Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil Sub-Secretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde Superintendência de Atenção Primária Coordenação de Linhas de Cuidado e Programas Especiais Linha de Cuidado das Doenças Cardiovasculares e do Diabetes Mellitus 2010 Introdução O crescimento relativo e absoluto das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), principalmente das doenças do aparelho circulatório, neoplasias e diabetes, expressa as intensas mudanças ocorridas nos padrões de adoecimento globais no mundo. No Brasil, as doenças cardiovasculares, o câncer, as causas externas e o diabetes representam 55,2% do total de causas de óbito, sendo que as doenças cardiovasculares respondem por 31% do total de mortes. Em 2005, relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) projetava uma estimativa de incremento de 22% nas mortes por DCNT no Brasil nos 10 anos seguintes, e em especial, um crescimento de 82% nas mortes por diabetes. O crescimento das DCNT resulta em mudanças no padrão de utilização dos serviços de saúde e no aumento de gastos em tratamento ambulatorial, internações hospitalares e reabilitação pelo Sistema Único de Saúde. Tais fatos, colocam importantes desafios e a necessidade de uma agenda para a implementação de políticas de saúde que possam dar conta deste novo perfil populacional. Os principais fatores de risco controláveis das DCNT são a hipertensão arterial, o diabetes, o tabagismo e a dislipidemia. Estes fatores de risco estão fortemente relacionados a hábitos não saudáveis de vida, tais como a ingestão excessiva de sal, gorduras, calorias e álcool, sedentarismo e tabagismo. Além disso, estudos têm demonstrado que detecção precoce e o controle da hipertensão arterial e da hipercolesterolemia têm forte impacto na redução do risco de morte por eventos cardiovasculares, e o controle da glicemia e da pressão arterial no diabetes é capaz de reduzir o aparecimento e progressão de complicações microvasculares como a nefro e retinopatia. No presente Manual, apresentamos a proposta da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC/RJ) para organização da rede de saúde no que diz respeito à implementação de linhas de cuidado para Doenças Cardiovasculares (DCV) e Diabetes. O objetivo final é o de permitir a detecção precoce e o acompanhamento adequado destas condições, de forma que se alcance a redução da mortalidade e a melhoria no prognóstico e qualidade de vida dos doentes. Proposta de Avaliação e Fluxo Inicial de Pacientes com DCV e Diabetes na SMSDC/RJ O Fluxograma abaixo visa organizar o acolhimento e agendamento dos casos confirmados ou suspeitos de DCV ou diabetes identificados em quaisquer dos pontos do sistema (Estratégia de Saúde da Família – ESF, Unidades Básicas de Saúde - UBS, Unidades de Emergência) ou mesmo em eventuais campanhas populacionais. O objetivo é o de proporcionar aos pacientes um acolhimento adequado, e um atendimento com prioridade para os pacientes de maior risco. O acompanhamento dos pacientes com DCV e diabetes nas UBS e na ESF envolve ações de promoção de saúde, visitas domiciliares e atendimento multiprofissional tendo por base protocolos que serão discriminados especificamente para cada uma das condições. Também envolve o acesso a exames complementares, ao tratamento e ao rastreamento de possíveis complicações, com encaminhamento para níveis mais complexos do sistema, quando necessário. O cadastramento informatizado da atenção visa garantir a possibilidade de monitoramento e avaliação. 2 3 Avaliação/Fluxo Inicial Doença Cardiovascular e Diabetes na Atenção Básica Proposta de Avaliação do Risco Cardiovascular na Atenção Básica Risco de evento cardiovascular maior: IAM ou morte Propõe-se a utilização da tabela de Framingham, para estratificação do risco de Infarto ou morte por doença coronariana em 10 anos, em adultos maiores de 40 anos. Do ponto de vista epidemiológico, este indicador permitirá uma melhor avaliação do perfil de risco da população acompanhada, permitindo orientar e priorizar as ações de saúde. Do ponto de vista individual, a estratificação de risco de Framingham, tem sido empregada em particular para a abordagem ao paciente com dislipidemia, sendo também uma ferramenta que pode auxiliar na definição de intervenções para redução de risco de eventos. 4 Escore de Framingham Homens Idade 20-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 Colesterol mg/dl < 160 160-199 200-239 240-279 ≥ 280 Fumo Não Sim Mulheres Pontos -9 -4 0 3 6 8 10 11 12 13 Idade 20-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 20-39 0 4 7 9 11 40-49 0 3 5 6 8 Idade 50-59 0 2 3 4 5 60-69 0 1 1 2 3 70-79 0 0 0 1 1 20-39 0 8 40-49 0 5 Idade 50-59 0 3 60-69 0 1 70-79 0 1 HDL- colesterol (mg/dl) ≥ 60 50-59 40-49 < 40 PA (sistólica mmHg) < 120 120-129 130-139 140-159 ≥ 160 Pontos -1 0 1 2 Não tratada 0 0 1 1 2 Tratada 0 1 2 2 3 Resultados (Homens) Total de pontos <0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 ≥ 17 Risco absoluto em 10 anos (%) <1 1 1 1 1 1 2 2 3 4 5 6 8 10 12 16 20 25 ≥ 30 Colesterol mg/dl < 160 160-199 200-239 240-279 ≥ 280 Fumo Não Sim Pontos -7 -3 0 3 6 8 10 12 14 16 20-39 0 4 8 11 13 40-49 0 3 6 8 10 Idade 50-59 0 2 4 5 7 60-69 0 1 2 3 4 70-79 0 1 1 2 2 20-39 0 9 40-49 0 7 Idade 50-59 0 4 60-69 0 2 70-79 0 1 HDL- colesterol (mg/dl) ≥ 60 50-59 40-49 < 40 PA (sistólica mmHg) < 120 120-129 130-139 140-159 ≥ 160 Pontos -1 0 1 2 Não tratada 0 1 2 3 4 Tratada 0 3 4 5 6 Resultados (Mulheres) Total de pontos <9 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 ≥ 25 Risco absoluto em 10 anos (%) <1 1 1 1 1 2 2 3 4 5 6 8 11 14 17 22 27 ≥ 30 5 1 – Dislipidemias 1.1 – Diagnóstico: A SMSDC/RJ orienta que seja realizada a dosagem dos níveis lipídcos para cálculo do risco de evento coronariano em 10 anos (critério de Framingham) para homens e mulheres acima de 40 anos. Essa avaliação deverá também ser realizada em indivíduos mais jovens em casos de fatores de risco como: • Parente de 1o. grau com dislipidemia (Colesterol total > 300 mg/dl ou TG > 400 mg/dl); • Parente de 1o. grau com doença aterosclerótica (DAC, AVE, Doença arterial periférica) antes dos 55 anos em homens ou antes dos 65 anos em mulheres; • Obesidade; • Pancreatite aguda; • Xantomatose A dosagem dos níveis lipídicos deve ser realizada após jejum de 12 a 14 horas. Recomenda-se evitar a ingestão de álcool e a atividade física vigorosa, respectivamente nas 72 e 24 horas que antecedem a coleta de sangue. Deve-se solicitar: • Colesterol total • HDL-c • Triglicerídeos O LDL-colesterol pode ser calculado pela seguinte equação: LDL-c = Col T – (HDL-c + TG/5) Obs: Essa fórmula só é válida para pacientes com triglicerídeos < 400 mg/dL. Acima desses valores, a dosagem do LDL-colesterol deve ser solicitada. De acordo com o escore de risco de Framinghan podemos classificar os pacientes de acordo com o risco de morte ou infarto em 10 anos e iniciar as medidas terapêuticas de acordo com o quadro abaixo: Estrato Medida terapêuticas iniciais Reavaliação das metas Mudanças no estilo de vida 6 meses Mudanças no estilo de vida 3 meses Mudanças no estilo de vida + tratamento farmacológico 3 meses Mudanças no estilo de vida + tratamento farmacológico Individualizada Baixo risco (<10%) < 11 pontos para homens e < 19 pontos para mulheres Risco intermediário (entre 10 e 20%) 12 a 15 pontos para homens 20 a 22 pontos para mulheres Alto risco (>20%) > 16 pontos para homens e > 23 para mulheres Aterosclerose manifesta 6 1.2 – Princípios gerais do tratamento: 1.2.1 – Metas de níveis lipídicos de acordo com o escore de risco de Framinghan: LDL-C HDL-C TG Risco baixo < 160 > 40 (homens) > 50 (mulheres e diabéticos) < 150 < 150 Risco intermediário < 130 > 40 (homens) > 50 (mulheres e diabéticos) < 150 < 150 Alto risco ou diabéticos < 100 > 40 (homens) > 50 (mulheres e diabéticos) < 150 < 150 Aterosclerose manifesta < 70 > 40 (homens) > 50 (mulheres e diabéticos) < 150 < 150 1.2.2 – Abordagem não farmacológica: Educação e Promoção de Saúde O direito à informação do cuidado em saúde torna o indivíduo capaz de participar ativamente de seu tratamento e assumir a responsabilidade pelo auto cuidado, ajudando-o na adaptação à doença, prevenção de complicações e cooperação com a terapia prescrita. • Educação • Noções básicas sobre a doença; Importância do controle dos fatores de risco; Orientação para mudanças de estilo de vida; Orientação quanto ao uso correto dos medicamentos (quando indicados) e possíveis efeitos adversos; Estimulo a participação da família em atividades educativas de grupo. Modificação de estilo de Vida (MEV) Alimentação saudável: Dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade calórica e baixo teor de gorduras saturadas e totais; Diminuição de ingesta de sal (máximo de 6 g/sal/dia ou 2,3g de sódio/dia); Limite da ingesta diária de bebidas alcoólicas para não mais de 30 g/dia de etanol para homens (625 ml de cerveja; 312,5 ml de vinho; 93,7 ml de uísque) e 15 g/dia para mulheres e pessoas magras; 7 Aumento da atividade física aeróbica como caminhada (30-45 minutos na maioria dos dias da semana; Perda de peso se em sobrepeso (pelo menos 10% do peso inicial); Abandono do tabagismo. 1.2.2 – Abordagem farmacológica: As drogas hipolipemiantes estão indicadas para pacientes com alteração dos níveis lipídicos e doença aterosclerótica manifesta ou para indivíduos de alto risco. Para os indivíduos com risco intermediário ou baixo as mesmas só devem ser iniciadas caso as MEV não sejam capazes de reduzir os níveis lipídicos até a meta proposta em cada caso. O principal alvo do tratamento é a redução do LDL-c, mesmo em pacientes com hipertrigliceridemia e as estatinas são as drogas de primeira escolha para alcançar este objetivo. Uma vez alcançada a meta dos níveis de LDL-c, caso os níveis de TG permaneçam elevados, pode-se avaliar a associação de um fibrato. Neste caso, o risco de toxicidade das estatinas é maior, sendo indicado que o paciente tenha revisões clinicas mais freqüentes e avaliação laboratorial da função hepática e dosagem de CPK. No caso de hipertrigliceridemia isolada, com valores de Tg > 500mg/dl, o paciente pode apresentar risco de pancreatite. Nesta situação recomenda-se tratamento não farmacológico rigoroso, podendo também ser indicado o uso de um fibrato. 