Resumo Filosofia 1º ano - 2014 por Werner Leber Capítulo 1: Bem-Vindo à filosofia Conforme prometi, segue o resumo. Estudem os textos e leiam o resumo. A filosofia começa com a Atitude filosófica: interesse, curiosidade e reflexão. Conforme Aristóteles, página 04, foi a admiração que levou as pessoas a filosofar. A reflexão filosófica tem três características centrais: busca a totalidade (que ver o todo), a radicalidade (é rigorosa) e a profundidade (quer atingir os limites racionais). A filosofia não é um simples pensar, mas um pensar rigoroso, metódico, sistemático, cuidadoso, detalhista, rigoroso sobre um objeto ou sobre as coisas. O Termo FILOSOFIA deriva da soma de duas expressões: a) FILOS (Amizade, amigo) e a palavra SOFIA (sabedoria). A filosofia é, portanto, uma dedicação amorosa, cuidadosa, apaixonada e sábia pelo saber, ou por aquilo que se diz saber ou conhecer. A filosofia deve ter raízes orientais, mas é nas palavras (nas investidas, na procura pelo saber destes) dos ditos PENSADORES PRÉ-SOCRÁTICOS que começa a filosofia tal como a ela nos referimos. Os primeiros filósofos, dos quais Tales de Mileto é o primeiro de todos,1 buscavam uma origem material para todas as coisas e chamavam esse princípio de PHYSIS – condição natural de tudo que existe, o Cosmo, a Natureza, a Forma de todas as coisas, a ordem geral do universo. Por isso os pré-socráticos são chamados também de Cosmólogos ou simplesmente físicos.2 São nomes de autores pré-socráticos: Parmênides (de Eleia), Heráclito (de Êfeso), Anaxímenes, Anaximandro, Tales de Mileto (de Mileto), Zenão, Pitágoras (de Samos), Demócrito entre outros. A filosofia Antiga, via de regra, é dividida em quatro (4) períodos, que se estendem do século VII a.C até o século VI d. C. São eles: a) Período Pré-Socrático: caracterizado pela busca material de tudo que existe (Physis). Também chamado de período cosmológico – derivado de Cosmo – a totalidade material de tudo que há. b) Período Socrático ou Antropológico, em que predominaram as ideias de dois pensadores: Sócrates e Platão. Platão escreveu as obras atribuídas a Sócrates. Até onde se sabe, não há uma só palavra escrita por Sócrates. Diz-se “antropológico” porque, diferentemente dos pré-socráticos, Sócrates e Platão buscam a virtude, a verdade interior (essência), a capacidade racional de autodeterminação do ser humano. Interessam-se não pela natureza, mas pela constituição racional e reflexiva do ser humano. Daí que o termo grego “ánthropos” (de onde vem o termo antropologia) significa “ser humano” ou “aquilo que diz respeito à interioridade e racionalidade” dos humanos. c) Período Sistemático, caracterizado, sobretudo, pelo pensamento de Aristóteles. É uma retomada de muitos aspectos de Platão, porém com um viés mais lógico, mais analítico, mais sistemático, feito por Aristóteles. Aristóteles aprofunda e dá novas diretrizes aos conhecimentos de seu tempo. Foi aluno de Platão, mas, conforme muitos, superou seu mestre em muitos aspectos e dele discordou também em muitas partes. d) Período Helenista, também chamado greco-romano porque se estende até o século VI da era cristã. Foi marcado por guerras e dominação da Grécia e da destruição e Atenas – o berço original da filosofia. Foi um período marcado pela ética, em que a principal pergunta era: como devemos proceder para sermos bem sucedidos e felizes? Havia a busca pela harmonia interior, pelo Bem, pela Bondade e pela Simplicidade. Várias escolas de filosofia surgiram nesse período entre as quais as que mais se destacaram foi o epicurismo e o estoicismo. Esse último foi rival da doutrina cristã nos dois primeiros séculos pós Cristo. A teologia cristã absorveu vários aspectos dos estoicos, entre os quais a expressão Logos. A filosofia era agora praticada por pequenas comunidades fugitivas a acuadas por Alexandre Magno e depois pelos romanos. Capítulo 2: Pensamento Mítico. O conhecimento mitológico foi a primeira tentativa de explicação do mundo feita pelo homem, ainda que de uma maneira fantasiosa. Os mitos são carregados de imaginação e crença, o que nos leva a concluir que não passaram por uma sistematização do conhecimento. A questão da crença, inclusive, aproxima o mito da religião.3 O mito é uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma 1 TALES, da ilha de Mileto, é considerado o Primeiro Filósofo Ocidental. Foi Aristóteles, três séculos mais tarde, que lhe atribuiu, por isso, o título de “pai da filosofia ocidental”. 