Influência das concentrações de sacarose e GA3 no desenvolvimento in vitro de Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng. Ribeiro1, M. de N. O.; Pasqual2, M.; Villa3, F.; Cavallari4, L. de L. 1 Engª Agrª, Mestranda em Fitotecnia, Depto de Agricultura (DAG), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 3037, CEP: 37200-000, Lavras-MG-Brasil. 2 Engº Agrº, D.Sc. Prof. Titular, Depto de Agricultura (DAG), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras-MG. 3 Engª Agrª, Doutoranda em Fitotecnia, Depto de Agricultura (DAG), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras-MG. 4 Graduanda em Agronomia, 8º Período, Universidade Federal de Lavras (UFLA), LavrasMG. E-mail: [email protected] Introdução A floricultura abrange o cultivo de plantas ornamentais, tanto flores para corte quanto para vasos, plantas envasadas, produção de sementes, bulbos e mudas de árvores. As exportações brasileiras e o mercado de flores desses produtos chegaram à US$ 6,6 milhões podendo chegar a US$ 28 milhões. Atualmente a floricultura é atividade dinâmica rentável, exigente em tecnologia e conhecimento técnico, é um agronegócio, pois gera um elevado número de empregos diretos e indiretos. A exigência em tecnologia é mais acentuada quando se trata da exportação dos produtos. Com o crescimento mundial do comércio de flores e plantas ornamentais, há necessidade de melhoria da qualidade das mudas. Este incremento de qualidade pode ser obtido através da micropropagação, que gera mudas isentas de fitopatógenos e com genótipo e fenótipo homogêneos. As técnicas de cultivo in vitro são muito importantes para espécies que têm alto valor comercial para o país, como é o caso das ornamentais. O gênero Zantedeschia, conhecido popularmente como ‘arum, líriodo-nilo ou calla lily’, é nativo da África e pertence à família Araceae. É uma herbácea robusta, entoucerada, de 0,60-1,0 m de altura, rizoma vigoroso, muito florífera e de folhagem ornamental brilhante. É considerado como símbolo de pureza, sendo apreciada tanto como flor para corte quanto na composição de jardins, suas flores e folhagens são muito utilizadas em arranjos florais. Objetivou-se neste trabalho estudar a influência da sacarose e do GA3 no desenvolvimento in vitro de plântulas de copo-de-leite. Material e métodos Plântulas com aproximadamente 1 cm de comprimento pré-estabelecidas in vitro, foram inoculadas em tubos de ensaio (200mm x 25mm), contendo 15 mL de meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962). Os tratamentos foram constituídos de diferentes concentrações de sacarose (0; 10; 20; 40 e 80 g.L-1) e GA3 (0; 2,5; 5; 10; e 20 mg.L-1), nas combinações possíveis para as concentrações testadas. O meio foi solidificado com 5,5 g.L-1 de ágar e o pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121ºC e 1 atm por 20 minutos. Posteriormente à inoculação, os tubos foram transferidos para sala de crescimento a 27 ± 1ºC, irradiância de 35 µmol m–2 s–1 e fotoperíodo de 16 horas diárias. Após 60 dias avaliouse o comprimento da parte aérea, comprimento das raízes, número de brotos, de raízes, de folhas, peso fresco da parte aérea e das raízes. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições de três plântulas cada, totalizando doze plântulas por tratamento. Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando o software Sisvar (FERREIRA, 2000). 2 Resultados e discussão Segundo a tabela 1, houve interação significativa para número de folhas, comprimento da parte aérea e número de brotos. Maior número de folhas (1,32) foi observado na presença de 37,33 g.L-1 de sacarose com 0 mg.L-1de GA3. Concentrações de sacarose de 3% para 5% no meio de cultivo, promoveram aumento de massa, em folhas de rosa micropropagadas sob condições heterotrotóficas ou mixotróficas. Maior comprimento da parte aérea (2,2 cm) foi observado com 45,3 g.L-1 de sacarose associado a 10 mg.L-1 de GA3. O efeito mais conhecido das giberelinas in vitro é no alongamento das partes aéreas e das brotações, durante a multiplicação ou antes do enraizamento. NICOLOSO et al. (2003), comparando quatro concentrações de cinco fontes de carbono, a sacarose nas concentrações de 30, 45 e 60g.L-1 foi a melhor fonte de carboidrato quanto ao número de brotações, altura de brotações, média da altura de brotações e número total de segmentos