1.2.2.1 – Medicamentos disponíveis na rede pública para tratamento das dislipidemias: Desde 2002, consta da relação de medicamentos de dispensação excepcional do Ministério da Saúde os seguintes medicamentos: atorvastatina, fluvastatina, lovastatina, pravastatina, sinvastatina, bezafibrato, ciprofibrato, etofibrato, fenofibrato e genfibrozila. O Estado do Rio de Janeiro padronizou apenas os medicamentos Atorvastatina 10mg e 20mg, Pravastatina 20mg, Sinvastatina 10 mg, 20 mg e 40mg e Bezafibrato 200mg. Esses medicamentos podem ser obtidos através de solicitação em formulário próprio (LME). Atualmente, através da Resolução SESDEC nº 446/2008, foi aprovada na CIB do Rio de Janeiro o novo elenco de medicamentos da atenção básica, estando incluída nesta a sinvastatina 20mg. Esta se encontra disponível nas unidades de saúde municipais, mediante solicitação habitual. Estatinas: As estatinas são inibidores da HMG-CoA redutase (hidroxi-metil-glutaril CoA redutase), uma das enzimas chaves na síntese intracelular de colesterol. Reduzem em 15 a 55% o LDL-c em adultos e os TG de 7 a 28% e elevam o HDL-c de 2 a 10%. Reduzem a mortalidade cardiovascular e a incidência de eventos isquêmicos coronarianos agudos, a necessidade de revascularização do miocárdio e o AVC. Devem ser dosados os níveis basais de valores de creatinofosfoquinase (CPK) e de transaminases no início do tratamento e repetidos na primeira reavaliação e a cada aumento de dose. Os efeitos colaterais são raros. Os mais graves são: hepatite, miosite e rabdomiólise. Na maioria dos casos os efeitos adversos são leves tais como diarréia, dor abdominal, constipação, flatulência, cefaléia, fadiga e prurido; e raramente obrigam à interrupção do tratamento. Mialgias de pequena intensidade e duração podem ocorrer, porém apenas os casos com sintomas intensos e/ou persistentes poderão necessitar da dosagem plasmática da CPK para identificar miopatia. As estatinas devem ser suspensas caso ocorra: aumento progressivo da CPK ou elevação da CPK acima de 10 vezes o limite superior da normalidade. 8 São evidências de hepatotoxicidade: icterícia, hepatomegalia, aumento do tempo de protrombina e de bilirrubina direta (a dosagem de bilirrubina direta é mais acurada que a dosagem de transaminases para identificação de hepatotoxicidade na ausência de obstrução biliar). No caso de identificação objetiva de hepatotoxicidade, deve-se suspender a estatina e pesquisar etiologia. Em pacientes assintomáticos, a elevação de transaminases até 3 vezes o limite superior da normalidade não justifica a suspensão do medicamento. Se houver elevação acima de 3 vezes, a estatina deve ser suspensa; em poucas semanas, os valores das transaminases retornam ao normal e a estatina pode ser reintroduzida em doses menores que aquelas anteriormente utilizadas. Não há contra-indicação ao uso de estatina em pacientes com cirrose e esteatose não-alcoólica, sendo contra-indicado o uso em hepatopatias agudas. • Sinvastatina A dose pode variar de 20 a 80 mg (dose habitual de 40 mg), em dose única à noite, iniciando-se com 20 mg. A primeira reavaliação bioquímica após o início do tratamento deverá ocorrer num intervalo de 60 a 90 dias. As doses poderão ser então aumentadas, nos casos que ainda não atingiram a meta, em 10 mg diários. Nos casos em que se chegou à dose máxima e não se obteve redução expressiva dos valores lipidêmicos, alguns autores sugerem fracionar a dose diária em duas tomadas, o que poderá melhorar a absorção e compensar um catabolismo exacerbado e o ”clearance “da droga. Recomenda-se cuidado especial devido ao maior risco de toxicidade em casos de: • Uso concomitante de fibratos ou ciclosporina • Uso concomitante de drogas metabolizadas pelo sistema citocromo P-450 (macrolídeos, niacina, antimicóticos azoles, verapamil, amiodarona, fenitoína, inibidores de protease*) • Idade avançada (> 80 anos) • Hipotireoidismo não tratado • Insuficiência renal crônica Drogas que induzem o citocromo p450 tais como barbitúricos e carbamazepina, reduzem a concentração da sinvastatina. *Uma vez iniciado o tratamento anti-retroviral nos pacientes com SIDA, espera-se que entre 33 a 82% dos pacientes desenvolvam hipercolesterolemia, e 43 a 66% apresentem hipertrigliceridemia. A administração das estatinas com os inibidores de protease pode resultar em elevação das concentrações séricas da droga, atingindo níveis tóxicos, com risco de rabdomiólise, além de outros efeitos adversos. Pelas potenciais interações, as estatinas devem ser utilizadas inicialmente em baixas doses, com reavaliações laboratoriais freqüentes. Teoricamente, as estatinas mais seguras para uso em associação aos inibidores de protease são a pravastatina, atorvastatina e rosuvastatina. A sinvastatina e a lovastatina não devem ser utilizadas. Em resumo: Critérios de inclusão para tratamento com estatinas: • • • • Pacientes com doença aterosclerótica significativa e LDL-c > 70 mg/dL; Pacientes com risco alto pelo escore de Framingham (> 16 pontos para homens e > 23 pontos para mulheres) ou diabéticos e LDL-c > 100 mg/dl; Pacientes com risco intermediário pelo escore de Framingham (de 12 a 15 pontos para homens e de 20 a 22 pontos para mulheres) e LDL-c > 130 mg/dL que não respondam as medidas de mudanças de estilo de vida por 3 meses; Pacientes com risco baixo pelo escore de Framingham (< 11 pontos para homens e < 19 pontos para mulheres) e LDL-c > 160 mg/dL que não respondam as medidas de mudanças de estilo de vida por 6 meses. 9 Critérios de exclusão para tratamento com estatinas: • • • • • • • • • Gestantes ou em situações em que a gravidez não pode ser adequadamente evitada Lactação Doença hepática ativa Elevação persistente de transaminases História prévia de hipersensibilidade a estatina Miosites ou polimiosite sem resposta ao tratamento específico Neoplasias ou doenças terminais em que a sobrevida estimada seja de menos de 2 anos Hipotireoidismo não-tratado Etilismo ou abuso de drogas atual • Fibratos São medicamentos derivados do ácido fíbrico que agem como agonistas do PPAR-alfa, modulando genes que aumentam a expressão da lipase lipoproteica, apolipoproteína AI e AII e reduzindo a apolipoproteína CIII. Como resultado, há uma redução da trigliceridemia (20% – 50%) e elevação do HDLcolesterol (10% –20%), podendo também reduzir os níveis de LDL, principalmente a fração pequena e densa. A redução na trigliceridemia é maior do que aquela alcançada com as estatinas, situando-se entre 20% e 50%. Também são descritas ações antioxidantes, antitrombóticas e anti-inflamatórias deste grupo de drogas. Os efeitos colaterais mais preocupantes com o uso dos fibratos são a elevação das aminotransferases -ALT e AST- (aceita-se aumentos até 3 vezes) e da CPK ( aceita-se aumentos até 10 vezes). Também deve-se acompanhar a possibilidade de ocorrência de litíase biliar com o uso de fibratos. Deve-e observar a interação de fibratos com diversas drogas, em especial com as estatinas, quando pode ocorrer rabdomiólise, e com os cumarínicos, que podem ter o seu efeito exacerbado. Os fibratos estão contra-indicadps em caso de disfunção hepática ou renal grave e em pacientes com litíase biliar, bem como durante a gestação e lactação. O fibrato padronizado como excepcional no Estado do Rio de Janeiro é o Bezafibrato cuja dose pode variar de 200mg-6.00mg/dia. 10 2 – Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) 2.1 - Epidemiologia Em adultos brasileiros tem-se encontrado uma prevalência Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) de 22,3% a 43,9%, sendo que o valor de 35% acima de 40 anos tem sido utilizado como parâmetro para a Política Nacional de Atenção Integral à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus pelo Ministério da Saúde. O seu aparecimento está cada vez mais precoce, e estima-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também apresentem hipertensão arterial. . A HAS é o maior fator de risco para a doença cerebrovascular, explicando 40% das mortes por Acidente Vascular Encefálico (AVE), e, um dos melhores meios de verificar o seu impacto em uma população é quantificar e comparar a mortalidade por doença cerebrovascular. Calcula-se que apenas 50% dos pacientes hipertensos conheçam sua condição, que 40% esteja em tratamento e apenas 10% se apresentem com níveis tensionais controlados. A detecção precoce e o tratamento adequado da HAS reduzem a mortalidade cardiovascular. 2.2 - Rastreamento É recomendável que todo adulto acima de 18 anos seja estimulado a verificar a sua pressão arterial numa unidade de saúde uma vez ao ano. Além disso, qualquer pessoa, inclusive crianças, atendida numa unidade de saúde deve ter sua pressão arterial aferida. Os casos com cifras tensionais alteradas devem ser encaminhados para avaliação médica. Quando confirmado o diagnóstico, o paciente deverá ser acompanhado segundo a linha de cuidado específica. 2.3 - Diagnóstico e Classificação São hipertensos os pacientes com Pressão Arterial Sistólica (PAS) > 140 e/ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) > 90 mmHg. Diferentes consensos classificam o paciente hipertenso, de acordo com os níveis tensionais, sendo que a SMSDC/RJ propõe a utilização da classificação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A classificação inicial do paciente não deve ser alterada após o controle terapêutico dos níveis tensionais, no entanto, caso o paciente evolua para níveis de pressão arterial mais elevada, o mesmo deve ser reclassificado em estágios de maior gravidade. VII JOINT (2003) e Ministério da Saúde Normal PAS < 120 E PAD < 80 Pré - hipertenso PAS 120 - 139 ou PAD 80 – 89 Estágio 1 PAS 140 – 159 ou PAD 90- 99 Estágio 2 PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 100 Sistólica Isolada PAS > 140 e PAD < 90 V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006), Sociedade Européia Internacional de Hipertensão e OMS Ótima PAS < 120 e PAD < 80 Normal PAS < 130 e PAD < 85 Limítrofe PAS 130 - 139 ou PAD 85 – 89 Estágio 1 (Leve) PAS 140 – 159 ou PAD 90- 99 Estágio 2 (Moderada) PAS 160 – 179 ou PAD 100- 109 Estágio 3 (Grave) PAS > 180 ou PAD > 110 Sistólica Isolada PAS > 140 e PAD < 90 11 2.4 - Acompanhamento 2.4.1 - Periodicidade de consultas e participação em grupos educativos Consultas HAS Estágio 1 HAS Estágios 2 e 3 1 a 2 vezes ao ano após controle 2 a 3 vezes ao ano após controle * Médica* Enfermagem 2 a 3 vezes ao ano Grupo educativo 3 vezes ao ano a critério da unidade * Para o diabético, o médico deve seguir a Linha de Cuidado do Diabetes. 2.4.2 - Rotina mínima de exames Exames HAS Estágio 1 HAS Estágios 2 e 3 Glicemia de jejum Colesterol total Triglicerídeos no diagnóstico e anual HDL colesterol LDL colesterol * (fórmula) ou a critério clínico Creatinina Ácido úrico Potássio EAS ECG na inscrição na inscrição e de 2/2 anos e anual (*) LDL colesterol pode ser calculado pela fórmula abaixo, desde que os valores de triglicerídeo sejam <400mg/dl LDL colesterol = Colesterol total - Triglicerídeo / 5 + HDL colesterol Preconiza-se que o clinico realize exame de fundo de olho bianualmente. 12 2.5 - Princípios gerais do tratamento 2.5.1- Objetivos • Prevenção de complicações agudas e crônicas da doença 2.5.2 - Metas de Controle Sem co-morbidades PA < 140/90 mmHg Diabetes, doença renal ou outra lesão de órgão-alvo PA < 130/80 mmHg 2.5.3 - Abordagem não farmacológica: As recomendações sobre Mudanças de Estilo de Vida estão descritas na página.... 