Todos contra a pólio! No próximo sábado, dia 11 de junho, pais e responsáveis devem levar crianças menores de cinco anos aos postos de vacinação, na primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Paralisia Infantil O Brasil tem bons motivos para comemorar os 25 anos de luta contra a poliomielite, doença conhecida como paralisia infantil. Desde 1989 o país não registra nenhum caso da doença. Os números positivos refletem o empenho da sociedade em todos esses anos, na Campanha Nacional de Vacinação contra a Paralisia Infantil, para proteger nossas crianças de um mal sem cura e que deixa graves seqüelas para o resto da vida. No próximo sábado (11 de junho), das 8h às 17h, pais e responsáveis não podem esquecer o compromisso e devem levar as crianças menores de cinco anos aos postos de vacinação de todo o Brasil para receber a vacina contra a pólio. Nesta primeira etapa da campanha, as autoridades de saúde brasileiras estabeleceram a meta de vacinar 17,3 milhões de crianças menores de cinco anos contra a poliomielite em um único dia. A mobilização desse ano, que traz o slogan "Vence mais uma, Brasil", vai contar com 439 mil pessoas, entre servidores e voluntários. Esse pessoal trabalhará em 117 mil postos espalhados pelo país. A primeira etapa da campanha recebeu investimentos de R$ 22,8 milhões. Desse total, R$ 11,4 milhões foram para a compra de 27,9 milhões de doses da vacina Sabin e R$ 5 milhões para a publicidade. Também está incluído no recurso total o valor de R$ 6,4 milhões, repassados para fundos estaduais e municipais de saúde, para a operacionalização da campanha. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, o órgão contará nesta campanha com uma grande estrutura para garantir a cobertura vacinal da campanha. Em 2004, essa cobertura alcançou o índice de 96%. A cobertura mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 95%. O secretário reforça que mesmo as crianças menores de cinco anos que já tomaram as três doses obrigatórias contra a pólio devem ser vacinadas. “As campanhas são doses extras para reforçar a proteção contra o vírus da pólio”, ressalta. “Os índices de cobertura vacinal no Brasil estão entre os melhores do mundo. Cerca de 15 dias antes do começo da campanha nacional, nossas equipes móveis vão às localidades de difícil acesso e nenhuma criança deixa de receber a dose”, diz. Segurança – As autoridades de saúde garantem que a vacina oral contra a poliomielite é extremamente segura. Ela foi escolhida pelas autoridades brasileiras com base em estudos sobre os riscos e os benefícios. Dentre algumas razões para esta escolha, destaca-se que a vacina é mais simples de administrar e é bem aceita pelos pacientes. A vacina viabilizou a eliminação da doença causada pelo poliovírus selvagem nas Américas e é recomendada pela OMS para regiões com baixos índices de coberturas vacinais. Em relação à vacinação contra a pólio, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) estabelece que os estados devem atingir a cobertura mínima de 95% em pelo menos 80% dos municípios. O objetivo é garantir a homogeneidade da vacinação e evitar o reaparecimento da doença. “A estratégia brasileira não só mantém o País livre da poliomielite, como também integra uma rede mundial para a manutenção da erradicação desta doença”, afirma Jarbas Barbosa. O último caso de poliomielite paralítica no Continente Americano ocorreu no Peru em agosto de 1991. Em 1994, uma Comissão Internacional atestou a eliminação da transmissão do poliovírus selvagem no Continente, o primeiro a eliminar a poliomielite. No Brasil, o último caso de poliomielite com o vírus selvagem ocorreu em 1989, e o país recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite em 12 de dezembro de 1994. Desde essa época, o país assumiu o compromisso de manter altas coberturas vacinais, de forma homogênea, e uma vigilância epidemiológica ativa, capaz de identificar imediatamente o reaparecimento do vírus da pólio e de adotar medidas de controle para impedir sua disseminação. “Nenhum país pode se considerar seguro enquanto não houver erradicação global. Aqui no Brasil, temos um tripé de medidas para garantir o sucesso das ações: uma vigilância epidemiológica eficaz, alta cobertura vacinal e a campanha nacional de vacinação”, reforça o secretário. A doença – A poliomielite é uma doença provocada por um vírus chamado poliovírus. A transmissão acontece por meio da ingestão de água contaminada por material fecal que contenha o vírus selvagem. O vírus da pólio se desenvolve na garganta ou nos intestinos e dissemina-se pela corrente sangüínea. A partir daí, o vírus contamina o sistema nervoso, onde sua multiplicação pode provocar a destruição de células (neurônios motores). Com isso, o portador desenvolve a paralisia flácida, perda temporária ou permanente dos movimentos, em geral dos membros inferiores. A prevenção da poliomielite começa pouco depois do nascimento de uma criança. O bebê precisa tomar as primeiras doses da vacina aos 2, 4 e 6 meses de idade, com um reforço aos 15 meses. Mesmo que a criança tenha tomado as doses regulares, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação de todos os menores de 5 anos durante as campanhas. Esse procedimento equivale a um reforço na imunização contra o vírus da poliomielite. A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde estabeleceu como estratégias para prevenção da pólio a vigilância dos casos de paralisia flácida aguda, uma boa cobertura nas vacinações fora das campanhas e os dias nacionais de vacinação, em junho e agosto. Até a década de 70, antes das Campanhas Nacionais de Vacinação contra a Poliomielite, registravam-se cerca de três mil casos da doença por ano no Brasil. Publicidade da campanha se inspira no futebol Cerca de 39 mil automóveis e 2,5 mil embarcações garantirão o transporte dos profissionais envolvidos nesta que é uma das maiores mobilizações em saúde pública do mundo e que garante a vacinação das crianças menores de cinco anos, mesmo em áreas de difícil acesso. A publicidade para as ações de imunização de 2005 é outro instrumento importante para o sucesso da campanha. A publicidade começou no dia 29 de maio e se inspira no futebol. A idéia é associar o êxito da estratégia de vacinação ao esforço de um grande time: a população brasileira. Nas peças (vídeos, spots, outdoors, folderes e cartazes), crianças uniformizadas com o tema da campanha reforçam a necessidade de que toda a população brasileira se mobilize para vacinar os menores. Foram enviados para os estados cerca de 1,8 milhão de folderes e 900 mil cartazes. As capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes contam, ainda, com o suporte de outdoors. As imagens da campanha publicitária estão disponíveis para download no site www.vacineseufilho.com.br. Pólio ainda ameaça saúde pública em outros continentes Em 1994, o Continente Americano recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) o reconhecimento pela erradicação da transmissão autóctone (no próprio território) da doença. Os países do Pacífico Ocidental receberam o reconhecimento em 2000 e a Europa, em 2002. Três regiões no mundo ainda não conseguiram a certificação da erradicação da pólio: África, Sudeste da Ásia e Mediterrâneo Oriental. Por isso, há a necessidade de manter campanhas de vacinação contra a pólio, mesmo nos países que já erradicaram a doença, como o Brasil. O fluxo intenso e rápido de viajantes pelo mundo pode, facilmente, propagar o poliovírus, causador da paralisia infantil. Ainda há registros de casos de pólio no Afeganistão, Egito, Índia, Niger, Nigéria, Paquistão e Somália. Além dessas áreas, a OMS considera como países onde ainda é alto o risco de reintrodução da poliomielite Angola, Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia, Nepal e Sudão.