4) Nitroprussiato de sódio - Esta droga tem efeito impressionante nas várias situações em que há grande sobrecarga esquerda ou déficit da contratilidade ventricular. Age na musculatura lisa das arteríolas e veias, de tal maneira que diminui a pré e pós-carga. Diminui o trabalho cardíaco e o consumo de oxigênio do coração. Tem então indicação no tratamento da hipertensão arterial maligna refratária ao uso de drogas via oral, no tratamento do choque cardiogênico, particularmente no choque decorrente de infarto do miocárdio ou de embolia pulmonar. A sua dosagem deve ser tateada de acordo com a resposta em cada caso e varia de 30 a 300 ug por minuto. Trata-se de substãncia que se desnatura sob o efeito da luz. A droga é metabolizada em cianeto, que pode bloquear a citocromooxidase da cadeia respiratória e causar envenenamento celular, com repercussões clínicas, quando administrada por períodos maiores do que 48 horas, particularmente na vigência de insuficiência renal ou se administrada já desnaturada, fato que acaba por fazer com que se usem altas doses inadvertidamente. O uso da hidroxicobalamina endovenosa (Droxofor ®) diminui os riscos de intoxicação pelo cianeto, pois a droga se liga ao mesmo formando-se a cianocobalamina, vitamina B12. O nitroprussiato de sódio é droga extremamente potente, de ação rápida e de metabolização também rápida quando se suspende a administração. Deve ser utilizado sob vigilância médica ininterrupta, em unidades de terapia intensiva, de preferência com o uso de bombas de infusão. É freqüentemente também utilizado no tratamento do choque séptico, em associação com a dopamina ou a noradrenalina. Dobutamina - Trata-se de simpaticomimético sintético de grande ação inotrópica positiva de ação beta-l, é menos vasoconstritora e menos arritmizante do que a dopamina. Desta maneira não aumenta áreas de infarto do miocárdio, como faz a dopamina. Também eleva menos a resistência de pressão de circulação pulmonar do que a dopamina. Desta forma, nos casos de choque cardiogênico por infarto pulmonar ou no choque séptico em cardiopata, pode substituir a dopamina com as vantagens previstas acima. HIPOCALCEMIA Pacientes com lesão muscular e conseqüente rabdomiólise de quaisquer etiologias apresentam hipocalcemia, que, per se, mantém hipotensão. O cálcio deve então ser monitorizado e reposto sempre que necessário. HIPOGLICEMIA Os pacientes em choque séptico têm freqüentemente hiperinsulinemia ao mesmo tempo que apresentam elevação dos níveis de hormônios circulantes que antagonizam a HIPOTENSÃO Orsine Valente ação da insulina e causam hiperglicemias, porém, em determinados momentos, podem apresentar hipoglicemias com riscos fatais. Desta forma, a glicemia deve ser monitorizada freqüentemente, e a administração de rotina de soro glicosado deve ser instituída. PERSPECTIV AS NO TRATAMENTO DO CHOQUE SÉPTICO As pesquisas atuais quanto à terapêutica visam, evidentemente, bloquear a ação da endotoxina, particularmente do lipídio A e impedir a liberação e!ou a ação do fator de necrose tumora!. Anticorpos monoclonais E5, uma IgM antilipídio A de origem murina foram utilizados em estudo controlado com placebo, em pacientes com suspeita de choque séptico por Gram-negativos. O anticorpo demonstrou possível utilidade apenas nos pacientes em que o estado de choque não estava bem definido. Um anticorpo humano monoclonal anticore glicolipídico da endotoxina (HA - I A) foi estudado controladamente com placebo em 546 pacientes com suspeita de infecção por Gram-negativos. A droga reduziu a mortalidade de 49 para 30% apenas no grupo com diagnóstico de certeza de bacilos Gram-negativos, porém também foi eficaz nos casos de choque bem definidos. Embora de utilização segura, o HA-IA continua em estudos. Estudos que sugeriam imunidade a múltiplos Gramnegativos dada por anticorpos anti-Escherichia coli do tipo 15, devido a muitas bactérias terem este antígeno comum, não têm sido confirmados. Muita atenção tem sido dada a maneiras de bloquear a liberação ou a ação do fator de necrose tumoral, o TNF, o que é muito importante porque, tanto choques causados por Gram-negativos quanto por Gram-positivos, levam a grandes liberaçôes de TNF no plasma. Embora a dexametasona possa bloquear a liberação do TNF pelos monócitos, "in vi tro" , na prática, é impossível administrar este corticosteróide antes que o macrófago já esteja estimulado pelo antígeno agressor. Em