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16/08/2016
Alimentos pró­bióticos regionais podem apresentar vantagens para o consumidor ­ Portal Embrapa
Alimentos pró­bióticos regionais podem apresentar vantagens
para o consumidor
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Foto: Cláudio Norões
Pró­bióticos regionais
Alimentos funcionais enriquecidos com pró­bióticos – as
bactérias "do bem" – poderiam apresentar melhores
efeitos se os microrganismos utilizados fossem isolados
nas regiões habitadas pelos consumidores. Isso porque
essas bactérias seriam mais adaptadas ao ecossistema
intestinal das pessoas. Essa hipótese é defendida pelo
professor do Instituto de Lactologia Industrial (Inlain) da
Argentina, Gabriel Vinderola. A ideia está motivando
pesquisadores a explorar melhor o potencial pró­biótico
de uma coleção de Microrganismos de Interesse da
Agroindústria mantida no Laboratório de Microbiologia
da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (CE).
A coleção, com 2.073 acessos, contém bactérias lácticas
e microrganismos deterioradores e patogênicos isolados
de alimentos, principalmente derivados lácteos, ao longo
de dez anos. O material, caracterizado e congelado a
­80°C, guarda um tesouro com potencial para
desenvolvimento de novos produtos como pró­bióticos
para uso alimentício, fermentos para laticínios e
princípios ativos de interesse para as indústrias química
e farmacêutica.
De acordo com Vinderola, estudos recentes indicam a necessidade de diversificar as bactérias pró­bióticas
utilizadas nos alimentos, isolando microrganismos do mesmo ambiente dos consumidores. O cientista
argentino é especialista no desenvolvimento de alimentos funcionais suplementados com pró­bióticos
(Bifidobacterium e Lactobacillus).
Vinderola explica que, como os hábitos alimentares das pessoas interferem na microbiota intestinal, além de
as cepas locais serem mais adaptadas ao ecossistema intestinal, também são mais adaptadas aos alimentos
que fazem parte dos hábitos alimentares dessas pessoas. Isso facilitaria a obtenção de novos produtos, que
além de mais adaptados ao organismo das pessoas, seriam mais facilmente incorporados à rotina alimentar.
Os alimentos pró­bióticos estão presentes no mercado há cerca de 20 anos, principalmente nos laticínios,
como leites fermentados. Os principais produtos são elaborados por grandes empresas internacionais, com
pequena variedade de microrganismos isolados em poucos países. "No Brasil se consome grande quantidade
de sucos. Eu poderia pensar que os pró­bióticos, quando são isolados de pessoas daqui, e colocados em
alimentos que fazem parte dos hábitos alimentares dos brasileiros, talvez possam ter um efeito diferente, mais
bem adaptado ao ecossistema intestinal", acredita.
O especialista esteve no início de agosto na Embrapa Agroindústria Tropical ministrando curso sobre a
incorporação de pró­bióticos em alimentos para 188 profissionais e estudantes das áreas de microbiologia e
tecnologia de alimentos. O curso faz parte das estratégias para explorar melhor o potencial da Coleção de
Microrganismos da Interesse da Agroindústria. Pesquisadores da Embrapa selecionaram bactérias com
potencial para produção de queijos com pró­bióticos e fermento para produção de queijo coalho, em
pesquisas que ainda estão em andamento. Mas o potencial é muito maior.
A pesquisadora da Embrapa Laura Bruno acredita que se possa incorporar pró­bióticos a sucos e outros
produtos que são objeto de pesquisa na Empresa. Ela diz que as cepas bacterianas da coleção são únicas e
precisam ser mais bem estudadas, pois podem se apresentar mais adaptadas às condições locais.
https://www.embrapa.br/web/portal/busca­de­noticias/­/noticia/15347514/alimentos­pro­bioticos­regionais­podem­apresentar­vantagens­para­o­consumidor
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16/08/2016
Alimentos pró­bióticos regionais podem apresentar vantagens para o consumidor ­ Portal Embrapa
Conforme Vinderola, a pesquisa com pró­bióticos está sempre muito perto de chegar a novos produtos. "Até
agora são principalmente os laticínios que incorporaram pró­bióticos, mas eu vejo que no Brasil há consumo
de frutas e sucos no café da manhã, o que é uma oportunidade para se colocar pró­bióticos nesse tipo de
alimento e levar à população microrganismos que oferecem benefícios à saúde", defende. Ele salientou ainda
que o Brasil possui uma diversidade biológica enorme, a qual é preciso conhecer, conservar e explorar.
O professor é também pesquisador do Inlain, centro ligado à Universidad Nacional del Litoral e ao Consejo
Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) da Argentina. Ele está no Brasil como professor
visitante especial no projeto Bactérias Pró­Bióticas para Alimentos: Microbiologia, Tecnologia, Funcionalidade
e Inovação", financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O
projeto é coordenado pela Professora Ana Paula Trovatti Uetanabaro, da Universidade Estadual de Santa
Cruz, no Município de Ilhéus (BA).
Mais bactérias que humanos
O corpo humano apresenta mais bactérias no intestino e na pele do que células em todo o corpo. O número
de microrganismos em uma pessoa é maior que o de pessoas no planeta, e boa parte deles protege o
hospedeiro, que os herda principalmente da mãe durante o parto natural e a amamentação. A flora bacteriana
está relacionada à modulação do sistema imunológico, ao processo de digestão e à produção de substâncias
necessárias à boa saúde das pessoas.
Conforme o professor Gabriel Vinderola, estudos têm associado o tipo de flora intestinal dos indivíduos a
doenças como autismo, obesidade e depressão. "Temos algumas bactérias no intestino que consomem uma
substância que estabiliza o humor. Essa poderia ser uma das causas da depressão", exemplifica.
A área mais explorada em estudos científicos com bactérias intestinais, de acordo com Vinderola, é a que
associa a flora intestinal das pessoas à obesidade. Esses trabalhos apontam que o perfil de bactérias
intestinais de uma pessoa obesa é diferente do de uma pessoa magra.
As pesquisas que relacionam a flora bacteriana à cognição ainda são incipientes, porém há algumas
evidências sobre a relação de bactérias com o autismo. "Em um desses estudos, a microbiota de uma criança
autista foi transferida para um camundongo que não tinha microbiota e esse camundongo apresentou
comportamento de autista. Então, aparentemente, as moléculas que essas bactérias produzem no intestino e
chegam ao cérebro vão determinar o comportamento do ser humano", analisa.
O especialista salienta que esses estudos reforçam a importância do consumo de pró­bióticos e de fibras
alimentares. "Cada pessoa tem que cuidar de sua microbiota, consumindo fibras. As fibras alimentares são o
alimento de nossa microbiota, por isso temos que consumir muita verdura e muita fruta, para alimentar essas
bactérias do nosso intestino", recomenda.
Verônica Freire (MTB 01225/CE) Embrapa Agroindústria Tropical agroindústria­[email protected] Telefone: (85) 33917116
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale­conosco/sac/
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