Febre e hipertermia: A temperatura no ser humano é controlada em valores bastante estreitos (a vida humana suporta tempreratura interna de 35 a 42°C). O aumento da temperatura pode ser conseguido por trabalho da musculatura esquelética (calafrios e abalos musculares), queima de gordura nos adipócitos (termogênese estática – ocorre principalmente na gordura marrom, rica em vasos sanguíneos e mitocôndrias) [aumento da produção da energia metabólica, cuja parte se transforma em calor] e aquisição de calor do meio externo (se a temperatura externa for maior do que a corporal, especialmente se a umidade do ar é elevada). A tempratura normal varia conforme o ritmo circadiano (mais baixa no sono profunda e mais alta entre 17 e 22 horas). Há pessoas com temperatura mais alta do que o considerado normal, sendo considerado variante fisiológico e causa de febre de origem obscura. Outros fatores que fazem variar a temperatura corporal sem ser febre são a temperatura ambiental, estresses emocionais, excitação psicomotora, histeria, exercícios físicos intensos (1 a 2°C acima do normal), refeições copiosas e ricas em proteínas (+0,5°C), até o 4° mês de gravidez, parto e ovulação (+0,6/C). Hipertermia é um aumento de temperatura corporal sem o envolvimento da hipotálamo e sem aumento das prostaglandinas circulantes, diferente da febre. As causas de hipertermia são: Aumento da produção e/ou aquisição de calor (exercícios físicos e trabalho muscular excessivo, especialmente em ambientes bem quentes, hipertireodismo, tireotoxicose, feocromocitoma e uso de anfetaminas, , inibidores da MAO, antidepressivos tricíclicos e outras drogas) Diminuição da eliminação de calor (uso de anti-histamínicos, anticolinérgicos, antiparkinsonianos e diuréticos – diminui sudorese, displasia ectodérmica [ausência congênita de glândulas sudoríparas], após grandes queimaduras, esclerodermia avançada e ICC) Lesões do hipotálamo no SNC (TCE, AVC, tumores cerebrais e infecções do SNC – indica má prognose da lesão cerebral) Seqüencia de processos para a produção de febre: 1) Estímulos diversos (neoplasias, infecções, toxinas, reações imunológicas, produtos químicos, colagenoses, infartos viscerais, traumas e queimaduras) estimulam células fagocíticas (monócitos, polimorfonucleares neutrófilos, histiócitos, macrófagos e células gigantes) e outras e sintetizarem citocinas pirogênicas. 2) As citocinas pirogênicas (interleucinas 1 e 6, fator de necrose tumoral e interferon alfa) estimulam estas mesmas células ou outras a sintetizarem prostaglandina E2 apartir do ác. araquidônico pelas ciclooxigenases. 3) A prostaglandina E2 atinge os núcleos pré-óptico do hipotálamo e hipotálamo posterior, aumentando a temperatura que o hipotálamo procura manter no corpo (chamado “set-point”), através de respostas corporais. Quadro clínico da síndrome febril: Elevação da temperatura corporal Vasoconstriccção cutânea Sonolência Prostação e astenia Taquicardia (aumento de 10 a 20 bpm) Aumento do tônus muscular e abalos Cefaléia e cãimbras Bradicardia na febre indica a causa da mesma ser meningite, encefalite e outras infecções no SNC, febre tifóide, miocardites, icterícias infecciosas, febre por drogas e simulação de febre. Taquicardia desproprocional à febre ocorre logo antes na descompensação do paciente com febre na infecção (toxemia, miocardite aguda, insuficiência respiratória, anemia, sangramentos e choque). Formas de medir a temperatura corporal: Temp. axilar: Varia entre 36°C e 37°C e não se usa nas inflamações próximas à axila, hipotensão e choque Temp. oral: Varia entre 36,5°C e 37,3°C e não se usa nas inflamações próximas à boca e mascadores de chicletes Temp. retal: 1°C maior do que a axilar e dissocição maior do que 1 °C entre as temperaturas oral e retal (sinal de Lenander) indica choque infeccioso ou inflamações pélvicas, como peritonite e abscesso peri-retal Estádios de febre e suas causas mais comuns: Baixa (< 37,9°C) ou moderada (38 – 38,9°C): Hepatites por vírus, tuberculose pulmonar, tétano na fase inicial, feridas infectadas, flebites superficiais, cistites, infarto miocárdico e hemorragia digestiva Alta (39 – 40,5°C): Influenza clássica, meningites bacterianas agudas, leptospirose ictérica, septicemias, pneumonias bacterianas, malária, colangite, pielonefrite, abscessos Hiperpirexia (> 40,5°C): Tumores cerebrais, supurações do SNC, TCE, intermação, tétano grave, hipertermia maligna, uso de drogas e encefalites Padrões específicos de febre e suas causas habituais: Contínua ou sustentada (febre cuja variação diária de temperatura não ultrapassa 1°C): Febre tifóide, malária grave, brucelose, meningite tuberculosa, febre maculosa e febre por drogas Remitente (febre cuja variação diária de temperatura ultrapassa 1°C): Malária grave por Plasmodium falciparum, pneumonias bacterianas, septicemias, endocardite bacteriana aguda e abscessos viscerais Intermitente (febre entrecortada por períodos curtos e regulares de apirexia): Malária, endocardite bacteriana, tuberculose miliar e uso de AINE e anfotericina B Bifásica (febre dividida em duas fases, com um período de 1 a 2 dias de apirexia): Leptospirose, dengue, enteroviroses, febre amarela e poliomielite Recorrente (febre entrecortada por períodos longos de apirexia): Colangites, brucelose, calazar, linfomas, doença de Still e febre do mediterrâneo Duplo pico diário: Calazar, malária mista, endocardite bacteriana, tuberculose miliar e doença de Still Inversa: Temperatura maior no manhã do que na tarde Irregular: A mais comum Outras variantes da febre: Início: Podem se iniciar subitamente, podendo o paciente precisar quando, até a hora, começou a quadro (súbita – ocorre na leptospirose ictérica, crises clássicas de malária, septicemias, pneumonias bacterianas, dengue clássico, pielonefrites agudas, amidalite estreptocócica aguda e erisipela); ou se iniciam lentamente, não podendo o paciente precisar quando o quadro começou (insidiosa – ocorre nas hepatites virais, tuberculose, endocardite sub-aguda e febre tifóide) Os calafrios são mais freqüentes quando mais rápida e intensa a febre. Término (defervescência): Podem terminar lentamente e sem sudorese (em lise – melhor prognose) ou rapidamente e com sudorese profusa (em crise – o uso de AINE sempre simula um término da febre em crise). Duração: Podem durar menos de 3 semanas (curtas) ou mais (prolongadas) Convulsões febris: Convulsões numa situação de febre, sem infecção do SNC Mais comum em crianças entre 6 meses e 5 anos de idade (2 a 5% das crianças), pacientes epilépticos, pessoas com história de convulsões febris na família (25 a 40%) e nas infecções respiratórias superiores virais, gastroenterites, exantema subitum, otite média aguda, infecção do trato urinário reação febril a vacinas (tríplice bacteriana e sarampo) Se acredita que a acidose, a hipóxia e outras alterações hidroeletrolíticas, que ocorrem na febre, possam diminuir o nível de excitabilidade neuronal. As convulsões febris podem sem simples (generalizadas, durando menos de 15 minutos e menos de 1 vez em 24 horas e não deixam seqüelas) ou complexas (focais ou generalizadas, durando mais de 15 minutos e se repetem num mesmo episódio febril). O risco de epilepsia após a convulsão febril é só um pouco mais do que na população geral (2 a 3% nas simples e 4 a 5% nas complexas). Sempre deve-se excluir meningite num contexto de convulsão febril (20 a 25% das meningites cursam com convulsões e em 0,1 a 3,5% das convulsões febris há meningite). Se trata con AINE e anticonvulsivantes, mas possuem resolução espontânea na maioria dos pacientes. Indicações do uso de AINE na febre: Infecções que produzam acidose ou hipóxia, para reduzir o risco de convulsões febris (discutido) História de epilepsia ou convulsões febris Presença de convulsões e delírio febril Portadores de doenças cardíacas, pulmonares e neurológicas Chance de haver lesões no feto no primeiro trimestre de gestação Se o paciente quiser, na ausência de contra-indicações (reações colaterais, precisar caracterizar bem a febre para elucidar a diagnose ou avaliar a evolução do paciente). Principais Analgésicos-Antitérmicos-Antiinflamatórios (AINE): Fármacos Salicilatos (Aspirina, Salicilato, Metilsalicilato, Diflunisal, Salsalato, Olsalazina e Sulfasalazina), Indometacina, Sulindac, Tolmetina, Diclofenaco, Cetorolaco, Ác. Propiônicos (Ibuprofeno, Naproxeno, Flubiprofeno, Cetoprofeno, Oxaprozina), Ác. Mefenâmico, Ác. Meclofenâmico, Oxicams e Nabumetona (inibem COX 1 e COX 2 igualmente) Etodolac, Rofecoxib, Celecoxib, Apazona e Nimesulida (inibem só COX 2) Acetaminofeno ou Paracetamol (Tilenol)(inibe só COX 3) Administração e excreção Via oral, retal (salicilatos e naproxeno), tópica (salicilatos) e parenteral (cetorolaco) e excreção renal e hepática (sulindac, oxicams e nabumetona) ou ambos (indometacina) Via oral e excreção renal (celecoxib também hepática) Via oral e excreção renal Usos terapêuticos Dores baixas e medianas (pósoperatório, dor dental, dor tegumentar, cólicas menstruais, cefaléia, mialgia, neuralgia), febre maligna, doenças inflamatórias intestinais e articulares (artrite reumatóide, osteoartrite, espondilite anquilosante, síndromes osteomusculares), dismenorréia, mastocitose, síndrome de Bartter, febre e caquexia nas neoplasias, rubor cutâneo, gota e prevenção do câncer colônico e risco de tromboembolia (salicilatos) Opção para reduzir dor e febre quando salicilatos forem contraindicados Os métodos físicos de redução da temperatura não alteram o “set point” hipotalâmico e a febre volta loga após se descontinua estes métodos (compressas ou esponjas molhadas com água morna ou álcool, sacos com gelo, cobertores frios, banhos de imersão e ventiladores após banhos). Tambem há hipertermia fisiológica e psicossomática. A síndrome de Reye ocorre mais em varicela ou influenza e em crianças que usam salicilatos. Febre de origem obscura: A febre de origem obscura é qualquer febre comprovada (aferida em várias ocasiões) que dura mais de 3 semanas e não se consegue estabelescer uma diagnose após a montagem adequada de um quadro clínico e uma semana de investigação hospitalar (este tempo pode ser reduzido para 3 dias se há recursos técnicos suficientes). As viroses, maiores causadores de febres, provocam febres com menos de 3 semanas de duração. Geralmente, a medida que a duração da febre aumenta, a chance desta ser por causa infecciosa diminui (a maioria das viroses dura menos de 3 semanas). Deve-se tomar cuidado para não incluir oscilações fisiológicas da temperatura corporal como doença. A lista de causas de febre de origem obscura aumenta por incluir manisfestações atípicas de doenças muito conhecidas e Efeitos colaterais Irritação digestiva, úlceras gástricas ou intestinais com hemorragia digestiva e anemia (inibição de COX 1), menor agregação plaquetária, prolongamento da gestação, parto espontâneo, fechamento precoce do ducto arterioso, alteração da função renal, síndrome de Reye em crianças (salicilatos), convulsões, depressão, redução da consciência, confusão mental, mal-estar, cefaléia, rash cutâneo, prurido, zumbido, hipersensibilidade, surdez e ototoxicidade (naproxeno), distúrbios visuais e edema Rash cutâneo, hipertensão, edema e alterações no SNC e podem aumentar risco de tromboembolia Rash cutâneo, hipersensibilidade, pancitopenia, necrose hepática e/ou renal e coma manisfestações de doenças pouco conhecidas, típicas ou atípicas e uso indevido de antibióticos e antitérmicos. Tuberculose (por isso o raio x de tórax é um dos primeiros exames complementares a serem pedidos na investigação) e infecção urinária são as causas mais comuns de febre de origem obscura. Se nada for encontrado o único teste terapêutico aceito é o da tuberculose. Principais causas de febre de origem obscura em idosos: 1) Tuberculose 2) Endocardite 3) Abscessos principalmente intra-abdominais 4) Infecções complicadas do trato urinário 5) Neoplasias sólidas e hematológicas 6) Arterite temporal e polimialgia reumática 7) Leucemia 8) Linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin 9) Mieloma múltiplo 10) Tumores do cólon 11) Embolia pulmonar 12) Hipertireodismo e tireoidite sub-aguda 13) Febre por drogas (qualquer droga pode desencadear febre) Principais causas de febre de origem obscura em crianças: 1) Tuberculose 2) Endocardite bacteriana 3) Pielonefrite 4) Salmoneloses (incluindo a febre tifóide) 5) Infecção