2.5.4 - Tratamento Farmacológico caso as metas propostas não sejam atingidas apenas com a modificação dos hábitos de vida 13 14 Linha de Cuidado da Hipertensão Arterial Estágio 1 15 Linha de Cuidado da Hipertensão Arterial Estágio 2 e 3 2.5.2.1 - Tratamento preferencial da HAS em pacientes com co-morbidades: Condição Doença Coronariana Hipertrofia Ventricular Esquerda Insuficiência Cardíaca Tratamento de primeira linha Inibidores da enzima de conversão da angiotensina e Betabloqueador Hidroclorotiazida, Inibidores da enzima de conversão da angiotensina , Bloqueador de Cálcio Inibidores da enzima de conversão da angiotensina e Betabloqueador (Carvedilol), Espironolactona em Classe Funcional III e IV Doença Cerebrovascular Inibidores da enzima de conversão da angiotensina e Hidroclorotiazida Doença Renal Inibidores da enzima de conversão da angiotensina, Hidroclorotiazida e Bloqueador de Cálcio Diabetes Mellitus Inibidores da enzima de conversão da angiotensina 16 2.5.2.1 - Medicamentos padronizados para tratamento da hipertensão arterial na SMSDC/RJ Medicamento Dose Intervalo diária de doses (mg) Hidroclorotiazida 12,5-25 (25 mg) 24h Espironolactona (25mg) 25-100 24h Propranolol (40mg) 40-480 12h Atenolol (50 e 100 mg) 25-100 24h Captopril (25 mg) 25-500 12h Diuréticos Beta bloqueadores IECA Efeitos adversos mais comuns Interações Digital (predispõe intoxicação digitálica) Antiinflamatório (antagonismo do efeito hiperuricemia e gota diurético) Lítio (aumento níveis séricos de lítio) hiperpotassemia IECA e suplementação de K ( risco de hiperpotassemia) em pacientes predispostos: broncoespasmo, insuficiência arterial periférica, bradiarritmias, mascaramento de hipoglicemia em diabéticos Insulina e hipoglicemiantes orais (mascaramento dos sinais de hipoglicemia) Cimetidina (diminui depuração hepática de propranolol) Vasoconstritores nasais (aumento efeito hipotensor) Diltiazem e verapamil (bradicardia, bloqueio AV) tosse, efeitos teratogênicos Espironolactona e suplemento de potássio (risco de hiperpotassemia) Antiinflamatórios (antagoniza efeito hipotensor) Antiácidos (diminuição da biodisponibilidade) Lítio (diminui depuração do lítio) Enalapril (10 mg) 10-40 12h Bloqueadores de Canais de Cálcio Anlodipina (5 mg) 2,5-10 24h palpitação, edema MIS, hipotensão, cefaléia, rubor facial Vasodilatador direto Hidralazina (25mg) 50-150 8 a 12h hipotensão postural, palpitações, cefaléia Antia drenérgico central Metildopa (250mg) 500-2000 12 a 24h sedação, boca seca, rebote na retirada andidepressivos tricíclicos 2.6 - Situações especiais 2.6.1 - Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) Resistente É definida pela persistência de uma pressão arterial acima de 140/90 mmHg (ou > 130/80 em diabéticos) apesar do emprego de doses ótimas de 3 anti-hipertensivos, sendo um deles um diurético. A HAS resistente é acompanhada de uma maior incidência de lesão de órgãos–alvo. A terapia anti-hipertensiva subótima é a principal causa relacionada à HAS resistente (>50%), seguida da não adesão ao tratamento prescrito (aproximadamente 10%) e da presença de causa secundária de HAS (de 5 a 11%). Devemos suspeitar de HAS secundária quando: • Hipertensão resistente; • Piora do controle em pacientes previamente estáveis; 17 • • • • Início antes dos 20 ou após os 50 anos; Presença de lesões significativas em órgãos-alvo; Ausência de história familiar de HAS; Achados clínicos ou laboratoriais sugestivos. Outros fatores que devem ser considerados quando diante de um paciente com HAS de difícil controle é o consumo excessivo de álcool ou sal, a presença de fatores biológicos complicadores como a apnéia do sono e a síndrome metabólica e a utlização de substâncias exógenas como: anfetaminas, esteróides anabolizantes, anti-inflamatórios (corticóides, inibidores da COX-2, acetominofen), inibidores do apetite, cafeína, cocaína, inibidores da MAO, simpaticomiméticos. 2.6.2 - Crianças e adolescentes O diagnóstico da HAS na infância e adolescência considera a idade, a altura e o sexo dos pacientes. Níveis tensionais > que o percentil 95 são considerados elevados. As tabelas com os valores de pressão sistólica e diastólica por percentil de estatura encontram-se no anexo. Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes (modificado de uma sugestão do The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Teatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents) – Fonte: SBH Percentil* para PAS e PAD Freqüência de medida da pressão arterial PA < percentil 90 Reavaliar na próxima consulta médica agendada PA entre percentis 90 a 95 ou se PA exceder 120/80 mmHg sempre < percentil 90 até < percentil 95 Reavaliar em 6 meses Hipertensão estágio 1 Percentil 95 a 99 mais 5 mmHg Paciente assintomático: reavaliar em 1 a 2 semanas; se hipertensão confirmada encaminhar para avaliação diagnóstica Paciente sintomático: encaminhar para avaliação diagnóstica Hipertensão estágio 2 PA > percentil 99 mais 5 mmHg Encaminhar para avaliação diagnóstica Classificação Normal Limítrofe Hipertensão do avental branco PA > percentil 95 em ambulatório ou consultório e PA normal em ambientes não relacionados à prática clínica Deve-se aferir a pressão arterial nos quatro membros em consulta de primeira vez com manguitos adequados. A principal causa de HAS na adolescência é a obesidade, causas parenquimatosas renais e renovasculares. Deve-se considerar como possíveis causas: ingesta de álcool, tabagismo, uso de drogas ilícitas e utilização de hormônios esteróides, hormônio do crescimento, anabolizantes e anticoncepcionais orais Propõe-se que toda criança ou adolescente com HAS receba uma abordagem não farmacológica dos fatores de risco por pelo menos 6 meses, à exceção das formas severas e/ou sintomáticas. Abordagem farmacológica é semelhante à dos adultos, com menores dosagens e ajustes mais freqüentes e cuidadosos. Os inibidores da enzima de conversão (Enalapril, Captopril) devem ser evitados em adolescentes do sexo feminino, exceto quando houver indicação absoluta, em razão da possibilidade de gravidez. 18 Valores da pressão arterial em crianças e adolescentes Sexo masculino Idade (anos) Estatura: percentil e valor em cm Sexo feminino Pressão arterial (mmHg) Percentil Percentil 90 95 Estatura: percentil e valor em cm Pressão arterial (mmHg) Percentil 90 Percentil 95 50th (76) 98/53 102/57 50th (74) 100/54 104/58 75th (78) 100/54 104/58 75th (77) 102/55 105/59 50th (97) 105/61 109/65 50th (96) 103/62 107/66 75th (99) 107/62 111/66 75th (98) 104/63 108/67 50th (116) 110/70 114/74 50th (115) 107/69 111/73 75th (119) 111/70 115/75 75th (118) 109/69 112/73 50th (132) 113/74 117/79 50th (132) 113/73 117/77 75th (136) 115/75 119/80 75th (137) 114/74 118/78 50th (150) 119/77 123/81 50th (152) 119/76 123/80 75th (155) 121/78 125/82 75th (155) 120/77 124/81 50th (168) 127/79 131/83 50th (161) 124/79 128/83 75th (174) 129/80 133/84 75th (166) 125/80 129/84 50th (176) 133/83 136/87 50th (163) 125/80 129/84 75th (180) 134/84 138/88 75th (167) 126/81 130/85 1 3 6 9 12 15 17 2.6.3 – Gravidez A Hipertensão Arterial Crônica é aquela diagnosticada antes da gravidez ou antes da 20a semana de gestação. O objetivo do tratamento é o do controle tensional com o mínimo de efeitos sobre a mãe e o feto. A pressão arterial deve ser aferida com a paciente sentada ou em decúbito lateral esquerdo (nunca em posição supina). Existe contraindicação formal para uso de IECA e bloqueadores dos receptores de angiotensina II (não padronizados pela SMS). Apesar de serem considerados seguros em fases mais adiantadas da gestação, os betabloqueadores podem estar associados a retardo no crescimento fetal. A Metildopa é uma droga com experiência clínica e segurança acumulada para a hipertensão diagnosticada pela primeira vez na gravidez. A dose inicial é de 250 mg 2 x dia, com dose média de 500mg 2 x dia e máxima de 1.500 mg por dia em 2 ou 3 tomadas. A Hidralazina é droga utilizada para a HAS severa refratária ao tratamento inicial, e é também freqüentemente utilizada na hipertensão da gestante; com um perfil de segurança bem estabelecido. A dose 19 inicial é de 25 mg duas vezes por dia, até uma dose máxima de 150 mg diários, divididos em duas ou três tomadas. A pré eclâmpsia é uma condição específica da gravidez, com o aumento dos níveis tensionais associado a proteinúria, edema ou ambos; por vezes ocorrem distúrbios da coagulação, da função renal e hepática, podendo evoluir para uma fase convulsiva, constituindo a eclâmpsia propriamente dita, com elevada mortalidade materna e fetal. A pré-eclâmpsia ocorre principalmente na primeira gestação e após a vigésima semana. Caso a gestante já seja hipertensa previamente à gravidez, a determinação de proteinúria de 24 horas deve ser solicitada na 1ª consulta de pré natal; caso contrário, a partir da 20ª semana de gestação. A presença de proteinúria em gestante previamente hipertensa antes da 20ª semana de gestação indica a presença de lesão renal pré existente. Após a 20ª semana deve ser considerada como pré eclâmpsia sobreposta e, neste caso, é necessário avaliar a presença de crítérios de gravidade (Pré ecalâmpsia grave) abaixo: • Pressão arterial diastólica maior ou igual a 110 mmHg • Proteinúria de 24h maior ou igual a 2g ou 3+ na fita • Contagem de plaquetas menor que 100.000/mm. • Creatinina maior ou igual a 1,2,g% • Aumento das enzimas hepáticas • Oligúria ( menor que 400ml/24h) • Dor em hipocôndrio direito, epigastralgia.• Manifestações visuais e cerebrais • Sinais de insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão • Presença de oligodramnia, CIUR. Em gestantes que não eram hipertensas antes da gestação, o aparecimento de níveis de pressão arterial ≥ 140x90 mmHg com protei núria também devem indicar a avaliação de presença de crítérios de gravidade. Caso os critérios de gravidade estejam presentes a gestante deve ser encaminhada para internação em maternidade de alto risco. Caso os mesmos estejam ausentes, a gestante e o feto devem ser mantidos sob acompanhamento semanal. 20 21 Linha de Cuidado da Hipertensão na Gravidez 2.6.4 - Idoso Deve-se evitar o uso de drogas com maior propensão a produzir hipotensão ortostática. Os ajustes das doses devem ocorrer com pequenos acréscimos e a intervalos de pelo menos semanas, minimizando-se assim o risco de reduções abruptas dos níveis tensionais com toda a sua morbimortalidade associada, em particualr o acidente cerebrovascular isquêmico. 2.6.5 - Urgências e Emergências hipertensivas A Urgência hipertensiva é uma condição clínica sem risco de vida iminente e sem comprometimento de órgão-alvo, na qual a PA diastólica encontra-se acima de 120 mmHg. Deve ser reduzida em algumas horas ou até em alguns dias com medicação oral. Não se recomenda a utilização de Nifedipina na forma sub-lingual: sua absorção é predominantemente entérica e seu efeito hipotensor é imprevisível e incontrolável, podendo levar a reduções agudas e críticas da perfusão de órgãos nobres tais como o encéfalo ou o coração. A recomendação é do uso de comprimidos de Captopril 25 mg ou Clonidina 0,1 mg (máximo de 0,6 mg). A Emergência hipertensiva é caracterizada por uma elevação crítica da pressão arterial acompanhada de sinais que indicam comprometimento agudo de órgão-alvo em progressão como acidente vascular cerebral, edema agudo de pulmão, infarto agudo do miocárdio e dissecção aórtica. Estes casos devem ser tratados com medicamento parenteral e em ambiente hospitalar. A droga de escolha é o Nitroprussiato de Sódio. 