1 - O que é Hanseníase? É também conhecida como lepra, e é causada pelo micobacterium leprae ou bacilo de Hansen, que tem preferência por pele e nervos. 2 - Qual a situação epidemiológica da Hanseníase? O Brasil está incluído entre os 16 países com maior endemicidade no mundo, sendo que em termos numéricos é superado pela Índia e em relação ao coeficiente de prevalência ocupa o primeiro lugar. No continente americano é responsável por 85,5% dos casos, com 250.066 doentes em registro ativo, casos novos e antigos (96). Diante desta preocupante situação e considerando a existência da Poliquimioterapia e os benefícios daí decorrentes, a OMS propôs em 91 que esforços fossem realizados para conseguir a eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública até 2000, pretende -se reduzir a prevalência a um caso por 10 mil habitantes. Neste contexto o Brasil vem reestruturando o Programa Nacional de Controle de Hanseníase, divulgando mais e fazendo campanhas com o objetivo de: - detectar casos novos, - recuperar cas os em abandono de tratamento, - e divulgar que existe tratamento e cura. O atendimento ao paciente portador de Hanseníase faz hoje parte da atenção básica à saúde e deve ser realizado em todas as unidades de saúde. 3 - Fale sobre os aspectos epidemiológicos da Hanseníase. Agente etiológico: Micobactérium leprae ou bacilo de Hansen; Transmissão: a principal fonte de infecção é o homem, que nas formas contagiantes e sem tratamento elimina os bacilos principalmente pelas vias aéreas superiores. O contágio se dá através da convivência de pessoa sadia com o paciente de Hanseníase nas formas contagiantes e sem tratamentos. Período de incubação: em média de 5 anos, podendo variar de 2 – 7 anos. Infectibilidade: baixa. Patogenicidade: baixa Virulência: alta. Grupos de risco: adultos jovens que relatam a existência de outro caso de Hanseníase na família. Imunidade: grande parte da população (90%) tem resistência ao bacilo. 4 - Quais são os aspectos imunológicos da Hanseníase? A Hanseníase é uma doença crônica granulomatosa proveniente da infecção causada pelo M. leprae. A resposta imune do portador desta infecção forma um espectro que se expressa em diferentes estágios bem caracterizados clinicamente. 5 - Quais os aspectos clínicos da Hanseníase? Deve-se suspeitar quando existir mancha hipocrômica com perda de sensibilidade. Ao se diagnosticar um caso de hanseníase todos os contatos intradomiciliares do paciente devem ser examinados. O exame clínico dermatoneurológico consiste em observar toda a superfície corporal, realizar testes de sensibilidades em áreas suspeitas e palpar os troncos nervosos mais acometidos na Hanseníase (ulnar, fibular, tibial posterior, auricular, mediano e radial). Faculdade JK – Ediene Ramos Amadeu de Macedo 1 - 6 - Como são classificadas as formas clínicas da hanseníase? Indeterminada ou I; Tuberculóide ou T; Dimorfa ou D; Virchowiana ou V. Porém para efeitos operacionais podemos dividi-la em Paucibacilar (PB) ou Multibacilar (MB), o que determinará o esquema e o tempo de tratamento. 7 - Quando se trata de Hanseníase que tipos de lesões podem ser associadas a distúrbios de sensibilidade cutânea? - Manchas hipocrômicas e/ou eritematosas, - Lesões em placa, - Lesões pré -foveolares, - Tubérculos, - Nódulos, - E infiltração difusa. - 8 - Quais as outras manifestações que podem ser encontradas na Hanseníase? Infiltrações da face, quedas de cílios ou supercílios, irite, obstrução nasal, rouquidão, orelhas “em brinco”, ginecomastia, orqui-epididimite, edema de extremidades, febre, anorexia, ressecamento da pele, espessamento de nervos periféricos e apenas alterações de sensibilidade sem lesões cutâneas. 