urinária 6) Osteomielites 7) Sinusites, otites e mastoidites 8) Abscessos 9) Infecções por CMV, EBV, HIV e hepatites 10) Malária, toxoplasmose e leishmaniose 11) Doença de Still, poliarterite nodosa, LES e doença de Kawasaki 12) Linfomas, leucoses e neuroblastoma 13) Febre por drogas 14) Simulação de febre 15) Disautonomia familiar e displasia ectodérmica 16) Doença de Crohn 17) Febres periódicas 18) Hipertireodismo Principais causas de febre de origem obscura por infecções (25 a 52%): 1) Tuberculose extrapulmonar 2) Tuberculose pulmonar 3) Abscessos abdominais 4) Abscessos pélvicos 5) Vírus Epstein-Barr 6) Infecções das vias biliares 7) Paracoccidioidomicose 8) Osteomielites 9) Citomegalovírus 10) Infecção urinária 11) Endocardite infecciosa 12) Otite e sinusite 13) Prostatite 14) Outros abscessos 15) Histoplasmose 16) Esquistossomose 17) Abscesso dentário 18) Toxoplasmose 19) Infecções dentárias 20) Doença de Chagas 21) Febre tifóide 22) Malária e leishmaniose 23) Colangite 24) Brucelose 25) HIV 26) Criptococose 27) Enterobacteriose septicêmica prolongada Principais causas de febre de origem obscura por neoplasias (2 a 33%): 1) Linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin 2) Hepatomas 3) Carcinomatose 4) Leucoses 5) Tumores do cólon 6) Outros tumores do aparelho digestivo 7) Linfoadenopatia imunoblástica 8) Hipernefroma 9) Mixoma atrial 10) Tumor de Wilms 11) Retinoblastoma Principais causas de febre de origem obscura por doenças inflamatória não-infecciosas (4 a 35%): 1) Doença de Still que inicia na vida adulta 2) LES 3) Polimialgia reumática 4) Febre reumática 5) Artrite reumatóide 6) Artrite de células gigantes 7) Doença de Wegener 8) Poliarterite nodosa 9) Outras vasculites 10) Doença inflamatória intestinal 11) Sarcoidose 12) Hepatite granulomatosa Principais causas de febre de origem obscura por miscelâneas (3 a 31%): 1) Febtre por drogas 2) Simulação de febre 3) Febre do mediterrâneo 4) Trombose venosa profunda e embolia pulmonar 5) Tireoidite sub-aguda 6) Cirrose 7) Hematomas 8) Hipertireoidismo 9) Hiperemia habitual 10) Hepatite alcoólica 11) Síndrome de Reiter 12) Síndrome de Sweet 13) Síndrome de hiper IgD 14) Síndrome de Kawasaki 15) Síndrome de Kikuchi 16) Doença de Castelman 17) Anemias hemolíticas 18) Febre psicogênica Algumas recomendações para se elucidar a causa da febre de origem obscura: O médico deve colher a temperatura para confirmar a febre. Chamar outros profissionais para colher o quadro clínico. Parar todas as medicações do paciente possíveis de serem interrompidas. Pedir pareceres especializados se precisar. Uso racional de antibióticos: Algumas recomendações a serem seguidas pelo médico: Chegar a uma diagnose da causa de febre (muitas causas de febre não respondem à antibióticos, apesar de responderam a antitérmicos, como infecções virais, infartos viscerais, inflamações químicas, alergias e outros) Só se usa antibióticos quando se têm a diagnose etiológica da doença, não só a diagnose anatômica. Isto se obtém por exames microbiológicos, especialmente cultura do material suspeito ou pela probabilidade dos MO que estejam infectando um local do paciente. Deve-se escolher os antibióticos de acordo com a sensibilidade dos MO que se quer combater. Isto se obtém por saber a sensibiliade de cada bactéria a cada antibiótico se esta não muda sua sensibilidade roteiramente ou fazer antibiograma ou procurar estudos de resistência num determinado local se a bactéria muda rotineiramente sua sensibilidade. Poder identificar quando o antibiótico empregado possui ação bactériostática ou bactericida (este parâmentro varia de acordo com o mecanismo de ação do antibiótico, sensibilidade do MO, local da infecção e dose administrada do antibiótico). Em imunossuprimidos (neutropenia, prematuros, idosos e infecções muito graves), somente antibióticos bactericidas surtem efeito no paciente. Dependendo do local da infecção, a dose do antibiótico deve ser maior, se deve mudar a via de administração do antibiótico ou mudar o antibiótico, por dificuldade de difusão e concentração (isto é válido para os ossos, olhos, próstata e SNC). A metabolização e a excreção hepática ou renal de um antibiótico influi na dose do antibiótico na infecção destes dois locais (por concentrarem mais, pode-se usar doses menores na infecções destes dois locais) e na insuficiência destes dois locais (deve-se reduzir as doses, pois a excreção está menor neste caso). Não se deve usar por via tópica medimentos que também são usados por vias sistêmicas, para reduzir o risco de sensibilização, que pode ocorrer na via dérmica. Sempre respeitar as doses e o intervalo entre as doses apresentados na literatura médica. Sobre o intervalo entre as doses, deve-se adequá-las o mais possível a vida diária do paciente; para se ter uma dose constante do fármaco. Sempre seguir a duração do uso seguido pela literatura e informar ao paciente o tempo necessário. Se não houver tal tempo, acompanhar o paciente até haver evolução favorável com regressão do quadro clínico para suspender os antibióticos. Deve-se saber os paraefeitos (efeitos colaterais) para se conviver com este fato, através do controle por exames destes efeitos. Só não se deve usar certos antibióticos quando o paraefeito supera o benefício e quando não se pode fazer o controle por exames. Prefere-se usar apenas um antibiótico por infecção. As combinações de antibióticos são indicadas somente nas emergências infecciosas antes de se saber a diagnose etiológica, para evitar a morte do paciente antes de se estabalecer tratamento específico; infecções mistas ou polimicrobianas (para se atingir todos os MO envolvidos na infecção mista) e para prevenir emergência de MO resisitentes (isto só foi provado no esquema RIP para tuberculose). As associações podem eliminar a flora normal de uma certa estrutura, abrindo espaço para a colonização de alguma cepa patogênica e possivelmente resistente; aumenta a chance de haver efeitos colaterais e antagonismo entre drogas (comum entre penincilinas + tetraciclinas ou clorafenicol e cefalosporinas + clorafenicol) e o custo do tratamento. Idade (velhice ou prematuridade), nutrição e imunocompetência do paciente, uso de corticóides e outros imunossupressores, diabetes descompensado e outras doenças de base, presença de coleções infectadas e próteses e outros corpos estranhos também altera a eficácia do antibiótico. O médico sempre deve-se lembrar do custo do medicamento para escolhê-lo para o paciente. Alergia a antibióticos: Os antibióticos, especialmente os B-lactâmicos, são os remédios que mais causam alergia, provavelmente por serem os remédios com mais erros de prescrição. Além da alergia, outros efeitos indesejáveis dos antibióticos ocorrem por superdosagem, efeitos coleterais, interção de drogas diferentes, efeitos teratogênicos, intolerância e reação idiosincrática (ocorre em pacientes com deficiência enzimática relacionada ao remédio). A alergia ocorre menos na via oral, na dose única, doses muito próximas umas das outras e ocorre mais na história familiar ou pregressa de alergia, infecção viral concomitante, LES e atopia piora as reações, mas não aumenta a chance de haver alergia. Alergias cutâneas: Urticária e angioedema fazem parte da anafilaxia, que inclui eritema difuso, prurido, broncospasmo, edema laríngeo, hiperperistalse, hipotensão e arritmias cardíacas. Se reverte os sinais por adrenalina. Erupções maculopapulares e morbiliformes (começam em áreas de pressão, exceto palmas e solas, em 1 semana após o uso do antibiótico; e podem evoluir para eritroderma generalizado e/ou dermatite exfoliativa) Síndrome de Stevens-Johnson ou eritema multiforme: Erupção polifórfica e eritematosa com lesões maculopapulares e em alvo, urticária e vesículas; simétricas e nas extremidades – pode acontecer também em mucosas. Associado a febre e sintomas de gripe e envolvimento visceral indica pior prognose. Se trata com corticóides. Necrólise epidermal tóxica (síndrome de Lyell) se caracteriza com febre, mais de 30% de perda de superfície de epiderme e envolvimento visceral. Só imunoglobulina imune venosa pode surtir algum efeito. Não se deve administrar um antibiótico a quem já teve síndorme de Stevens-Johnson e necrose epidermal tóxica. Outras reações: Reações doença do soro símile: Prurido e eritema antes e febre, mal-estar e lesões urticariformes e morbiliformes depois. Pode haver artralgia ou artrite de grandes articulações principalmente, linfoadenopatia, dor abdominal com diarréia e melena, nefrite, neuropatia e vasculite nas áreras de declive. Mais comum com cefaclor. Febre por drogas: eosinofilia, leucocitose, VHS aumentado e lesões cutâneas com febre que duram de 48 a 72 horas. Hepatite: Febre, lesões cutâneas, linfadenopatia, hemólise e eosinofilia. A hepatite pode ser de padrão hepatocelular ou colestático. Eosinofilia, trombocitopenia e anemia hemolítica isoladas, lesão renal com nefrite intersticial aguda ew infiltrados pulmonares com eosinofilia periférica são outras reações descritas. Mecanismos de alergia: Tipo I (mediado por IgE): Causa urticária, edema laríngeo, broncoespasmo e colapso circulatório; uso de agonistas Badrenéricos torna o tratamento da anafilaxia mais difícil. Tipo II (mediado por anticorpos citotóxicos): Causa anemia hemolítica, leucopenia, trombocitopenia e nefrite por drogas; só altas doses de B-lactâmicos causam esta reação. Tipo III (mediado por imunocomplexos): Causa doença do soro e febre por drogas Tipo IV (mediado por linfócitos T): Causa dermatite de contato Outras reações são prurido, exantema maculopapular ou morbiliforme, eritema nodoso, fotossentividade, dermatite exfoliativa, síndrome de Steven-Johnson e necrose epidermal tóxica e outras lesões (comum na concomitância entre uso de ampicilina ou amoxicilina e infecção pelos vírus Epstein-Barr ou citomegalovírus) Alergia a B-lactâmicos: Ocorre mais no uso parenteral do que o enteral de B-lactâmicos, a dose usada e atpopia piora a gravidade dos quadros de alergia. A reação diminui de intensidade e os níveis de anticorpos caem quando mais distante for a última exposição (não-válido para doença do soro com B-lactâmicos). A reação imediata ocorre em 1 a 45 minutos e a acelerada em 1 a 72 horas após administração e cursam com urticária, angioedema, edema laríngeo, broncospasmo e anafilaxia; por ação de IgE. A reação tardia ocorre em acima de 72 horas e cursa com erupções morbiliforme ou macropapular, por ativação de linfócitos T. A alergia por IgE à penincilinas é mais duradoura do que à amoxicilina. A alergia a penincilina também indica alergia a penincilinas semi-sintéticas (como carbapenemos), mas há menor cruzamento com cefalosporinas (ainda há algum) e monobactams. Pode haver alergia a cefalosporinas e outras penicilinas semisintéticas sem alergia a penincina natural. Os teste de sensibilidade à penincilinas deve ser feito sem o uso há pouco tempo de anti-histamínicos, antidepressivos tricíclicos e adrenérgicos e com as substâncias suspeitas de causarem sensibilidade, solução salina (controle negativo) e histamina (controle positivo). Não se deve fazer o teste cutâneo à penincilina em pacientes com história de dermatite exfoliativa, síndrome de Stevens-Johnson e necrose epidermal tóxica (muito perigoso) e em outras reações não-causadas por IgE (não funciona). O teste de sensibilidade é positivo quando o diâmetro da reação ao antígeno ingetado é 3 ou mais mm. maior do que o controle negativo. O resultado negativo é mais importante do que o positivo, pois afasta em 98% a chance de haver hipersensibilidade, mesmo havendo história prévia de alergia. As indicações de dessensibilização são quais pacientes que possuam hiperssensibilidade a um antibiótico e precisem imperiosamente do mesmo por não haver outro disponível que funcione ou que cause reações inaceitáveis. As reações mais comuns à dessensibilização são médio prurido, lesões cutâneas pelo prurido, doença do soro, anemia hemolítica e nefrite. Alergia a sulfonamidas: Há 20 tipos de reações, sendo a mais importante são as lesões maculopapulares em pacientes com HIV, possivelmente por terem menores níveis de glutationa redutase. Pode-se tentar usar corticóides, anti-histamínicos (se não há febre ou lesões cutâneas) e dessensibilização para tentar continuar o tratamento. A dessensibilização pode causar síndrome de StevensJohnson, dermatite exfoliativa, status