Lógica e Raciocínio Universidade da Madeira http://dme.uma.pt/edu/LeR/ Raciocínio Dedutivo 1 ÎO presente powerpoint foi inspirado na aula do Professor Fernando Martínez Manrique da Universidade de Granada, Espanha. )(agradecemos o consentimento do professor de disponibilizar este material). “Como todas as outras artes, a ciência da dedução e análise só pode ser adquirida por meio de um demorado e paciente estudo, e a vida não é tão longa que permita a um mortal aperfeiçoar-se ao máximo nesse campo. “ Sherlock Holmes Em Estudio em Vermelho (A. Conan Doyle) 2 O que é uma dedução?: Um jogo de Lógica ÎFoi roubado uma importante quantia de dinheiro. O criminoso (ou criminosos) fugiu/fugiram num carro. Scotland Yard decide interrogar aos três suspeitos, Andy, Bill e Carl, e consegue determinar os factos seguintes: Î(i) No roubo no está implicada nenhuma outra pessoa salvo A, B o C. Î(ii) C nunca trabalha sem levar a A (e eventualmente a outros) como cúmplice. Î(iii) B no sabe conduzir. ¿O Andy é culpado ou Inocente? (PENSEM NOS PROXIMOS 10 minutos) O que é uma dedução?: Um jogo de Lógica ÎNos jogos como este nos é pedido que deduzamos a informação pedida a partir da informação dada. ÎNeste caso a informação pedida é determinar se A é culpado. ÎVamos ver um par de formas de razoar para tentar resolver o jogo: 3 O que é uma dedução?: Um jogo de Lógica 1) “Suponhamos que A é inocente” 2) Dado que C nunca trabalha sem A, se A é inocente, então C também deve ser inocente 3) Dado que o criminoso fugiu de carro e B não sabe dirigir, então B não pôde cometer o roubo sozinho: teve que ir ou com A ou com C. Então se A e C são inocentes, B é também inocente. 4) Então, se A é inocente, então concluímos que B e C são também inocentes. Mas sabemos que um deles é culpado. 5) Portanto, não pode ser que A seja inocente O que é uma dedução?: Um jogo de Lógica 1) Temos 3 possibilidades: A, B o C. 2) 3) Se foi A, A é culpado. Se foi C, ele fê-lo com A, então A também será culpado neste caso. 4) Se foi B, ele fê-lo com A ou com C: -se foi com A, A é culpado. -si foi com C, então (por 3) fê-lo com A, então A também será culpado neste caso. 5) Por tanto, A é culpado em qualquer caso 4 O que é uma dedução? ÎNuma dedução progredimos a partir da informação conhecida até atingir certa informação desconhecida que interessa-nos obter. ÎA informação conhecida actua como as premissas dum argumento, e as desconhecidas como a conclusão. ÎO que caracteriza que uma dedução esteja bem feita é que cada passo que demos seja seguro: isto é cada nova informação deve seguir-se das anteriores. O que é uma dedução?: Regras ÎÉ possível capturar por meio de regras os passos mas típicos que efectuamos quando levamos a cabo uma dedução. ÎSe uma regra está bem escolhida, vã-nos conduzir desde um certo enunciado E a outro E´ que é consequência lógica de E. ÎO processo pelo qual passamos de E a E’ é uma inferência lógica e a regra utilizada é uma regra de inferência. 5 O que é uma dedução?: Regras ÎHá regras que tentam capturar a “forma natural” de proceder quando raciocinamos. Para isto vamos tomar um conjunto de regras da chamada “dedução Natural”. ÎA ideia é recolher e sistematizar as regras informais que aplicamos em raciocínios (por exemplo, em raciocínios como o do exemplo) O que é uma dedução?: Regras ÎVamos ver um conjunto de regras de inferência básicas o primitivas para a dedução natural. ÎDado que temos 5 conectivos, vamos definir duas regras relacionadas com cada uma delas, uma de introdução e uma de eliminação da conectiva. ÎVamos apresenta-las de modo informal para depois formalizar. 6 Introdução do ∧ (E) ÎPremissas )O assassino é canhoto. )O assassino usa uma Colt 45. ÎConclusão )O assassino é canhoto e usa uma Colt 45. Introdução do ∧ (E) p q _______ p∧q 7 Eliminação do ∧ (E) ÎPremissa )O assassino é loiro e mede mais de 1,80m. ÎConclusões )O assassino é loiro. )O assassino mede mais de 1,80m. Eliminação do ∧ (E) p∧q _______ p q 8 Eliminação do ~ (não) ÎPremissa )Não é o caso que o assassino não seja estrangeiro. ÎConclusão )O assassino é estrangeiro Dupla Negação ~ ~~p _______ p 9 Introdução do ∨ (Ou) ÎPremissa ) O assassino mede 1,80m ÎConclusões ) O assassino mede 1,80m ou passa feiras no Porto Santo )O assassino passa feiras no Porto Santo ou mede 1,80m Introdução do ∨ (Ou) p _______ p∨q p _______ q∨p 10 Eliminação do ∨ (Ou) ÎPremissas ) O assassino