Profª Eleonora – Slide de aula Biossíntese de Ácidos Graxos Profª Eleonora – Slide de aula Biossíntese de Ácidos Graxos A oxidação dos ácidos graxos ocorre pela remoção sucessiva de grupos acetil na forma de acetil-CoA. A biossíntese dos ácidos graxos, entretanto, não ocorre pela simples reversão das mesmas etapas enzimáticas. A biossíntese dos ácidos graxos segue uma via diferente, é catalisada por um conjunto distinto de enzimas e se realiza numa parte diferente da célula. Além disso, um intermediário de 3 carbonos participa da biossíntese dos ácidos graxos e o CO2 também é necessário. Principais Aspectos da Biossíntese A síntese ocorre no citoplasma, enquanto a oxidação ocorre na matriz mitocondrial. O transporte dos grupos acetil através da membrana mitocondrial interna é realizado pelo ácido cítrico, capaz de atravessar a membrana e liberar acetil-CoA no citoplasma: citrato-sintase acetil-C oA + oxaloacetato H O 2 H S-CoA citrato ATP citrato-liase ADP + P i citrato (mitocôndria) H S-CoA acetil-C oA + oxaloacetato (citoplasma) Profª Eleonora – Slide de aula Enzimas e translocases que participam sistema de transporte de citrato (1) citrato sintase (2) tricarboxilato translocase (3) citrato liase (4) malato desidrogenase (5) enzima málica (6) piruvato translocase (7) piruvato carboxilase Profª Eleonora – Slide de aula Principais Aspectos da Biossíntese (continuação) As enzimas da síntese dos ácidos graxos estão organizadas num complexo multienzimático denominado sintetase de ácidos graxos ou acil-sintase Os intermediários da síntese dos ácidos graxos estão ligados de forma covalente aos grupos sulfidrila (-SH) de uma proteína transportadora de acila (ACP) A cadeia dos ácidos graxos é alongada pela adição de unidades com dois carbonos provenientes do acil-CoA. O doador ativado dessas unidades é o malonil-ACP. A reação de alongamento é favorecida pela liberação de CO2 O redutor da biossíntese é o NADPH O alongamento pelo complexo da acil-sintase termina com a formação do palmitato (C16). Os alongamentos posteriores e formação de duplas ligações são catalisados por outros sistemas enzimáticos. O grupo malonil (de 3 átomos de carbono) é o precursor de todas, exceto uma, unidades de 2 carbonos a partir dos quais a cadeia de ácido graxo é construída. A única molécula de acetil-CoA necessária na síntese do ácido graxo funciona como unidade de “iniciação”. Profª Eleonora – Slide de aula CH 3 C O- CH 3 C S CoA O O Acetil Acetil-CoA COO- 3 COO- C H2 2 C H2 COO- 1 C Malonato S CoA O Malonil-CoA Observação: No ácido palmítico (C16:0), por exemplo, os átomos dos carbonos metila e carboxila do grupo acetil tornam-se os átomos de carbono 16 e 15 do ácido graxo. O crescimento da cadeia começa com o resíduo acetil iniciador e cresce por adições sucessivas de unidades de 2 carbonos, derivada do malonil-CoA; até a extremidade carboxila do ácido palmítico. Os dois átomos de carbono do malonil que estão mais próximos da CoA são incorporados enquanto o grupo carboxila não-esterificado, é perdido como CO2. Outra característica distinta do mecanismo da biossíntese dos ácidos graxos é que os intermediários acil no processo são tioésteres, não da CoA, como ocorre na oxidação, mas sim de uma proteína de pequeno peso molecular chamada de proteína transportadora de acil (ACP) A biossíntese dos ácidos graxos se realiza no citoplasma das células eucarióticas, enquanto a oxidação dos ácidos graxos ocorre principalmente na mitocôndria. Profª Eleonora – Slide de aula Síntese do malonil-CoA Embora o malonil-CoA seja o precursor imediato da maioria dos grupos de 2 carbonos que entram na biossíntese dos ácidos graxos, ele é primeiro formado a partir do acetil-CoA no citosol. 