asthmaticus, neutropenia, anafilaxia e hepatite por drogas. Alergia a quinolonas: Cursa com reações similares a anafilaxia por desgranulação pela droga. O risco parece ser igual para as outras quinolonas e pode-se tentar dessensibilização. Deve-se sempre educar os pacientes com alergias a antibióticos para informarem a outros profissionais sobre sua condição e levarem consigo bracelete de aviso e adrenalina, no caso de exposição acidental. Infecções hospitalares: Usos do acesso venoso periférico: Reposição de fluídos e eletrólitos, incluindo sangue e derivados Administração de drogas endovenosas, quimioterapia e contrastes para exames complementares Hemodiálise Monitorização endodinâmica (venosa, arterial e artéria pulmonar) Nutrição parenteral Principais infecções do acesso venoso periférico: Celulite periorifício Flebite Tromboflebite séptica Sepse Endocardite Osteomielite, endoftalmite e arterite (focos metastáticos) Outras complicações do acesso venoso periférico: Hematoma Ruptura da cânula Infiltração de drogas nos tecidos vizinhos Usos do acesso venoso profundo (se usa as veias jugular interna e subclávia por punção e veis basícula e cefálica por dissecção – acesso mais rápido e com menos risco para infundir grandes volumes): Infusão venosa prolongada e de grandes volumes, como nutrição parenteral Administração de drogas vasoativas Aferir pressão venosa central Principais infecções do acesso venoso central: Sepse (90% das sepses por cateter) Embolia séptica Outras complicações do acesso venoso periférico: Hematoma Trombose venosa Fragmentação Embolia do cateter e/ou gasosa Pneumo-, hemo- ou hidrotórax Hidromediastino Arritmia cardíaca por punção do miocárdio Lesão do plexo braquial Perfuração da artéria pulmonar Lesão das válvulas cardíacas e infarto Uso do acesso arterial periférico (se usa a artéria radial após manobra de Allen positiva): Monitorizar pressão arterial média, oxigenação sangüínea e artéria pulmonar (cateter de Swan-Ganz) Hemofiltração e hemodiálise Fatores de risco para infecção do acesso vascular: Extremos de idade (< 1 ano e > 60 anos) Perda da integridade cutânea (psoríase, queimaduras) Quaisquer causas de imunossupressão (granulocitopenia e quimioterapia) Foco infeccioso a distância Gravidade da doença de base Tempo de hospitalização prévia Uso de antibióticos prévio (resistência) Uso do cateter para múltiplos fins Umidade local e tipo de curativo utilizado (semipermeável) Tempo máximo de permanência de cada cateter: Cateter venoso periférico: 3 dias e trocando o local de punção Cateter arterial: 7 dias mantendo o fio-guia Cateter de Swan-Ganz: 4 dias trocando o fio guia Quadro clínico da infecção superficial do acesso vascular: Dor, calor, eritema e edema no local de inserção ou no trageto vascular Febre de origem obscura em 50% dos casos Saída de pus espontâneo ou por expressão sela a diagnose. Sempre descartar flebite química Quadro clínico da tromboflebite séptica do acesso vascular: Vaso aumentado, tortuoso e friável Hemorragia e supuração perivascular Quadro clínico de sepse por acesso vascular: Sem outra causa, há febre, calafrios, hipotensão, choque, insuficiência respiratória, hiperventilação, dor abdominal, vômitos diarréia, confusão mental e convulsões. Quadro clínico de endoftalmite por acesso vascular: Diminuição do acuidade visual Dor ocular Cefaléia, edema da córnea e pálpebra Diminuição do reflexo à luz Uveíte e hiperemia conjuntival Exames complementares: Retirada do cateter e cultura dos 5 cm distais do mesmo (crescimento de mais de 15 unidades formadoras de colônia sela a diagnose). Precisa-se de mais segmentos para cultura no cateter de Swan-Ganz. Agentes etiológicos mais prováveis: Estafilococos Enterococos em 5% das infecções Gram-negativos Enterobactérias no uso de soluções glicosadas Candida na nutrição parenteral prolongada Tratamento: Troca do cateter e do local de punção Antibioticoterapia inicial com aminoglicosídeo, cefalosporinas de 3° geração anti-pseudomonas ou outras penincilina semi-sintética (exceto no HUCFF), talvez quinolonas e vancomicina se houver grande resistência Redução do esquema antimicrobiano após resultado da cultura Profilaxia: Lavar as mãos antes de qualquer procedimento sobre acesso vascular Uso de luvas de procedimentos nos acessos periféricos e luvas estéreis nos acessos centrais Lavar da pele a ser perfurada com etanol a 70% nos acessos periféricos e PVPI-iodo a 10% ou clorexidina a 0,5% Uso de gorro, escovação cirúrgica das mãos, máscara, avental e grandes campos nos acessos centrais Troca dos cateteres que foram usados na emergência Cateteres implantéveis e Swan-Ganz só podem ser implantados em centro cirúrgico Palpação diária do curativo e troca do mesmo se estiver molhado ou descolando Outra infecção pelo cateter vascular é endocardite bacteriana. Uso do cateter urinário: Monitorização do débito urinário Manter diurese após cirurgia Prevenção de úlceras de decúbito Coleta de exames laboratoriais de urina Fatores de risco para bacteriúria: Duração crescente da cateterização Colonização microbiana do saco coletor (especialmente em sistemas abertos) Erros na manipulação do cateter Creatitina > 2 mg/mL Diabetes melito Infecção urinária sintomática é alteração na cor ou no aspecto da urina, disúria, freqüência e urgência miccionais, febre, dor no abdome inferior, incontinência urinária e nictúria (sinais de infecção baixa ou alta) e polaciúria e dor quando a bexiga está cheia e ao final da micção (específico de cistite) e calafiros e dor lombar (específico de infecção alta). Forma de fazer urinocultura: Coleta asséptica Afastar lábios e prepúcios para expor o óstio uretral Lavar o meato uretral sempre do óstio para fora (anal) com gaze embebida em sabão e remover o sabão do mesmo modo em água morna Colher o segundo jato de urina (jato médio) Valores de bacteriúria para se diagnósticar de infecção urinária assintomática: > 105 bactérias/mL no jato médio sem antibióticos > 102 bactérias/mL no jato médio com antibióticos > 103 no cateterismo vesical Qualquer valor na punção suprapúbica A maioria dos MO que causam infecção do trato urinário vem da flora fecal, perineal e vaginal (E. coli, P. Aeruginosa, klebsiella pneumoniae, Proteus spp., Providentia stuartii, Morganella morganii, enterococos e estafilococs coagulase negativos e Candida quando há muito uso de antibióticos). Em 14 dias após retirar o cateter, a bacteriúria desaparece. Tratamento: Cefalosporina de 3° geração (exceto no HUCFF) com aminoglicosídeo por 14 dias nas pielonefrites Cefazolina ou cotrimoxazol ou norfloxacina por 10 a 14 dias Seis semanas nas prostatites Adicionar ceftazidima, fluoroquinoona ou aztreonam na infecção por P. Aeroginosa. Outras complicações do cateterismo vesical: Precipitação de cristais (especialmente na infecção por P. Mirabilis) Disfunção renal e hidronefrose Uretrites, fístula uretral, abscesso escrotal, orquites, epididimites, prostatites e abscessos prostático e periuretral Pseudopólipo hemorrágico da bexiga, metaplasia vesical e câncer da bexiga (em cateterismo de anos) Profilaxia: Lavar as mãos antes de qualquer procedimento sobre acesso vesical Uso de luvas de procedimentos Não usar o cateter fora das recomendações e retirar o cateter sempre que for possível (fraldas descartáveis, condom e cateterismos intermitente ou suprapúbico são outras opções) Usar técnicas assépticas de colocação, manipulação e retirada do cateter. Limpeza do meato uretral três vezes ao dia Preferir sistemas fechados de coleta aos abertos Colocar o coletor em posição inferior à bexiga, mas nunca no chão. Descontaminar a flora intestinal do paciente com norfloxacina e anfotericina B Monitorização microbiológica semanal do s pacientes com cateterização prolongada Definição geral de infecção cirúgica: Edema, dor e eritema no sítio de incisão, com drenagem purulenta da incisão; em 4 a 6 dias após o procedimento. Febre e leucocitose podem ocorrer Creptação no local indica infecção por anaeróbios. Celulite, linfadenite, linfangite e abscessos podem ocorrer, assim como gangrena e fasciite necrotizante. Definição de infecção incisional superficial (só a pele ou tecido celular subcutâneo no local de incisão cirúrgica infectados): Drenagem purulenta da incisão superficial Dor ou hipersensibilidade no local, tumefação localizada, eritema e calor local Inflamação mínima com descarga localizada em um único ponto de penetração de sutura não é considerada infecção. Definição de infecção incisional profunda (estruturas profundas da parede, fáscia ou camada muscular infectadas): Drenagem purulenta de origem profunda da incisão que não seja de um órgão ou espaço relacionado ao sítio cirúrgico Febre > 37,8°C, dor ou hipersensibilidade locais Abscesso ou evidência de infecção profunda no local de incisão em exames complementares Denifição de infecção do sítio cirúrgico em órgão ou cavidade (qualquer órgão ou cavidade manipulada na cirurgia infectada): Drenagem purulenta proveniente de um dreno colocado dentro de um órgão ou cavidade Abscesso ou evidência de infecção num órgão ou cavidade em exames complementares Descartar a flora própria que muitos órgãos possuem Tipos de ferida em relação a infecção: Limpa: Feita em cirurgia eletiva, que fecha por primeira intenção, sem evidência de inflamação, sem drenos, sem falha de técnica asséptica e sem penetrar na orofaringe e nos tratos respiratório, digestivo e genitourinario (ex: herniorrafia e safenectomia) Potencialmente contaminada: Feita com penetração na orofaringe e nos tratos respiratório, digestivo e genitourinario, com pequena falha de técnica asséptica e sem evidência de inflamação (ex: gastrectomia) Contaminada: Incisão em feridas com inflamação não purulenta aguda, falha grave de técnica asséptica, truma penetrante há menos de 4 horas, feridas abertas cronicamente e pentração na orofaringe, tratos respiratório, digestivo e genitourinario com fluidos infectados (ex: colecistectomia com inflamação aguda) Infectada: Incisão em feridas com pus, perfuração de vísceras, trauma penetrante há mais de 4horas e ferida traumática com tecido desviltalizado, corpos estranhos ou contaminação fecal (ex: ceco perfurado) Fatores de risco para infecção do sítio cirúrgico: Maior o inóculo de MO no local de operação Imunossupressão (infecções por anaeróbios quase sempre só causam infecção nestes pacientes) Extremos de idade do paciente Pacientes com múltiplas doenças (principalmente diabetes melito descompensado e obesidade) Uso de glicocorticóides Infecções já instaladas no paciente (especialmente no trato urinário e no acesso vascular) Desnutrição (deve sempre corrigir os distúrbios nutricionais do paciente antes de submetê-lo a cirurgia) Raspagem dos pêlos mal-feita ou feita muito antes da cirurgia (o ideal é usar creme depilatório ou tesoura e só cortar logo antes da cirurgia e só cortar as áreas que o cirurgião precisará acessar – mas os cremes depilatórios podem irritar genitália e olhos e retardar a cicatrização) Quaisquer situações de levem a baixa perfusão e oxigenação tecidual (hematócrito abaixo de 15% e outros) Corpos deixados no sítio cirúgicos com drenos, próteses e outros Maior tempo de duração da cirurgia Cuidados que se deve ter para evitar infecção do sítio cirúgico: Deixar o paciente internado só para tratar fatores de risco de infecção e outras causas de mortalidade antes de operá-lo Usar campos cirúrgicos, luvas estéreis, máscaras, gorro e avental Lavar as mãos e braços com degermante antes de operar por 3 a 5 minutos antes da primeira cirurgia e de 2 a 3 minutos nas outras Lavar o local de incisão com gluconato de clorexidina alcólica a 0,5% ou PVPI alcoólico antes de abrir (procurar escolher os antissépticos alcoólicos em vez dos iodados ou aquosos) Lavar abundantemente com soro fisiológico as feridas sujas Só usar instrumentos cirúrgicos estéreis (não usar se a embalagem estiver violada) e descartar se o instrumento tocar em algum objeto contaminado e só operar em salas limpas Fazer antibioticoterapia indicada na indução anestésica (30 min. antes da incisão para todos os antibióticos, exceto vancomicina, que é 1 hora antes) e fazer reforços a cada duas ou três horas de operação Hemostasia perfeita mas mantendo bom aporte sanguíneo para os tecidos, remoção de tecidos desvitalizados e material estranho da ferida, não deixar espaços mortos e fazer suturas sem tensão Manipular