22 23 Linha de Cuidado de urgência e emergências hipertensivas 2.7- Indicadores propostos para acompanhamento da linha de cuidado Indicador do Pacto pela Saúde Taxa de internação por acidente vascular cerebral ((AVC) Resultado 2009: 3,09/10.000 Meta 2010: 3,0/10.000 Meta 2011: 2,9/10.000 Método de cálculo: Número de internação por acidente vascular cerebral na população de 30 a 59 anos em determinado local e período X 10.000 População maior ou igual a 40anos em determinado local e período Proporção de hipertensos cadastrados nas unidades de saúde em relação aos hipertensos estimados Resultado 2009: 55% Meta 2010: 58% Meta 2011: 57% Método de cálculo: Número de portadores de hipertensão cadastrados no HiperDia Número de portadores de hipertensão estimados no município (35% acima de 40 anos) X 100 Sugestões de outros indicadores caso haja cadastramento informatizado que permita acessar as informações necessárias para a construção dos mesmos, caso contrário, pode-se optar por avaliação desses indicadores por amostragem, em levantamento de prontuários: • % de de pacientes hipertensos com níveis de pressão satisfatórios - Número de pacientes hipertensos em tratamento com PAS < 140 e PAD < 90/ Total de pacientes hipertensos cadastrados X 100 • % de hipertensos com Clearence de creatinina calculado - Número de diabéticos cadastrados que tiveram clearence de creatinina calculado no ano/ numero de diabéticos cadastrados X 100 24 3 – Diabetes Mellitus . . 3.1 - Epidemiologia A prevalência do Diabetes Mellitus é estimada em 11% da população (IBGE) maior de 40 anos, segundo dados de pesquisa de prevalência de 1986 (Estudos Populacionais Brasileiros) e que vem sendo usada usada como parâmetro para a Política Nacional de Atenção Integral à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus pelo Ministério da Saúde. A prevalência do diabetes está aumentando e alcançando proporções epidêmicas, representando um importante problema de saúde pública, uma vez que a condição está associada a complicações que comprometem a produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos. Além disso, deve-se considerar os altos custos para seu controle e no tratamento de suas complicações. O Diabetes é a principal causa de novos casos de cegueira entre 20 e 74 anos de idade; a principal causa de amputações de membros inferiores e a principal causa de insuficiência renal, sendo responsável por 44% dos casos de hemodiálise. Estudos clínicos bem controlados demonstraram que o bom controle da doença é capaz de prevenir ou retardar o aparecimento de tais complicações. . 3.2 - Rastreamento Para o rastreamento do Diabetes, deve ser realizada a glicemia de jejum, anual, em indivíduos assintomáticos que apresentem maior risco de desenvolvimento a doença, de acordo com os seguintes fatores de risco: • Idade > 40 anos; • História prévia de alteração de glicemia; • Hipertensos e/ou dislipidêmicos; • Sobrepeso/Obesidade (Índice de massa corporal IMC > 25); • Depósito central de gordura (cintura abdominal >102cm nos homens e >88cm nas mulheres); • História de doença vascular aterosclerótica antes dos 50 anos; • Uso de medicamentos diabetogênicos (corticóide e outros); • História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau; • História prévia de diabetes mellitus gestacional (DMG) e/ou recém-nascidos com mais de 4 Kg e/ou abortos freqüentes, partos prematuros, mortalidade perinatal; • Síndrome de ovário policístico. Nos indivíduos assintomáticos com mais de 40 anos, porém sem outros fatores de risco, o rastreamento pode ser realizado a cada 3 a 5 anos, dependendo do grau de suspeita clínica. A glicemia capilar não deve ser utilizada com fins de rastreamento já que o diagnóstico deve ser definido com a glicemia de jejum. A glicemia capilar é utilizada para pacientes sabidamente diabéticos, para avaliação de controle glicêmico. O rastreamento de diabetes na população de hipertensos, é fundamental, visando identificar a associação das duas doenças. 25 3.3 - Diagnóstico Glicemias (mg/dl) Categorias Normal Tolerância à glicose diminuída Diabetes Jejum mínimo de 8h 2hs após 75g de glicose Casual 70 a 99 até 139 - 100 a 125 140 a 199 - >126 >200 >200 com sintomas Obs: Caso o paciente não apresente sintomas típicos (poliúria, polidipsia e perda de peso) ou a glicemia esteja pouco alterada, é necessária a confirmação com uma segunda amostra. 3.4 - Classificação Tipo 1 - Destruição das células beta, geralmente ocasionando deficiência absoluta de insulina. Pode ser de natureza auto-imune ou idiopática. O paciente apresenta sintomas típicos (polis) e emagrecimento. No idoso, o quadro pode ser mais arrastado. É obrigatório o uso de insulina. Tipo 2 - Varia de uma predominância de resistência insulínica com relativa deficiência de secreção, a um defeito predominantemente secretório, com ou sem resistência insulínica. Em geral está associado à obesidade e outras evidências da síndrome plurimetabólica (hipertensão, dislipidemia). Diabetes Gestacional - Diabetes diagnosticado pela primeira vez durante a gestação. Outros tipos: Doenças do pâncreas exócrino (incluindo pancreatite alcoólica); Endocrinopatias (Cushing, Acromegalia, etc.); Induzido por fármaco ou agentes químicos (glicocorticóides); Infecções; Doenças genéticas associadas a defeito funcional na célula beta, ação da insulina, etc. 26 3.5 - Acompanhamento 3.5.1 - Periodicidade de consultas e participação em grupos educativos: Consultas Diabetes em uso de hipoglicemiante ou até 2 aplicações de insulina/dia e sem lesão de orgão alvo Diabetes em uso de múltiplas aplicações de insulina e/ou com lesão de orgão alvo Médica* 3 vezes ao ano 4 vezes ao ano Enfermagem 2 vezes ao ano 3 vezes ao ano a critério da unidade Grupo educativo 3.5.2 - Rotina mínima de exames: Exames Periodicidade Glicemia de Jejum a cada 3 meses Hemoglobina Glicosilada a cada 6 meses Colesterol total Triglicerídeos HDL colesterol na inscrição e anual LDL colesterol * (fórmula) ou a critério clínico Creatinina ** Proteinúria de 24 horas EAS ECG Fundoscopia Avaliação dos Pés na inscrição e anual Tipo 1 - anualmente após 5 anos de doença ou anualmente a partir do diagnóstico, se início após a puberdade Tipo 2 - anualmente a partir do diagnóstico na inscrição e anual (*) LDL colesterol pode ser calculado pela seguinte fórmula, desde que os valores de triglicerídeo sejam <400mg/dl: LDL colesterol = Colesterol total - Triglicerídeo / 5 + HDL colesterol 27 3.6 - Princípios gerais do tratamento 3.6.1 - Objetivos • Prevenção de complicações agudas e crônicas da doença 3.6.2 - Estratégias • • • • • Controle glicêmico; Controle do peso; Controle da pressão arterial; Controle das variáveis lipídicas; Rastreamento e intervenção precoce sobre as complicações crônicas. 3.6.3 - Metas de Controle: Exame SBD ADA Glicemia de jejum (mg/dl) < 110 < 130 Glicemia pós-prandial (mg/dl) < 140 < 180 Hemoglobina Glicosilada < 6,5 < 7,0 Colesterol Total < 200 HDL Colesterol > 40 LDL Colesterol < 100 Triglicerídeos < 150 IMC (Kg/ m2) 20 – 25 PA (mmHg) < 130 x 80 SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes ADA – Associação Americana de Diabetes 28 3.6.4- Abordagem não farmacológica: Além das recomendações sobre Mudanças de Estilo de Vida já descritas na página.... reforçamos a importancia dos itens abaixo: • Importância do controle metabólico, da pressão arterial e do peso; • Orientação para a realização de monitorização da glicemia capilar; • Cuidado com os pés; • Orientação sobre conduta frente a um quadro de hipoglicemia; 3.6.5 - Automonitorização domiciliar da Glicemia Capilar O teste da glicemia capilar permite a avaliação da eficiência do plano alimentar, das medicações, assim como orientar as mudanças no tratamento. Os Pólos de atendimento aos pacientes em uso de insulina da SMSDC/RJ disponibilizam para os inscritos, o aparelho e suas respectivas fitas, seringas e agulhas. Ao receber o aparelho para uso domiciliar na Unidade onde faz tratamento, o diabético é orientado quanto ao uso do equipamento. Recebem o aparelho para a auto-monitorização conforme protocolo: • Crianças, Adolescentes e Gestantes para 4 verificações/dia; • Adultos Tipo 1, Tipo 2, em uso de NPH e regular ou 3 doses/dia de NPH para 3 verificações/dia; • Adultos Tipo 2 em uso de 2 doses de insulina NPH: A critério médico, para 2 verificações/dia 3 vezes por semana ou para 3 verificações/dia, 2 vezes por semana; • Adultos Tipo 2 em uso de 1 dose de insulina NPH para 3 verificações/semana. O uso deste aparelho aumenta a confiabilidade dos resultados, podendo melhorar a adesão e a satisfação do diabético e do médico com o tratamento. Possibilita também ao diabético, a participação ativa no controle da doença e o tratamento pode ser melhor orientado de acordo com os resultados. 3.6.6 - Tratamento Farmacológico deve ser introduzido caso as metas propostas não sejam atingidas apenas com a modificação dos hábitos de vida Nos diabéticos tipo 2, os medicamentos devem ser empregados sempre que não se tiver atingido níveis glicêmicos desejáveis após o uso de medidas dietéticas e de exercício físico, ou seja, o tratamento se inicia com mudanças de hábito de vida. A natureza progressiva do diabetes, caracterizada pela piora gradual da glicemia ao longo do tempo, faz com que haja necessidade de se aumentar a dose dos medicamentos e de acrescentar outros, no curso da doença. A associação de drogas, com diferentes mecanismos de ação, é comprovadamente útil. Alguns desses pacientes irão necessitar do uso de insulina logo após o diagnóstico, quando apresentarem glicemias muito elevadas, e muitos vão precisar ao longo do tratamento devido à falência pancreática secundária sempre que o paciente tiver em uso de hipoglicemiantes orais e não se conseguir atingir os valores propostos nas metas. Havendo evidências de que o paciente seja diabético do tipo 1 (paciente com polis, emagrecimento ou com cetonúria) há necessidade de iniciar a insulinoterapia imediata. Pacientes com diabetes gestacional que não atinjam o controle adequado após a implementação de mudanças alimentares, devem ser encaminhadas para insulinização. Considerando o período da gestação em que o diagnóstico usualmente é realizado e a necessidade de adequação rápida do controle glicêmico, não se pode esperar muito tempo para iniciar a insulinoterapia. A classificação do tipo de diabetes não se altera se houver necessidade do uso de insulina. A hipoglicemia resultante do uso de hipoglicemiantes orais não é na verdade um efeito colateral, uma vez que é o próprio efeito desejado, porém pode implicar na necessidade de redução da dose. 29 3.6.6.1 - Medicamentos e Insumos padronizados na SMSDC-RJ para tratamento do diabetes Posologia (mg) (min-máx) Hipoglicemiantes Orais Sulfoniluréias Glibenclamida (5 mg) 2,5 - 20 Biguanidas Metformina (500mg/850 mg) • 1000 2550 Número de Tomadas Mecanismo de Ação 1-2 Estímulo à secreção de insulina através do fechamento de canais de potássio dependentes de ATP, na membrana da célula β 2-3 Aumento da sensibilidade periférica à insulina, principalmente hepática (redução da produção hepática de glicose) Efeitos colaterais Contra-Indicações Hipoglicemia, ganho ponderal, raramente alergia. Doença hepática crônica, insuficiência renal, gravidez Desconforto abdominal, diarréia que podem ser minimizados com a introdução e aumento gradativo, acidose lática(rara) Gravidez, Insuficiência renal, insuficiência cardíaca congestiva, doença hepática crônica, uso abusivo de álcool. Deve ser suspensa