Aula-22/10/02 “ A saúde e as doenças do século XXI” (Dr. Pais Rodrigues + 2 artigos da sebenta) “Evolução do conceito de saúde” Interacção/ equilíbrio entre saúde e doença O que veio prejudicar o equilíbrio: Revolução industrial—alterações no meio físico, social e estilos de vida (as mulheres começaram a trabalhar) Descobrimentos (importações de epidemias)— as pessoas sentiam-se indefesas nos locais diferentes (a população do méxico passou de 30mil -1519; 3mil -1568) Conquistas dos espanhois Sífilis (treponema pallium) nativos— doença desconhecida na Europa Sarampo /varíola na Europa--Mundo Galileu + Newton + Decartes = Princípios básicos da ciencia; Modelo Cartesiano mecaniscista; Suporte ou Modelo Biomédico tradicional* Como este Modelo* via a Doença = O corpo era uma espécie de máquina. Doença Avaria Temporal ou Permamente Doença surge duma componente ou conjunto de componenetes O modelo* pela primeira vez a “concepção ecológica” é ultrapassada, pois este modelo, a máquina, pode ter uma avaria temporal ou permanente. O Modelo não fala em equilíbrio entre saúde e doença. (Fala em cura) Modelo Biomédico (XIX) Só vem a ser abalado.com a Revolução industrial. Paradigma = Falava-se na Teoria do Germe e que um organismo patogénico específico, (esta sempre) correspondia uma determinada doença específica.e associada a uma doença específica. (Paradigma= Teoria do germe) Prática + investigação médica: 1ºCritério: Tendência para reduzir os sistemas corporais a pequenas partes. ( estudam da parte para o todo) 2º Critério: o indivíduo e as suas particulares idiossincrasias substituido por características universais toda doença. A pessoa deixa de ter identidade e passa a estar rotulado. 3º Critério: Modelo centrado no corpo, menosprezando tanto o meio ambiente (Determinantes Sociais) como as emoções ( Determinante Psicológico) (Myres e Bensor, 1992) Movimento de Saúde Pública ( Sec. XIX) Pessoas Papel activo Prevenção das Doenças Processo de adoecer ou de ser saudável As pessoas passaram a ter um papel activo na prevenção das doenças (eu sujeito, eu doente), a pessoa participa se se quer prevenir ou não(ex. Eu sei se quero ou não prevenir-me contra a sida ou não) Processo de adoecer ou de ser saudável: 1 A pessoa começa a ter identidade ( ele é que tem a doença). Deixava de ser uma doença que existia no indivíduo, para ser o indivíduo que tinha uma doença Ateração radical Conceito Sistema de Saúde. 1º REVOLUÇÃO DA SÚDE: Sucesso Medidas de prevenção Doença Declínio da teoria do germe (já vinha do M.S.P.) Aceitação de que a Etiologia das doenças era Multicausal. Pode haver detreminantes socias, e determinantes psicológicos “O modelo biomédico era monocausal microorganismo X dava doença X., não tem em concideração os determinantes sociais e psicológicos. “ “Enquanto que o modelo Biomédico centrava-se na doença, a 1º Revolução centrava-se na doença.” Início XIX Meados XX Medidas de Saúde Pública Redução (90% Mortalidade – tuberculose) Antes do uso eficaz de antibiótico e vacinação. Fruto de armas de modelo Biomédico, mas igualmente os determinantes sociais, participação activa dos sujeitos, etc. 2ºREVOLUÇÃO NA SAÚDE: Richmona 1979- centra-se na saúde ao invés nas doenças. Esta Revolução Preconiza o retorno a uma perspectiva ecológica. A grande diferença é preocupação das pessoas saudáveis. O objectivo muda, ou seja, vai ser prevenção para todas as pessoas, inclusivé as saudaveis. Centra-se na saúde invésde nas doenças. Perconiza o retorno a uma perspectiva ecológica. Meados do séc XX Doença Nova Epidemia Países desenvolvidos COMPORTAMENTAL As novas epidemias não tinham origem em organismos patogénicos. Germe = comportamento Vacina = modificação do comportamento através das campanhas; Maior informação; Sencibilização Etiologia (deixa de ser biomédica e passa a ser comportamental, isto é, a pessoa passa a estar prevenida sobre as doenças, exemplo o uso de preservativo é a própria pessoa que decide. Sabemos/conhecemos os problema) Isto é, vai haver uma substituição. O germe passa a ser o comportamento e a vacina passa a modificação do comportamento. Modificamos os comportamentos atravéz de “campanhas para a saúde” 2 3º REVOLUÇÃO DE SAÚDE: (Relman, 1988) Racionalização dos custos, Avaliação dos desperdícios; Gestão dos resultados. =BOLA DE NIVEA= “encontramo-nos na bola nivea”—Frase códicgo. Ligada à ideia de práia e de verão Todavia, Não foi este o conceito da criação do produto mais popular do mundo. Decada de 50 houve uma explosão na vida. Outdoors—campanhas. Os determinantes foram: Reconstrução da Alemanha, guerra Fria, Falta de emprego/trabalho duro, Bomba atómica. A dec. De 50 (p´s-guerra) caracteriza-se pelo optimismo e dinamismo “joie de vivre” . “Boa” publicidade era a de jovem saudável bronzeados olhando com confiança o futuro. 1º definição do conceito de saúde (OMS), em 1948.(pq estamos no pós-guerra) Imagem nivea—estatuto de clássica. Adopção da palavra creme por baixo do nome da marca. “Para cuidar da pele” 1926 “Para usar no desporto e em casa” 1931 Decorre o movimento da 1ª revolução da Saúde “ Movimento sautogénico” Decada de 60—BOOM Vida ao ar livre; Expansão pelas viagens; “As ligações entre comportamento e saúde ganham notariedade” (determinismo comportamental) A embalagem já tem casal de namorados. Já estamos na fase do “pice and love” As origens—1911—empresa alemã. Época de Pressões médicas, sociais e culturais. Difusão de hábitos de higiene Movimento de saúde pública Aparencia do creme é “Branco purríssimo”= a “assépsia” ex. Também as novas batas dos hospitais são brancas.... Nivea= Branco-de-neve A mensagenm “ o contacto com as pessoas” 2ª revolução de saúdevaloriza comportamentos como principal causa de morbilidade e mortalidade. “Creme dos cremes” Aumenta a sua liha para diversas variantes (preços razoáveis) Já não é só para Tratar e proteger, mas também para embelezar. As cores Azul e branco: Azul= Cor da empatia, da harmonia, da amizade e da lealdade, um azul que associamos às ideias de frescura e claridade na natureza. Branco= o conceito de limpeza, pureza interior. a cor da inocencia. Caso nivea, atravessa os 2 movimentos que marcam a história da saúde, 1ª revolução de saúde e a 2ª revolução de saúde. 3 Aula 29-10-02 “Dá-me um sentimento de esperança participar nesta campanha” Sebastião salgado “PROMOÇÃO DA SAÚDE” Educação para a saúde; Prevenção da Saúde; A promoção da saúde e a educação para a saúde vai buscar o conhecimento: EPIDEMIOLOGIA COMPORTAMENTAL e ás CONDUTAS DA SAÙDE Prevenção:doença Promoção : saúde Factores de risco Doenças crónicas Epidemiologia=dados estatísticos Natureza comportamental Para fazermos promoção de saúde temos que nos virar para o modelo BIO-PSICO-SOCIAL. Remoção dos riscos (das doenças)implica promover mudanças temos que pensar nos determinantes sociais(guerra) e ambientais (más estradas) participadores da mudaça do comportamento. ( podem poder ser facilitadores ou inibidores) Não chega a simples informação às pessoas, porém podem reduzir os riscos comportamentais. Formação da saúde=definição: Promoção da saúde tem 2 definições com conteúdos semelhantes e aspectos diferenciados. 