delicadamente os tecidos, evitar grande hemorregia e formação de hematomas, retirar qualquer pus por irrigação ou secção Só usar drenos quando indicado e fazê-los num ponto diferente da incisão primária e num sistema fechado e procurar fazer as feridas fecharem por primeira intenção Tratamento das infecções do sítio cirúgico: Antibioticoterapia adequada aos resultados da cultura e do antibiograma Abertura dos pontos da pele, retirada ou drenagem de tecido desvitalizado ou pus Procurar evitar a formação de hérnia incisional Seminário 1: Solicitação e interpretação de exames complementares: Noções iniciais sobre testes diagnósticos: A diagnose identifica e/ou confirma presença de doença ou situação relacionada a saúde, avalia gravidade do quadro clínico (estima a prognose) e monitora resposta a uma intervenção. Qualquer teste diagnóstico possui alguma margem de erro, que é medida pela sensibilidade e pela especificidade. Teste positivo Teste negativo Doença presente Verdadeiros positivos (A) Falsos negativos (C) Doença ausente Falsos positivos (B) Verdadeiros negativos (D) Sensibilidade é a razão entre os verdadeiros positivos (A) e todos com doença presente (A + C). Especificidade é a razão entre os verdeiros negativos (D) e todos com doença ausente (B + D). Testes sensíveis são úteis em doenças graves, que ameaçam a vida e doenças em sua fase inicial (seu resultado negativo é mais útil por afastar a doença, especialmente se há pouco risco da mesma). Testes específicos são úteis quando o falso positivo ou a intervenção são muito lesivos e para confirmar diagnoses de doenças (seu resultado positivo é mais útil por comfirmar a doença, especialmente se há muito risco da mesma). Valor preditivo positivo é a razão entre os verdadeiros positivos (A) e os considerados positivos pelo teste (A + B) [probabilidade de ter a doença com este resultado]. Valor preditivo negativo é a razão entre os verdadeiros negativos (D) e os considerados negativos pelo teste (C + D) [probabilidade de não ter a doença com este resultado]. Os valores preditivos de um teste depende da sensibilidade e especificidade do mesmo e da prevalência da doença na população. O valor preditivo positivo depende mais da especificidade do que da sensibilidade e melhora quanto mais freqüente a doença. O valor preditivo negativo depende mais da sensibilidade do que da especificidade e melhora quanto menos freqüente a doença. Exames complementares são mais úteis em doenças com prevalência intermediária. Cuidados gerais para coleta e manuseio de material MO: Obter o material antes de iniciar ou modificar o regime antibiótico, para não alterar os resultados Reduzir a contaminação da amostra por microbiota residente (coleta de material por aspiração percutânea reduz este risco). No caso de amostra de sangue, a contaminação por microbiota da pele sempre é um risco a ser levado em conta. Os frascos que coletarão o material devem ser limpos e estéreis, mas sem antibióticos e desinfectantes. Lidocaína, anestésico, também pode servir como antimicrobiano e “swab” de algodão atende menos a este quesito do que aspiração por seringa ou catéteres. Coleta de seres anaeróbios precisa de seringas sem ar dentro e sistemas sem oxigênio para transporte. É preferível coletar a amostra quando for possível levar o mais rápido o material para análise. Todo material deve ser identificado, ter data e hora da coleta, local de coleta e suspeita diagnóstica escritos para diminuir o risco de erros e má-interpretação. Sangue colhido de catéteres intravasculares deve ser identificado como tal. Exames diretos com e sem colorações: São rápidos, diretos e com menos restrições do que outros exames. Úteis quando os MO que se quer encontrar demoram muito para crescer em cultura (micobactérias e fungos) ou não crescem (malária e outros protozoários). Coloração a fresco: A amostra é misturada com solução salina, colocada numa lâmina e vista num microscópio óptico com luz. A lâmina preparada deve ser vista o mais rápido possível, pois ressecamento e frio torna os MO imóveis e mais difíceis de serem reconhecidos (especialmente tricomonas). Para se ver fungos, deve-se acrescentar hidróxido de potássio a 10% por 10 a 15 minutos e secar antes de se ver. Coloração de Gram: Se baseia no fato de; quando se colore com complexo cristalino violeta-iodina, se descolore e se recolore com safarina; algums MO ficam roxos (retém a violeta-iodina) e outros ficam vermelhos (não retém a violeta iodina e mostram a safarina). Os MO que se colorem de roxo são chamados de gram-positivos e os que colorem de vermelho são chamados de gram-negativos. Primeiro se põe a amostra (líquidos corporais ou escarro visivelmente purulento) numa lâmina como uma linda camada e se seca no ar ou em calor baixo (calor alto produz artefatos). Após esfriar, mergulhar a lâmina em violeta geniciana ou cristal por 10 segundos, enxaguar; mergulhar de novo em iodina gram por mais 10 segundos e enxaguar. Descolorir a lâmina com etanol a 95% ou acetona-etanol 95% 1:1 por 1 a 2 segundos ou até as partes mais finas da lâmina deixarem de estar azuis e se tornarem incolores. Mergulhar a lâmina em safarina por 10 segundos, exxaguar, secar e ver no microscópio óptico. Erros de interpretação decorrerem de descoloração incompleta (MO gram-negativos são vistos com positivos) ou excessiva (MO gram-positivos são vistos como negativos), precipitados de violeta cristal (interpretados como fungos ou cocos gram-positivos) e uso de antibióticos e velhice dos MO (alguns MO gram-positivos são vistos como negativos e vice-versa). Acinetobacter e Bacillus spp. Podem ser ao mesmo tempo gram postitivos e negativos, Haemophilus spp. podem nãs ser vistos por serem MO gram-positivos pequenos e pleomórficos e as diversas espécies de cocos gram-postivos podem se apresentar isoladas, em pares, cordões e em cachos, dificultando a identificação da espécie. Coloração álcool-ácido resistente (Kinyoun ou Ziehl-Nielsen): Se usa carbol-fucsina ou auramina vista com microscópio de luz polarizada. Melhor coloração para ver micobactérias e Nocardia. O exame possui melhor rendimento quando se digere as células e se usa métodos para reduzir a competição microorgânica. Coloração de Giemsa e Wright: Detecta malária, babesiose, herpes simplex, varicela-zoster, Toxoplasma gondii, Histoplasma capsulatum, Pneumocystis carinii e outros fungos e bactérias. Plaquetas em cima de hemácias podem ser confundidas como parasitas intracelulares e azul de metileno e coloração de papanicolaou podem ver melhor as alterações nucleares do que esta coloração. Outras colorações: Coloração de tinta da Índia: Adequada para pesquisar Criptococcus neoformans. O halo claro que cobre o fungo pode ser confundido com células mononucleares, especialemtne linfócitos. Colorações com prata (detecta Treponema pallidum, P. Carinii, Legionella spp., Bartonella henselae, rikétsia e fungos) Ácido periódico-Schiff (PAS): Identifica fungos Branco calcoflúor: identifica fungos, alguns protozoários e P. Carinii Laranja acridina: Coloração fluocromada de DNA, consegue identificar MO danificados por antibióticos Técnicas de cultura de material: Deve-se colher amostras de 10 a 20 mL no total em adultos e 1 a 5 mL para crianças (divididos em três coletas em lugares diferentes com 20 minutos ou mais de intervalo entre elas) para se consederar o material aceitável. Diluição 1:5 ou 1:10 aumenta o rendimento da amostra por diluir antimicrobianos naturais sanguíneos e artificiais da amostra. Em média, em 48 horas as culturas positvas já são detectadas; mas se espera 5 dias para se dar a diagnose exata. Outros organismos crescem mais lentamente e precisam de mais tempo. Brucelose, tularemia, leptospirose, infecções fúngicas sistêmicas, Bartonella henselae e Mycobacterium avium precisam de meios especiais para crescerem. Na cultura de material de catéteres intravenosos, só se considera bacteremia por infecção do mesmo e não contaminação externa o crescimento de 15 ou mais colônias na placa. Os melhores locais de colher amostras de MO anaeróbicos são fluidos corporais normalmente estéreis (sangue, bile e líquidos cavitários fisiológicos) material de cirurgias não-contaminadas ou infectadas, abscessos, feridas profundas, aspirados transtraqueal, pulmonar percutâneo e vesical suprepúbica e culdocentese. Ao colher material anaeróbio, deve transportar em seringas sem ar ou em depósitos sem oxigênio. Sempre deve-se fazer coloração de Gram deste material, pois trabalhar com material anaeróbico demora um certo tempo. Anaeróbicos devem ser considerados quando organismos vistos na coloração não crescem nas culturas. Nas culturas virais, o material deve ser obtido até 3 dias após o início dos sintomas, guardados em frascos especiais para vírus (a 4°c por 48 horas e – 70°C por mais tempo). Deve-se informar qual q suspeita clínica, pois cada vírus possui um processamento diferente. As culturas virais precisam de células para se multiplicar. As clamídias, embora não sejam vírus, também precisam de células para se multiplicar em culturas. Para serem detectadas, precisa-se de coloração com iodina ou Giemsa ou anticorpos fluorescentes. Deve-se usar grandes quantidades de material para se identificar micobactérias em cultura. Não usar frascos cobertos com cera, pois estas bactérias se aderem neste material. Por serem material altamente infectante, identificar como tal e evitar fazer aerosóis durante a coleta e manuseio com esta amostra. Interpretação dos resultados de cultura: Contaminação é a introdução de MO que não estão causando infecção no paciente nos materiais de análise, havendo resultados errôneos. Colonização é presença de MO em um local do organismo, mas não causa infecção (não há inflamação nem destruição de tecido). O quadro clínico do paciente, o local colhido, a forma de coletar e quantidade de MO que cresceu na cultura são dados que indicam se os dados obtidos são confiáveis ou não. Os fatores que induzem a erros na cultura são diagnose clínica incorreta (não se faz o preparo adequado da cultura por se confundir o agente causador), contaminação da amostra, má- interpretação da coloração de Gram (artefatos são interpretados como MO), coleta e/ou transporte incorreto e/ou demorado (supercrescimento da flora normal e morte de MO exigentes) e uso anterior de antimicrobianos). Identificação preliminar de bactérias: Cocos gram posititvos: Hemólise beta no agar-sangue: Halo claro e sem cor em torno das colônias (hemólise completa) – indica S. pyogenes, S. agalactiae e outros Hemólise alfa no agar-sangue: Halo verde em torno das colônias (hemólise incompleta) – indica S. pneumoniae (pneumococos) e as variedades de estreptococos viridans Hemólise gama no agar sangue: Sem halo em torno das colônias (sem hemólise) – indica espécies de enterococos e outros estreptococos do grupo D de Lancefield Teste da catalase: Diferencia estreptococos (catalase negativos) de estafilococos (catalase positivos) Teste da coagulase: Diferencia Staphylococcus aureus (coagulase positivo) de outros estafilococos como S. epidermitis e S. saprophyticus (coagulase negativos). Coagulase é uma enzima que coagula plasma de coelho. Bacilos gram-negativos: Teste da lactose: Diferencia E. coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp. e Citrobacter spp. (fermentadores de lactose) de Proteus spp., Serratia spp., Salmonella spp., Shigella spp., Pseudomonas spp. e outros (não-fermentadores de catalase), mas algumas cepas de cada tipo podem ser do outro. Teste da oxidase: Diferencia Pseudomonas spp. (oxidase positivo) de enterobactérias (oxidase negativos) Métodos que detectam antígenos microbianos: Aglutinação no látex é um método rápido (10 a 15 minutos), facíl de fazer, mas são difíceis de interpretar. Imunofluorescência e colorações imunocitoquímicas são úteis para detectar e localizar infecções virais pelo corpo, assim como C. trachomatis, T. Pallidum, Bordetella pertusis e Legionella spp. ELISA (ensaio imunosorvente ligado à enzima) podem ser complexos mas alguns “kits” simples se tornaram disponíveis. Anticorpos mono e policlonais: Captam com boa eficiência, mas tendem a ser específicos demais. Todos estes métodos não são tão sensíveis nem específicos como as culturas, mas são mais rápidos e baratos do que as mesmas. Métodos que identificam ácidos nucleicos do MO: Hibridização in situ, Northern blot e Southern blot: Se baseiam em fitas de DNA ou RNA com um marcador para identificar uma seqüência complementar, a do MO. Este método pode ser usado em qualquer MO. PCR e rtPCR: Amplificam em laboratório o material genérico do MO para tormar mais facilita sua identificação, aumentando enormemente a sensibilidade. Mas essa extrema sensibilidade pode gerar falsos positivos por mínimas contaminações do material. Métodos que detectam anticorpos humanos contra antígenos dos MO: São úteis quando não se consegue obter os MO para análise ou quando não há os métodos de análise direta de certos MO. Mas os resultados demoram, sendo muitas vezes retrospectivos e devendo-se fazer decisões terapêuticas antes de se saber o resultado. Se deve colher o sangue sem anticoagulantes e guardá-lo no frio por 2 a 3 dias ou a –20° por mais tempo. A diagnose de uma infecção aguda é feita comparando o plasma do início dos sintomas e da convalescência (10 dias a 4 semanas após o início dos sintomas). Se percebe a transição de um plasma soro-negativo para um soro-positivo nesta caso, ao serem analisados simultaneamente. O uso isolado do plasma agudo ou da convalescência pode ser usado em algumas infecções. Uma medição única pode ser usada para se saber o estado imune de um paciente em relação a um MO. Exames complementares usados no tratamento do paciente: Teste do disco de difusão de Kirby-Bauer: Exame fácil, rápido e usado como primeira linha para investigar resistência a antimicrobianos Discos de papel com quantidades conhecidas de antimicrobianos são postas em uma placa de agar inoculada com um determinado MO. Os antimicrobianos se difundem pela cultura e impedem o crescimento dos MO sensíveis a eles. Quanto maior o halo formado, mais sensiveis o MO é ao dado antimicrobiano. Este método só é util em MO que cresçam rápido em cultura (micobactérias e fungos não podem ser testados), não sejam exigentes (anaeróbios não podem ser testados) e possuam sensibilidade imprevisível aos antimicrobianos. Alguns MO precisam de técnicas especiais para se fazer este teste. Os MO são divididos em relação ao antimicrobiano em três categorias: Sensíveis, Resistentes e Intermediários (sensíveis se doses maiores do antimicrobiano forem usadas). Nem sempre um MO sensível na placa o será no corpo (Salmonella typhi com aminoglicosídeos e esterococos com cafalosporinas), certos antimicrobianos não podem ser testados (mandelato de metenamina e polimixinas), testes na urina podem não funcionar pelo poder da urina concentrar antimicrobianos e só bacteriostáticos podem ser testados. Testes de sensibilidade por diluição: Único teste que pode informar a concentração bactericida mínima (menor concentração de um antimicrobiano que mata 99,9% dos MO inculados) e a concentração inibitória mínima (menor concentração de um antimicrobiano que evita a crescimento visível do MO inoculado) de um antimicrobiano, expressos em g de antimicrobiano/mL. Mas são testes mais caros e mais difíceis de serem interpretados e padronizados. Se baseia na inoculação do MO em tubos com diferentes concentrações de um antimicrobiano e espera para ver em quais tubos houve 99,95 de morte do inoculado (CBM) e em quais não houve crescimento visível do inoculado (CIM). Se usa o teste por diluição quando o teste de placa não for confiável por suas limitações, a infecção não regride apesar de um resultado favorável no disco e o antibiótico usado para tratar uma infecção grave é intermediário no teste de placa. Outros usos são MO com sensibilidade imprevisível a um antimicrobiano causa uma infecção letal, só poucos e tóxicos antimicrobianos podem combater uma dada infecção grave e para se saber a dose mínima de antimicrobiano a ser usada na endocardite. Métodos de gradientes de concentração de antimicrobianos: São fitas com concentrações variáveis de antimicrobianos postas em um meio inoculado. Na altura da fita em que não há crescimento é a CIM. Porém ainda é mais caro do que os outros testes. Teste bactericida sérico: Verifica o poder bactericida do soro por diluí-lo e ver qual a maior diliução que ainda consegue matar 99,9% do inoculado. Consegue avaliar a imunocompetência de um paciente em relação a um MO. Dosagem dos níveis séricos de antimicrobianos: Devem ser colhidos os níveis máximos (0,5 hora após dose venosa, 1 hora após dose muscular e 1 a 2 horas após dose oral, sendo estes valores atrasados em 2 a 4 horas na insuficiência renal) e mínimos (logo antes da próxima dose) para se avaliar. O processamento deve ser rápido e deve-se escrever qual antimicrobiano que se quer testar e se há outras drogas que possam interferir no processo. Útil para saber se o antimicrobiano antige in vivo as doses de CIM e CBM para combater um MO e reduzir a chance de haver efeitos colaterais por se reduzir os níveis séricos do mesmo. Seminário 2: Estreptococcias: Caracterização dos estreptococos: Bactérias ovóides ou esféricas que crescem em pares ou cadeias de variados tamanhos Gram-positivos, catalase neagativos, imóveis, não formam esporos e são exigentes em relação ao meio de cultura Classificação imunológica dos estreptococos de Lancefield: A: Causam faringites, tonsilites, otites médias, sinusites, febre escarlatina, erisipela, celulite, impetigo, penumonia, endometrite e sepse. B: Causam corioamniodites, sepses puerperal e neonatal, meningite e sepse em pessoas não-gravidas C: Causam infecções respiratórias superiores D: Causam infecções digestivas, endocardite e infecções de feridas G: Causam infecções respiratórias superiores, celulite, sepse e infecções de tecidos profundos Caracterização do Streptococcus pyogenes: Estreptococo de 0,6 a 1,0 m de diâmetro Forma pares ou pequenas cadeias na cultura de agar, com padrão de hemólise beta e longas cadeias na cultura de caldo Geralmente precisam de soro ou sangue para crescerem, são anaeróbios facultativos e do grupo A de Lancefield Secretam uma endotoxina, que é responsável pelos pontos vermelhos na febre escarlatina. Faringite estreptocócica: Infecção bacteriana mais comum na infância e a mais freqüente causa de faringite bacteriana, mas estreptococos do grupos C e G também podem causar. Idade de 5 a 15 anos (primeiros anos escolares), estada em centros militares, frio e outras condições de aglomeração são fatores de risco – transmissão por gotículas de saliva ou muco nasal de pessoa a pessoa Cursa abruptamente com dor faríngea; mal-estar; febre acima de 39°C; cefaléia; rubor e edema e inchaço linfóide na faringe; tonsilas aumentadas, hiperêmicas e com exsudato cinza-branco (50% dos pacientes); linfonodos aumentados e emborrachados noa ângulos das mandíbulas. Em crianças pode haver náuseas, vômitos, rinorréia, febre, dor abdonimal e compleções supurativas em um processo mais arrastado. Há leucocitose > 12000 células mm3 com predonímio de polimorfonucleares e aumento da proteína C. A presença isolada de coriza, tosse, rouquidão ou conjuntivite não indica infecção estreptocócica. A febre cede em 3 a 5 dias e o resto dos sintomas em 1 semana. As principais complicações são abscesso e/ou celulite tonsilares, sinusite e otite média por extensão local, assim como linfadenite cervical, mastoidite, meningite, abscesso cerebral e trombose das veias intracranianas. Por disseminação ssitêmicas, pode ocorrer artrite séptica, endocardite, febre reumática, osteomielite e abscesso hepático. Febre escarlate: Acompanha infecções estreptocócicas em qualquer local do corpo e pode ser diferenciada dos exantemas virais, erupções por drogas, doença de Kawasaki e da síndrome do choque tóxico estafilocócico. A vermelhidão aparece no 2° dia pela pele, exceto nas palmas e plantas, com pontos mais vermelhos que somem ao serem pressionados e linhas vermelhas nas dobras cutâneas (linhas de Pastia). A vermelhidão também encobre o rosto, a língua e o palato como pontos. A língua fica com uma capa branca-amarela e depois se torna vermelha-viva. Também há anidrose, petéquias, eosinofilia e o teste de fragilidade capilar positivo. A vermelhidão facial regride em uma semana e nos outros lugares, em algumas semanas antes de descamar. Exames complementares e diagnose diferencial: Corynebactérium diphtheriae (difteria), Neisseria spp., Mycoplasma pneumoniae, Arconobacteruim e Yersínia enterocolitica são outras bactérias que podem causar quadro semelhante, por isso é importante colher material para cultura. Sempre se lembrar que os vírus (mononucloese infecciosa, adenovírus, herpes simplex 1 e 2, inflenza, parainfluenza e HIV) são as causas mais freqüentes de faringite aguda. A cultura deste estreptococos é mais positiva se o paciente apresentar exsudato tonsilar e linfonodomegalia no ângulo da mandíbula. A cultura de material faríngeo se colhe com passagem do “swab” pelas tonsilas, fossa tonsilar, orofaringe, nasofaringe posterior e úvula e evitar língua e mucosa oral. Tratamento: O tratamento antibiótico procura reduzir o tempo de doença e diminuir a chance de haver febre reumática e outras complicações. Amoxicilina, cefalosporinas orais (cefuroxima, cefixima e cefpodoxima por 5 dias) e azitromicina por 5 dias podem ser usadas em vez do esquema tradicional. As extensões supurativas para mastóide, etmóide, abscessos e grande extensão para tecidos moles, deve-se fazer penincilina endovenosa e drenagem dos mesmos. Esquema tradicional na faringite estreptocócica: Droga Dose Penincilina G 600.000 UI se paciente < 27 Kg e benzatina 1,2 milhão UI se > 27 Kg Peniniclina V 250 mg em crianças e 500 mg adultos, 2 a 3 vezes ao dia Eritromicina 20 a 40 mg/Kg/dia (estolato) e 40 (Alergia a B- mg/Kg/dia (etilsuccinato), 2 a 4 lactâmicos) vezes ao dia (máximo 1g/dia) Administração Intramuscular única dose Via oral por 10 dias Pioderma estreptocócico ou impetigo: Infecção purulenta cutânea por estreptococos do grupo A, mas estreptococos do grupos C e G também podem causar. Climas quentes e pobreza parecem ser fatores de risco (por diminuição da higiene cutânea), assim como crianças de 2 a 5 anos. Primeiro precisa haver infestação da pele pelo estreptococo e depois há doença pela entrada da bactérias por microtraumas cutâneos (abrasões, picadas de inseto e ácaros e outros). No fim, pode haver colonização das vias respiratórias superiores. Os estafilococos que causam faringite raramente causam impetigo e vice versa. Cursa com papulas que viram vesículas evanescentes com área de eritema em torno, que viram pústulas crescentes que formam crostas em 4 a 6 dias e depois áreas despigmentadas. Ocorre mais em áreas mais espostas do corpo, especialmente nos MMII, múltiplas e localizadas. Ectima é a forma de úlceras profundas do impetigo. Pode ocorrer linfadenite regional. Algumas vezes S. aureus pode causar impetigo, na sua forma bolhosa ou geral quadro clínico bem semelhante a forma estreptocócica. Tratamento e complicações: Podem ser usados cloxacina, cefalexina, cefadroxil e cefaclor, talvez eritromicina, por 10 dias. Ungüento de mupirocina também debela a infecção. Boa higiene cutânea, com uso de sabão e água, previne novas infecções. As principais complicações são sepse e glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica. Erisipela: Inflamação aguda de pele que envolve os vasos linfáticos cutâneos e também estafilococos do grupos C e G podem estar envolvidos além do grupo A. Acomete a face quando precedido por faringite estreptocócica e o tronco e extremidades quando precedido por feridas ou incisões cirúgicas. Cursa com febre, calafrios, eritema inchado com margens vermelhas separando-o bem do tecido normal que se espalha e cria grande edema (no rosto chega a fechar os olhos). Penincilina é o tratamento de escolha. Celulite estreptocócica: Inflamação aguda e expansiva da pele e tecidos subcutâneos, após infecção de queimaduras, feridas, insisões cirúrgicas e outros traumas. Associado a injeções intravenosas, insuficiência linfática (filariose, dissecção de nodos axilares em mastectomias) e venosa (safenectomia e tinea pedis) e infecções de tecidos profundos, como tromboflebite séptica, artrite supurativa, osteomielite e endocardite Cursa com dor, eritema e inchaço locais, febre, mal-estar, calafrios, linfangite e bacteremia. Difere da erisipela por a lesão não ser tão elevada e a distinsão menor entre a pele acometida e a nãoacometida. Em crianças, é comum a região peri-anal ser acometida. Além dos estreptococs, estafilococos e outros podem causar celulite. Se pode tratar com