapunov: x(t ) = α1 v1e λt + α 2 v 2e −λt + 2 Re( β eiνt w ) Variedades Invariantes locais Wu (instáveis) e Ws (instáveis) para uma órbita de Lyapunov. Def.: Órbitas com α1α2<0 são chamadas de órbitas trânsito. Elas atravessam a região delimitada por l1 e l2 denotada por R. Lema (Conley): Existem órbitas trânsito no P3CRPC para C menor e próximo a C1. = n1 = n2 Órbitas Trânsito na Região do Gargalo A região R é topologicamente equivalente a uma região RNL que está no gargalo da Região de Hill do Problema Restrito não-linearizado (PRNL). Seja G o subconjunto de J-1(C) que se projeta em RNL. Conley provou, analisando a Hamiltoniana linearizada do Prob.Rest. que: G é topologicamente equivalente ao produto cartesiano de uma esfera bidimensional e um intervalo aberto: G homeomórfico a S2xI Tem-se portanto uma esfera bidimensional correspondendo a l1 e outra a l2 no PRNL em J-1(C), que são as chamadas esferas limites S12 e S22. As variedades invariantes estáveis e instáveis das órbitas de Lyapunov são as separatrizes entre as órbitas trânsito e as não-trânsito. Def.: Órbitas com α1α2>0 são chamadas de órbitas não-trânsito. Órbitas com α1α2=0 são chamadas de órbitas assintóticas. Órbitas com α1α2<0 são chamadas de órbitas trânsito. Variedades Invariantes como Separatrizes Órb. Trânsito: Internas aos tubos Órb. Não Trânsito: Externas aos tubos Órbitas Assintóticas: formam tubos de variedades invariantes 2D sobre a superfícies de energia 3D. Esses tubos invariantes particionam a variedade de energia e funcionam como separatrizes do fluxo através da região de equilíbrio: aquelas dentro dos tubos são orb. trânsito, as de fora são não-trânsito. Distiguimos 9 classes de órbitas agrupadas em 4 categorias: 1. O ponto ξ=η=0 corresponde a uma órbita periódica em R (órbita de Lyapunov) (ponto preto do centro). 2. As 4 semi-eixos ηξ=0 (verdes) (ou equivalentemente |ς|2 =ρ*, onde ρ*=2ε/ν), correspondem a 4 cilindros de órbitas assintóticas a essas órbitas periódicas, ou quando o tempo cresce (ξ=0) ou quando o tempo decresce (η=0). 3. Os segmentos hiperbólicos dados por ηξ=constante>0 (ou |ς|2 <ρ*), correspondem a 2 cilindros que cruzam R de uma esfera limite a outra, tocando ambas em um mesmo hemisfério, o Norte se órbita vai de η-ξ=+c para η-ξ=-c, e Sul caso contrário. Como transitam de um lado ao outro são chamadas órbitas trânsito. 4. Segmentos hiperbólicos definidos por ηξ=constante<0 (ou |ς|2 >ρ*), correspondem a 2 cilindros de órbitas em R , cada percorrendo de um hemisfério a outro do mesmo lado na mesma esfera limite. Se ξ>0, a esfera é n1, percurso do sul para o norte. Se ξ<0, tem-se n2 e percurso norte-sul. São as chamadas órbitas não-trânsito. Representação de McGehee. McGehee [1969], a partir do trabalho de Conley [1968], propôs uma representação que facilita a visualização da região R. Lembrando que R é homeomórfico a S2 x I . McGehee a representou por um anel esférico, como mostra Fig.2.2(b). Fig.2.2: (a) A seção do fluxo da região R da superfície de energia. (b) A representação de McGehee do fluxo na região R. Ref.: Conley [1968], C.C. Conley, SIAM J. Appl. Math. 16, 732-746. McGehee [1969], R.P. McGehee, “Some homoclinic Orbits for the R3BP”, Ph. D. Thesis, University of Wisconsin, 1969. Caso 3: Para C menor e próximo a C2 a Região de Hill possui um gargalo próximo a L1 e L2. Tem-se 4 tipos de órbitas: periódica, assintótica, trânsito e não-trânsito. As variedades estáveis e instáveis das órbitas de Lyapunov próximas a L1 e L2 separam 2 tipos de movimento: órbitas trânsito e não-trânsito. trânsito Por ex., no Sistema Terra-Lua , para uma EN transitar de fora da órbita da Lua para a região de captura