1ª definição ocorre na Conf. Nacional de medicina Preventiva (que tem haver com a doença preventiva) (EUA) Promoção da saúde inclui todas as actividades médicas e de saúde publica tradicionais. Medicalização da definição. Cheiro a Bio-psico.social (factores pessoais, familiares e sociais) 2ª European Working Group on concepts and principles of heacth promotions(1984) Enfatiza a reforma social o Desenvolvimento de políticas de saúde pública(social) o Criação de ambientes de suporte(social) o Participação da comunidade; o O desenvolvimento de capacidades pessoais; o Reorientação dos serviços de saúde, para além da prestação de cuidados clinicos e curativo Passagem da medicina curativa(prestação de cuidados) parauma medicina preventiva (1ª) A P. S. tem que estar atenta aos factores comunitários, institucionais e política social, que determinam actividades de saúde. (1ª definação 1975 2ª definiçaõ 1985) A grande diferença entre as 2 definições, uma localiza-se na Promoção da Saúde (2ª) e outra Prevenção da Doença(1ª) (injecção de determinantes sociais) começam na primeira definição. “PREVENÇÃO DA SAÚDE” Historicamente as políticas de saúde temos esforços centrados para as Doenças e Sua prevenção. Associada à 1ª revolução PREVENÇÃO PRIMÁRIA= (não presopõedoença—preservativo) Diminuir os factores da doença para prevenir a mortalidfade, antes que ocorra (pessaos saudáveis) PREVENÇÃO SECUNDÁRIA= (presopõe doença) detecção precose da doença, de forma a maximizar as possibilidades de tratamento ou cura( cancro—diagnóstico precose) 4 PREVENÇÃO TERCIÁRIA= (ex proteses)Intervenção terapeutica tempestiva, uma vez diagnosticada a doença, de forma a que ela possa ser controlada ou cura (SIDA) No Enfoque Preventivoinsuficiências o conceito de saúde vai para além da ausencia da doença. A saúde é um conceito positivo, implica a participação activa do sujeito, no meio que o envolve seu habitat vivencial . de acordo com esta perspectiva, não só podemos prevenir a doença como também promover a saúde. Aula 5/11/02 Pergunta de Exame, sai sempre= evolução do conceito de saúde. Reflexão. Temos que terminar sempre em doente saudável 1948 OMS= (1º conceito de saúde). O conceito de saúde espelha a variedade de conceitos da experiência humana. Estado de bem estar físico, mental e social, total, e não apenas ausência de doença ou incapacidade. (mais integrado no conceito bio-psico-social) Criticas á definição da OMS(1948)—ARTIGO DO LUÍS PAIS RIBEIRO 1986= (1ª definição do conceito de saúde) Modelo Bio-psico-social A extensão em que um individuo ou grupo e, por um lado, capaz de minimizar as suas aspirações e satisfazer as suas necessidades, e, por outro lado, de modificar (participação activa da pessoa) ou lidar com o meio que o envolve.(começa-se a falar em nivel de vida) Saúde é vista como um retorno para a vida de todos os dias, uma dimensão qualitativa de vida e não o objectivo de vida. 1948/1949=definuições formais de saúde EvoluçãoOperalização do conceito de saúde. Saúde melhorar forma de vida. Conceito Saútogénico Define-se pela positiva—no sentido em que se caracteriza pela presença de determinantes “CONCEITO DE DOENÇA” Disease=determinate biológico—doença bio (modelo biopsicosocial biomédico) Estar doente. Aconteciemento biológico caracterizado por mudanças anatomicas Sickness= determinante social—doença social Precepcionada como uma Identidade social. Comporta-se como doente Illness= determinante psicológico—doença psico Acontecimento humano. Sentir-se doente. Consiste numa configuração de desconforto e desorganização psicossocial, resultante da interacção do individuo com o meio. Algumas doenças cronicas- Disease – que podem causar mal estar – Illness- e as pessoa adoptam frequentemente, um papel de doentes- Sickness. “DOENTES SAUDÁVEIS” Aumenta da esperança de vida coexistencia Saúde + Doença Doentes saudáveis (aliada a doenças crónicas) Pergunta de exame: Doentes Saudáveis / Doentes Crónicos Padróes de condutacomportamentos sautogénicos 5 Mudanças de hábitos + estilo de vida Técnicos de Saúde SOLUÇÃO Epidemia comportamental Educação para a saúde ERRO DOS TECNICOS a educação para a saúde é somente uma técnica, uma estratégia para a promoçaõ de saúde, mas não chega!!! Modificação do comportamento configurada em sentido restrito 6 mensagens pouco eficazes A mudança de hábitos ocorre quando as pessoas são devidamente informadas “...muitos técnicos e dirigentes políticos acreditam que a eduação (normalmente conciderada como o fornecimento de informação) é a solução para a nova epidemia comportamental. Ora, a informação é importante mas não é suficiente.” MENSAGENS POUCO EFICAZES a 2ª revolução da saúde trouxe uma perspectiva MULTICAUSAL ECOLÒGICA (Etiologia Multicausal) Mudanças isoladas são irreversíveis. “Parece que mudar de hábitos é muito difícil quando se trata de obrigar as pessoas a fazê-lo , mas que é muito mais fácil quando o próprio insdividuo está disposto a isso” TABACO CONTROL= os limites a alcances da promoção da saúde saúde Aula 12/11/02 Prevenção conceito relacionado com a doença. Promoção conceito relacionado com saúde mais amplo Promoção da saúde (Rodriguez Marin,1995) supõe Instauração e manuntenção do comportamento, não só saudáveis como também potenciadores das capacidades funcionais, físicas, psicológicas e socias das pessoasd. (refere-se a doentes sadáveis) Educação para a saúde Conceito básico promoção da saúde OMS,1969 Uma acção exercida sobre os individuos no sentido de os levar a modificar os seus comportamentos, por forma a que adquiram e conservem hábitos de saudáveis, aprendam a usar judiciosamente os serviços de saúde que lhe são disponibilizados e se capacitem para tomar, individual ou colectivamente, as decisões que impliquem a melhoria do seu estado de saúde e do saneamento do meio que vivem. A própria dos serviços de saúde pode muitas vezes ser prejudicial quando usada em excesso (iatrogenia social) Passagem do papel passivo para o papel activo do doente (o doente é o protagonista) Promoção da saúde É um conceito amplo tem distintas ESTRATÉGIAS de activação educação para a saúde Instrumento + estratégia concreta Promoção de saúde. Costa e Lopes 1996 O Promoção da saúde conceito amplo entre a EDUCAÇÂO PARA A SAÙDE +SUPORTES Organizativos, Económicos, Legislativos, Normativo, Ambientais FACILITASDORES DE PRÀTICAS SAUDAVEIS Processo Amplo Os individuos, os grupos e as comunidades melhoram o controle sobre os DETERMINANTES PESSOAIS e AMBIENTAIS da saúde. Estratégias de Educação para a saúde distintos niveis de actuação: Individual; Grupal; Comunitária. 7 Desde campanhas dos mass Média intervenções derectas e pessoais ensinavam a sua utilização) (preservatidos, Eficacias das Intervenções (Holbem,1988 5 premissas:) Desenvolvimento de teorias e modelos que suportam as estratégias de intervenção; Focalizar as intervenções em padrões de conduta prioritários, que mais influenciem a saúde da população; Intervenções centradas em populações de alto risco; Analisas as políticas que influyência as condutas de saúde; Combinar intervenções de forma a obter efeitos complementares e sinérgicos. Sai no exame:estudos do paradoxo ex campanha do tabaco Promoção da saúde (Maes, 1991) implica não só a protecção e a manutenção da saúde como também a promoção do optimo estado, vital , físico, mental e social, da pessoa e da comunidade. Educação para a saúde “ António Barbosa-determinação da saúde....” Prevençãopq a prevenção não é eficaz, poie tem limites e alcances) Racionalidade da prevenção= dados epidemiológicos Relação causal entre os váriaveis determinantes no processo de adoecer Análise epidemiológica modelo de base estatística; perspectiva etiológica. Modelo epidemiológico fechado; preso á tradição biomédica e curativa; Lacuna Básica colaboração multidisciplinar das ciências sociais “Aposição democrática de variaveis provinientes das ciência sociais, mero contributo agregativo sem a fecundidade cruz<ada de um casamento feliz” Auge 1983 (recorre ao modelo biomédico e não ao biopsicosocial) Prevenção necessidade de um modelo explicativoas vias