antes de cirurgias, exames contratados e intercorrências médicas graves Insulinas As insulinas disponíveis na SMSDC-RJ são a NPH e Regular humanas. Ação Início de Ação Pico NPH 4a6h 8 a 14 h 16 a 20 h Regular 0,5 a 2 h 3a4h 6 a 10 h Insulina • Duração Tratamento combinado : HGO e Insulina Muitos pacientes com Diabetes Tipo 2 conseguem manter por um longo tempo valores glicêmicos normais, ou próximos do normal, seguindo dietas, aumentando o exercício e utilizando hipoglicemiantes orais. No entanto, a grande maioria não consegue obter ou deixa de manter o controle glicêmico com o maior tempo de doença, mesmo aumentando ou combinando HGO. Isso ocorre em função da piora da capacidade secretória da célula beta que faria parte da história natural do Diabetes. Nesta fase, a 30 introdução de insulina em combinação com HGOs permitiria uma melhor e mais adequada disponibilidade de insulina ao paciente, que continuaria a se beneficiar das ações dos HGO. Alguns estudos mostram que o tratamento combinado de insulina com metformina seria mais efetivo em obter um melhor controle glicêmico associando-se a menor ganho de peso e menor freqüência de hipoglicemia. O tratamento combinado com uma dose noturna de insulina pode auxiliar o clínico a vencer a resistência do paciente ao uso da insulina. O paciente deve continuar os HGO na mesma dose (eventualmente diminuída) e se prescreve uma única dose de insulina ao deitar. Pode-se iniciar com cerca de 10 a 15U de NPH variando conforme o peso do paciente. Cabe lembrar que, em alguns casos, após um tempo de doença prolongado, ocorre falência pancreática secundária sendo necessário prescrição de insulinização plena (2 ou mais aplicações por dia), quando o paciente deverá ser encaminhado ao especialista para avaliação. A dislipidemia e a hipertensão arterial são condições frequentemente encontradas nos pacientes diabéticos, sendo que a sua abordagem deve seguir as propostas delineadas na Linha de Cuidado Cardiovascular (página 3) e nas Linha de Cuidado da Hipertensão Arterial (páginas 14 e 15) 31 32 Linha de Cuidado da Diabetes Mellitus 33 Fluxograma de Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2 3.7 - Situações especiais 3.7.1 – Gravidez É a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto. São considerados fatores de risco: • • • • • • • Idade superior a 25 anos; Obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual; Deposição central excessiva de gordura corporal; Baixa estatura; Crescimento fetal excessivo, poliidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual; Antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal, de macrossomia ou de diabetes gestacional; História familiar de diabetes em parente de 1º grau. Linha de Cuidado do Diabetes Gestacional Recomenda-se o rastreamento de todas as gestantes com glicemia de jejum na primeira consulta (Diretrizes SBD 2006): 34 Linha de Cuidado do Diabetes Gestacional As gestantes com rastreamento positivo (glicemia de jejum > 85 mg/dl ou com fatores de risco) realizam o teste de tolerância com sobrecarga de 75g de glicose entre 24 e 28 semanas de gestação. O diagnóstico de Diabetes Gestacional é considerado em gestantes com glicemia de jejum ≥ 110 mg/dl (confirmado ou frente a um teste oral de intolerância à glicose com valores alterados (glicemia de jejum ≥ 110 e/ou pós prandial de 2h ≥ 140 mg/dl). 35 A partir do diagnóstico de Diabetes Mellitus Gestacional, a gestante deverá ser inscrita nos Pólos de Insulina e poderão adquirir os medicamentos/insumos (insulinas NPH e Regular, seringas, agulhas e fitas testes de glicemia capilar) necessários ao tratamento e controle da doença. O tratamento inicial do Diabetes Gestacional consiste na orientação alimentar. A prática de atividade física pode fazer parte do tratamento respeitando-se as contra indicações obstétricas. O objetivo do tratamento é manter uma glicemia de jejum < 95 e pós prandial de 2h < 120 mg/dl). Se, após duas semanas de dieta, os níveis glicêmicos permanecerem elevados (jejum ≥ 105mg/dl e 2 horas pós-prandiais ≥130mg/dl), recomenda-se iniciar tratamento com insulina. Não se recomenda o uso de hipoglicemiantes orais durante a gestação e a amamentação. O controle glicêmico deve ser feito com uma glicemia de jejum e duas pós-prandiais semanais medidas em laboratório.O Programa de Diabetes sugere que as Unidades disponibilizem tiras de glicemia capilar para até 3 verificações por dia. O critério de crescimento fetal, através da medida da circunferência abdominal fetal maior ou igual ao percentil 75 na ecografia entre 29 e 33 semanas, também pode ser utilizado para avaliar o tratamento. A tolerância à glicose deverá ser reavaliada a partir de 6 semanas após o parto, considerando-se que, mesmo que os valores glicêmicos se normalize, esta gestante sempre terá risco aumentado de vir a apresentar um quadro de diabetes. 3.8 - Rastreamento das Complicações Crônicas do Diabetes O controle glicêmico e pressórico é fundamental para reduzir o risco de desenvolvimento e progressão das complicações crônicas da doença. 3.8.1 de - Retinopatia 36 Rastreamento da Nefropatia Diabética 3.8.2 - Nefropatia 37 A proposta atual da linha de cuidado do Diabetes é o rastreamento da nefropatia clinica através da determinação da relação proteína/creatinina em amostra de urina da manhã. Considera-se normal valores abaixo de 200mg/g de creatinina. Além disso, a filtração glomerular (FG) deve ser avaliada anualmente através da fórmula de Cockroft-Gault- FG ( ml/min) = (140- idade) X peso X ( 0,85 se mulher) / 72 X creatinina sérica A Doença Renal Crônica (DRC) será definida em presença de FG <60 ml/min ou >60ml/min com proteinúria positiva. Em pacientes com DRC: • Introduzir IECA ( caso ainda não esteja usando) visando retardar a progressão da doença (monitorar os níveis de potássio sérico); • Controlar de forma mais intensiva a pressão arterial e glicemia; • Intervir de forma mais intensiva sobre os fatores de risco cardiovascular (suspensão do tabagismo, controle lipídico, uso de aspirina); • Importante rastrear outras complicações da doença; • Avaliação anual da presença de anemia, com determinação do hemograma; • Restringir a ingesta protéica a no máximo 0,8 g/dia; • Evitar o uso de drogas nefrotóxicas (contrastes radiológicos, anti-inflamatórios); • Monitorar a FG anualmente. Avaliações mais freqüentes da FG podem ser necessárias para pacientes que apresentem queda muito acentuada da taxa de filtração glomerular (TFG) (> 4 ml/min/ano); • Encaminhar para acompanhamento com um especialista frente a TFG<40 ml/min, porém considerar discussão do caso com especialista frente a TFG <60ml/min. 3.8.3 - Neuropatia Todo paciente diabético deve ser avaliado clinicamente, anualmente, quanto à presença de neuropatia somática (sensitiva e motora) e autonômica, sendo que o diagnóstico da neuropatia diabética sintomática (dolorosa) é firmado por exclusão de outras causas.A avaliação clínica da presença de neuropatia autonômica deve ser realizada anualmente: • Cardíaca: taquicardia de repouso (>100bpm), hipotensão ortostática (queda da pressão arterial sistólica > 20mmHg); • Gastrointestinal: clínica de diarréia, constipação, gastroparesia (afastada outras causas); suspeita em presença controle metabólico errático sem outras explicações; • Genito-urinária: disfunção erétil, ejaculação retrógrada, incontinência urinária, infecção urinária recorrente, globo vesical palpável (afastadas outras causas). A presença de diabetes com grande labilidade (hiper e hipoglicemias severas: brittle diabetes) deve levar a suspeita de comprometimento autonômico, da mesma forma que a presença de hipoglicemias sem sinais e sintomas adrenérgicos de alerta. O controle intensivo da glicemia é indicado (embora as evidências relacionando o controle glicêmico com a redução da progressão da neuropatia sejam originárias apenas de estudos observacionais) O tratamento do quadro doloroso pode incluir: • Drogas anti-depressivas tricíclicas como a amitriptilina em baixas doses. Atenção para os efeitos colaterais e para a possibilidade de exacerbação da disfunção autonômica; • Drogas anti-convulsivantes como a carbamazepina; • Agentes analgésicos em geral; • Outros métodos como a acupuntura. O tratamento das alterações autonômicas também é sintomático, visando a melhoria na qualidade de vida do paciente e não influenciando a história natural da complicação. Deve-se considerar que pacientes com quadro de disfunção autonômica apresentam maior risco cirúrgico. 38 3.8.3.1 - Alterações nos pés Todo paciente diabético e seus familiares devem receber orientações sobre os cuidados necessários para prevenção de ulcerações e amputações. A avaliação do grau de risco dos pés deve ser realizada no diagnóstico ou na primeira consulta e deve consistir de: • Pesquisa da sensibilidade plantar com o monofilamento de 10g (podendo ser complementada com outros métodos de avaliação de sensibilidade tátil e vibratória; • Avaliação de outros sinais e sintomas de neuropatia ( história de dor em queimação ou parestesias, pele seca ou com rachaduras, calosidades, veias dilatadas); • Palpação dos pulsos pediosos e tibial posterior; • Avaliação da presença de outros sinais e sintomas de vasculopatia ( dor tipo claudicação ou dor isquêmica em repouso, pela fria, pálida ou cianótica); • Avaliação da presença de úlceras ou história de úlcera prévia; • Avaliação da presença de proeminências ósseas, mobilidade articular limitada e/ou deformidades (cabeças dos metatarsos proeminentes, dedos em garra, joanetes e perda do arco plantar) • Avaliação da presença de amputações prévias; • Avaliação de micoses nas unhas e pele. Em presença micoses ungueais ou cutâneas o paciente deve receber tratamento específico. O tratamento de calosidades e deformidades ungueais só podem ser realizados por profissionais especializados Em presença de úlceras ativas, deve-se proceder à avaliação da profundidade da lesão, da presença de infecção, da profundidade de acometimento da mesma e da presença de necrose ou gangrena: • Ùlceras superficiais podem ser tratadas ambulatorialmente, desde que haja suporte adequado e possibilidade de revisão diária, sendo indicados curativos, antibióticos e desbridamentos de acordo com cada caso. • Em presença de infecções profundas (celulite, abscesso, tendinite, sinovite, osteomielite), há necessidade de internação imediata para antibioticoterapia sistêmica e desbridamento. Necroses e gangrenas também demandam avaliação especializada de urgência e internação. Orientações para cuidados com os pés: 1. Examine seus pés diariamente. Se for necessário, peça ajudaa um familiar ou use um espelho. 2. Procure seu médico ou enfermeiro no caso de aparecimento de rachaduras, calos, feridas, alterações de cor na pele ou infecções micóticas nas unhas ou entre os dedos. 3. Dê preferência a meias de lã ou algodão, sem costuras. 4. Calce apenas sapatos que não lhe apertem, de preferência macios. Não use sapatos sem meias. Não use sandálias de dedo. 5. Sapatos novos devem ser usados aos poucos. Use-os nos primeiros dias em casa, por no máximo 2h. Compre-os de preferência no final do dia. 6. Nunca ande descalço, nem mesmo em casa. Sempre examine o interior dos sapatos antes de calçá-los. 7. Lave os pés diariamente com água e sabão. Evite água quente. Seque bem os pés, especialmente entre os dedos. Após lavar os pés use um hidratante, porém não aplique entre os dedos. 