da Lua, é possível somente através do tubo da variedade estável da órbita periódica de L2. Trajetória que começa dentro do tubo. Trajetórias dentro do tubo da variedade estável transitarão da região externa da órbita da Lua para a região de captura da Lua. Os tubos invariantes estáveis e instáveis associados às órbitas periódicas em torno de L1 e L2 são os condutores do espaço de fase, transportando de material entre os domínios em um único sistema de 3 corpos, assim como, entre primários de sistemas de 3C separados.Esses tubos são fundamentais para se entender transporte tanto no sistema solar quanto em sistemas moleculares. É notório como técnicas das duas áreas – Mecânica Celeste e Sistemas Moleculares – podem ser intercambiadas entre si. Tubos em sistemas moleculares: Nos contextos atômicos e moleculares, tubos de controle, por exemplo, o espalhamento de elétrons por átomos de Rydberg. Existência de Órbitas Homoclínicas e de Conecções Heteroclínicas Como vimos, as estruturas locais próximas a pontos de libração: (i) OP, (ii) partes de variedades estáveis e instáveis destas OP, (iii) órbitas trânsito e (iv) não-trânsito. Importa agora saber como estas estruturas locais são conectadas globalmente. globalmente Objetivamos mostrar como órbitas homoclínicas na região interior são conectadas a órbitas homoclínicas na região exterior por um ciclo heteroclínico na região de Júpiter, no sistema Sol-Júpiter. A união destas 3 estruturas é chamada uma ca d eia . Obs.: Uma Região de Hill do Caso 3 pode ser particionada em domínios. Por exemplo, para um cometa no Sistema Sol-Júpiter teremos 5 deles: domínio próximo ao Sol (S) domínio próximo a Júpiter (J) domínio externo (X) domínio próximo L1 (R1) domínio próximo L2 (R2) Domínio interior é associada ao complementar do externo. Existência de Órbitas Homoclínicas a O.P.: Conley [1968] e McGehee [1969] provaram a existência de órbitas homoclínicas tanto para o domínio interior e exterior e Llibre, Martinez e Simó [LMS,1985] mostraram analiticamente a existência das órbitas homoclínicas transversais (1,1) no domínio interior sob certas condições apropriadas. Def.: Uma órbita homoclínica relacionada a uma OP m é uma órbita que tende a m quando t→±∞. Portanto, ela está na variedade invariante instável e estável de m. Ela é dita uma órbita homoclínica transversal se em algum ponto da órbita os espaços tangentes às variedades estáveis e instáveis naquele ponto geram o espaço tangente completo a M(μ,e) naquele mesmo ponto. Em nosso problema ou uma órbita homoclínica transversal existe ou “degenerescência total” ocorre. Degenerescência total é o caso quando toda órbita assintótica à órbita periódica instável em uma extremidade é também assintótica a mesma OP na outra extremidade, portanto é uma órbita homoclínica. Ou seja, a situação de degenerescência total ocorre, quando as variedades estáveis e instáveis da órbita de Lyapunov coincidem-se. Em qualquer um dos casos conclui-se pela existência de uma órbita homoclínica. Fig.: Uma seção de Poincaré no domínio exterior do Sistema de 3C Sol-Júpiter-EN. O prefixo (1,1) refere-se a 1a intersecção com a seção de Poincaré - definida pelo plano y=0, x<0 – de ambas as variedades estáveis e instáveis de L1. Órbitas Homoclínicas nas regiões internas e externas. 1a intersecção Γ1u,S do ramo interior de W uL1p.o. com o plano y=0 na região x<0 (corte de Poincaré). Ref.: Llibre, Martinez e Simó [1985], J. Diff. Eqns. 58, 104-156. O prefixo (1,1) refere-se a 1a intersecção com a seção de Poincaré - definida pelo plano y=0, x<0 – de ambas as variedades estáveis e instáveis de L1. Projeção do ramo interior da Variedade WuL1 no espaço de posição. 