pelas quais o social e o económico...............da mais profunda colaboração interdisciplinar Organizaçaõ da prevenção: O movimento preventivo deveria pressupor uma contextoalização mais global e naõ suplementar da medicina ( medicalização da prevenção) No quadro das regras do jogo socil, aolimitar a prevenção ao dominio da doença escamoteia-se a responsabilidade colectiva. correndo-se o risco de tudo aquilo que na organização social é conciderado indesejável pode tornar-se objectivo de prevenção. A ideia preventiva pode reforçar uma cultura do corpo organizada sob a referencia médico...... A prevenção deverá organizar-se como Processo de divisão de trabalho dentro da área Médico-social. Agentes profissionais diversosAutonomia (percepção multidisciplinar) Se se partir de modelos simplistas acções baseadas em modelso epidemiológicos restritos e incidindo apenas sobre variaveis individuais através de campanhas públicas de informação. Então... “ A intervenção preventiva não passará de uma manifestação simbólica, sem tradução de melhorias consistentes” Assim, aconcelha-se um tipo de intervenção social mais ampla a vontade da prevenção não pode impor os únicos critérios legitimos para definir as condições de vida e de trabalho. 8 Estratégias de prevenção campanhas de moralização culpabilidade Ocultando a funcionalidade que os comportamentos e as culturas de risco desempenham papeis sociais que o corpo desempenha (factores de risco também se diferenciam) (ex. Da prof: As diferenças da responsabilidade de um motoqueiro e um camionista ocultando a funcionalidade não podemos fazer campanhas massificadas) Ideologia da Prevenção: baseia-se nos valores e nas normas das classes mais favorecidas (ex aparecimento de pessoas socialmente conhecidas ex campanha do cancro da mama) sem ter em conta os partularismo culturais (barbosa,1982) ou os desejos individuais Codificação rigida e autoritária das práticas (se conduzir não beba) comprimento cego e quase obsessivo das regras missão vigilante do sistema se saúde. Práticas de prevenção: Priveligiam a informação, assumindo ser possível modificar o comportamento individual pela comunicação de mensagens (ex. Barrancos) A eficácia da estratégia usada portador de risco deverá modificar não só o seu copmportamento mas também a sua cultura. Racionalidade de prevenção: Sub-conjunto de outras funcionalidades que disputam o dominio do corpo As exigencias do sector produtivo e as suas normas de produção e de consumo contraditórias e concorrenciais aos objectivos de saúde (ex. Se conduzir não beba, mas a Sagres patrocina a selecção de Portugal) Obtáculos que se levantam à educação da para a saúde: Inexistencia de uma política de saúde corrente; Atitudes de resistência do grupo profissional dos médicos; Publicidade contra-informadora de certos meios de comunicação; (ex há publicidade sobre bebidas alcoólicas. Estas no fim dizem: Se conduzir beba com moderação) Dificuldade em obter da comunidade um feedbach imediato (a maior parte das campanhas não são avaliadas; Priveligia-se a informação de massa em relação às formas de contacto pessoal; Efeitos sobre a redução dos custos de saúde; Avaliação de efeitos das campanhas (naõ essenta em metopdologias rigorosas; incidem apenas sobre os efeitos visíveis a curto prazo) Posto em causa o sucesso das campanhas na alteração dos hábitos e estilos de vida (sucessos parciais) Análise de programas de evolução para a saúde: Aponta para Re-socialização do adulto. Intervenção tardia e de sucesso duvidoso (Tones,1977) E não para uma socialização primária (familia) ou secundária (escolas, grupos sociais) (ex. Estudo feito nos EUA observou que numa ida ao supermercado quem aconselhava os produtos eram os filhos e não os pais, isto porque os filhos passam mais tempo a ver televisão que os pais) Luta pela saúde Vs Angústia de Morte: Fantasma da prevenção para combater prazeres reprovaveis (beber, fumar). Medicina reforça o seu papel de normalização do comportamento humano Exige todo um conjunto de harmonização dos procedimentos das várias disciplinas para que se possa responder objectivamente ao conjunto de questões que a saúde suscita. Fantasma da Prevenção Balanceia entre a luta pela saúde Vs Angútia de Morte (ver artigos prevenção e promoção da saúde) 9 Aula de Psicologia II - Teórica 19/11/02 O Brincar, a Caixa Ludo como instrumento fundamental do Médico Dentista Psicoterapia Consulta Processo de Comunicação Os processos de comunicação entre psicólogo e criança acontece a vários níveis: - Produções Verbais - Linguagem emitida pelas expressões corporais - Desenho ou pintura - Actividade Lúdica - Relação Transferência/Cotransferência A relação entre o psicoterapeuta-adulto tem um suporte fortemente verbal enquanto a relação psicoterapeuta-criança tem de ter um contexto na actividade lúdica. A actividade lúdica completa e estrutura a acção da criança e o seu discurso verbal. A actividade lúdica permite a emergência da fantasia e a projecção da brincadeira surge como forma de trabalhar as ansiedades e angústias. Assim a caixa ludo não é nada mais nada menos que um instrumento de relação na consulta com a criança, é uma forma de linguagem que nos dá acesso a outras informações. A função simbólica é a base das relações do ser humano consigo mesmo (...) a importância da função simbólica resido no facto de escapar ao limite da realidade. Melanie Klein (1932) diz que o modo natural de expressão da criança é o brincar. O brincar pode ser uma expressão final de processos mais profundos. Processos Psíquicos Presentes na Elaboração Onírica (Freud 1900) Klein Descoberta do sentido oculto do brincar - Deslocamento Condensação - Representação - Simbolização Terapeuta tem de possuir a capacidade para uma terceira visão, tem de ser simultaneamente o Tradutor/Intérprete do Brincar da criança. COMO É QUE O TERAPEUTA DEVE DESCODIFICAR O BRINCAR? - Seguir a brincadeira com atenção flutuante Não interferir prematuramente Estar atento ao escondido, ao latente, ao implícito - Ter atenção na situação POLÍTICAS DE SAÚDE Pediatria Diminuição do número e duração dos internamentos Benefícios psicológicos e da saúde em geral 10 “A criança é alvo de tratamentos e meios complementares de diagnóstico assustadores e dolorosos” Perturbações dos Órgãos Confronto Com Sensações Desagradáveis Funções do Corpo Alteração da harmonia representada pelo silêncio dos órgãos que prevalece na saúde “A pessoa doente é uma pessoa que perdeu a harmonia interior (...)” O Acto Terapêutico ou Situação de Consulta = Situação Nova e Ansiogénica, de intimidade, que desenvolve : Fobias de Separação Depressividade Birras Comportamentos de dependência Ansiedades Medos específicos Fobia Escolar Alterações do comportamento alimentar, do sono e do controlo dos esfíncteres Desenvolver medos e fobias Choros Um factor que não pode ser esquecido vai ser a relação com os pais e a qualidade dessa relação. Muitas vezes é contraproducente o acompanhamento da criança pelos pais à consulta devido a um contágio emocional. Escalona (1953) = Conceito de Contágio Emocional Ansiedade materna comunicada de forma verbal e não-verbal, aumenta ansiedade da criança. ADOPÇÃO DE MEDIDAS PREVENTIVAS - através da implementação de programas de informação e preparação da criança para os actos médicos praticados Episódios de Hospitalização + Preparação de Actos Médicos ACTIVIDADE LÚDICA (Caixa Ludo + Desenho) Adams Dreamland Experiências de Dessensibilização + Aprendizagens de Estratégias de Confronto Jogos com Bonecos – criança desempenha o papel de médico ou enfermeiro que trata o boneco Eventos reais muito importantes na vida da criança , não surgem no decurso das brincadeiras ou associações, o ênfase pode ser colocado em acontecimentos aparentemente secundários. A criança hospitalizada pode rejeitar completamente os brinquedos médicos contidos na caixa, deslocando as suas vivências relativas à hospitalização para um material com um simbolismo diferente. 