um pequeno estudo de 14 casos, o uso de anticorpo monoclonal anti TNF promoveu melhoras clínicas evidentes, porém não diminuiu a mortalidade. Estudos controlados randomizados cegos estão em andamento. Embora estes estudos demonstrem grandes possibilidades de novas abordagens do choque, a rapidez no tratamento, a precocidade do diagnóstico da sepse e do choque, a dedicação intensiva de médicos e paramédicos de maneira competente e a prevenção das infecções, particularmente as hospitalares, continuam e continuarão sendo as grandes armas na terapêutica do paciente em estado de choque. ORTOSTÁTICA Álvaro Nagib Atallah Podemos definir hipotensão postural ou ortostática como uma queda na pressão sanguínea (PA) quando a pessoa se move da posição deitada para a sentada ou em pé. CRÔNICA Carlos Stabile Neto Diminuição de 20 mmHg ou mais na pressão sanguínea sistólica é usada para definir hipotensão ortostática (HO) clinicamente. 1264 'I - Síncope ou perda de consciência transitória ocorreria quando passamos da posição deitada para em pé se não houvesse os mecanismos fisiológicos compensatórios. Dentre os mecânismos compensatórios dois são mais importantes. O primeiro é a ativação dos barorreceptores que são terminações nervosas na parede das artérias sendo estimulados quando são mais ou menos distendidos. Eles estão principalmente na parede da artéria carótida interna, na área conhecida como seio carotídeo e na parede do arco aórtico. A diminuição na PA estimula os barorreceptores a enviar sinais ao bulbo fazendo a PA se elevar reflexamente para nfveis normais devido à descarga simpática por todo o corpo, reduzindo ao mínimo a queda da PA. O sistema de controle dos barorreceptores tem pouca ou nenhuma importãncia na regulação a longo prazo da P A. O sistema de barorreceptores é potente para impedir as alterações rápidas da PA que ocorrem momento a momento. Outro mecanismo na regulação da PA é o controle pelos quimiorreceptores que são localizados na bifurcação da artéria carótida comum e são células quimiossensíveis à falta de O2 e ao excesso de CO2 ou de H+. Sempre que a pressão arterial diminui a um nível crítico, os quimiorreceptores são estimulados, devido à diminuição do fluxo sanguíneo. Embora peptídeos como vasopressina, endotelina e angiotensina li estejam aumentados na posição de pé e têm uma função de suporte na manutenção da PA, o principal mecanismo a curto e a longo prazo é mantido pelo SNS. Quando estes mecanismos estão intactos, a PA sistólica em pé diminuirá ligeiramente (5 a 10 mmHg), a PA diastólica aumentará minimamente (3 a 5 mmHg) e a FC aumentará até 20 bpm. Qualquer interrupção nestes mecanismos leva à diminuição da PA na posição ortostática. Existem duas causas básicas de HO: I-HO hiperadrenérgica - é causada por contração do volume intravascular e por depleção de sódio. Isto pode ocorrer por perda gastrintestinal ou renal com inadequada substituição ou hipoaldosteronismo. Nos pacientes com doença de Addison HO é atribuída primariamente à depleção de sódio com diminuída responsividade vascular à norepinefrina. HO hiperadrenérgica causada por diminuição da responsividade à NE é mais comumente o resultado da administração de drogas vasodilatadoras. 2-HO hipoadrenérgica - é o resultado de lesão aferente, central ou eferente no arco reflexo simpático. É importante notar que a maioria dos pacientes com insuficiência autonômica e HO também tem hipertensão supina. A HO hipoadrenérgica pode ser primária ou secundária. A insuficiência autonômica primária, compreende duas sfndromes clfnicas: a insuficiência autonômica progressiva sem outros envolvimentos neurológicos. É a chamada HO idiopática (síndrome de Bradbury-Eggleston) e a insuficiência autonômica progressiva com parkinsonismo ou atrofia de múltiplos sistemas (sfndrome de Shy Drager). A etiologia destas doenças é desconhecida. A insuficiência autonômica secundária é a mais comum. A mais importante causa na prática clínica é o diabetes mellitus. Outras causas são o alcoolismo, a síndrome paraneoplásica, amiloidose e outras causas menos comuns. minuída, cegueira noturna devido à inabilidade de dilatar a pupila; entupimento nasal devido à perda da vasoconstrição alfa.mediada na mucosa nasal, e dificuldade de ereção e ejaculação em homens. . Antes' de iniciarmos o tratamento devemos afastar as causas reversfveis de HO que são a hipovolemia e o uso de medicações hipotensoras. MEDIDAS