nodais por planta de Pfaffia glomerata. O GA3 proporcionou maior comprimento das partes aéreas em jenipapo (Genipa americana) e no alongamento de híbridos de citrus (COSTA et al., 2004). A concentração de sacarose, ou de outra fonte de açúcar, tem também efeito sobre a multiplicação e o crescimento. Concentrações de 2 a 4% são mais comuns. Abaixo dessa faixa, pode ocorrer clorose e, acima dessas concentrações, pode-se incorrer em excessivo potencial osmótico do meio, possibilitando deterioração das culturas (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998). A concentração de sacarose pode ainda interferir no efeito dos reguladores de crescimento. Maior número de brotos (1,6) foi observado na presença de 60,5 g.L-1 de sacarose associado a 5 mg.L-1 de GA3. Para as demais variáveis analisadas apenas o efeito da sacarose foi significativo. Maior comprimento de raízes (3,0 cm) foi obtido com 56,5 g.L-1 de sacarose e maior número de raízes (1,9) com 51,13 g.L-1. A presença de sacarose mostrou-se fundamental para o desenvolvimento das raízes in vitro, tendo em vista que, na sua ausência não houve enraizamento. Os dados obtidos estão de acordo com a afirmação de vários autores de que o carboidrato é essencial para o enraizamento in vitro de muitas espécies. O enraizamento de maçã in vitro foi dependente da sacarose. Concentrações abaixo de 20 g.L-1 e acima de 52 g.L-1 de sacarose reduziram a formação de raízes. Maior peso fresco da parte aérea (0,81 g) foi observado na presença de 46,25 g.L -1 de sacarose e maior peso fresco de raízes (0,76 g) foi obtido com 52,5 g.L-1 de sacarose. NICOLOSO et al. (2003), observou que a elevação da concentração de sacarose de 30 até 60g.L-1 promoveu maior produção de biomassa dos órgãos de Pfaffia glomerata cultivadas in vitro. O aumento da produção de biomassa da raiz para a cultura do morangueiro (Fragaria x ananassa Duch) foi crescente até 45g.L-1 de sacarose. O aumento da sacarose para samambaia-espada (Nephrolepis exaltata L. Schott) propagada in vitro, não apresentou bons resultados. Tabela1. Resumo da análise de variância para as características número de folhas (NF), comprimento da parte aérea (CPA), número de brotos (NB), número de raízes (NR), peso fresco da parte aérea (PFPA), peso fresco das raízes (PFR) e comprimento das raízes (CR) de plantas de copo-de-leite. UFLA, Lavras, 2006. Fontes de Variação Sacarose GA3 Sacarose*GA3 Resíduo CV(%) NS Quadrados Médios GL 4 4 16 72 NF 0,26** 0,30** 0,08** 0,02 18,78 CPA 3.33** 0.11NS 0.27** 0.11 20,45 NB 0,32** 0,03NS 0,05** 0,02 10,15 NR 3,52** 0,29NS 0,20NS 0,20 32,54 PFPA 0,024** 0,004NS 0,004NS 0,002 6,48 PFR 0,007** 0,002NS 0,002NS 0,001 4,51 CR 5,84** 0,28NS 0,23NS 0,39 35,86 = Não Significativo. a 5% de probabilidade. **Significativo 2 3 Conclusões 1) É necessário a adição de 60,5 g.L-1 de sacarose associado a 5 mg.L-1 de GA3 para se obter maior número de brotos. Para maior comprimento da parte aérea é necessário a adição de 45,3 g.L-1 de sacarose associado a 10 mg.L-1 de GA3. 2) Melhores resultados para comprimento e número de raízes foram obtidos com 56,5 g.L-1 e 51,13 g.L-1de sacarose respectivamente. 3) O efeito isolado do GA3 foi observado somente em uma das variáveis analisadas, número de folhas (NF), indicando que para surtir efeito há a necessidade da sacarose para a espécie estudada. Bibliografia Costa, M. A. P. de C.; Carmo, D. O. do.; Souza, F. V. D.; Magalhaes, G. L. de.; Hansen, D. de S. Efeito de diferentes concentrações de GA3 no alongamento de brotações in vitro de jenipapo (Genipa americana). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17., Anais... Belém, 2004. Ferreira, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., São Carlos, 2000. Anais..., São Carlos: UFSCar. 2000. p. 255-258. Grattapaglia, D.; Machado, M. A. Micropropagação. In: Torres, A. C; Caldas, L. S.; Buso, J. A. (Eds). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas, Brasília: EMBRAPA, 1998. p. 183-260. Murashige, T.; Skoog, F. A. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 15, p. 473-497, 1962. Nicoloso, F.T. et al. Efeito de concentrações e fontes de carboidratos no crescimento de plantas de ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen) cultivadas in vitro. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.27, n.1, p.84-90, 2003. 3