11 PROGRAMAS DE PREPARAÇÃO PARA INTERVENÇÕES MÉDICAS Garantia de adequação do discurso aos diferentes níveis de desenvolvimento da criança - Criança na Fase Pré-Operatória = receio de que uma simples análise lhe retire todo o sangue do corpo (“e depois...voltam a pôr o sangue cá dentro?”) - Criança na Fase de Operações Concretas = pode estabelecer associações O Discurso tem de ser adequado ao estádio e ao desenvolvimento da criança Aula de Psicologia II - Teórica 26/11/02 “A PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO” O médico dentista tem de ser um especialista o contacto visual, é o primeiro contacto, já que o resto do rosto está tapado. Contacto Visual = forma de comunicação não verbal (Sociabilidade Humana) Através do olhar, o bebé comunica, disponibilidade de vinculação, parecendo revelar um comportamento inato de tendência primariamente interactiva. Nos primeiro anos de vida, os padrões individuais de interacção, que perduram nos períodos subsequentes, moldam-se, formando uma escultura na arte das relações humanas. Impõe-se uma questão prévia : O QUE É REALMENTE A COMUNICAÇÃO ? COMUNICAÇÃO : A Pragmática Comunicar é tornar comum uma informação, uma ideia ou uma atitude. O Acto de Comunicar é a arte de reduzir o mais possível as diferenças entre os significados pensados pelo emissor e os que são percepcionados pelo receptor. OBJECTIVOS DA COMUNICAÇÃO : – diminuir o grau de incerteza do doente – co-experienciar (para além de nos colocarmos na posição do outro – ideia de partilha da experiência vivida a 2) A Comunicação tem dois DOMÍNIOS : o o Comunicação Interpessoal Comunicação Social (mass-media) COMUNICAÇÃO SOCIAL: domínio das comunicações mediáticas, geralmente de sentido único. Há uma falência de interacção, geram-se relações de dependência da comunicação social levando a um vazio afectivo. Com uma crescente facilitação das comunicações sociais, o homem vai ficando cada vez mais só, levando-nos a concluir que há mais comunicações mas na realidade menos comunicação. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL: grande manancial de informações nas sociedades de hoje. Então porque razão haverá uma dificuldade acrescida de comunicar? Não basta utilizar os múltiplos instrumentos disponíveis : é necessária uma renovação de atitudes comunicacionais, inseridas nas relações entre as pessoas que querem realmente comunicar. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL : - DIRECTA E INTERACTIVA BILATERAL CARACTERÍSTICA DAS RELAÇÕES HUMANAS FACE-A-FACE 12 Comunicar não é desejar informação O Receptor das nossas mensagens : o Não é um recipiente e muito menos uma esponja; o É activo e desenvolve poderosos mecanismos de defesa; o Tem um sistema de referência que constitui um refúgio confortável e construído com alicerces resistentes; o Só aceita – o “novo” em pequenas doses, deve-se dizer as coisas em parcelas muito pequenas. Deve-se ter uma formação apropriada no domínio das atitudes da comunicação : Para evitar uma boa parte dos fracassos do processo de comunicação; Não é uma aprendizagem que possa ser imposta; Não é uma mera aquisição de conhecimentos mas sim uma educação da personalidade OS VERDADEIROS EDUCADORES DA COMUNICAÇÃO somos em primeiro lugar nós próprios Só haverá uma verdadeira comunicação quando se estabelecer uma relação empática (colocar-se na pele do outro), não limitada ao mero gesto mecânico da etiqueta. EXAME : diferenciar o acto informativo do acto comunicativo. Para haver uma comunicação verdadeira, tem de haver uma empatia entre receptor e emissor. AXIOMAS DA COMUNICAÇÃO Em situações de co-presença (presença mútua), através da palavra, do olhar, ou do silêncio tudo tem valor de mensagem, por isso, não escapamos à comunicação evitando comunicar - TODA A SITUAÇÃO DE CO-PRESENÇA É INTERACTIVA E, COMO TAL, É IMPOSSÍVEL NÃO COMUNICAR (1º AXIOMA) - EM TODA A COMUNICAÇÃO HÁ UM CONTEÚDO E UMA RELAÇÃO (2º AXIOMA) ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO: - INFORMATIVO (relaciona-se com o conteúdo, com o que é dito – comunicação digital (texto) - RELACIONAL (tem a ver com a comunicação analógica – o que se subentende, o de podermos englobar os sentimentos) 13 Aula de Psicologia II – Teórica 03/12/02 Há dois modos básicos de comunicação : - ANALÓGICA – comunicação não verbal, como a gestual - DIGITAL – é o aspecto informativo, verbal Nós pessoas somos um filtro, e transmitimos sempre a informação do novo estado emocional do doente. COMUNICAÇÃO PROJECTIVA : projectamos no outro o que se passa no nosso inconsciente. O inconsciente é um grande biombo. A comunicação verbal tem uma codificação digital, e a comunicação analógica tem uma codificação não verbal. A comunicação transcende a linguagem : COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO VERBAL Não verbal Não Vocal ANÁLISE DE COMPORTAMENTOS DA COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL Fenómenos Paralinguísticos : Altura Tom da Voz Débito do Discurso Tempos de Locução (pausas, hesitações) Fenómenos Dinâmicos : Movimentos Gestos Olhos Posturas Expressões faciais + Movimentos dos A face é a área mais expressiva do corpo humano. Independentemente da cultura ou raça, há expressões inatas. Quem identifica o corpo é a face e depois os olhos. FUNÇÕES DO OLHAR : - Expressão das emoções (traços mais analisados : surpresa, medo, raiva, tristeza e alegria) - Regulação da interacção Expressão Facial – contacto pelo olhar Frequência do Olhar – contacto relacional, sexo, estatuto social COMPORTAMENTO PROXÉMICO Proxémia é o uso do espaço na comunicação Proximidade Orientação COMPORTAMENTO ESPACIAL Movimento Comportamento Territorial 14 Diferenças Interculturais Diferença de Classe Social PROXIMIDADE + DISTANCIAMENTO Diferenças de Enquadramento Tópico de Conversa Outros aspectos da Comunicação Não-Verbal : ELEMENTOS DO SISTEMA NEURO-VEGETATIVO Coloração da Pele Actividade Visceral Ruídos Corporais Dilatação da Pupila A postura, a posição do corpo e em particular a posição da cabeça, movimentos de orientação, com fins de informação, são uma consequência da localização dos principais órgãos dos sentidos na face anterior do corpo. - Comportamento Táctil Outros comportamentos comunicativos (emissão de odores) Comportamento Indumentário Comportamento Cosmético Comportamento Ornamental Tudo isto é linguagem, tudo isto é forma de comunicação. Só haverá comunicação autêntica quando se estabelecer uma relação empática entre o emissor e o receptor. Se se evidencia por um lado o aspecto informativo, não se deverá negligenciar, por outro, o conteúdo relacional. Cada indivíduo é uma entidade psicológica única e distinta, tal reflecte-se inegavelmente, no acto de comunicar. IMPORTÂNCIA DO ROSTO NA VIVÊNCIA DO SER HUMANO : - O rosto humano produz cerca de 7000 expressões faciais diferentes Não existe dois rostos totalmente iguais As expressões faciais não variam de cultura para cultura e são uma referência da possibilidade de expressões existentes As nossas expressões faciais suscitam imediatamente expressões noutras pessoas. Se não conseguirmos fazer a expressão facial e comunicar, deixará de existir interacção que é fundamental para o desenvolvimento da auto-estima no indivíduo. A expressão facial constitui uma importante função social : o ser humano como animal social, executa e interpreta expressões faciais como complemento ou mesmo substituto da comunicação verbal. O ser humano aprende a utilizar de tal forma a sua expressão facial, que através dela acaba por expressar tudo o que sente na altura. Há uma expressão inconsciente – o ser humano aprende a interpretar e reconhecer expressões faciais dos seus semelhantes. As expressões faciais destrutivas- utilizam-se de forma inconsciente, contudo, com elas, conseguem manter uma comunicação não verbal. O SORRISO – o sorriso genuíno é facilmente distinguido de um sorriso social e não só faz sentir bem a pessoa que sorri como também tem o mesmo efeito no interlocutor. MENTIRA – muitas vezes o sujeito evita o contacto ocular com o seu interlocutor de forma a não ser denunciado pelas pequenas expressões faciais que exibe involuntariamente e denunciam a sua mentira. 