8. Não use escalda pés ou bolsas de água quente. 9. Corte as unhas de forma reta, sem mexer nos cantos. 10. Não mexa em calos ou unhas encravadas. Procure o seu médico ou enfermerio para orientação. 39 40 Avaliação do Pé de Risco Categoria de Risco e encaminhamento (adaptada da SBACV 2001 e da classificação de Wagner) Categorias de Risco Sensibilidade Deformidade/ Hiperceratose Úlcera Grau 0 Presente Ausente Ausente Grau 1 Ausente Ausente Ausente Grau 2 Ausente Presente Ausente G rau 3 Ausente Presente ou Ausente Cicatrizada Grau 3 a Grau 3 b Grau 3 c Úlcera superficial com ou sem infecção superficial Úlcera Profunda, sem infecção e sem atingir o osso Infecção profunda (celulite, abscesso, tendinite, sinovite, osteomielite) Grau 3 d Necrose ou gangrena localizada Grau 3 e Necrose ou gangrena extensa Encaminhamento são do pé Acompanhamento clínico, revi a cada 6 meses ou anual* Acompanhamento clínico, revisão do pé a cada 3 ou 6 meses* Acompanhamento clínico, revisão do pé a cada 3 meses. Encaminhamento para Terapia Ocupacional* Acompanhamento clínico, revisão do pé a cada 3 meses. Encaminhamento para Terapia Ocupacional* Curativo na unidade, antibiótico se indicado. Se houv er evidência de isquemia encaminhamento à cirurgia vascular* Encaminhamento à cirurgia vascular, marcação em no máximo 48 h. Internação imediata Encaminhamento à cirurgia vascular, marcação em no máximo 48 h. No caso de gangrena avaliar indicação de internação imediata. Internação imediata · A presença de isquemia potencializa o risco e a sua descompensação exige tratamento imediato. Todos os pacientes deverão ser submetidos à avaliação da árvore vascular arterial dos membros inferiores. Claudicação limitante e dor em repouso são indicação de encaminhamento para a cirurgia vascular, sendo que no último caso a marcação deve ser no máximo em 48 h. 41 Quadro das referências ????? 3.8.4 • • • • • Doença cardiovascular O rastreamento de doença coronariana em diabéticos assintomáticos não está associado a um melhor prognóstico, não devendo ser realizado rotineiramente. A Associação Americana de Diabetes propõe a investigação, apenas em pacientes com história de doença vascular periférica ou carotídea e naqueles >35 anos, sedentários, e que planejam iniciar um programa de exercícios físicos vigorosos. Quando a isquemia silenciosa é identificada, há controvérsias quanto a abordagem ideal para a mesma. O paciente sintomático ou com alteração no ECG deve ser investigado segundo o protocolo da Linha de Cuidado de Doença Coronariana Uso de aspirina 100mg/dia: Obrigatório na prevenção secundária ( pacientes com diagnóstico confirmado de doença coronariana). Como prevenção primária é indicado nos pacientes maiores de 40 anos com outros fatores de risco ( considerar o uso nos maiores de 30 anos e não utilizar em menores de 21 anos por risco de Síndrome de Reye). No caso de alergia, história de sangramento ou doença hepática ativa, considerar o uso de outras drogas anti-agregantes plaquetárias. 42 3.8 - Indicadores propostos para acompanhamento da linha de cuidado do Diabetes Indicadores do Pacto pela Saúde Proporção de internações por complicações do Diabetes Mellitus Resultado 2009: 2,3/10.000 Meta 2010: 2,2/10.000 Meta 2011: 2,1/10.000 Método de cálculo: Número de internações por diabetes mellitus e suas complicações na população de 30 a 59 anos em determinado local e período X 10.000 População de 30 a 59 anos em determinado local e período Proporção de diabéticos cadastrados nas unidades de saúde em relação aos diabéticos estimados Resultado 2009: 52,9% Meta 2010: 54% Meta 2011: 57% Método de cálculo: Número de portadores de diabetes mellitus cadastrados no HiperDia Número de portadores de diabetes mellitus estimados no município (311 acima de 40 anos) X 100 Sugestões de outros indicadores caso haja cadastramento informatizado que permita acessar as informações necessárias para a construção dos mesmos; caso contrário, pode-se optar por avaliação desses indicadores por amostragem, em levantamento de prontuários: • % de diabéticos com níveis adequados de Hbgl - Número de diabéticos cadastrados com média de HBg no ano < 7%/ numero de diabéticos cadastrados X 100 • % de diabéticos com níveis adequados de PA - Número de diabéticos cadastrados com PAS mantida abaixo de 130 e PAD mantida abaixo de 80/ numero de diabéticos cadastrados X 100 • % de diabéticos com rastreamento de FO realizado - Número de diabéticos cadastrados que tiveram o FO realizado pelo generalista no ano/ numero de diabéticos cadastrados X 100 • % de diabéticos com avaliação do grau de risco dos pés realizado pela ESF - Número de diabéticos cadastrados que tiveram avaliação do grau de risco dos pés no ano/ numero de diabéticos cadastrados X 100 • % de diabéticos com Clearence de creatinina calculado - Número de diabéticos cadastrados que tiveram clearence de creatinina calculado no ano/ numero de diabéticos cadastrados X 100 43 4 - Dor Torácica/ Doença Arterial Coronariana (DAC) 4.1 – Epidemiologia No Brasil, as doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de mortalidade. Calcula-se que existam 900.000 brasileiros com angina de peito com aparecimento de 18.000 novos casos da doença ao ano, baseado no cálculo de que para cada paciente com infarto agudo internado existam 30 casos de angina estável. 4.2 – Diagnóstico Para o diagnóstico da doença arterial coronariana (DAC) é fundamental a Avaliação da probabilidade de doença de acordo com a história. Através da história é possível a caracterização da dor torácica apresentada pelo paciente como angina típica, angina atípica e dor torácica não cardíaca, como vemos abaixo: Classificação clínica da dor torácica Angina típica (definitiva): 1) Desconforto ou dor retroesternal; 2) desencadeada pelo exercício ou estresse emocional; 3) e aliviada com o repouso ou uso de nitrato. Angina atípica (provável): Presença de somente dois dos fatores acima. Dor torácica não cardíaca: Presença de somente um ou nenhum dos fatores acima. Modificado de Diamond, JACC, 1983 A história deve também abordar o questionamento sobre os principais fatores de risco associados à DAC: tabagismo, dislipidemia, hipertensão artéria sistêmica, diabetes mellitus e história familiar de DAC precoce (em mulheres < 65 anos e em homens < 55 anos), além de antecedentes pessoais de DAC ou doença cerebrovascular. O exame físico pode ser normal em um paciente com suspeita de DAC, embora o achado de alterações compatíveis com aterosclerose em outros territórios (ex: diminuição de pulsos, aneurisma abdominal...) aumentem a possibilidade de DAC. Com os dados de história (caracterização da dor) e idade podemos avaliar a probabilidade de DAC (a chamada probabilidade pré-teste de DAC). Probabilidade de DAC pré teste em pacientes sintomáticos, de acordo com idade e sexo (Diamond/Forrester e CASS Data) Dor torácica não anginosa Angina atípica Idade (anos) Homem Mulher Homem Mulher Angina típica Homem Mulher 30-39 4 2 34 12 76 26 40-49 13 3 51 22 87 55 50-59 20 7 65 31 93 73 60-69 27 14 72 51 94 86 Modificado de Gibbons e cols. 202. ACC/AHA Practice Guidelines. Obs: alta probabilidade: > 80%; probabilidade intermediária: entre 20 e 80%; baixa: < 20% 44 O paciente com alta probabilidade de Doença Arterial Coronária possui dor torácica definitivamente anginosa e uma de qualquer das características abaixo: • IAM prévio, morte súbita abortada ou DAC conhecida; • quadro típico em homem maior que 60 anos e mulher maior que 70 anos; • alterações hemodinâmicas ou eletrocardiográficas durante a dor; • angina variante; • supra ou infradesnível de ST >= 1 mm; • inversão de T simétrica em múltiplas derivações. Além da avaliação diagnóstica já descrita, a história e exame físico também fornecem dados prognósticos em pacientes com dor torácica no momento do exame. São, por exemplo, sinais de alta probabilidade de evento agudo, necessitando encaminhamento para unidade de emergência: • angina que vem em crescendo nas últimas 48 horas; • dor em repouso com duração superior a 20 minutos; • exame físico sugestivo de edema pulmonar; • presença de B3; • hipotensão; • bradi ou taquicardia. O ECG deve ser realizado no atendimento a um paciente que se apresente com dor torácica. A presença de bloqueio de ramo novo ou presumivelmente novo, taquicardia ventricular sustentada ou alterações isquêmicas transitórias conferem um mau prognóstico a curto prazo. Em qualquer uma dessas situações, o paciente deverá ser encaminhado a uma unidade de atendimento de emergência. 4.2.1 - Avaliação diagnóstica em um paciente com suspeita de DAC: Na avaliação de um paciente com suspeita de DAC, devem ser considerados os seguintes exames: Exames Eletrocardiograma RX de tórax Ecocardiograma Teste de esforço (TE)* Observações • • • Deve ser realizados em todos os pacientes ECG normal não exclui a presença de DAC Achados sugestivas de isquemia miocárdica: onda T pontiaguda, negativa e simétrica • Achados sugestivas de áreas de fibrose: complexos QS ou QR Deve ser realizado se: • Suspeita de pneumotórax, fraturas de costelas, aneurisma/ dissecção de aorta, pneumonia • Sinais e/ou sintomas de insuficiência cardíaca Deve ser realizado se: • História, exame físico e ECG sugerem infarto do miocárdio prévio • Exame físico sugere outra etiologia para a dor torácica/angina (ex: estenose aórtica, insuficiência aórtica, hipertensão arterial pulmonar) • Suspeita clínica de insuficiência cardíaca Principal indicação: • Pacientes com probabilidade pré-teste intermediária de DAC (ex: homem com idade > 50 anos com dor torácica atípica). Obsevação: A presença de alterações basais em ECG (bloqueio de ramo esquerdo, síndrome de Wolff-Parkinson-White, ritmo de marcapasso, depressão do segmento ST > 1mm em repouso) diminue a especificidade do TE. Nesses casos, deve ser considerado um outro teste diagnóstico não invasivo, como a cintilografia miocárdica. 45 * A realização do TE com finalidade diagnóstica deve ocorrer sem o uso de medicações antiisquêmicas, que devem ser suspensas de acordo com a meia-vida das drogas. Exemplo: suspensão de betabloqueador de 4 a 8 dias antes do TE, de bloqueador de canal de cálcio de 1 a 4 dias, de nitrato, 1 dia. Para pacientes com alta suspeita pré-teste de DAC, a realização do TE é controversa: caso negativo não exclui a presença de doença e sendo positivo apenas confirma uma probabilidade pré-teste já alta, embora, nesses casos, possa trazer algumas informações prognósticos. A SMSDC/RJ sugere que o TE só seja indicado nesses pacientes com alta probabilidade de DAC pré-teste caso haja alguma mudança no comportamento clínico da angina do paciente, ou seja, modificações nos sintomas. Da mesma forma, para pacientes com baixa probabilidade de DAC, a realização do TE também não é recomendada rotineiramente, pois um TE negativo apenas confirma a hipótese inicial enquanto um TE positivo indica na maioria dos casos um resultado falso-positivo e que muitas vezes leva à realização de uma série de exames desnecessários, inclusive exames invasivos e não isentos de risco. Uma vez realizado o TE, além da informação diagnóstica, podemos obter informações prognósticas, sendo os principais marcadores de mau prognóstico: • baixa capacidade funcional (< 4 Mets); • depressão ou elevação de ST ou arritmia ventricular grave em cargas baixas (< 5 Mets), ou; • queda da pressão arterial sistólica durante o esforço. Nesses casos, o paciente deve ser encaminhado a um especialista para ser dado encaminhamento na investigação. 