penincilina muscular ou venosa, mas sempre a chance de haver estafilococs envolvidos pede o uso de penincilinas resistentes a penincilinase e cefalosporinas de primeira geração ou vancomicina na alergia a penincilina. Fasciite necrotizante: Infecção do tecido subcutâneo profundo e fáscia, havendo necrose e gangrena nas estruturas acometidas e a pele rapida e alastrantemente. Cursa com eritema que surge em área de trauma ou de incisão cirúrgical, mas evolui em 24 a 72 horas para inflamação exuberante, pele escura ou roxa com equimoses bolhas com líquido amarelo ou sanguinolento em 2 a 3 dias e destruição franca de tecido em 4 a 5 dias; febre alta e prostação. A fasciite necrotisante na genitálica masculina é chamada de síndrome de Fournier. Tromboflebite é a principal diagnose diferencial e a biópsia de material congelado pode ajudar na diagnose. Síndrome do choque tóxico estreptocócico: Infecção estreptocócica associada a choque séptico e insuficiência orgânica. Ocorre mais em unidades de saúde, mas há transmissão de pessoa a pessoa. As fontes mais comuns desta infecção são faringe, pele ou vagina (50% dos casos), lipectomia de suscção, histerectomia, parto vaginal, buniectomia, redução de mamas, herniorrafia, parafosos ósseos e vasectomia. Cursa com pródomo de influenza (fever, calafrios, mialgias, náuseas, vômitos e diarréia) e hipotensão 24 a 488 horas depois ou dor crescente antes de haver fasciite necrotizante, infecções puerperais, peritonite e artrite séptica. Depois há taquicardia, taquipnéia, fevre persistente. Por último há o choque e insuficiência orgânica. Há creatinina elevada mais de 2 vezes do normal, fosfocinase elevada, leucocitose com desvio a esquerda, albumina e cálcio diminuídos e trombocitopenia. Deve-se retirar cirurgicamente todo o tecido necrótico , reverter agressivante o choque com cristalóides, albumina, vasopressores, antibioticoterapia ampla e reduzir para altas doses de penincina ou clindamicina quando se confirmar a etiologia estreptocócica e podese usar gama-globulina intravenosa. Caracterização do Streptococcus agalactiae: Facultativos e pertencem ao grupo B de Lancefield Formam diplococos, são menos exigentes do que o resto do gênero e resistem a bacitracina e ao sulfametoxazol e trimetroprina. Maior causa de septicemia e meningite em crianças menores de 3 meses, infecções puerperais (15 a 25% das febre periparto). Colonização assintomática: Encontrado no trato digestivo baixo de 5 a 40% das mulheres e em 5% da orofaringe. Diabetes mellitus, pobreza, nuliparidade, uso de DIU são fatores de risco. Imunossupressão de qualquer natureza também aumenta a chance de ser colonizado por estes MO. Grande causa de bacteriúria assintomática. Em 50% dos partos vaginais, a flora da mãe passa para o recém-nascido ou este recebe tais estreptococos se a higiene do berçário não for adequada. Em parturiente com alta carga bacteriana, ruptura da membrana aminiótica antes de 37 semanas de gestação ou 18 horas antes do parto, parto antes de 37 semanas de gestação, febre > 38°C no parto ou amniodite, há risco aumentado de haver infecção de início precoce no lactente (em menos de 7 dias de vida). Infecção neonatal de início precoce: Ocorre em menos de 7 dias de vida, geralmente na 12° hora de vida. Cursa com complicações obstétricas na mãe (50 a 60%), prematuridade, sepse – letargia, recusa ao alimento, icterícia, temperatura corporal anormal, respiração ruidosa, palidez e hipotensão (60%), pneumonia – apnéia, respiração ruidosa, taquipnéia e cianose (30%) e meningite – 50% de abalos (10%). Infecção neonatal de início tardio: Ocorre entre 7 dias e 3 meses de vida, geralmente na 25° hora de vida. Cursa com bacteremia, meningite – letargia, recusa ao alimento, irritabilidade, febre > 38°C, abalos, choque séptico, neutropenia e 50% ficam com seqüelas neurológicas; osteomielite – febre em 20% dos pacientes e diminuição do movimento no úmero proximal e outros ossos, artrite séptica e outras infecções. Quando ocorre após os três meses, doenças cardíacas congênitas e causas de imunodeficiência estão comumente associadas. Fatores de risco envolvidos na infecção em adultos: Diabetes mellitus Doença hepática e/ou etilismo Deficiência neurológica Tumores malignos Insuficiência orgânica ou alguma doença em algum sistema Infecção pelo HIV Infecção relacionada oa cateter intravenoso Uso de esteróides Hipertensão Esplenectomia cirúrgica ou funcional Infecção em parturientes: Pode ocorrer em 48 após parto, com endometrite – febre, calafrios, massa inflamatória uterina e abscesso pélvico, choque séptico e tromboflebite séptica em 2% e infecção de feridas, associados ao parto cesáreo Endocardite: Doença cardíaca reumática e outras doenças cardíacas, uso de drogas injetáveis (mais na valva tricúspide) e de próteses intravasculares, pacientes em hemodiálise, infecção hospitalar e esclerose ou regurgitação valvares são fatores de risco Cursa com sopro cardíaco ou modificação de um já existente, petéquias cutâneas e conjuntivais e nódulos de Osler. S. aureus também pode ser um agente causador, além dos estreptococos do grupo B. Ultimamente outras bactérias também foram apontadas como agentes etiológicos (HACEK, Haemophilus spp., Actinobacillus actimomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens, P. aeroginosa e Kingella kingae). Cursa mais nas valvas bicúspide (48%), aórtica (29%), bicúspide e aórtica (10%) e tricúspide 5%), após episódio de bacteremia em condições de má higiene dental (marcar, limpar os dentes, procedimentos dentários). Outras infecções no adulto: Pneumonia Infecção urinária Artrite séptica (febre e dor monoarticular e no joelho, quadril e ombro) e osteomielite – diabetes, osteoartrite e próteses são fatores de risco Celulite, úlceras pédicas e de decúbito, abscessos (46%), piomiosite, dactilite e fasciite necrotisante em 1/3 dos pacientes – requerem drenagem a antibioticoterapia parenteral Meningite que causa surdez em 75 dos sobreviventes Ceratite, endoftalmite e outras infecções Exames complementares: Se deve colher material apenas de locais estéreis ou supurações focais para cultura Testes com pesquisa de antígeno não escluem infecção estreptocócica B em grávidas Tratamento: Pode-se usar teicoplanina, cafalosporinas de até 3° geração (exceto cefoxitina), meropeném, imipeném, ciprofloxacina e rifanpsina, além do esquema recomendado. Esquemas tradicionais nas infecções estreptocócicas do grupo B: Diagnose Dose na criança Bacteremia e infecção dos tecidos moles Meningite Osteomielite Ampicilina (150mg/Kg/dia) com aminoglicosídeo primeiro e depois penincilina G (200.000 UI/KG/dia) Ampicilina (300 a 400mg/KG/dia) com gentamicina primeiro e depois penincilina G (500.000 UI/Kg/dia) Penincilina G (200.000UI/Kg/dia) Endocardite Penincilina G (400.000UI/KG/dia) Quimioprofilaxia no parto: Indicado nas parturientes com alta carga bacteriana Altas doses intravenosas de penincilina G ( 5 milhões de UI de ataque e 2,5 milhões a cada 4 horas antes do parto) ou ampicilina (2 g de ataque e 1 g a cada 4 horas antes do parto) ou clindamicina (900 mg a cada 8 horas), quando começar o trabalho de parto. Caso clínico 2: Linfoadenomegalias: Podem agudas (duram menos de 6 semanas) ou crônicas, localizadas (só acomette um grupo de gânglios linfáticos) ou generalizadas. Causas mais prováveis de acordo com o tipo de linfonodomegalia: Linfonodomegalia localizada aguda: Adenite piogênica cervical Adenite satélite Difteria Doença da arranhadura do gato Linfonodomegalia localizada crônica: Adenite tuberculose Paracoccidioidomicose Micobacterioses atípicas Linfadenomegalias generalizadas agudas: Mononucleose infecciosa Dose no adulto Penincilina G (10 a 12 milhões UI/dia) Penincilina G (20 a 30 milhões UI/dia) Penincilina G (10 a 20 milhões UI/dia) Penincilina G (20 a 30 milhões UI/dia) Alternativa na alergia à penincilina Vancomicina Duração do tratamento 10 dias Vancomicina 14 a 21 dias Vancomicina 3 a 4 semanas Vancomicina com aminoglicosídeo 6 a 8 semanas Toxoplasmose Citomegalovirose Rubéola Doença de Chagas aguda Tuberculose miliar Sífilis congênita ou secundária Listeriose Filariose Infecção aguda pelo HIV Linfadenomegalia generalizada crônica: SIDA Tuberculose disseminada Paracoccidioidomicose Histoplasmose Calazar Micobacteriose Causas mais prováveis de um linfonodomegalia de acordo com um sinal acompanhante: Dor calor e rubor no linfobodo: Adenite piogênica Gânglios móveis, pouco dolorosos e elásticos: Viroses sistêmicas, ARJ, toxoplasmose, sífilis, DK, doença de Chagas, listeriose, LES, histoplasmose, calazar e leucoses Edema periganglionar: Difteria Fístula no linfonodo: Adenite piogênica, tuberculose e paracoccidioidomicose Consistência aumentada e aderência a planos profundos: Linfoma, metástases e leucoses Conglomerados de gânglios: Linfoma tuberculose, paracoccidioidomicose e metástases Exantema maculopapular: rubéola, síndormes da mononucleose, ARJ, DK, LES e farmacodermia Examtema petequial: Enteroviroses, leucoses e farmacodermia Linfangite: Adenite satélite e filariose Angina pseudomemebranosa: Difteria e símdromes da mononucleose Esplenomegalia leve ou moderada que dura menos de 6 semanas: Síndrome de mononucleose, doença de Chagas aguda, sífilis, listeriose e leucemia Esplenomegalia leve ou moderada que dura mais de 6 semanas: SIDA, ARJ, calazar, tuberculose, LES, leucoses agudas e parqacoccidioidomicose Esplenomegalia volumosa e crônica: Calazar, histoplasmose disseminanda, linfomas, doenças do depósito, histiocitose e leucoses crônicas Mononucleose infecciosa: Causada pelo vírus Epstein-Barr ou herpesvírus humano 4 (DNA vírus da superfamília gama-herpes-vírus). Este vírus tamém causa o linfoma de Burkitt, doença de Hodgkin, carcinoma nasofaríngeo, doença linfoproliferativa pós-transplante, carcinoma gástrico, e leucoplasia oral-capilar na SIDA. O período de incubação é de 30 a 50 dias e a transmissão é feita por contato íntimo por gotículas de saliva. Cursa com febre prolongada (10 a 14 com 38°C), dor faríngea, linfoadenopatia cervical posterior e anterior (80 a 90%), hepatomegalia (25% e 80% de função hepática anormal e 5% de icterícia), esplenomegalia, vermelhidão variável (5 a 10%), malestar, cefaléia, mialgias, sudorese e anorexia. Há leucocitose (12000 a 20000 cél./mm3) com neutropenia, granulocitopenia e linfocitose com 60 a 70% monócitos e linfócitos e 10 a 20% são linfócitos atípicos (mas também são achados na citomegalovirose, hepatites virais, toxoplasmose, rubéola, sarampo, roséola e reação a drogas). Também há trombocitopenia. Diferenciar de outras infecções respiratórias superiores, otite média, faringite e gastroenterites. Também diferenciar de citomegalovirose, síndrome aguda retro viral do HIV-1, toxoplasmose, faringite estreptocócica, hepatite A, rubéola, herpesvírus 6, adenovírus, doença da arranhadura do gato e outros. Os exames complementares que se usa na mononucleose infecciosa são anticorpos heterófilos (aglutininas de hemácias de cavalo e/ou ovelha) e hemolisina de miócito bovino – mas dá falsos negativos em crianças menores de 4 anos e falsos positivos no linfoma, hepatite e outras viroses) e pesquisa de IgM para o capsídeo viral. O tratamento é sintomático e só se usa corticóides e ganciclovir ou cidofovir nas complicações. As complicações são anemia hemolitica autoimune, trombocitopenia grave, encefalite (metamorfopsia) e miocardite. Também deve-se evitar a ruptura esplênica. Não doar sangue ou tecidos durante a infecção aguda. Caso clínico 3: Trauma infectado e suas complicações: Caracterização do trauma animal: 32% em crianças e 21,2% em adolescentes 61% em homens Mordeduras e arranhaduras em 83% e lambeduras e contatos indiretos em 14,5% 65% dos casos ocorrem em MMII e mãos Composição microbiana dos traumas animais: Mordedura canina: Estreptococs alfa-hemolíticos, Pausterella multocida (30%), Staphylococcus aureus (30%), Eikenella corrodens, Capnocytoophaaga canimorsus e bacilos gramnegativos Mordedura e arranhaduras felinas: P. multocida (80%) Mordedura humana: Streptococcus viridans, S. aureus (40%), E. corrodens (30%) e anaeróbios Características dos traumas animais: Mordedura canina: Atingem mais cabeça, pescoço e tronco e mais em crianças, podendo haver hemorragias graves Mordedura e arranhadura felinas: Lesões profundas e puntiformes, podendo penetrar em ossos e articulações e causando infecções graves nestes