fugiu de comboio ou de autocarro. ) Se fugiu de comboio, então foi a Espanha )Se fugiu de autocarro, então foi a Espanha ÎConclusão ) O assassino foi a Espanha Eliminação do ∨ (Ou) p∨q p→s q→s _______ s 11 Eliminação do → (Então /Condicional) ÎPremissas )Se João é o assassino, Matias é o cúmplice. )João é o assassino ÎConclusão )Matias é o cúmplice. Eliminação do → (Então /Condicional) p→q p _______ q Chamado Modus Ponens 12 Introdução do ↔ (Bicondicional) ÎPremissas ) Se a vitima foi decapitada, então a cabeça não ficou ligada ao corpo. ) Se a cabeça não ficou ligada ao corpo, então a vitima foi decapitada. ÎConclusão ) A vitima foi decapitada se e somente se a cabeça não ficou ligada ao corpo. Introdução do ↔ (Bicondicional) p→q q→p _______ p↔q 13 Eliminação do ↔ (Bicondicional) ÎPremissa )O corpo esta a feder se e somente se a vitima leva vários dias morta. ÎConclusões )Se o corpo esta a feder então a vitima leva vários dias morta. )Se a vitima leva vários dias morta então o corpo esta a feder. Eliminação do ↔ (Bicondicional) p↔q _______ p→q q→p 14 Premissas e Suposições Î As premissas correspondem á informação que foi-nos dada inicialmente (os dados do problema ou formulas iniciais). ÎPor vezes temos que introduzir informação hipotética para começar um raciocínio: é isto que chamamos suposição. ÎEquivale as ocasiones nas que raciocinamos começando assim: “Suponhamos que...” ÎHá 2 regras de inferência baseadas no uso de suposições: Premissas e Suposições Î Cuidado! )As inferências feitas dentro da suposição são valem assumindo as suposições. )Exemplo: • Todo peixe respira na agua. • Suponhamos que sou um peixe. • Então posso respirar na agua. 15 Introdução do → (Então /Condicional) Î(suposição) ) ⎢ Assumamos que chovia na noite do crime. ) ⎢ ….. (inferimos a partir do suposto) … ) ⎢ As pisadas do assassino desapareceram ÎConclusão )Se chovia na noite do crime, então as pisadas do assassino desapareceram Introdução do → (Então /Condicional) p … … q _______ p→q 16 Introdução do ~ Î(suposição) ) ⎢ Assumamos que o assassino matou-me. • ⎢ Os mortos não falam, então não estou a falar. • ⎢ Ao contar este exemplo estou a falar. ) ⎢ Ou seja, estou a falar e não estou a falar ÎConclusão )O assassino não matou-me. Introdução do ~ p … … q ∧ ~ q (contradição!) _______ ~p chamada redução ao absurdo 17 Regras derivadas Î As regras de inferência primitivas são suficientes para fazer todas as derivações que queremos. Î Porém, existem sequencias de passos que se repetem muito frequentemente e podem ser abreviados em forma de regra. Î Estas regras derivam-se das primitivas, mas facilitam as demonstrações. Regras de simetria p↔q _______ q↔p p∨q _______ q∨p p∧q _______ q∧p 18 Modus Tollens ÎPremissas ) Se o assassino entrou pela janela, então a janela estava aberta. ) A janela não estava aberta ÎConclusão ) O assassino não entrou pela janela Modus Tollens p→q ~q _______ ~p 19 Silogismo Disyuntivo o Tollendo Ponens Î Premissa ) O assassino é português ou inglês. ) O assassino não é português. ÎConclusão ) O assassino é inglês. Silogismo Disyuntivo o Tollendo Ponens p∨q ~p _______ q 20 Silogismo Hipotético Î Premissa ) Se o assassino fugiu, então foi de carro )Se o assassino foi de carro, então viajou a Paris ÎConclusão )Se o assassino fugiu, então viajou a Paris Silogismo Hipotético p→q q→r _______ p→r 21 Equivalências vistas anteriormente p ∧ (q ∨ r) p ∨ (q ∧ r) ~ (p ∧ q) ~ (p ∨ q) p→q etc… ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ (p ∧ q) ∨ ( p ∧ r) (p ∨ q) ∧ ( p ∨ r) ~p∨~q ~p∧~q ~p∨ q distributividade distributividade Lei de De Morgan Lei de De Morgan disjunção material Derivação e Dedução ÎNormalmente interessa-nos saber se una fórmula q pode obter-se a partir de outras p1, p2,...,pn ÎNeste caso o que temos que construir é uma derivação desde p1, p2,...,pn até q de forma tal que a cada passo aplicamos uma regra de inferência. ÎSe conseguimos obter q, diremos que temos deduzido q a partir de p1, p2,...,pn. 22 Procedimento de dedução 1. Determina-se quais são as premissas e escrevese cada premissa numa linha numerada começando pelo 1. 2. Determina-se qual é a conclusão. Isto é o que queremos demonstrar. 3. Aplicam-se as regras de inferência nas premissas, obtendo novas fórmulas que vamos numerando. 4. A dedução acaba quando chegamos a uma linha “fora de toda barra de hipóteses” que contém o que queremos demonstrar. 23