4.2.2 - Investigação do paciente de alto risco, porém assintomático: • Idosos assintomáticos: Não está indicada a realização de ECG basal e de esforço (TE) para screening de doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos. Testes falso-positivos são muito comuns em idosos assintomáticos, especialmente nas mulheres, e podem levar a realização desnecessária de exames invasivos e não invasivos, além de intervenções terapêuticas duvidosas, impondo risco excessivo ao paciente (cascata propedêutica e terapêutica). A probabilidade do TE detectar pacientes do doença arterial coronariana grave em homens assintomáticos é estimado em apenas 0,5%. • Rastreamento de doença coronariana em diabéticos: Testes de rastreamento para doença coronariana assintomática, particularmente o teste de esforço, têm sido solicitados indiscriminadamente durante check-ups ou para indivíduos que irão iniciar atividade física. Esta prática deve ser combatida, não só por gerar custos excessivos e desnecessários mas principalmente pelo risco potencial de iatrogenias, além de produzir um estado de falsa segurança nos pacientes. O rastreamento de doença coronariana em diabéticos assintomáticos também não está associado a um melhor prognóstico, não devendo ser realizado rotineiramente. 4.3 – Princípios gerais do tratamento 4.3.1 - Objetivos Os principais objetivos no tratamento da DAC crônica são: • • Prevenir o Infarto Agudo do Miocárdio e reduzir a mortalidade; Reduzir os sintomas e a ocorrência de isquemia miocárdica, melhorando a qualidade de vida. 46 4.3.2 – Tratamento farmacológico Fármaco Observações Antiagregante Plaquetário Aspirina – 75 mg/dia (pela praticidade = 100 mg/dia) não utilizar nos casos raros de contra-indicação: alergia ou intolerância, sangramento ativo, hemofilia, úlcera péptica ativa) ou se alta probabilidade de sangramento gastro intestinal ou genito urinário. Beta-bloqueadores (propranolol, atenolol) medicamentos de 1a escolha (ver quadro geral) pois reduzem mortalidade cardiovascular, isquemia miocárdica e angina de peito. Nitratos (monocordil, isordil) utilizar preparações de ação prolongada em pacientes que permaneçam sintomáticos apesar do uso de betabloqueadores. Antagonistas dos canais de cálcio (diltiazem, anlodipina) utilizar quando contra-indicação absoluta ao uso de betabloqueador ou em associação com beta-bloqueador e nitrato caso não haja alívio da dor com esses dois medicamentos ou caso hipertensão mantida. Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (enalapril, captopril): utilizar de rotina se disfunção ventricular e/ou insuficiência cardíaca e/ou DM. Hipolipemiantes: conforme protocolo das dislipidemias na página 8. 47 48 Linha de Cuidado da Doença Arterial Coronária 49 Linha de Cuidado da Doença Arterial Coronária 5 – Insuficiência Cardíaca (IC) 5.1 – Epidemiologia A insuficiência cardíaca (IC) pode ocorrer como consequência de qualquer doença que afete o coração, tendo uma prevalência bastante elevada na população. Encontra-se em progressão, devido ao envelhecimento da população e a um aumento da sobrevida dos pacientes com hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a doença arterial coronariana (DAC). No Brasil, no ano de 2007 as doenças cardiovasculares (DCV) representaram a principal causa de mortalidade no país e a terceira causa de internação, sendo a IC a principal condição cardíaca que leva à internação, sendo responsável por 2,6% das internações do país nesse ano e por 6% dos óbitos. Mais de 2/3 das internações por IC ocorrem em pacientes acima de 60 anos. 5.2 – Definição A IC é uma síndrome clínica definida pela disfunção cardíaca que causa suprimento sanguíneo inadequado para as demandas metabólicas dos tecidos. Cerca de 60% dos casos de IC ocorrem por um déficit na contratilidade ventricular (disfunção sistólica) sendo a disfunção diastólica responsável pelos 40% restantes. A disfunção diastólica é definida como a IC em que o paciente apresenta função sistólica normal, ou seja, fração de ejeção ao ecocardiograma superior a 45%. 5.3 – Diagnóstico Os sinais e sintomas isoladamente apresentam limitações de sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de IC. Os mais específicos são a presença de B3 e a pressão venosa elevada, sendo porém pouco sensíveis. Por isso a organização dos sinais e sintomas através de critérios maiores e menores (Framingham) melhora a acurácia do diagnóstico clínico. Critérios de Framingham para IC Critérios maiores Critérios menores Dispnéia paroxística noturna Edema de membros Distensão de veias do pescoço (turgência jugular) Tosse noturna Estertores pulmonares Dispnéia de esforço Cardiomegalia Hepatomegalia Edema agudo de pulmão Derrame pleural Galope de terceira bulha (B3) Capacidade vital reduzida a 1/3 do normal Pressão venosa aumentada (>16 mmHg) Taquicardia (>120 bpm) Refluxo hepatojugular Para o diagnóstico de IC: no mínimo 1 critério maior e 2 critérios menores 50 5.4 – Classificação: Uma vez feito o diagnóstico de IC, devemos avaliar a classe funcional do paciente, baseada tradicionalmente nos sintomas segundo a Classificação da New York Heart Association- NYHA, que, apesar do grau de subjetividade, tem boa correlação com prognóstico e qualidade de vida. Classificação da New York Heart Association- NYHA Classe I: Ausência de sintomas (dispnéia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante à esperada para indivíduos normais Classe II: Sintomas desencadeados por atividades cotidianas Classe III: Sintomas desencadeados por atividades menos intensas que as cotidianas ou pequenos esforços Classe IV: Sintomas em repouso 5.5 – Acompanhamento: Os principais objetivos diante de um paciente com IC são: • identificar etiologia; • identificar possíveis fatores precipitantes; • definir se disfunção sistólica ou diastólica predominante; • identificar pacientes que possam se beneficiar de terapêuticas específicas (ex: cirurgia, marcapasso). Dados de história, exame físico, eletrocardiograma e exames laboratoriais ajudam a definir o diagnóstico etiológico de IC: Situação Etiologia provável Angina de peito, infarto prévio, fatores de risco para aterosclerose Cardiopatia isquêmica Área inativa (fibrose) em ECG ou disfunção segmentar (hipocinesia ou acinesia segmentar em ecocardiograma) Cardiopatia isquêmica Proveniente de área endêmica para doença de Chagas, familiares com doença de Chagas ou ECG com padrão de bloqueio de ramo direito + hemibloqueio anterior esquerdo Cardiopatia chagásica Hipertrofia ventricular em ECG ou ecocardiograma com função sistólica preservada Cardiopatia hipertensiva Ingesta excessiva de álcool Cardiopatia alcoólica IC iniciada periparto (1 mês antes ou 5 meses após) Cardiopatia periparto 51 Os principais fatores precipitantes de descompensação em um paciente com IC e que devem ser procurados são: infecção, interrupção do(s) medicamentos, ingesta hídrica ou salina excessiva, isquemia miocárdica, embolia pulmonar, insuficiência renal, anemia, crise hipertensiva, arritmias, abuso de álcool, drogas (antiinflamatórios, bloqueadores de cálcio). 5.5.1- Periodicidade de consultas e nível de atenção: Classe funcional (CF) I e II trimestral na ESF Classe funcional (CF) III e IV a critério, em acompanhamento com especialista 5.5.2 - Rotina mínima de exames: Observações Exames Hemograma Sódio Potássio Creatinina Deverão ser realizados na avaliação inicial e de acordo com a indicação médica e na dependência da condição clínica do paciente. Glicemia Eletrocardiograma - - RX de tórax - - Ecodopplercardiograma Na avaliação inicial e conforme critério clínico. Um ECG normal torna o diagnóstico de IC improvável e exclui em cerca de 90% a presença de disfunção sistólica Bloqueio de ramo esquerdo (BRE) e zona inativa anterior são indicativos de disfunção sistólica. Achados comuns no ECG de pacientes com IC: fibrilação atrial, sobrecarga de Átrio Esquerdo (AE) e/ou de Ventrículo Esquerdo (VE). Bloqueio de ramo direito (BRD) associado com hemibloqueio anterior esquerdo (HBAE) sugere cardiopatia chagásica se paciente com história epidemiológica positiva. Na avaliação inicial e conforme critério clínico. A IC pode ocorrer sem cardiomegalia, principalmente naqueles com IC aguda ou naqueles com IC com função sistólica normal. São marcadores úteis de disfunção ventricular: cardiomegalia, sinais de congestão pulmonar (redistribuição vascular para ápices, edema intersticial e/ou alveolar, derrame pleural).. Pode identificar presença de doença pulmonar, que pode ser responsável pelos sintomas, Deve ser realizado em todo paciente com suspeita de IC sendo útil tanto na confirmação diagnóstica quanto na definição da etiologia. A presença de fração de ejeção superior a 45% em pacientes com IC define a IC diastólica. 52 Outros exames podem ser solicitados de acordo com a suspeita clínica do médico, como por exemplo: provas de função hepática, TSH, sorologia para Doença de Chagas. O auxilio do especialista pode também ser importante naqueles pacientes em que a etiologia seja de difícil definição e nos quais pode justificar-se a realização de exames menos habituais como cateterismo, ressonância magnética, ecocardiograma de estresse, cintilografia miocárdica, estudo eletrofisiológico. 5.6 - Princípios gerais do tratamento 5.6.1 - Abordagem da IC A prevenção e o tratamento da IC baseada nos estágios A-D é bastante útil: Estágios Condição Conduta Paciente de alto risco de desenvolver IC, ainda sem lesão estrutura Não é indicado rastreamento por ecocardiograma B Pacientes com doença estrutural porém sem sintomas Se identificado através de ecocardiograma (ex: coronariopata) deve ser encaminhado de acordo com a linha de cuidado específica C Pacientes com doença estrutural e IC sintomática A Pacientes refratários ao tratamento convencional D Tratamento segundo a Linha de cuidado de Insuficiência Cardíaca 5.6.2 - Abordagem não farmacológica: Além das recomendações sobre Mudanças de Estilo de Vida já descritas na página 7, que para os pacientes com IC, as atividades físicas devem ser realizadas, inicialmente, com supervisão. • Restrição hídrica – 1.000 a 1.500 ml nos pacientes com risco de hipervolemia. • Prevenção de fatores agravantes: Vacinação: A IC é condição de alto risco para infecções do trato respiratório podendo levar à descompensação. Sendo assim, preventivamente, os pacientes com IC devem receber vacina contra Influenza (anualmente) e Pneumococcus (a cada 5 anos; se IC grave, a cada 3 anos); Evitar antiinflamatórios não esteróides (AINH): Os AINH clássicos (ibuprofeno, diclofenaco, naproxeno) causam retenção hídrica e elevação da PA. Os inibidores da Cox-2, além desses efeitos, são pró-trombóticos. Se uso for imprescindível, necessidade de maior vigilância com peso, edema e função renal. 