locais Mordedura humana oclusional simples: São mais perigosas quanbdo atingem as mãos Lesões de punho cerrado: Quando alguém dá um soco na boca de outra pessoa, a mão que socou pode ser ferida e infectada pelos dentes da pessoa que levou o soco, sendo grave pois atingiu a mão, podendo haver lesão de tendões e ossos Fatores que aumentam o risco dos traumas animais: Lesão nas mãos, pés, couro cabeludo, face e articulações Lesões puntiformes ou com perda de substância Presença de equimoses, hematomas, fraturas e tecido desvitalizado Retardo no tratamento Edema venoso ou linfático no local atingido Próteses no local da lesão Insuficiência vascular Quais causas de imunodeficiência absoluta ou relativa (idade avançada, asplenismo funcional ou anatômico, alccolismo crônico e outros) Abardagem das lesões: Identificar o animal causador e avaliar a possibilidade de raiva, tétano e outras infecções Identificar fatores de risco do paciente e da lesão para infecções Identificar a lesão, a estrutura acometida e a infecção que se desenvolve (celulite, fasciíte, osteomielite, artrite séptica e gangrena) Limpeza abundante da lesão e retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados Profilaxia do tétano e da raiva e antibioticoterapia segundo o animal que causou a lesão Tétano: O Clastridium tetani é bastonete gram-positivo de 4 m de comprimento, não capsulado, anaeróbio obrigatório e forma esporos, com forma similar a uma raquete de tênis ou baqueta de bateria. Produz uma toxina (tetanospasmina) que causa a doença. Os esporos resistem ao calor (121°C por 10 a 15 min.) e a desinfectantes (fenóis), permanescendo viáveis por anos. Locais mais prováveis de se encontrar o bacilo: Areia, terra, galhos, arbustos e águas putrefatas Excrementos de humanos e outros animais Instrumentos de lavoura e material cirúrgico não-esterilizado O bacilo germina em 5 a 15 dias após inoculação e produz a toxina em 6 a 8 horas após germinar. O bacilo só germina em ambientes com bem pouco oxigênio e baixo potencial de oxirredução (ferida com tecidos desvitalizados ou necróticos, corpos estranhos e infecção com outros MO que criem ambientes anaeróbicos). A toxina entra no final dos axônios dos neurônios motores periféricos e é transportada por estes axônios até o axoplasma dos neurônios motores periféricos após 8 horas de se liberar a toxina. A toxina bloqueia a liberação de glicina do retículo endoplasmático destes neurônios, reduzindo a inibição destes neurônios e havendo hiperexcitabilidade dos mesmos. O mesmo pode ocorrer em neurônios pré-ganglionares simpáticos. O período de incubação varia de 3 a 14 dias. Somente níveis > 0,01 UI/mL de imunoglobulina e somente IgG protegem o paciente contra a toxina. Fatores que aumentam a incidência de tétano: Sistema de saúde deficiente Baixo nível sócio-econômico Baixa distribuição de informação sobre a doença Extremos de idade (< 1 ano e > 60 anos de idade) Quaisquer causas de imunossupressão Maior exposição a materiais pérfuros cortantes não-estéreis (pedreiros, carpinteiros, mecânicos e agricultores) Formas de se adquirir a doença Traumatismo agudo com material pérfuro-cortante (70%) Queimaduras, mordidas de humanos e outros animais, cirurgias, partos, abortos e usuários de drgas endovenosas (23%) Úlceras, gangrenas, abscessos, dentes com má higiene, molusco contagioso infectado, tatuagens e “piercing” Quadro clínico da forma localizada do tétano: Paralisia de um grupo muscular (geralmente na cabeça) com pouca hipertonia e pouca extensão a grupos musculares próximos Na cabeça, ocorre paralisia facial, trismos, rigidez de nuca e espasmos locais, hipertonia dos músculos da mímica (pode se causa de otite média aguda por acometimento do 7° par craniano) Quadro clínico da forma neonatal do tétano: Resultado da manipulação do coto umbilical sem condições assépticas Período de incubação de 5 a 13 dias Dificuldade de aleitamento por não conseguir sugar, trismos e impossibilidade de deglutição, hipertonia, opistótono, contraturas generalizadas e distúrbios hidro-eletrolíticos Quadro clínico da forma generalizada do tétano: Hipertonia muscular, abalos e contraturas generalizadas (começa no masseter, gerando trismos, musculatura mímica, gerando riso sardônico, depois atinge musculos do pescoço, gerando dificuldade de mover o pescoço e disfagia, e por último músculos abdominais, lombares, dos membros e paravertebrais, gerando opistótono As contraturas podem ser dolorosas, levando a apnéia e cianose, e podem ser disparadas por estímulos aos órgãos perceptores ou espontaneamente e podem durar 3 a 4 semanas. Disautonomia adrenérgica (hipertensão, taqui ou bradiarritmias, sudorese profusa, hipertermia, vasoconstricção periférica e choque) Principais complicações: Infecções secundárias ao ferimento e a invasão do paciente (febre alta é um indício – pneumonia, infecção urinária, úlceras de decúbito e sepse por acesso vascular profundo) Laringospasmo Insuficiência pré-renal aguda por hipovolemia Fraturas em 78 a 90% (mais comum nas vértebras) Trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar em 14% Úlceras de decúbito, hemorragias pela cânula de traqueostomia e úlceras gástricas de “estresse” Rabdomiólise Diagnoses diferenciais: Lomlalgias e torcicolo Infarto miocárdico Abscessos dentários, envenenamento por estricnina e efeito colateral da fenotiazida e metoclopramida e hipocalemia (causam trismos e outras contraturas musculares) Meningoencefalite e raiva Hipoglicemia e hipoxemia em recém-natos e lactentes Histeria Tratamento inespecífico: Manter o paciente em ambiente sem estímulos, para não desencadear contraturas Manter a via aérea pérvia preferencialmente por traqueostomia (pelas contraturas causando laringoespasmo e secreção abundante no trato respiratório), com ou sem ventilação mecânica Acesso venoso profundo em vez do periférico (as contraturas fazem perder os acessos facilmente) A ferida porta de entrada para o bacilo deve ser lavada, desbridada e explorada para reduzir a chance de haver ambiente anaeróbio para o bacilo se reproduzir (mas só fazer isto após administrar a soro anti-tetânico) Tratamento específico: Antibioticoterapia por 10 dias (a Staphylococcus aureus e o agente mais provável na infecção secundária) Imunoglobulina humana antitetânica 3000 a 6000 UI – intramuscular ou soro antitetânico 10000 a 20000 UI – intravenosa Primeira dose da vacina antitetânica (ATT) ou vacina dupla do adulto (dT) e fazendo as outras doses posteriormente – cada uma dois meses após a outra Benzodiazepínicos (diazepam em bolos de 10 mg e 10 a 20 mg/hora) ou barbitúricos ou prometazina (25 a 50 mg/6h) ou meperidina ou clorpromazina ou curarização com pancurônio ou antracúrio ou alcurônio por 10 dias para reduzir as contraturas Antagonistas alfa e beta adrenérgicos (labetolol 50 a 100 mg/6h) para reduzir a liberação adrenérgica Controle do hipermetabolismo por nutrição enteral com cateter naso ou oro gástrico (também evita úlceras de “stress”) e da desidratação Opções de antibioticoterapia no tétano: Sem infecção secundária: Com infecção secundária: Penincilina cristalina 200000 Amoxicilina com clavulanato 30 a UI/Kg/dia IV 4/4 h (máx. 24 milh.) 50 mg/Kg/dia IV 8/8 h (máx. 3g.) Metronidazol 30 mg/Kg/dia IV 8/8 Cefalotina 50 a 150 mg/Kg/dia IV h (máx. 2,5 g.) 6/6 h (máx. 6 g.) Tetraciclina 30 mg/Kg/dia VO 6/6 Clindamicina 15 a 40 mg/Kg/dia h (máx. 2 g.) IV 6/6 h (máx. 2,7 g.) Tratamento específico do tétano neonatorum: Diazepam 0,5 mg/Kg/dia de ataque com 12 mg/kg/dia VO ou IV com ou sem cloprometazina 0,5 mg/kg de ataque com 1,5 a 2,5 mg/kg 4/4 h VO para as contraturas ou curarização (alcurônio 0,3 mg/Kg de ataque e 0,1 mg/Kg 1/1 h) Soro antitetânico 5000 UI IM ou IV ou imunoglobulina humana antitetânico 500 UI IM Limpeza diária do coto umbilical até cair Penincilina cristalina 25 a 50 mil UI (12/12 h < 1200g e > 1200g e < 2000g de 0 a 7 dias), (8/8h > 1200g e < 2000g de > 7dias e > 2000g de > 7 dias) e (6/6 h > 2000g e > 7dias) se o coto não caiu Medidas de profilaxia: Proteção da pele por roupas e sapatos e boa higiene e assepsia Limpeza dos ferimentos com água e sabão, desbridamento cirúrgico efetivo, com retirada de tecidos desvitalizados e corpos estranhos Boa assistência à gravidez e ao parto Penincilina procaína 600000 UI 24/24h IM ou penincilina VO 250 a 500 mg 6/6 h ou tetraciclina 20 a 40 mg/Kg/dia VO ou eritromicina 20 a 40 mg/Kg/dia VO por 5 a 7 dias quando houver ferimento Soro antitetânico 5000 UI IM ou imunoglobulina antitetânica 250 a 1000 UI IM (no Brasil se vacina na vacina tetravalente [DTP + Hib] aos 2, 4 e 6 meses e reforços a cada 10 anos pela dT do adulto e nas gestantes outras três doses entre o 4° e o 7° meses de gestação) Não se deve vacinar em caso de anafilaxia ou urticária a vacina ou a algum componente da mesma. Se houver reação de Arthus símile (dor que se irradia do local de injeção aos ombors e cotovelos) só vacinar de 10 em 10 anos. Profilaxia antitetânica em caso de ferimento: Histórico de Ferida limpa e/ou vacinação: superficial Incerto ou < 3 doses Somente vacina Dose há > 10 anos Somente vacina Dose > 5 e < 10 a. Somente limpeza Dose < 5 anos Somente limpeza Ferida suja e/ou profunda Vacina e soro Somente vacina Somente vacina Somente limpeza A vacina antitetânica (toxóide tetânico) consiste da toxina tratada com metanal. Raiva: O vírus rábico é uma RNA vírus, da família Rhabdoviridae e do gênero Lyssavirus. A transmissão ocorre por mordedura, arradura e lambedura de mucosas por cães e gatos e causa um encefalomielite aguda com 100% de letalidade. Pode haver conbtaminação por transplante de córnea e morcegos, raposas, coiote, chacal, gato do mato, jaritataca, guaxinim, mangusto e macacos pode também infectar, diretamente ou através de cães e gatos. O período de incubação varia de 2 dias a 1 ano no humano. Este tempo varia por localização e gravidade da lesão, proximidade de troncos nervosos e quantidade de partículas virais inoculadas. O vírus é eliminado na saliva de 2 a 5 dias antes de surgir o quadro clínico até a morte do animal, em 5 a 7 dias após surgir o quadro clínico. Todo caso de raiva humana deve ser contactado às autoridades. Quadro clínico no cão: Período de incubação de 10 dias a 2 meses após ser infectado. Alterações sutis do comportamento, anorexia, esconder-se, desatenção a tudo, febre, dilatação das pupilas, reflexos corneanos lentos e irritação no local da agressão, sialorréia e disfagia Angústia, inquietude, excitação, querer morder tudo, alterações do latido (latido rouco), tendência a fugir de casa, excitação das vias gênito-urinárias e incoordenação motora na forma furiosa Fotofobia, paralisia que se inicia na cabeça e toma todo o corpo, coma e morte na forma muda ou paralítica Cinomose, outras encefalites, helmintíase cerebral, intoxicação por estricnina, atropina, doença de aujeszky, eclâmpsia e ingestão de corpos estranhos são as diagnoses diferenciais. Quadro clínico no gato: Mudança de comportamento e vontade de lamber e arranhar os outros Outras encefalites, intoxicação e TCE são as diagnoses diferenciais. Condução do animal: Levar-lo para exemes complementares em laboratório (pesquisa de anticorpos por soroneutralização em cultura celular, imunofluorescência direta do antígeno e isolamento do vírus) Contactar às autoriades se o animal morrer em 10 dias Caso suspeito é quadro clínico de raiva em um animal e caso confirmado e exames complementares que confirmem o vírus em animais com quadro clínico compatível. Quadro clínico no humano: Pródromos inespecíficos de 2 a 4 dias (mal-estar geral, febre baixa, anorexia, cefaléia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilikdade e sensação de angústia) Hiperestesia e parestesia nos trajetos de nervos próximos à lesão animal e alteração de comportamento Depois, há angústia e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, abalos e convulsões. A hidrofobia é abalos do mm. da língua, faringe e laringe e sialorréia intensa quando o paciente vê ou tenta beber líquidos. Evolui para paralisia, alterações cárdio-rrespiratórias, retenção urinária, constipação, disfagia, aerofobia, hiperosmia, hiperacusia, fotofobia, alucinações e coma. A morte vêm em 5 a 7 após se instalar o quadro clínico. Diagnoses diferenciais: Tétano Pasteureloses por mordedura de gato e cão Herpesvirus simiae (mordedura de macaco) Botulismo Febre por mordida de rato (Sodôku) Febre