1a intersecção Γ1u,S do ramo interior de W uL1p.o. com o plano y=0 na região x<0 (corte de Poincaré). Ref.: Llibre, Martinez e Simó [1985], J. Diff. Eqns. 58, 104-156. Ref.: Koon, Lo, Marsden e Ross [2000], Chaos 10, 427. Existência de Conecções Heteroclínicas • Encontraram conecções heteroclínicas entre pares de O.P. Construção de uma conecção heteroclínica entre órbitas de Lyapunov de L1 e L2, buscando uma intersecção de suas respectivas variedades Invariantes na região J. • Encontraram uma grande classe de órbitas próximas a esta cadeia homo/heteroclínicas. • Cometas podem seguir estes canais em rápida transição. Existência de Órbitas de Transição • Sequência simbólica usada para rotular itinerário de cada órbita de cometa. • Teorema Principal: Para cada itinerário admissível, por ex., (…,X,J,S,J,X,…) existe uma órbita cujo caminho corresponde a este itinerário. •Pode-se ainda especificar o número de revoluções que o cometa realiza em torno do Sol & Júpiter (além L1 & L2). Construção Numérica de Órbitas • Procedimento realizado para construir órbita com itinerário prescrito. • Exemplo: Uma órbita com itinerário (X,J,S,J,X). Surfando no Sistema Solar: Variedades Invariantes e a Dinâmica do Sistema Solar. Com os elementos dinâmicos apresentados é assim possível desenvolver técnicas e projetar Missões espacias interplanetárias, dentre outras. Report do JPL de 1997 de Lo e Ross. V Escola de Verão de Física do ITA 8 a 10 de fevereiro de 2010 Sistemas Dinâmicos Aplicados a Missões Espaciais Profa Dra Maisa de Oliveira Terra ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica Departamento de Matemática São José dos Campos, SP [email protected] Esboço da 3a Aula: 1. Transferências Terra-Lua 9 9 9 Sistemas de 3 Corpos Acoplados Aproximação de “Patched-3B” Refinamentos Finais do Projeto de Transferências TL. 2. Missão Discovery Gênesis 3. Observações de Sistemas Naturais que envolvem P3CRCP 4. Petit Grand Tour das Luas de Júpiter 9 9 Caso Planar Extensão Espacial Transferências Terra-Lua • Abordagem tradicional para construir uma trajetória de Transferência para a Lua a partir da Terra é através da Transferência de Hohmann. Usa apenas dinâmica de 2C. Determina-se uma elipse kepleriana de 2C partindo de uma órbita em torno da Terra para uma órbita da Lua. Esse tipo de Transf. requer um grande ΔV para EN ser capturada pela Lua. Os dois corpos envolvidos são Terra-EN. • Em 1991, a missão japonesa Muses-A falha, não tendo propente suficiente para uma transferência para a Lua por método usual, é recuperada através de um método inovador,baseado no trabalho de Belbruno & Miller [1993]. A missão passa a ser chamada por Hiten. Essa transf. usa uma TBE com assistência gravitacional do Sol e captura balística na Lua. Essa transf. requer menos combustível do que a transf. Hohmann. Trajetória de TBE no sistema referencial geocêntrico Mesma trajetória no sistema referencial Sol-Terra Aplicação das técnicas de Sistemas Sinâmicos para produzir: 1. Petit Grand Tour das luas de Júpiter [Koon,2000]. 2. Reproduzir o tipo da Missão Hiten: transferência de baixa Energia (TBE) com uma captura balística na Lua baseado no trabalho de Belbruno e Miller [2] sobre a Teoria de Fronteira de Estabilidade Fraca (WSB). Os 3 elementos chaves para produzir essa Transferência a Lua são: 1. Tratar o Problema de 4 C Sol-Terra-Lua-EN como 2 P3CRC acoplados: Sistemas Sol-Terra e Terra-Lua (& EN, óbvio); 2. Usar as variedades invariantes instáveis de OP em torno dos pontos Lagrangeanos do Sol-Terra para fornecer TBE da Terra às variedades estáveis de OP em torno de pontos Lagrangeanos do Terra-Lua; Lua 3. Usar variedades