53 Supressão do álcool nos pacientes com cardiopatia alcoólica; Orientação para viagens: Indicar meia elástica de média compressão se viagem aérea maior que 4 horas de duração; Outros cuidados: - Orientar intervenções comportamentais, com técnicas envolvendo meditação e relaxamento, programas de exercício físico têm sido recomendados para melhora clínica em pacientes estáveis após realização de teste de esforço; - Recomenda-se que durante o exercício seja mantida 60 a 85% da frequência máxima alcançada no teste de esforço, sob supervisão; - Orientação sexual para pacientes com IC estável. Fármacos inibidores da fosfodiesterase (sildenafil) podem ser indicados em pacientes otimizados farmacologicamente e com disfunção erétil, sendo contra-indicação absoluta o uso de nitrato. Principais fármacos utilizados no tratamento da IC associados às disfunções sexuais: Disfunções Sexuais Fármacos Impotência hidroclorotiazida, espironolactona, betabloqueador, digoxina, amiodarona, IECA, losartan, valsartan diminuição da libido hidroclorotiazida, espironolactona, propranolol ginecomastia espironolactona, digoxina hirsutismo Espironolactona irregularidades menstruais Espironolactona 54 5.6.3 - Tratamento Farmacológico Principais opções terapêuticas no tratamento da IC: Fármaco Propriedades Indicação Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina melhora sobrevida na IC (IECA) deve ser iniciado em todos os pacientes com disfunção sistólica sintomática ou assintomática, exceto se contra-indicações Beta-bloqueadores (Carvedilol) melhora sobrevida na IC IC CF II-IV da NYHA com disfunção sistólica (+IECA) Pac. assintomático (estágio B) com disfunção sistólica após IAM (+IECA) Diuréticos (tiazídicos e diuréticos de alça) Não melhora sobrevida na IC, usados para diminuir sintomas congestivos pacientes sintomáticos com sinais e sintomas de congestão Não melhora sobrevida IC pacientes sintomáticos com disfunção sistólica, CF III-IV, associado ao tratamento padrão Digoxina Não melhora sobrevida IC mas melhora sintomas e ajuda controlar frequência ventricular na fibrilação atrial IC com disfunção sistólica em ritmo sinusal ou fibrilação atrial (FA), sintomáticos com terapêutica otimizada; IC com disfunção sistólica e FA, assintomáticos, para controle da freqüência Nitratos + hidralazina usados para melhora de sintomas, principalmente naqueles com contra-indicação a IECA Antagonistas de receptor da angiotensina II * usado caso verdadeira intolerância aos IECA Warfarim Não melhora sobrevida IC, não usado rotineiramente Usado para anticoagulação se fibrilação atrial, trombo em VE ou embolia prévia Amiodarona Não melhora sobrevida IC, não usado rotineiramente avaliar uso no controle de arritmias Diuréticos (espironolactona) 55 5.6.3.1 - Medicamentos utilizados no tratamento da IC Fármaco Posologia N° (mg) tomadas (min-máx) Captopril 6,25 - 150 3 Enalapril 2,5 - 20 2 Efeitos colaterais tosse, hipotensão arterial (suspender apenas se associada a sintomas ou piora de função renal), angioedema Cuidado se Creatinina >3,0 mg/dl Carvedilol* 3,125 - 25 2 Atenolol*1 25 - 200 2 Hipotensão arterial sintomática; bradicardia importante; bloqueio atrioventricular (BAV) Contra-indicações potássio > 5,5 mEq/l, estenose bilateral de artérias renais, alergia prévia, hipotensão arterial sintomática, estenose aórtica grave FC < 50 bpm Intervalo PR em ECG > 0,28s; BAV 2o. ou 3o. graus hiperpotassemia, ginecomastia dolorosa ou não Espironolactona 12,5 - 50 1 Hidroclorotiazida 25 - 50 1 Furosemida 40 -240 1-3 Digoxina*2 0,125 ou 0,25 1 não recomendado se Creatinina > 2,5 mg/dl Monitorar semanalmente níveis de ou potássio > 5 potássio no 1o mês de tratamento não fazer em pacientes com hipocalemia, hipomagnesemia disfunção sistólica hiponatremia, hiperglicemia, assintomáticos ou hiperuricemia/gota, hipovolemia pacientes hipovolêmicos Sinais de intoxicação digitálica: gastrointestinal (anorexia, náuseas e - não indicado se FE > vômitos), neurológicos (confusão 45% e ritmo sinusal; mental, xantopsia), cardiovascular (BAVs, ESV polimórficas frequentes) - BAV 2o. grau ou BAV 3o., doença do NS sem proteção de MP e Aumentam nível sérico de síndrome de prédigoxina: amiodarona, quinolonas, diltiazem, verapamil, excitação quinidina) * ajuste a cada 7-14 dias: 6,25 – 12,5 – 25 *1 ajuste a cada 7-14 dias: 25 – 50 – 75 – 100 – 125 – 150 - 200 *2 se idoso, insuficiência renal ou baixo peso, pode ser 0,125 mg em dias alternados 56 57 Linha de Cuidado da Insuficiência Cardíaca 58 Linha de Cuidado da Insuficiência Cardíaca 5.7 - Situações especiais 5.7.1. – IC com fração de ejeção preservada (> 45-50%) É definida quando presença de sinais e/ou sintomas de IC congestiva + função sistólica normal (definida pelo ecocardiograma comm fração de ejeção acima de 45-50%) e evidências objetivas de disfunção diastólica pelo ecocardiograma) Ocorre mais frequentemente em mulheres, idosos, diabetes, pacientes com hipertrofia ventricular esquerda e obesidade. O tratamento baseia-se principalmente no tratamento da condição associada, não há indicação para a utilização de digital. 5.7.2. – IC na criança e adolescente A IC na criança pode decorrer de um número grande de condições, incluindo cardiopatias congênitas, variando de acordo com a idade de apresentação. Após a identificação de sinais e/ou sintomas que sugiram IC (classificação de Ross abaixo) e da realização dos exames iniciais (RX tórax, ecocardiograma, eletrocardiograma e exames laboratoriais: hemograma, eletrólitos, provas de função hepática, função renal, atividade reumática) a criança deve ser encaminhada a um nível secundário de atendimento. Classificação de Ross Classe I II III IV Interpretação Assintomático. Taquipnéia leve ou sudorese com as mamadas em lactentes. Dispnéia aos esforços em crianças maiores. Taquipnéia importante ou sudorese às mamadas em lactentes. Tempo de mamada prolongado com retardo de crescimento por IC. Em crianças maiores, dispnéia importante aos esforços. Sintomas tipo taquipnéia, retração intercostal, grunhido e sudorese em repouso. 5.7.3 – IC na gestante A paciente gestante com IC deve ser encaminhada para uma avaliação com especialista. No tratamento da IC da gestante estão contra-indicados os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA), os bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA) e a espironolactona. 5.8. Questões Legais A IC é uma forma de cardiopatia grave que garante a aposentadoria integral, sem período de latência no Brasil. 59 Recomendações para afastamento do trabalho e aposentadoria Indicações • • • IC crônica sistólica sintomática - CF III; FEVE < 40% Afastamento do trabalho que requeira esforço físico leve a moderado. Aposentadoria, respeitados os prazos legais, exceto quando submetido a transplante cardíaco. Candidato à isenção ao imposto de renda. • • IC crônica sistólica assintomática - CF I - II; FEVE < 40% Afastamento do trabalho apenas para atividades que exijam grandes esforços. Afastamento do trabalho quando a atividade profissional implica em risco pessoal ou coletivo. • • • IC crônica diastólica sintomática - CF III – IV Afastamento se confirmado por provas funcionais ou marcador bioquímico. Aposentadoria, respeitados os prazos legais, exceto quando submetido a transplante cardíaco. Candidato à isenção ao imposto de renda. 5.9 - Prognóstico: Uma vez instalada, a disfunção ventricular sistólica usualmente progride. A mortalidade dos pacientes com IC ocorre basicamente de forma súbita ou por progressiva falência de bomba. No estudo de Framingham, apenas 25% dos homens e 38% das mulheres sobreviveram 5 anos após o diagnóstico de IC. Essa mortalidade foi 4 a 8 vezes maior que a da população geral da mesma idade. 60 Bibliografia 1. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Rio de Janeiro: INCA, 2004 1 - Dislipidemias 1. Portaria nº 1.015 de 23 de Dezembro de 2002 do Ministério da Saúde 2. IV Diretriz Brasileira sobre dislipidemias e prevenção da aterosclerose, Arq. Bras. Cardiol 2007, Vol 88, Supl. I. 3. Tratado de Medicina Cardiovascular – Eugene Braunwald, 8a. edição, 2008 4. Recomendações para Terapia-retroviral em adultos infectados pelo HIV, 2008. Ministério da Saúde 5. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Dislipidemais em pacientes de Alto Risco de Desenvolver Eventos Cardiovasculares. Consulta Pública SAS/MS n0 13 de 12 de novembro de 2002 6. Xavier, HT. Farmacologia dos Fibratos. Arq Brás de Cardiol- 2005, 85:15-16. 7. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento de Síndrome Metabólica. Arq Bras Cardiol 2005, Vol 84 (Supl I): 1-28 2 - Hipertensão Arterial 1. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão – 2006. Disponível em www.publicacoes.cardiol/consenso/ 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus: hipertensão arterial e diabetes mellitus / Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001:104p. 3. Guidelines Committee. 2003 European Society of Hypertension – European Society of Cardiology guidelines for the management of arterial hypertension. J Hypertens. 2003; 21:1011-53. 4. The seventh report of the Joint National Comittee of Prevent, detection e evoluation and treatment oh high blood presssure (JNC VII). Disponível em www.nhlbi. nih.gov/guidelines/hipertension/ 5. Braunwald E. Tratado de Medicina Cardiovascular. 5a ed. São Paulo: Roca; 1999; 52: 1838-65. 5. 3 – Diabetes 1. Standards of Medical Care-2009. Diabetes Care, 2009, 32(Suppl I): S13-61. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus: hipertensão arterial e diabetes mellitus / Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001:104p. 3. Sociedade Brasileira de Diabetes. Tratamento e Acompanhamento do Diabetes Mellitus. Diretrizes SBD, 2006 4. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Diretrizes Brasileiras de Doença Renal Crônica. JBN. XXVI, vol3 ( supl 1), 2004. 5. Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé diabético. Consenso Internacional sobre Pé Diabético. Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. 2001 61 4 – Doença Coronária 1. Braunwald´s Heart Disease – a textbook of cardiovascular medicine, 8a. Edição. Capítulos 49 (pag. 1195-1206) e 54 (pág. 1353-1418) 2. Diretrizes Brasileiras de Doença Coronariana Crônica – Angina Estável. Arquivos Brasileiros de Cardiologia volume 83, suplemento II, setembro de 2004 3. Lawrence H. Young, MD; Frans J. Th. Wackers, MD, PhD; Deborah A. Chyun, MSN, PhD; Janice A. Davey, MSN; Eugene J. Barrett, MD; Raymond Taillefer, MD; Gary V. Heller, MD, PhD; Ami E. Iskandrian, MD; Steven D. Wittlin, MD; Neil Filipchuk, MD; Robert E. Ratner, MD; Silvio E. Inzucchi, MD; for the DIAD Investigators. Cardiac Outcomes After Screening for Asymptomatic Coronary Artery Disease in Patients With Type 2 Diabetes The DIAD Study: A Randomized Controlled Trial. JAMA. 2009;301(15):1547-1555 4 – Insuficiência Cardíaca 1. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 2009;93 (1 supl.1):1-71 2. Braunwauld´s Heart Disease – a textbook of cardiovascular medicina. 8a. Edição. Capítulso 23 a 26 (paginas 561a 657) 62