15 RECONHECIMENTO FACIAL BASE DE DADOS CEREBRAL (onde se reúne todos os rostos e expressões faciais conhecidas) Centro de Reconhecimento Cerebral (possível funcionamento tipo caricatura como forma de simplificação do rosto) EMOÇÃO - associado a cada um dos elementos que compõem a base de dado, encontramse diferentes tipos de emoção que lhe conferem um determinado significado e sentimento. O estigma do rosto : - O rosto é a parte do corpo do ser humano que se encontra mais exposta à observação dos outros, e como tal, é a zona em que será mais difícil de esconder defeitos ou imperfeições; - Com a crescente exigência da estética que caracteriza a nossa necessidade são, hoje em dia, inúmeros os estigmas associados ao rosto humano que não dizem respeito a patologias desfigurantes; - Estes pequenos estigmas vão desde a simples fealdade em geral até imperfeições mais localizadas que passa também pela cavidade oral, local onde o dentista tem um papel interventivo enorme; - O sorriso colgate – algumas alterações dentárias poderão ter um carácter estigmatizante e, por isso, interferir com a auto-imagem e auto-estima do indivíduo : dentes estragados, mau hálito. Se numas faixas etárias o aparelho é bem aceite, noutras corre-se o risco de estigmatização da criança. Estigma – Alcunha. 16 Aulas de Psicologia II – Aula Teórica 10/12/02 “A DIMENSÃO OCULTA” O USO DOS ESPAÇOS NA COMUNICAÇÃO Resumo : - Distâncias uniformes - Percepção do espaço - Constância das distâncias - Factores de determinação de distâncias - Distância Íntima, Pessoal, Social e Pública : modos próximos e longínquos - Comparação Intercultural LUZ, VOZ e SENTIMENTOS = reduzem a distância entre 2 interlocutores ORIGEM DOS ESTUDOS DA PROXÉMIA Distâncias Constantes Aves e Mamíferos Hedigger : - Distância de Fuga - Distância Crítica - Distância Pessoal - Distância Social Hall, 1966 estudou a Proxémia no ser humano. O ser humano pratica distâncias uniformes nas relações que mantém com os seus semelhantes. A percepção do espaço no ser humano é dinâmica, uma vez que se encontra ligada à acção. A constância das distâncias é resultado das modificações sensoriais que forma tendo lugar. Desta forma a INTENSIDADE DA VOZ : o sussurrar é utilizado quando os interlocutores se encontram muito próximos o grito é destinado a grandes distâncias Os sentimentos recíprocos dos interlocutores constituem um factor decisivo na determinação da sua distância. Assim, os SENTIMENTOS : um indivíduo encolerizado, ou desejoso de convencer o seu interlocutor, aproxima-se deste aumentando o volume da voz qualquer mulher saberá reconhecer que um homem se está a apaixonar por ela pela maneira como ele se aproxima Quantas distâncias possuem os seres humanos e como se destinguem? A escolha terminológica das distâncias destina-se a evocar os tipos de actividades e relações de cada uma. Edward Hall (1966) DISTÂNCIAS ÍNTIMA PESSOAL SOCIAL PÚBLICA MODOS PRÓXIMA LONGÍNQUA 17 O comportamento humano é influenciado pelos diferentes tipos de personalidade. Para além destes, cada um de nós possui ainda um certo número de personalidades situacionais aprendidas, cuja forma mais simples está ligada aos nossos comportamentos nos diferentes tipos de relações íntimas, pessoais, sociais e públicas. Os comportamentos estão associados aos diversos tipos de relação : íntimas, pessoais, sociais e públicas. Todavia certos indivíduos nunca chegam a desenvolver a face pública da sua personalidade; são oradores medíocres, igualmente incapazes de dirigir discussões de grupo. A maior parte dos mecanismos ligados à apreensão das distâncias produz-se inconscientemente. Produzem-se tantos acontecimentos ao mesmo tempo que é difícil seleccionar as fontes de informação que determinam as nossas reacções. Será o tom de voz, a atitude ou a distância do interlocutor, responsável por determinada reacção? Hall (1966) : Fez o primeiro estudo de carácter aproximativo; As generalizações são válidas para o grupo observado (ex.: os negros, os sulamericanos e os indivíduos pertencentes às culturas da Europa meridional possuem estruturas proxémicas diferentes); As distâncias podem variar com a personalidade dos sujeitos e com as características do ambiente (ex.: um ruído intenso ou uma luz fraca aproximam os indivíduos uns dos outros); QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE AS DIVERSAS DISTÂNCIAS ? DISTÂNCIA ÍNTIMA : A presença do outro impõe-se e pode tornar-se mesmo invasora pelo seu impacto sobre o sistema perceptivo. Modo PRÓXIMO – distância da luta, do reconforto da protecção e do acto sexual o o Os pormenores são percepcionados com muita precisão A voz desempenha um papel menor no processo de comunicação A percepção de proximidade faz-se essencialmente através do olfacto e da recepção do calor irradiado pelo outro. Modo LONGÍNQUO (15-40 cm) – distância em que os membros inferiores e a cabeça não se encontram facilmente em contacto, mas em que as mãos se podem juntar o A cabeça é vista como maior que o natural... DISTÂNCIA PESSOAL : distância fixa que separa os membros das espécies em contacto. Modo PRÓXIMO (45-75 cm) – distância que funciona como protecção, caso tivéssemos uma esfera protectora à nossa volta. o o o Não se verifica distorção visual dos traços do outro Os planos e os volumes dos rostos tornam-se mais acentuados O relevo dos objectos é particularmente pronunciado Modo LONGÍNQUO (75-125 cm) – limite do alcance físico em relação a outrem DISTÂNCIA SOCIAL : pormenores íntimos do rosto já não são percepcionados; ninguém toca ou espera ser tocado por alguém; a altura da voz é normal 18 Modo PRÓXIMO (1,20-2,10 m) – distância das negociações interpessoais em que existe uma implicação pessoal; reuniões informais Modo LONGÍNQUO (2,10-3,60 m) – relações profissionais interpessoais ou sociais assumem um carácter mais formal o o Silhueta inteira é percepcionada rodeada de um certo espaço A voz é sensivelmente mais alta do que no modo próximo DISTÂNCIA PÙBLICA : situada fora do circuito imediato de referência do sujeito/indivíduo Modo PRÓXIMO (3,60-7,50 m) – a 3,50 m um indivíduo pode adoptar um comportamento de fuga ou defesa o o o A voz é alta mas não atinge o seu máximo volume Os linguisticos observam que esta distância implica um (re)elaboração particular do vocabulário e do estilo que provoca transformações de ordem sintáctica e gramatical A partir de 4,80 m o corpo começa a perder volume e parece achatar-se Modo LONGÍNQUO (7,50 ou mais) – reservada geralmente a personalidades públicas o o O essencial da comunicação não verbal é garantido por gestos e atitudes; O ritmo da locução afrouxa, as palavras são melhor articuladas e observam-se mudanças de estilo; Porquê quatro distâncias ? SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PROXÉMICO HIPÓTESE O comportamento da territorialidade pertence à natureza dos animais e em concreto do ser humano CONCLUINDO : O Homem e Animal servem-se dos seus sentidos para diferenciar as distâncias e os espaços. A distância escolhida depende das relações : interindividuais, dos sentimentos e actividades dos indivíduos envolvidos. AULA TEÓRICA 17/12/02 Artigo – Rodriguez Maran Artigo da Espanhola O HOSPITAL ENQUANTO MARCO DE SAÚDE - instituição em que as pessoas podem obter serviços de saúde consistentes sistema social com valores e regras sistema organizacional promotor de investigação sobre aspectos futuros da saúde (Rodriguez Maran) A Evolução do hospital desde séc. XIX Grécia Clássica Hospital enquanto lugar especial para cuidar e curar os doentes – Deus da cura – Esculapio Raízes na religião, aplicada por sacerdotes Este conceito de Medicina prolongou-se com o cristianismo 19 A doença e a cura estavam nas mãos de Deus, Hospital instituição que praticava caridade Objectivo: diminuir o sofrimento Hospital percepcionado como asilo A estrutura organizadora de um hospital é complexa, podendo variar em função da sua dimensão e também do sistema de saúde de cada país. HOSPITAL “Lar de doentes” Função hoteleira de abrigo e guarda de doentes Propício à evacuação precoce dos doentes MASSIFICAÇÃO DOS CUIDADOS MÉDICOS Para alcançar os seus objectivos; Hospital tende a adoptar uma “estrutura formal burocrática“ Aliada à Burocracia Profissional Linhas de Autoridade Linhas de autoridade Médicos Enfermeiros Serviços Administrativos Diferenciados por diferentes uniformes e dispositivos A HOSPITALIZAÇLÃO IMPÕE Mudança de vida no sistema social do doente Assumir um novo papel Paciente Hospitalizado Perfis: Papel do doente hospitalizado 20 EFEITOS PSICOSSOCIAIS Impacto do espaço físico; : paciente fica confinado à cama, mesa de cabeceira, enfermaria , perde o seu território da sua casa, etc...... Perda da intimidade = VIDA PÚBLICA = todos os enfermeiros e médicos têm acesso à sua ficha clínica Ignorância = “ quanto menos souber melhor” Dependência = temos medo da retaliação, temos medo do que possa acontecer se não acatarmos as ideias do médico Despersonalização ( perda parcial da identidade) : no hospital o doente passa a distinguir-se por uma cama, letra, etc.... Interrupção dos Papéis Habituais Exigência da Adopção de papel do doente Hospitalizado Paciente Hospitalizado “Vida Pública” e permanentemente acessível a todos os profissionais de saúde Ignorância do que se passa e do que se vai passar Condiciona A adopção do papel de DOENTE HOSPITALIZADO DEPENDÊNCIA DO DOENTE Cumprimento de rotinas Vida social do doente é condicionada pelo tempo (regulada e estruturada) “Estrutura rítmica da vida do hospital” “Carapinheiro” Sociologia do tempo e do espaço Objectivo Processos culturais e comportamentais associados com a morfologia social? A entrada no hospital Mudança do papel de doente e utente para o papel de doente hospitalizado Ansiedade Depressão Perda da “ intimidade” da relação médico-doente 21 Com a hospitalização o doente sente o seu caso como público São exemplos os casos clínicos discutidos junto à cama do doente Perturbador para o doente A cama elemento simbólico identificada com um número Identifica também o doente Exemplo: A visita médica não prescinde da discussão do caso mesmo que o doente esteja ausente Os médicos continuam a reunir-se à volta da cama vazia, cumprindo o ritual da apresentação do caso. DOENTE = MERO CASO CLÍNICO DESEJO DE INFORMAÇÃO Falta de comunicação Conspiração do Silêncio Uma das queixas mais evidentes Recorrem a informação dos: Companheiros de quarto Visitas Familiares DESVALORIZAÇÃO PSICOSSOCIAL Perda da identidade Despersonalização O doente não é tratado como uma pessoa 22 PATERNALISMO MÉDICO “O princípio do poder médico sobre o doente” (.....) De pé , de pijama e de frente ..........prática médica (..........) Graça C ........................ A “ PRIVACIDADE DO HOSPITAL “ No interior do hospital Espaços Enfermarias Pequena Oficina de trabalho Resguardo dos doentes LIMITE DO ESPAÇO O doente deve permanecer na enfermaria para não “atrapalhar as tarefas de rotina ..................” ENFERMARIAS Área de actuação frontal do passoal médico e enfermagem SALAS DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS Áreas de actuação de retaguarda “Autênticas áreas de bastidores” Autênticos postos de vigilância dos comportamentos dos doentes. Espaço central e reservado o Gabinete do Director o Sala dos médicos o Gabinete da Enfermeira Chefe Áreas de tomada de decisões e coordenação do serviço Bastidores de interacção dos grupos sociais Lugares que diferenciam grupos, funções e poderes. Separação Espacial .................. .................. Sistemas simbólicos mais representados da ordem social hospitalar. 23 Diferentes Uniformes e Distintos Bata Branca Médicos Batas Brancas com acessórios Enfermeiros Batas Azuis Auxiliares Entre o branco e o azul estão representados as fronteiras entre o limpo e o sujo....... ESPAÇO DO DOENTE “ Pequeno Universo privado resistente ao despojamento total” Objectos pessoais e a roupa de dormir como únicos elementos simbólicos Outros elementos Meios técnicos de Emergência Tubos para ligações de oxigénio Aspiradores de secreção Frascos de soro ligados aos doentes OBJECTIVAÇÃO DO CORPO DO DOENTE Construção do objecto de trabalho médico Corpo Acessível Cama como símbolo de um espaço sem fronteiras de violação permanente do Espaço Pessoal ADOPÇÃO DO NOVO PAPEL Separação das esferas socio-familiar e laboral ..................... Bom e Mau Doente (Perfis) 24 AULA TEÓRICA 7/01/03 Adopção de um novo papel Separação das esferas socio-familiar e laboral Rodriguez Maria Perda do Apoio Social Crenças sobre o doente hospitalizado “Bom Doente” Locus de controlo de saúde “Mau Doente” Externo Interno Todos os problemas dele se resolvem de fora para dentro . O controlo da situação é posta no exterior. O próprio doente é que resolve os seus problemas. BOM DOENTE o Cumpre todas as ordens o Não faz perguntas o Faz poucas queixas o É pouco exigente Desejabilidade social é o o objectivo deste tipo de doente PASSIVO Não tem que ser, necessariamente, um doente bem ajustado ou satisfeito PASSIVO Indefesa aprendida Quer na Hospitalização Quer no pós-alta MAU DOENTE o Não assume todas as regras do hospital o Demonstra quando não está de acordo, revelando-se muitas vezes hostis e irritável o Participa no seu processo Terapêutico ACTIVO Procura de informação 25 ACTIVO Consequências negativas Condutas auto-agressivas (os perfis psicosociais estão todos na doente veterana) O doente pode deixar de administrar os Medicamentos relação com o pessoal BOM E MAU DOENTE Locus do controlo Experiência de internamento Adaptação Emocional à Hospitalização A hospitalização é vista como um acontecimento de vida (live event) Hospitalização Acontecimento vital stressante 1. 2. 3. 