NÃO-FARMACOLÓGICAS NO MANUSEIO DA HO L O objetivo do manuseio é minimizar os sintomas. Consequentemente, a queda da pressão não é tão importante como o aparecimento dos sintomas. Os pacientes com insuficiência autonômica e HO tem inadequada conservação de Na+ durante baixa ingestão de sal. Isto pode ser devido à diminuição da atividade adrenérgica no rim, desde que a estimulação simpática promove a reabsorção de Na". Além disso a resposta da renina à baixa dieta de sal e posição em pé são reduzidas ou ausentes na insuficiência autonômica. A hipertensão supina também contribui para a falha do rim em conservar sal e água, talvez devido à excessiva quantidade do fator natriurético atrial. Consequentemente, à noite, com a hipertensão supina, estes pacientes urinam muito, levando à relativa hipovolemia e HO, que é pior pela manhã e melhora no decorrer do dia. Uma maneira de minimizar este efeito é elevar a cabeceira da cama a aproximadamente 10 a 200. Isto atenuará a diurese noturna e os sintomas que são mais acentuados pela manhã. Elevar a cabeceira da cama à noite pode também minimizar os desvios noturnos do líquido intersticial das pernas dentro da circulação e reduzir a hipertensão supina, a qual é o maior fator de risco para doença cardiovascular. Deve-se parar com os diuréticos e liberar ingestão de sal em todos os pacientes exceto aqueles com ICC. Meia elástica dos pés até a cintura exerce grande pressão nas pernas e aumenta a pressão hidrostática intersticial. Os pacientes são aconselhados a não vestir meia elástica à noite, desde que isto aumenta o volume sanguíneo central e contribui para a diurese e para a diminuição do líquido intersticial nas pernas. Os pacientes devem evitar atividades que envolvam esforço, tais como levantamento de objetos pesados. Isto aumenta a pressão intra-abdominal elou intratorácica diminuindo o retomo venoso e podendo precipitar um episódio hipotensivo, devem também evitar calor excessivo como saunas e exposição demasiada ao sol, pelos mesmos motivos acima referidos. Deve-se evitar trabalhar com os braços acima do nível dos ombros. Isto pode diminuir o retomo venoso e diminuir a pressão com sintomas de HO. Agachar-se é um mecanismo valoroso de aumento do retomo venoso particularmente quando ocorrem sintomas pré-sincopais. Pacientes com insuficiência autonômica, o idoso e aqueles tomando agentes simpatolíticos podem apresentar queda de PA pós-prandial. A digestão desvia o fluxo sanguíneo para os leitos hepáticos e esplâncnicos. Além disso diversas substâncias vasoativas tais como a histamina, bradicinina e adenosina podem ser liberadas pelas refeições. Estas substâncias poderiam contribuir para a resposta hipotensiva nos pacientes que são sensíveis às mudanças no volume sanguíneo circulante. Os pacientes devem evitar excessiva atividade no período de 2 horas após as refeições desde que neste período, especialmente após o almoço eles são mais prováveis de ter sintomas de HO. Os pacientes devem comer refeições menores e fracionadas. A adenosina pode ser parcialmente responsável pela vasodilatação es- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA HO As características clínicas da insuficiência autonômica além da síncope incluem constipação intestinal, incompetência do esfíncter anal, diarréia incontrolável, nictúria, sintomas de incontinência e ou retenção urinária, sudorese di- 1265 uso de drogas para aumentar a pressão em pé é a indução de hipertensão supina. A HO tem como principal componente a inabilidade para aumentar o retorno venoso. Consequentemente, a droga ideal deveria aumentar o retorno venoso sem aumentar a resistência vascular sistêmica. Na prática não temos drogas que sejam seletivamente venoconstritoras. A droga de escolha é a 9a-fluoridrocortisona (Florinefel, que tem por função promover a retenção de sal e água. O aumento da dose deve ser gradual para evitar hipopotassem ia, hipertensão supina e insuficiência cardíaca. Esta droga aumenta o volume sanguíneo e aumenta a sensibilidade dos vasos sanguíneos a outros vasopressores endógenos como a NE. É uma medicação especialmente útil na insuficiência autonômica diabética e uma das vantagens do seu uso é o efeito pressórico de longa duração de ação. A dose inicial é de O, I a 0,3 mg por dia podendo ser aumentada a níveis tão altos quanto 2 mg/dia. Como a eficácia do 9a-fluoridrocortisona é atribuída à retenção de sódio devemos liberar