estáveis de OP em torno de pontos Lagrangeanos do Terra-Lua para produzir capturas balísticas em torno da Lua. [2] E. Belbruno, J. miller, Sun-Perturbed Earth-to Moon Transfers with Ballistic Capture, Journal of Guidance, Control and Dynamics 16 (1993) 770-775. Sistemas de 3 Corpos Acoplados O estudo de transferências como da EN Hiten requer 4C: Sol, Terra, Lua e EN. Contudo, o P4C é muito mais complexo e menos compreendido que o P3C. Decompondo o P4C em 2 P3C, todo o aparato da teoria de variedades invariantes torna-se disponível. Usualmente o Sistema Solar é visto como um todo, mas quando se deseja usar as Órbitas Halo, a decomposição do sistema solar como P3C é natural. Isto é que foi feito para projetar a Petit Grand Tour de Koon et al. Contudo o sucesso dessa abordagem depende grandemente dos particulares 4C. A fim de que TBE sejam possíveis é necessário que as estruturas de variedades invariantes dos 2 sistemas de 3C se interceptem dentro de um período razoável, caso contrário a transf. pode requerer um tempo de duração impraticavelmente longo. Para o caso Sol-Terra-Lua-EN, este não é um problema. As estruturas das variedades invariantes do L2 do Terra-Lua crescem muito rapidamente (da ordem de 1 mês) para a região circular em torno da Terra com um raio de 1.000.000 km. Similarmente as estruturas invariantes do L1 e L2 do Sol-Terra também se estendem com a mesma ordem de tempo à mesma região circular. A sobreposiçã o d esta s estru tu ra s forn ece a TB E en tre Terra e Lu a . Isto explica porque muitas das técnicas baseadas na Teoria WSB sempre envolvem esta região de 1.000.000 km em torno da Terra como ponto de partida para a construção da trajetória. Argumentos favoráveis a 2 Modelos de 3C acoplados: ¾Fora da SOI da Lua (60.000 km): • pode-se desprezar a perturbação da Lua no Sistema de 3C Sol-Terra-EN. ¾Entrando-se na SOI da Terra (900.000 km): • realiza-se ΔV de meio do curso, • pode-se desprezar a perturbação do Sol no Sistema de 3C Terra-Lua-EN, • pode-se usar a estrutura das variedades so Terra-Lua para captura. ¾No sistema Solar real: excentricidade da Lua é 0,055, excentricidade da Terra é 0,017 e a órbita da Lua é inclinada com relação a órbita da Terra por 50. (Justifica uso de modelo coplanar circular) Aproximação de “Patched-3B” Projetando Transferência Terra-Lua com Assistência do Sol A partir da secão de Poincaré definida pelo segmento vertical que passa pela Terra: • Integra-se diretamente, EN guiada pela variedade estável do L2 do Sistema Terra-Lua de modo a ser capturada pela Lua; • Integrando retrogradamente, EN restrita pela variedade estável do L2 do Sistema Sol-Terra, realiza uma volta e retorna. Porção da Captura Balística Lunar Tubo da variedade estável da OP em torno de L2 fornece mecanismo de captura temporária pelo 2o primário. Definição de Captura Balística pela Lua: uma órbita que sob dinâmica natural entra na SOI da Lua (20.000 km) e realiza ao menos uma volta em torno da Lua. Nesse estado, pequeno ΔV resultará em captura estável (fechando gargalo em L1 ou L2). Porção do Ponto de Libração do Sol-Terra Escolhe-se CI no exterior do corte de Poincaré do tubo invariante instável de L2 do Sol-Terra, integrando-se retrogradamente para produzir a trajetória: Essa trajetória retrógrada passa pela região de L2 com um twist, twist restrita pela variedade instável e chega à Terra, restrita pela variedade estável de L2. Conectando as 2 porções: obtemos a solução do P4C Sol-Terra-Lua-EN como 2 sistemas de 3C acoplados Refinamentos Finais do Projeto de Transf. Terra-Lua: i. A trajetória final, começando na Terra e terminando em captura Lunar é integrada no Problema 4C