4. indivíduo está doente Diminuição do recurso de confronto ao stress Doentes com sintomatologia Depressiva e Ansiosa – difícil recuperação Dependência, perda de intimidade, perda da liberdade de acção, perda de papéis, perda de apoio social, despersonalização Hospitalização- Factor Stressante Auto-Percebido Relacionado com características sócio-demográficas Sexo Idade 26 Aspectos da Hospitalização Recursos Próprios dos doentes (ex.cunhas) RESPOSTAS EMOCIONAIS DEPRESSÃO ANGÚSTIA ANSIEDADE Hospitalização Hospitalização- Bom Preditor Em suma: Stress físico Stress Cultural HOSPITALIZAÇÃO Stress Social Stress Psicológico Modelo bio-psico-social PERFIS PSICOSSOCIAIS DO DOENTE Doente Actor Principal Palcos e cenários hospitalares Quando capturado pelos processos e relações psicossociais Acto terapêutico Doente Actor Principal Emancipação Pessoa Doente Carta dos direitos e deveres do doente Lei de Bases da Saúde Doento-Centrica 27 Participação Activa do doente Cuidados de saúde Figura central Sistema de saúde Domínio dos saberes e das práticas Médicos Destituir Autonomia PESSOA DOENTE PESSOA DOENTE Escutada – adequadamente Informada Informação Prestada Estratégia Poderosa Mudança de Representação social do doente PESSOA DOENTE Mudança da representação social do doente Mero caso clínico Ser Psicossocial 28 Palcos e cenários hospitalares Normativas Institucionais Médico Eleito Fonte de Informação Privilegiada Modelos de Informação Modelos de Informação Trajectórias percorridas pelo doente Alicerçado em Princípios Congruência Sequencialidade Sistematização Trajectórias percorridas pelo doente Informação Ajustamento Psicossocial do doente O DOENTE PROTAGONISTA Para a maior parte dos doentes “Encontros singulares” médico-doente Não satisfazem as suas expectativas Participação no trabalho médico escassez de queixas informação recebida Pois as queixas nos hospitais são nominais, têm medo de retaliação 29 O DOENTE NÃO ASSUME Agente controlador e auditor Atitude pró-activa e reivindicativa Medo de represálias Retaliação Assistencial “Cerco” Desinformativo Intimidação de doentes Atitude pró-Activa e partem em Busca de Informação Tentativa de Ingerência e de controlo do trabalho médico Desvaloriza Estratégias Adoptadas pelos Doentes Caça à informação Médicos Tendem a adoptar Rotinas de Padrões de comunicação Confrontados Situações Desagradáveis Stressantes Ambíguas Taylor (1988) Dois pólos de um continuum ComunicaçãoTerapêutica Comunicação Experimental 30 EstiloExperimental: Enfatizam a partilha de Informação Mostram-se mais abertos à discussão dos diferentes aspectos relacionados com a doença Encorajam os doentes a participar no processo de tomada de decisão Contribuem para a redução da incerteza Estilo Terapêutico: Adoptam uma atitude mais paternalista Recomendam uma terapêutica à qual esperam que o doente adira Aplicam rotinadamente uma terapia estandardizada Consideram a informação como indutora de ansiedade no doente Provocam emergência e reforço de sentimentos de dependência face ao seu poder e experiência. Médicos Estilo Comunicacional Terapêutico Rigidação dos seus discursos Estratégias Evasão Dissimulação Médicos Movimentos de retirada Papel de Informador Privilegiado elege “Embaixadores Informativos” (família) Mensageiros Secundários ( grupo de profissionais que rodeiam o médico) Quanto mais grave a doença eles arranjam À Margem da Fonte de Informação Privilegiada DOENTE 31 Expert Informativo (Roth, 1963) Informador privilegiado Doentes admitidos pela primeira vez doentes que se encontram em situações clínicas semelhantes às suas (conceito de doente saudável) Os perfis só surgem à margem da fonte privilegiada que é o médico. Carapinheiro usa o perfil de doente profissional Ao longo dos sucessivos internamentos , o doente vai conhecendo melhor a sua doença Ganha especialização – corpus de savoir faire – na manipulação de situações de internamento DOENTE VETERANO Captura de um espaço informal mensageiro secundário da informação prestada Agente de Ensino no acto informador Saber profundo + Linguagem não erudita Discurso Inteligível Prestador de cuidados Perito Poderoso e Independente Relação Viciada Mudar as atitudes e comportamentos Doente Receptor ignorante da comunicação Prestador de cuidados doente Incapaz de assumir o papel de actor social 32 Recurso a estratégias de conformismo e colaboração Negociações Estratégicas Doente Activo Protagonizadas Batalha Caça à informação As MODALIDADES de que se reveste a informação prestada Capturar esboços inerentes ao protagonismo dos doentes Permitem identificar os traços de perfis Psicossociológicos Doente detective INFORMADO Actor dessimulado Doente advinha DOENTE Doente especialista Doente vigilante DESINFORMADO Doente Informador Benigno Doente Informador Maligno Doente Detective (Dias, 1996) Desenvolve deseperadamente estratégias de desocultação da informação, recorrendo a verdadeiros inquéritos Doente Vigilante (Dias, 1996) Nas margens da incerteza e da indeterminação, impõe-se, capturando os vazios de um modelo de informação inexistente Actor Dessimulado (Dias, 1996) Recorre a mecanismos ardilosos para exercer um controlo subtil na recolha de informação. 33 Doente Advinho Escrutina o seu diagnóstico e prognóstico mediante as terapêuticas que lhe são prescritas, bem como pelas trajectórias que simbolicamente percorre. Doente Especialista Especializado nos curricula profissional e pessoal dos médicos, organiza processos de categorização dos profissionais de saúde através do diálogo inter-doentes Doente Informador Benigno Personificado pelos doentes com tempo de sobrevida longo, simboliza e credibiliza o aspecto de cura da doença. Doente Informador Maligno Portador de informações alarmistas, a sua imagem é comprometedora do sucesso dos recursos biomédicos. CATEGORIA DE DOENTE INFORMADO Agentes pesquisadores de informação que procuram assumir o controlo do processo informativo Opositor à conspiração do silêncio que normalmente subverte o .......... Informação obtida mais que estratégias de ajustamento psicossocial Desencadeia sistematicamente uma panóplia de estratégias de desocultação de informação Recorre a uma multiplicidade de informadores privilegiados Estabelece uma relação de aprendizagem de igualdade entre pares com os outros doentes Converte-se num verdadeiro agente “activo” e vigilante ao longo do percurso assistencial DOENTE DESINFORMADO Denota um baixo grau de aderência às terapêuticas prescritas, conduzindo por vezes ao seu abandono O abandono das terapêuticas prescritas é a morte Dar informação aos doentes será benéfico do ponto de vista do seu ajustamento psicossocial e obviamente relevante em termos de qualidade global da prestação de cuidados de saúde. Face às diferenças de carácter individual, os doentes beneficiam mais quando a informação prestada é congruente com as suas estratégias de coping. 34 AULA TEÓRICA 14/01/03 O corpo – “ do ideal ao real” O corpo é uma realidade mutidimensional em que se entrecruzam o biológico, o psíquico, o social e ....... IMAGEM CORPORAL Conceito dinâmico que consiste no modo como cada um se vê a si próprio fisicamente e conceptualiza a sua própria aparência. No fundo, consiste numa representação psíquica, aprendida acerca do seu corpo. Para este autor, a Imagem Corporal compreende três aspectos: Realidade do corpo Define o corpo tal como este é realmente Representação do corpo Consiste no modo como este é apresentado ao meio envolvente, em situações sociais ou íntimas. Ideal de Corpo É o padrão internalizado pelo qual a realidade ou representação do corpo são julgadas. Consiste no modo como cada um sente interiormente o que gostaria que o seu corpo fosse ou o modo como cada um gostaria que o seu corpo fosse ou o modo como cada um gostaria que os outros o vissem. CORPO – Domínio Social Os cuidados prévios com a imagem funcionam como facilitadores ao atingir de qualquer objectivo. Hoje assume-se que tudo o que “parece” é ........ “ Estar bem ” fisicamente tornou-se equivalente a “ser bom” profissional “ A boa aparência” constitui-se como um passaporte para o sucesso social e profissional. O culto da imagem corporal constitui a principal forma de apresentação de “self” nas sociedades actuais. A EVOLUÇÃO DO CORPO Trilogia do modelo industrial : corpos limpos, saudáveis, e disciplinados O corpo passivo do passado dá origem a um corpo “activo”, “produtivo” e saudável – adaptado às necessidades do novo sistema. A robustez física emerge como corolário das imagens corporais socialmente valorizado. O corpo passou a constituir uma componente imprescindível e inseparável da identidade moderna. O indivíduo é então responsabilizado pelo aperfeiçoamento e cuidado da sua imagem e forma física; não investir neste domínio é aceitar uma condenação ao estigma do insucesso social. O conceito de corpo perfeito bem como o ideal de beleza têm vindo a sofrer importantes alterações a par da própria evolução das sociedades. 35 Nas sociedades ocidentais foi a partir da revolução industrial que o corpo assumiu particular visibilidade: início do séc. XX – Promoção da higiene – primeiro movimento social de mudança nos cuidados com o corpo e imagem Alterações sociais e movimentos – movimento feminino; libertação homossexual Após a década de 60 – novas mudanças nas formas de valorização social do corpo: A robustez física e a capacidade produtiva “corpo instrumento e corpo monofuncional” Corpo hedonista = o corpo enquanto expressão do prazer do sucesso social; corpo desfrutável e corpo multifuncional. O aumento das exigências de um ideal de corpo (feminino) magro, a idealização da magreza e a corrida desenfreada ao controlo do peso faz parte das culturas ocidentais desde o início do séc.XX. Mas somente após a 2ª Grande Guerra, particularmente após os anos 60 é que as dietas e o culto da magreza obtiveram o estatuto de um obsessão cultural massiva. Ter um corpo saudável já não basta é necessário um corpo jovem, belo e bem cuidado. A sociedade de consumo em que vivemos, com toda a sua tecnologia de desenvolvimento, convida-nos a desafiar e contrariar as imperfeições da Natureza, o envelhecimento, a doença e mesmo a morte, promovendo a perfeição. Os meios de comunicação, em geral, tornam-se os principais veículos de difusão e, em certa medida, de construção deste novo modelo de valorização social do corpo. Promoção de uma utopia? Esta mensagem é passada de forma tão abrangente que atinge mesmo as crianças, por mais novas que sejam quer através da configuração de heróis dos desenhos animados, quer mesmo através do porte físico escolhido para brinquedos tão populares como a barbie ou o ken. Neste sentido, alguns autores afirmam que estes (e outros) bonecos exibem um ideal corporal impossível de alcançar. Segundo, Thompson os brinquedos mais comercializados têm uma acentuada influência na formação e representação do próprio corpo nas crianças. Enquanto os padrões de magreza e os ideais de imagem corporal têm vindo a sofrer importantes alterações, um crescente número de mulheres têm vindo a desenvolver preocupações com o seu peso. Na população em geral houve uma proliferação das perturbações alimentares nas décadas de 70 e 80, o que se torna compreensível como um correlato directo da divulgação e propagação cultural de um ideal de imagem corporal cada vez mais magro. Na hipervalorização da boa aparência, o rosto conjuga grande parte de investimentos estéticos: Pela sua visibilidade social Por construir o principal elemento corporal........ O rosto encerra em si uma série de simbolismos específicos que lhe conferem ume importância acrescida: Boca – significados comunicacionais , funções expressivas Assume-se então, pela sua crescente visibilidade e importância social, que o dever de manter uma boca “esteticamente agradável” se sobrepôs à importância atribuída à manutenção de uma boca saudável. Falta de dentes, dentes deteriorados ou muito irregulares são hoje imperfeições intolerantes ao nível social, mas................. 36 Por isso a procura de cuidados dentários tem deixado de se circunscrever a tratamento/ prevenção da cárie ou outras patologias dentárias, e tem aumentado a procura de cuidados estéticos que aperfeiçoem ou mantenham uma boa aparência da boca. AULA TEÓRICA 21/01/03 “Sofrimento e dor” SOFRIMENTO “O sofrimento envolve o indivíduo numa bruma que lhe limita o horizonte existencial e mancha de escuro as suas experiências e expectativas de vida!” Gameiro, 1999 SOFRIMENTO = SÍNDROME “O sofrimento é uma característica ontológica do ser humano enquanto “consciente de si” e confrontado com a sua vulnerabilidade e finitude. Sofrer é viver o impacto de um mal-estar biopsicossocial intenso que domina a consciência e altera a experiência existencial e a capacidade de relação com o mundo” Gameiro, 1999 “A primeira premissa para a compreensão do sofrimento é a aceitação do subjectivo” Não é a gravidade objectiva de um doença, de uma perda ou de um acontecimento que ocasiona sofrimento, mas a significação que a pessoa atribui à experiência. SOFRIMENTO COMO IMPERATIVO A Razão Humanitária A Razão Terapêutica DOR “A dor não é o que viaja ao longo dos nervos, mas antes a nossa própria experiência pessoal” O QUE É A DOR? Modelo Biomédico Estimulação Fisiológica Dor O modelo Biomédico da dor, em que esta era considerada apenas o resultado de estimulação fisiológica, parece ter sido totalmente abandonado. Em 1996, A International Association for the Study of Pain, definiu Dor como uma “experiência emocional e sensorial desagradável; associada com danos teciduais existentes ou potenciais, ou descrita em termos de tais danos”. VISÃO MULTICAUSAL DA DOR 37 TEORIA DO PORTÃO DE CONTROLO DA DOR Cérebro -expectativas Estímulo Psicológico -experiência Fibras longas Sistema de Acção -humor PORTÃO -comportamento DOR Fibras curtas Percepção da dor e não só sensação de dor Indivíduo como activo e não passivo na experiência da dor Papel da variabilidade individual Multicausalidade Interacção entre mente e corpo A TIPOLOGIA DO SOFRIMENTO Sofrimento no Corpo – A fonte física Sofrimento nas Relações Interpessoais – Fonte Sociocultural Sofrimento na Vontade – Fonte existencial–espiritual Sofrimento no Sentimento de Unidade e de Coerência do “Eu” – A fonte Psicológica A TIPOLOGIA DA DOR Dor Aguda: Ocorre em lesões teciduais, desaparecendo frequentemente com a sua cura Dor Crónica: Tipo de Dor persistente após o cumprimento da sua função de sintoma de ferimento ou doença, passando a caracterizar-se como um sintoma independente. Dor Crónica Dor Crónica Raramente se encontra Associada a lesões teciduais, embora estas possam ter existido no passado DOR PSICOGÉNICA: Dor Crónica Benigna: Maligna: Encontra-se associada a lesões teciduais repetidas ou contínuas encontra-se quando a dor não consegue ser explicada ou quando a intensidade é bastante superior ao que seria esperado, que pode resultar de uma perturbação do comportamento. Pode acontecer como via expressora de algo que não pode ser comunicado de outro modo A componente emocional inconsciente pode ser difícil de discernir VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS QUE INFLUENCIAM A percepção da dor 38 DOR Ansiedade/ medo Comportamento suporte social Expectativas Interpretação Social Percepção de controlo Depressão/Solidão O PROCESSO DO SOFRIMENTO Choque e Descrença Consciencialização São passagens normais e pode haver regressão regressão Restabelecimento regressão Os Aspectos Positivos do Sofrimento: O seu poder criativo A busca de significados O sofrimento motiva-nos para os outros A Dimensão Espiritual ou Transcendente do Sofrimento O desafiar do Profissional de Saúde Exame: Evolução do conceito... aliado ao Biopsicossocial (modelo) e ao Bom Doente Preparação da criança para a consulta – aliada à Dor e Sofrimento Hospitalização em conjunto com os perfis dos doentes Educação para a Saúde como Estratégias de Saúde, e a Prevenção da Saúde 39