9 - Nos estágios iniciais da Hanseníase o que pode ser encontrado? Hiperestesia devido o processo irritativo-inflamatório, das terminações periféricas, cujos sintomas são vagos (formigamento, picadas, queimação) ou dor neural decorrente de um comprometimento de um tronco nervoso, algumas vezes sem lesões cutâneas . Depois desta fase a lesão de cerca de 30% das fibras sensitivas e autônomas provocam hiperestesia, anestesia e redução ou ausência de sudorese c/ ou sem lesão da pele. O comprometimento das fibras motoras ocasiona fraqueza muscular, paralisia e atrofia. Danos aos órgãos = olhos, nariz, laringe, ossos, fígado, baço, testículos e manifestações secundárias: calosidades, fissuras, ulcerações, queda de pêlos corporais, ceratite, conjuntivite... 10 - Quando deverá ser indicado o teste de Mitsuda? Somente está indicado para casos de difícil elucidação diagnóstica em unidades de referencia e investigação científica. De valor prognóstico, é recomendada para a distinção dos casos neurais sem lesão cutânea. Se positivar, o tratamento é recomendado para pacientes paucibacilares; se negativo, o tratamento é recomendado para pacientes multibacilareas. O teste de mitsuda é realizado aplicando se intradermicamente 0,1ml, de mitsudina na face anterior do antebraço direito, formando-se uma pápula de cerca de 1cm de diâmetro. A leitura deve ser feita entre 21-28 dias após a aplicação. Os resultados possíveis são: negativo = nódulo menor que 5mm de diâmetro sem ulceração. Faculdade JK – Ediene Ramos Amadeu de Macedo 2 Positivo = nódulo = ou > que 5 mm de diâmetro, ou ulceração. 11 - Como é realizado o tratamento para a Hanseníase? O tratamento é ambulatorial nos serviços de saúde, com uma associação de medicamentos de eficácia comprovada, a Poliquimioterapia – PQT. A regularidade do tratamento é importante para o êxito da terapêutica. O ministério da saúde preconiza p/ o paciente c/ lesão única sem envolvimento de nenhum tronco nervoso, o esquema ROM (Rifampicina 600mg, Ofloxacin 400mg, e Miniciclina 100mg) cuja medicação está acondicionada em blister. As contra-indicações para o esquema ROM são : gestação, idade inferior a 7 anos, disfunção hepática e hipersensibilidade para qualquer um dos medicamentos. Este esquema só é utilizado nas unidades de referencia para hansenías e. Em relação ao esquema PQT/MB, a OMS recomenda que a duração do tratamento seja de 12 doses mensais em até 18 meses, ao invés de 24 doses mensais em até 36 meses. Nas unidades de referencia para hanseníase (HRAN, HUB, CSB 01), os pacientes MB podem realizar o tratamento de 12 doses mensais administrada em até 18 meses. 12 - Fale sobre a regularidade do tratamento e a data de aprazamento da hanseníase. Deve-se buscar a participação ativa no tratamento do paciente, evitando que este largue o tratamento. O paciente será aprazado para retorno ao ambulatório a cada 28 dias, para a tomada da dose supervisionada. Se o paciente faltar ao dia aprazado, a dose será administrada no dia em que o paciente vier ao centro de saúde, e a dose seguinte será remarcada para 28 dias após. Será considerado paciente tratado aquele que completar o nº de doses preconizadas, mesmo que tenha mais de 4 faltas consecutivas. Por isso deve ser feito o levantamento semanal dos faltosos, para enviar aerograma, fazer visita domiciliar, convocação por telegrama, etc. 13 - Qual a conduta terapêutica para o tratamento da hanseníase? A OMS recomenda esquemas terapêuticos que associam 2 ou 3 drogas de acordo com a carga bacilar do paciente. Os pacientes devem ser separados em dois grupos: Paucibacilares = duração mínima de 6 meses com doses mensais supervisionadas, tolerando-se que as 6 doses sejam administradas em até 9 meses. O esquema recomendado é composto por: Rifampicina, 600mg/mês, sob supervisão; Dapsona, 100mg/dia, auto-administrada. Na impossibilidade de usar a Dapsona, usar clofazimina 100mg/dia, auto-administrada. Multibacilares = duração mínima de 24 meses, com doses mensais supervisionadas, tolerando-se que as 24 doses sejam administradas em até 36 meses, o esquema recomendado é composto por: Rifampicina, 600mg/mês, sob supervisão; Clofazimina, 300mg/mês, sob supervisão; Clofazimina, 50 mg/dia, auto administrada; Dapsona, 100mg/dia, auto administrada. Faculdade JK – Ediene Ramos Amadeu de Macedo 3