Bicircular, onde ambos Lua e Terra são supostos mover em órbitas circulares na eclíptica,e EN é uma massa que não afeta a dinâmica dos demais corpos. Fig.: Sistema de ref. girante do Modelo Bicircular, onde Terra e Lua são fixas no eixo-x e Sol gira em sentido horário em torno do baricentro do Terra-Lua (origem) com freq. angular ωs. ii. A solução final do Bicircular é diferencialmente corrigida para que se obtenha uma trajetória integrada completamente usando-se as efemérides do JPL (Jet Propulsion Lab). Disponível em: http://ssd.jpl.nasa.gov/eph_info.html Com pequenas modificações (um ΔV de 34 m/s no ponto de colagem) produz-se uma solução no problema de 4 corpos bicircular , Dado que captura na Lua ocorra de modo natural (ΔV nulo) quantidade necessária de combustível é reduzida (em torno de 20%). Missão Discovery Genesis O bjetivo: coletar dados sobre o vento solar a partir de uma órbita Halo de L1 por 2 anos. Retorno de amostras à Terra em 2003 para análise. Órbita Halo, de transferência e de retorno no referencial girante. EN retorna a Terra por uma conecção heteroclínica. Observações de Sistemas Naturais que envolvem P3CRCP (a) Projeções no espaço de configuração das variedades estável (curva tracejada) e instável (curva sólida) de L1 e L2 no referencial girante de Sol-Júpiter. As variedades de L1 são as verdes, enquanto que as variedades de L2 são pretas. (b) A órbita do cometa Oterma (AD 1915-1980) no referencial girante com baricentro de Sol-Júpiter (vermelho) segue proximamente as variedades invariantes de L1 e L2. Distâncias estão em unidades astronômicas (AU). Petit Grand Tour das Luas de Júpiter (Modelo Planar) 4 Luas de Júpiter, chamadas Luas de Galileu: Io, Europa, Ganimedes, Calisto. Contrução de uma trajetória de baixa energia que visite várias luas de Júpiter em uma única missão. Em lugar de flybys, pode-se orbitar cada lua por qualquer duração. Petit Grand Tour das Luas de Júpiter (Modelo Planar) • Sistema de 4C Júpiter-Ganimede-Europa-SC pode ser aproximado por 2 Sistemas acoplados de 3C. 3C • Tubos de variedades invariantes de 2 sistemas de 3C são conectados na ordem correta para construir órbita com itinerário desejado. • Solução inicial refinada pelo modelo de 4C. • Soluções de 3 corpos oferecem uma grande classe de TBE. Variedade instável da OP de L1 de Ganimede Variedade estável da OP de L2 de Europa Petit Grand Tour das Luas de Júpiter (Modelo Planar) Usou variedades invariantes para construir trajetórias com características interessantes: • 1 volta em torno de Ganimede, 4 órbitas em torno de Europa. • um ΔV leva EN do sistema Júpiter-Ganimede para o Sistema Júpiter-Europa. Em lugar de flybys, EN pode orbitar várias luas por qualquer duração. Detalhes Técnicos: Ilustrando uma Conecção Heteroclínica Encontra-se uma intersecção das variedades estável/instável, através de uma escolha apropriada da seção de Poincaré. Pontos de intersecção devem ser integrados para produzir Conecções Heteroclínicas. Construção de uma órbita (X,J,S) do Sistema Sol-Júpiter: Qualquer ponto na intersecção de ΔJ é uma órbita (X,J,S). Construção de uma órbita (J, X; J, S, J) Extensão do Modelo Planar ao Modelo Espacial Espacial: Variedades Invariantes como Separatrizes Dinâmica próxima aos pontos de equilíbrio colineares: Sela x Centro x Centro •Órbitas limitadas (periódicas ou quasi-periódicas): S3 (3-esfera); (Normally Hyperbolic Invariant Manifolds - NHIM) • Órbitas assintóticas a NHIM formam tubos de variedades invariantes 4D (S3 x R) em uma superfície de energia 5D. Eles separam órbitas trânsito (as de dentro dos tubos) de não-trânsito (de fora dos tubos). • Órbitas trânsito e não-trânsito