a ingestão de sal. Embora a preocupação em recomendar vigorosa sobrecarga de sódio em pacientes idosos seja compreensível devido ao risco de insuficiência cardíaca, este fato não é uma complicação usual quando a função cardíaca é adequada antes da terapia. Quando o uso de 9-a fluoridrocortisona mais a sobrecarga de sal não for suficiente para aliviar os sintomas de HO. outras drogas podem ser usadas. O uso de antagonistas da dopamina. como a metoclopramida e o domperidone. tem aumentado a PA nos casos de HO. O sucesso com o uso prolongado desses agentes tem sido limitado. plâncnica após as refeições. Medidas simples como uma xícara de café após as refeições podem diminuir esta resposta hipotensiva, talvez devido a capacidade da cafeína em bloquear os receptores de adenosina. Aqueles que têm hipertensão supina se beneficiam de uma pequena refeição ou lanche ao deitar, com a finalidade de diminuir a pressão à noite. Isto é especialmente importante naqueles pacientes que estejam recebendo agentes pressores durante o dia. Exercícios necessitam consideração especial nestes pacientes. O exercício ideal para eles é a natação. Submerso em água a tolerância na postura em pé é ilimitada. Nesta situação, a pressão hidrostática impede a estase sanguínea nas pernas e a PA é bem mantida. A saída da água porém requer cuidados, deve ser lenta, harmonizando a adaptação cardiovascular. Períodos de inatividade e prolongado descanso deve ser evitado para não piorar a HO. o verão os sintomas tendem a piorar. Isto ocorre não só pela perda de volume líquido pelo suor, como pela vasodilatação e aumentado fluxo sanguíneo na pele. Febre ou banho quente piora a hipotensão. Manter-se sempre bem hidratado é um ótimo remédio. Quando as medidas acima não derem resultados e o paciente permanecer sintomático, medicamentos devem ser instituídos. MEDIDAS FARMACOLÓGICAS O objetivo é melhorar os sintomas. É inútil tentar eliminar farrnacologicarnente a hipotensão, uma vez que podem ocorrer efeitos colaterais. O maior problema encontrado no USO CLÍNICO DOS QUIMIOTERÁPICOS José Pedra Zampieri Filho José Kerbauy O uso da quimioterapia para o tratamento de determinada neoplasia implica que uma série de fatores deva ser levada em conta no seu planejamento. A idade do paciente, o estado nutricional, a existência de doenças associadas (p. ex. infecções), o comprometimento da função renal, hepática, cardíaca ou pulmonar assim como o tipo de tumor e sua histologia, o tamanho da massa turnoral, a existência de metástases e o local onde estão localizadas são de grande importância na escolha do esquema quimioterápico a ser empregado, o qual poderá ser composto por apenas uma droga (monoquimioterapia) ou pela associação de drogas (poliquimioterapia) e, ainda na determinação da dose a ser empregada, no intervalo entre as aplicações e na via de administração. Antes de se iniciar O tratamento em qualquer paciente é necessário possuir dados acurados a respeito da história da doença, estar certo do diagnóstico histológico e do estadiamento do tumor além de um exame físico completo com observações a respeito do achado de adenomegalia, hepatesplenomegalia, massas abdominais, derrames e sinais neurológicos, além do peso e altura para calcular a superfície corpórea em metros quadrados, o que determinará a dose da medicação a ser empregada. Também são necessários: I) Avaliação laboratorial prévia que deve incluir: a) Hemograma com contagem de plaquetas e hemossedimentação. b) Mielograma (quando houver indício de reserva diminuída de medula óssea). c) Provas de função hepática (transaminases, bilirrubinas, fosfatase alcalina). d) Provas de função renal (uréia, creatinina, clearance de creatinina quando necessário). e) Dosagem de eletrólitos (sódio e potássio, cálcio). f) Dosagem do ácido úrico sérico. 2) Avaliação da função cardíaca: a) Eletrocardiograrna b) Ultra-sonografia quando se necessitar de parâmetros para avaliar a contratilidade rniocárdiaca (p. ex.: uso de drogas cardiotóxicas, através da medida da fração de ejeção do ventrículo esquerdo). 3) Avaliação radiológica I Métodos por imagem, que deve incluir quando necessário: a) Raio X de tórax b) Mapearnento ósseo quando houver indicação (p. ex.: câncer de mama, mielorna múltiplo). c) Linfografia (p. ex.: moléstia de Hodgk.in). d) Tomografia computadorizada e) Ressonância magnética Deve-se ter em mente ainda a existência de situações 1266