2 Veremos ainda algo sobre isso no capítulo 3. 3 A narrativa criacionista contida nas palavras introdutórias do Gênesis tem paralelos com mitos presentes em povos antigos, por exemplo, com os Sumérios no Mito de Gilgamesch. Não sei se é possível reduzir a religião hebraico-cristã explicação do mundo. Trata-se de uma maneira de a sociedade explicar os fenômenos que a cercam, assim como uma tentativa de explicar a si próprio. A Filosofia surgiu na Grécia como um esforço de superar o conhecimento mítico. O Mito tem caráter absoluto e seu conteúdo é sempre narrado ou contado por alguém muito especial do contexto. Nesse sentido, o mito tem uma característica central e fundamental: está assentado na autoridade no narrador – daquele que se diz que contou o mito. Entre os gregos Hesíodo e Homero são esse tipo de autoridade. A filosofia não depende da autoridade de quem a pratica, mas da capacidade de convencer pelo uso da própria razão. Os Mitos, portanto, não são mentiras e nem fábulas, como se diz às vezes. São narrativas sobre situações que envolvem o assombroso, a emoção, a felicidade, a morte e a dor. Antes de haver ciência técnica e explicativa e antes de haver filosofia (de onde a ciência se originou) as pessoas explicavam fenômenos como a morte, a dor, a raiva, os terremotos, as pragas e doenças, a inveja, a traição, a origem do fogo, da água, do mundo, das pessoas, dos trovões, raios e relâmpagos por meio do veículo explicativo a que chamamos MITO. Assim, o mito teve (ou tem) três características: a) é sempre dependente da autoridade de um narrador; b) tem uma estrutura fixa e pretende explicar um fenômeno (medo, inveja, raiva, paixão, terremoto); c) sua verdade ou conteúdo não depende de provas ou de argumentos – tem caráter absoluto como um dogma. Todavia, não pensemos que os mitos acabaram. Antropólogos, historiadores, sociólogos e filósofos continuam a deles se ocupar. Clode Levy-Strauss estudou os mitos para explicar o ser humano na atualidade. Freud analisou vários mitos gregos para explicar sua teoria do inconsciente – a psicanálise. Quem sabe, daqui dois ou três mil anos, se ainda houver pessoas na Terra, elas também dirão que a nossa ciência e as nossas teorias não passavam de Mitos. Mito: relato fabuloso, de caráter religioso, que diz respeito a seres que personificam agentes naturais. O mito tende a fornecer uma resposta e uma explicação satisfatórias. Possui igualmente uma função que assegura a coesão social.RUSS, J. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994. p. 187. Questões pertinentes, já gabaritadas. Analisem-as! QUESTÃO (A) Coloque V para Verdadeiro e F para Falso nas afirmativas abaixo referentes ao Mito e à Filosofia. ( ) Do mito foram dadas as mais diversas interpretações, das quais as principais são: mito-verdade e mitofábula. Para a primeira interpretação, os mitos são as únicas explicações das coisas que a humanidade, nos seus primórdios, estava em condições de fornecer e nas quais acreditava firmemente. Para a segunda interpretação, eles são representações fantasiosas nas quais ninguém jamais acreditou, muito menos seus criadores. ( ) Os primeiros que consideraram os mitos como simples fábulas foram os filósofos gregos. A eles se juntaram mais tarde os Padres da Igreja, os escolásticos e a maior parte dos filósofos modernos. ( ) Sobre o nascimento da filosofia, os historiadores distinguem quatro grandes períodos na história da sociedade grega: 1. Período homérico; 2. Período da Grécia arcaica ou dos Sete Sábios; 3. Período clássico; 4. Período helenístico. ( ) Das análises feitas pelos estudiosos de nosso tempo, segue-se que o mito exerceu, entre os povos antigos, três funções principais: religiosa, social e filosófica. ( ) O mito procede, mediante a representação fantástica, a imaginação poética, a intuição de analogias, sugeridas pela experiência sensível; permanece, pois, além do logos, ou seja, além da explicação racional. Assinale a alternativa que, de cima para baixo, apresenta a sequência CORRETA. a) V, V, V, F, V. *b) V, V, V, V, F. c) V, V, F, V, V. d) F, F, V, V, F. e) V, V, V, V, V. QUESTÃO (B) Veja outra questão, também já com Gabarito. Estude-a. Analise-a e compare com os conteúdos do Capítulo 1. (Atitude Crítica e Forma filosófica de interpretar). - “Para que filosofia? - as evidências do cotidiano e a atitude filosófica. Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos afirmações como "onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não se resfriar". Avaliamos ou outras a narrativas como as de Homero. Deve haver diferenças. Seja como for, ainda que soe polêmico, muitos especialistas têm afirmado que as religiões têm suas origens em Mitos, ou que são, em si mesmas, Mitos. coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha". Em uma disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode gritar ao outro: Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu, e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: "Vamos ser objetivos, cada um diga o que viu e vamos nos entender". E se, em vez de afirmarmos que gostamos de alguém porque possui as mesmas ideias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferíssemos analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Como se poderiam melhor entender e ensinar essas questões filosóficas?” (Marilena Chauí. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2011, p. 7-9 - com adaptações). Considerando o ensino da Filosofia e suas indagações na atualidade e a temática abordada no texto, assinale a opção correta. a) A tradução do saber filosófico para o estudante diz respeito a questões de oratória e de como se apresentar adequadamente ao público. b) O conhecimento ilustrativo e enciclopédico da filosofia é o fundamento do conhecimento de todas as coisas pelas suas causas últimas. ***c) A importância do conhecimento filosófico decorre do esclarecimento dos conceitos e do entendimento da realidade. d) A filosofia tem como função primordial ser caminho para a teologia e para o entendimento da divindade. e) A filosofia, por não ser uma ciência positiva, não apresenta nem conhecimentos e nem argumentos válidos. QUESTÃO (C). - Como vimos em nossas primeiras aulas, a filosofia ocupa-se com a coerência, com a fundamentação dos discursos. Foi isso que a fez surgir nos entornos do mediterrâneo, cuja palavra FILOS+SOFIA indica amizade pelo saber. Dentro desse propósito, analise o texto que segue: “Calar é ouro, falar é prata. Provérbio conhecido que, em geral, aprovamos com entusiasmo ao pensarmos neste ou naquele sentido bem preciso que faz dele uma evidência para nós. Todavia, em vez de nos limitarmos a impressões imediatas, examinemos friamente a afirmação. De saída, pela estrutura mesma da frase, percebemos a simetria a partir da qual se elabora a significação do provérbio: calar e falar, ouro e prata. Os dois primeiros termos parecem opor-se: falar produz sons, calar é a ausência de sons, é silêncio. Todavia, a rigor, cabe dizer que não proferir palavra é ficar mudo. Ora, ainda que haja certo silêncio da mudez, será realmente possível dizer que todo silêncio é mudo?” [ARONDEL-ROHAUT, Madeleine. Exercícios filosóficos. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 47]. Assinale a opção correta. De acordo com as informações do texto, é possível afirmar que: **a) A autora argumenta que ausência de som não é necessariamente ausência de sentido. b) A autora defende o silêncio como necessário ao exercício filosófico. c) A autora faz coro ao provérbio popular que opõe oura à prata. d) A autora quer demonstrar que exemplos vindos do senso comum não servem para construir argumentos filosóficos. e) A autora quer demonstrar que som e mudez são elementos que não têm sentido e, portanto, não podem ser alvo de estudos filosóficos. QUESTÃO (D) SOBRE MITO O mito é a forma mais remota de crença, narrativas sobre a origem do mundo, dos homens e das coisas da natureza. Sobre o mito, assinale a alternativa INCORRETA. A) Procura explicar de forma abstrata, uma realidade "misteriosa" para o homem. B) O mito está impregnado do desejo humano de afugentar a insegurança, os temores e a angustia diante do desconhecido. ***C) O mito formava para os gregos um sistema fácil, onde os fenômenos naturais ocorrem de forma objetiva. D) Explica a realidade, como também acomoda e tranquiliza o ser humano em seu mundo assustador. E) O mito grego "As moiras", eram as divindades irmãs que regulavam a duração da vida dos seres humanos desde o nascimento até a morte. MAIS UMA SOBRE MITO (E). O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a filosofia a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões. b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão. c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão. ****d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica. e) Nenhuma das anteriores.