3 COO - Acetil-CoA CH 3 CH 2 carboxilase 2 C S CoA + CO + ATP 2 1 C S CoA + ADP + Pi + H+ Biotina O O Acetil-CoA M alonil- C oA Profª Eleonora – Slide de aula Ácido Graxo Sintetase A enzimas envolvidas na biossíntese dos ácidos graxos, em número de sete, são organizadas num complexo denominado sistema da ácido graxo sintetase, ligada a este sistema está a proteína transportadora de acil (ACP). HS Cys HS Pn E AC P A função da ACP na biossíntese dos ácidos graxos é análoga à função da coenzima A na oxidação dos ácidos graxos. Os acil intermediários são esterificados a ACP durante as reações de construção da cadeia dos ácidos graxos, enquanto que na oxidação dos ácidos graxos os acil intermediários são esterificados a coenzima-A. Ácido graxo sintase possui dois tipos de grupos sulfidrilas essenciais. Um grupo sulfidrila é formado pelo grupo prostético da ACP (4’-fosfopantoteína) e o outro grupo sulfidrila é fornecido por um resíduo de cisteína específico da 3-cetoacilsintase. Ambos os grupos -SH participam na biossíntese dos ácidos graxos. Profª Eleonora – Slide de aula Carregamento da Sintetase Antes que as etapas envolvidas na construção da cadeia dos ácidos graxos comecem, os dois grupos sulfidrilas devem ser “carregados” com os grupos acil corretos. Isto ocorre em duas etapas catalisadas por enzimas. 1ª reação: catalisada pela ACP-acetil transferase, o acetil do acetil-S-CoA é transferido ao grupo -SH da cisteína da sintetase (E) 2ª reação: o malonil do malonil-S-CoA é transferido ao grupo sulfidrila da fosfopantoteína da ACP, numa reação catalisada pela ACP-malonil transferase HS - Cys Ac etil-S - Co A + Acetil-S- Cys E E + CoA-SH HS - ACP HS - ACP Acetil-S-Cys Acetil-S- Cys Malon il-S-CoA + E + CoA-SH E HS - ACP Malonil-S-ACP O resultado final destas duas reações é que a sintetase agora possui grupos acil covalentemente ligados, um acetil no grupo -SH da cisteína e um malonil no grupo -SH da fosfopantoteína. Os dois grupos acil estão muito próximos na sintetase, que está pronta para o processo de alongamento da cadeia. Profª Eleonora – Slide de aula Carregamento da sintetase de ácidos graxos HS Cys O acetil do acetil-S-CoA é HS Pn transferido ao grupo sulfidrila da cisteína da sintetase (E) E AC P CH3 C S CoA ACP-acetiltransferase O H S -C oA Acetil-CoA O malonil do malonil-S-CoA é transferido ao grupo sulfidrila da fosfopantoteína da ACP CH 3 C S C ys O HS Pn E AC P COO - ACP-maloniltransferase CH 2 O C S CoA HS-Co A Malonil-CoA CH 3 C S C y s O OOC CH2 C S Pn O E AC P Sintetase ca rrega d a com um gru po acetil e um grupo ma lonil Profª Eleonora – Slide de aula A adição de cada unidade de 2 carbonos requer quatro etapas Reação de condensação O acetil e o malonil, covalentemente ligados aos grupos -SH da sintetase, sofrem uma reação de condensação formando um acetoacetil ligado ao grupo -SH da fosfopantoteína. Simultaneamente, uma molécula de CO2 é liberada. Esta reação é catalisada pela 3-cetoacil-ACP sintetase. Acetil-S- Cys E Malonil-S-ACP + + H HS-Cys Acetoacetil-S-ACP E + CO 2 O acetil é transferido do grupo -SH da cisteína para o malonil no grupo -SH da fosfopantoteína, de forma que ele se torna a unidade de 2 carbonos metil-terminal do acetoacetil. O acetil desloca a carboxila livre do malonil como CO2. Este CO2 formado é o mesmo CO2 que foi originalmente introduzido no malonil-CoA pela reação da acetil-CoA carboxilase. Observação: Por quê as células têm o trabalho de adicionar o CO2 (para sintetizar o malonil a partir de um acetil) apenas para perdê-lo novamente durante a formação do acetoacetato? Porque a perda do CO2 do malonil produz, momentaneamente, um grupo reativo poderoso na porção remanescente de 2 carbonos, capacitando-a a reagir rapidamente com o acetil. Profª Eleonora – Slide de aula Reação de redução do 3-ceto (ou β-ceto) O acetoacetil-S-ACP sofre redução no grupo carbonila, às custas do NADPH como doador de elétrons, para formar D-3-hidroxibutiril-S-ACP, numa reação catalisada pela 3-cetoacetil-ACP redutase. HS-Cys HS-Cys E + NADPH + H + Acetoacetil-S-ACP E + NADP + D-3-hidroxibutiril-S-ACP Observação: o grupo D-3-hidroxibutiril não é a mesma forma estereoisômera do intermediário L-3-hidroxiacil na oxidação dos ácidos graxos. Reação de desidratação Na 3ª etapa do ciclo da síntese dos ácidos graxos, o D-3-hidroxibutiril-S-CoA é desidratado pela 3-hidroxiacil-ACP-desidratase formando o trans-∆2-butenoil-S-ACP (crotonil-S-ACP). HS - C ys D- 3- hid roxibutiril- S - AC P HS - C ys E + H O 2 E Trans- butenoil- S- AC P Reação de redução (saturação) A dupla ligação do trans-∆2-butenoil-S-ACP é reduzida ou saturada para formar o butirilS-ACP pela ação da enoil-ACP-redutase, sendo novamente o NADPH o doador de elétrons. HS-Cys Trans- ∆2-butenoil-S-ACP E + NADPH + H + HS-Cys Butiril-S-ACP E + NADP + Profª Eleonora – Slide de aula Reação de condensação Acetil O acetil e o malonil sofrem uma reação de condensação formando um acetoacetil ligado ao grupo sulfidrila da fosfopantoteína. H+ O CH 3 C S 2 C ys 1 O C CH 2 C S Pn O Simultaneamente, uma molécula de CO2 é liberada. E AC P O Malonil 3 -cetoacil-ACP sintetase CO2 Cys HS 2 CH 3 C 1 CH 2 C S Pn O β-cetoacil-S-ACP O E AC P Profª Eleonora – Slide de aula Sín tese do ácido bu tírico Seqüência das reações que conduzem ao ácido butírico O O Ac etoace til-ACP CH 3 C CH2 NA DP + CH3 C CH2 OH trans -β -butenoil-ACP (Cro to n il-A CP) CH 3 C β C S ACP D e s id rataç ã o ( β -hid ro xia cil -AC P d esid ra ta se) H O 2 H ACP O H D-β -hidr oxibutir il-ACP S Re duç ão (β -ceto a c il -AC P red uta se ) NA DPH Observação: Essas três etapas representam o inverso das etapas da β-oxidação. C O α C C ACP S H NA DPH NA DP + Redução (eno il-AC P re d uta se) O B utiri l-ACP CH 3 CH 2 CH2 C S ACP Profª Eleonora – Slide de aula Alongamento da cadeia carbônica O butiril é agora transferido do grupo -SH da fosfopantoteína para o grupo -SH da cisteína. H S - C ys E B u tir il- S - A C P B u tiril- S - C y s E H S- AC P Para começar o próximo circulo de reações, a fim de alongar a cadeia de outra unidade de 2 carbonos, outro malonil é transferido do malonil-CoA ao grupo -SH da fosfopantoteína da ACP. O butiril deixa então o grupo -SH da cisteína e desloca o CO2 do malonil ligado ao -SH da ACP Depois de um total de sete de tais ciclos o palmitoil-S-ACP é o produto final. O processo de alongamento pára em 16 carbonos e o ácido palmítico livre é liberado da molécula de ACP pela ação de uma enzima hidrolítica (tioesterase). HS - C ys P almitoil- S - AC P H S - C ys E + H O 2 Ácido P almítico + E HS - A C P Profª Eleonora – Slide de aula Alongamento da Cadeia Carbônica A figura mostra o primeiro ciclo de síntese, que leva à formação de butiril ACP. Para o alongamento da cadeia carbônica (seta pontilhada), o butiril-ACP, sintetizado no final da primeira volta, sofre a mesma seqüência de reações (enzimas 2 a 6) que o acetil-ACP: o grupo butirila é transferido para o grupo SH da enzima, como ocorreu com o grupo acetila no início da primeira volta, prosseguindo as reações do mesmo modo que no primeiro ciclo de síntese. Profª Eleonora – Slide de aula Comparação entre a síntese e a degradação de um ácido graxo Observação: Os dois processos compreendem os mesmos tipos de reações, ocorrendo, todavia, em sentido e seqüência opostos. H OH Profª Eleonora – Slide de aula Comentário A síntese de ácido palmítico (C16:0) requer a adição de energia química em duas formas: Como energia do grupo fosfato do ATP - necessária para produzir a ligação tioéster do acetil-CoA e para ligar o CO2 ao acetil-CoA, formando malonil-CoA. Como poder redutor do NADPH - necessário para reduzir as duplas ligações. O ácido palmítico sintetizado é convertido em palmitoil-CoA no retículo endoplasmático e transformado (alongamento de cadeia, introdução de ligações duplas) por sistemas enzimáticos microssomais. Ácido Ácido Palmítico Palmítico ++ ATP ATP ++ CoA CoA → → Palmitoil-CoA Palmitoil-CoA ++ ADP ADP ++ Pi Pi Biossíntese versus oxidação A biossíntese do ácido graxo difere da sua oxidação enzimática em: Localização intracelular Natureza do grupo transportador do acil Forma pela quais as unidades de 2 carbonos são adicionadas ou removidas Configuração estereoisomérica do intermediário 3-hidroxiacil Espécie de coenzima empregada nas etapas de redox Participação do CO2 Profª Eleonora – Slide de aula Comparação entre degradação e biossíntese de ácidos graxos Degradação Biossíntese 1 Acetil-CoA é o produto Acetil-CoA é o precursor 2 Molonil-CoA não está envolvido Molonil-CoA é a fonte das unidades de dois carbonos 3 É um processo oxidativo, requer NAD+ e FAD e produz ATP É um processo redutor, requer NADPH e ATP 4 Ácidos graxos formam tioésteres com CoA-SH Ácidos graxos formam tioésteres com as proteínas transportadoras de acila (ACP-SH) 5 Início na extremidade carboxila (CH3COO -) Início na extremidade metila (CH3CH2-) 6 Ocorre na matriz mitocondrial Ocorre no citosol 7 Os intermediários β-hidroxiacil apresentam a configuração L Os intermediários β-hidroxiacil apresentam a configuração D