por arranhadura de gato Tularemia Outras encafalites virais Quadros psiquiátricos Tratamento sintomático (já que não há tratamento específico): Produzir o mínimo de estímulos para o paciente (evitar barulhos, luzes e visitas) Usar proteção individual para evitar contaminação Suporte intensivo (dieta por SNG, hidratação venosa por punção profunda, sonda vesical, sedação e uso de antiarrítmicos, betabloqueadores e antiácidos Confirmação labaratorial: Imunofluorescência direta de saliva, impressão da córnea, raspado lingual, tecido bulbar de folículos pilosos e biópsia de pele da nuca (resultados negativos não excluem a hipótese) Imunofluorescência de IgM no soro, lágrimas e saliva Necrópsia de cérebro e cerebelo (não usar formol na conservação, mas refrigeração ou glicerina com água destilada) Profilaxia: Lavar o local de inoculção (lambida ou mordida) com água corrente ou SF com sabão. Se for mordida, também passar álcool iodado a 1% e fazer a profilaxia do tétano. Não suturar os ferimentos Fazer a vacinação e a soroterapia em inoculação por gatos e cães com quadro clínico ou laboratorial compatível e toda inoculação por animal silvestre (não precisa em caso de ratos e similares, hamsters, porcos-da-Índia e coelhos) Vacinação e soroterapia: A vacina usada no Brasil é vírus inativado, mantido entre +2 e +8°C, aplicado 1mL IM profunda. Fazer a vacina de cultivo celular em caso de alergia grave e comprometimento neurológico pela vacina de vírus inativado Se aplica o soro 40 UI/Kg até 3000 UI IM e em torno da lesão, se o paciente não foi imunizado anteriormente. Em caso de hipersensibilidade, se usa a imunoglobulina humana 20 UI/Kg até 1500 UI IM. Seminário 3: Estafilococcias: Caracterização dos estafilococos: Bactérias gram-positivas (mas podem se apresentar gramnegativas quando são células agonizantes, em fase estacionária ou infectadas por bacteriófagos) de diâmetro de 0,5 a 1,7 m, que se arranjam isoladas, em pares, cadeias curtas ou cachos, acompanhados de muitos polimorfonucleares; exceto em pacientes neutropênicos Catalase positivos e coagulase positivos (S. aureus) ou negativos (outros estafilococos), fermentação de manitol postiva (S. aureus) ou negativas (S. epidermitis) Separação incompleta após divisão celular ocorre em meio sólido comumente e forma colônias B-hemolíticas bem definidas, opacas, amarelo-cremosas a douradas e convexas, com 1 a 3 mm de diâmetro em meios sólidos e se mostram em bege pálido em meios líquidos Os estafilococos são seres muito resistentes, apesar de não formarem esporos, pois são viáveis em material seco por vários meses, ao calor e salinidade. Esta bactéria coloniza pele e mucosas por transferência interpessoal, aerosóis e contato direto. Não consegue atravessar a pele íntegra, mas quando consegue, por feridas ou incisões, gera abscessos de tecido necrótico, fibrina e polimorfonucleados vivos e mortos. Padrões de resistência: Só 20 a 30% dos S. aureus comunitários não produzem Blactamase e são sensíveis a penincilina G. Os resistentes geralmente são sensíveis a outros B-lactâmicos resistentes a Blactamase, mas com maiores níveis de MBC e MIC para estas drogas. A resistência a B-lactamase diminui de meticilina ou nafcilina, oxacilina, cloxacilina, dicloxacilina e penincilina G é a menor. Um estafilococo considerado MRSA deve ter um MIC > 4mg/L para oxacilina ou > 16mg/L para meticilina. Outro critério de resistência é razão MIC/MBC > 1/32, sendo esta razão < 1/4, sensível. 5 a 20% dos S. aureus são resistentes a eritromicina, lincomicina e clindamicina e um pouco menor para ácido fusídico. Tem surgido cepas resistentes a rifampsina, fluoroquinolonas e glicopeptídeos. MIC entre 2 e 8 m/mL para glicopeptídeos indica resistência intermediária. Estas cepas são resistentes a meticilina, mas sensíveis ainda oxazolidionas e quinupristina/dalfopristina. Epidemiologia da infecção estafilocócica por S. aureus: Após nascer o humano, o estafilococo coloniza o coto umbilical, a região perineal, a pele e talvez o trato digestivo, vindos das redondezas. Mais tarde, as narinas são os locais mais comuns de se encontrar estafilococos (20 a 40% das pessoas). Profissionais de saúde estão mais sujeitos a carregaram a bactéria, assim como diabéticos em insulinoterapia, pacientes renais em diálise, pacientes com doenças dermatológicas, usuários de drogas intravenosas e pacientes HIV-positivos. Do nariz, estes estafilococos, vão para a pele e causam infecção se houver solução de continuidade. MRSA são encontrados nos hospitais, especialmente em fômites usados no paciente e em profissionais de saúde. Uso de múltiplos antibióticos é um fator de risco para ser infectado por estas cepas resistentes. Reforçar as medidas de antissepsia com os pacientes (especialmente lavar as mãos), rastrear precocemente os pacientes com MRSA, afastar profissionais de saúde com dermatites e contaminação com MRSA e mupirocina 2% intranasal 2 vezes por dia por 5 dias 9ou rifampsina, ciprofloxacina ou TMP-SMX) em pessoas colonizadas são formas de dimunuir a colonização e infecção por MRSA. Principais infecções causadas pelo S. aureus: Síndrome do choque tóxico estafilocócico: Pode causar descamação extensa da pele em neonatos (toxinas A e B), febre, rash cutâneo descamante, hipotensão e insuficiência de múltiplos órgãos (TSST-1) e diarréia e vômitos intensos em contexto de contaminação alimentar (enterotoxinas) Pessoas com certas formas de imunodeficiência formam síndromes distintas: Síndrome de Job (eczema recorrente com infecções cutâneas e abscessos frios repetidos), Sindrome de Chédiakhigsshi (albinismo e infecções recorrentes por S. aureus) e maior ocorrêmcia nas síndromes de Wiskott-Aldrich, Down, artrite reumatóide e diabetes. Foliculite: Pioderma no folículo capilar e tecidos em torno Lesões vermelhas, elevadas e dolorosas com base dura e centrada no folículo capilar Respondem bem a medidas antissépticas Furúnculos e antraz: Furúnculos são foliculites mais extensas e profundas, geralmente na face, pescoço, axilas e nádegas São lesões iguais a foliculite, porém maiores (de 1 a 2 cm) e mais quentes; surge uma área amarela no centro da lesão que drena um líquido amarelo-cremoso; pode haver febre baixa e mal-estar. Antraz são furúnculos mais extensos e profundos, geralmente na base do pescoço São lesões iguais ao furúnculo, mas formam úlceras em crateras e depois cicatrizes hipertróficas; há febre e mal-estar e podem causqar sepse e tromboflebite séptica. Comum transmissão entre contatos íntimos, havendo reinoculação Impetigo: Acomete áreas expostas do corpo, como face e pernas 10% dos casos de impetigo são por S. pyogenes e 10% são por estreptococos e estafilococos. Mácula vermelha que se torna vesícula com líquido turvo que rompe e se torno uma crosta amarela, dura e molhada, tudo isto no centro de uma área de eritema de 1 cm de diâmetro. Também há linfoadenomegalia local Se confunde com herpes simplex e varicella. Hidradenite supurativa: Muitos furúnculos nas axilas e regiões genital e perianal, que geralmente drenam espontaneamente grandes quantidades de material O acometimento perianal se confunde com linfogranuloma. Se trata com calor úmido, esvaziamento cirúrgico das lesões e retirada das glândulas sudoríparas apócrinas só em casos graves. Mastite: Se manifesta desde nódulo eritematoso e doloroso até abscesso canalicular. Ocorre em 1 a 3% dos puerpérios, na 2° e 3° semanas do mesmo. Se usa penincilina estáveis a B-lactamase e drenagem dos abscessos se se formarem. Infecção de ferida cirúrgica: Edema, eritema e dor em torno da incisão cirúrgica em 2 ou mais dias de doença (neste tempo, estes sintomas não poderiam ser mais interpretados como reação ao trauma), com febre e secreção turva, inodora e hemorrágica quando se aperta a ferida após soltar alguns pontos. Se explora a ferida para determinar a profundidade da infecção, limpar a mesma e aplicar antibióticos anti-estafilococos por 7 a 10 dias e por 4 a 6 semanas com retirada dos pontos se a infecção for mais profunda. Manuseio das infecções cutâneas estafilocócicas: Celulite, linfangite e fasciite necrotisante nos estafilococos não se diferenciam destas infecções nos estreptococos, apesar de o pus na infecção estafilocócica ser mais cremosa e haver cocos isolados ou agregados na coloração de gram. Retirar os pêlos suavemente, lavar a área acometida com antissépticos não-irritantes e compressas quentes e retirar coleções quando houver abscessos moles, sempre com as regras de assepsia. Se usa cloxacina ou dicloxacina VO (30 a 40 mg/Kg/dia/6/6h), claritromicina ou azitromicina em pacientes alérgicos a Blactâmicos por 7 a 10 dias. Dobrar as doses se a infecção estiver acompanhada de sinais sistêmicos de infecção. Penincilina V (15 a 20 mg/Kg/dia/6/6h) só nos raros casos de não-produtores de Blactamase. Se usa nafcilina parenteral se houver calafrios, infecções graves ou de face e vancomicina ou teicoplamina na infecção por MRSA. Síndrome da pele escaldada estafilocócica: Grandes bolhas de separação de grandes áreas de epiderme, febre, irritabilidade, erupção escarlatiniforme e emaciação cutânea nas áreas perioral e flexural. A bolhas deixam grandes áreas denudas quando rompem em 24 a 48 horas. Há o sinal de Nikolsky (a fricção da pele sadia neste caso a torna enrugada e disforme). Ocorre mais em crianças e é secundário infecções da nasofaringe, umbigo e trato urinário. As principais complicações são hipovolemia e sepse. Se confunde com necrose epidérmica tóxica (síndrome de Lyell) e doença de Kawasaki (ambas possuem sinal de Nikolsky negativo). Síndrome do choque tóxico ou febre escarlate estafilocócica: Febre alta, hipotensão profunda e refratária, diarréia profusa, eritroderma [lesão eritematosa vermelha-viva], inflamação conjuntival, confusão mental e insuficiência renal Também pode ocorrer associado ou não a menstruação (infecções vaginais, uso de contraceptivos [especialmente tampões], puerpério, abortamento ou 2 dias após cirurgias sem infecção da ferida, gripe e osteomielite e outras infecções locais foram associados a esta síndrome) Mais comum em mulheres jovens Insuficiência renal e déficts motores são as principais complicações. Deve-se repor agressivamente as perdas de líquidos, retirar tampões menstruais e administrar oxacilina ou nafcilina 8 a 10mg/dia IV por 10 a 15 dias. Pode-se adicionar clindamicina no esquema. Sepse e endocardite: Mais comum em diabéticos, infecções hospitalares (infecções do cateter e respiratórias). Normalmente há um foco presumível de infecção (celulite, úlceras, queimaduras, osteomielite, pneumonia, acessos intravenosos e uso de drogas intravenosas). Diminuição da consciência, patéquias nos dedos e extremidades, hemorragia subconjuntival, lesões necróticas e necrohemorrágicas, taquicardia com B3 e B4, insuficiências das valvas bicúspide e tricúspide, atrito pleural, esplenomegalia, artrite séptica, osteomielite e espondilite. Deve-se colher amostra de sangue, lesões de pele, exsudatos purulentos e urina para cultura. Há anemia, leucocitose ou penia com desvio à esquerda, trombocitopenia e indícios de insuficiência renal pré-renal. Pode haver diversas manisfestações no EAS e miocardite ou pericardite no ECG. Endocardites ocorrem em 60% das sepses estafilocócicas. A ausência de vegatações não exclui endocardite, pois vegetações < 0,1mm não poder ser vistas por este método. 50% dos pacientes com endocardite apresentam imunocomplexos circulantes. Se trata com nafcilina (1,5g/4/4h), oxacilina (2g/4/4h), vancomicina (1g/12/12h) ou teicoplamina para alérgicos e infecção por MRSA e penincilina G (4 milhões/4/4h) nas cepas sensíveis por 2 a 3 semanas na sepse e 4 a 6 semanas na endocardite. O tempo de tratamento aumenta na ocorrência de infecções a distância e em infecções em próteses. Cirurgia no furo das válvulas, exsudatos supurativos, pericardite purulenta, empiema pleural, abscessos esplênico e renal e endarterite séptica. Pericardite: Dor torácica súbita, atrito pericárdico, insuficiência cardíaca descontrolada e choque cardiogênico após trauma ou cirurgia torácica e acompanhado de endocardite e abscesso miocárdico. Raios X, ecocardiograma e TC selam a diagnose. Se trata com drenagem do pericárdio e exploração cirúrgica do mesmo. Pneumonite: Comumente causa complicações como abscessos e empiema pleural. Secundário a epidemias de influenza e comum após entubação e aspiração hospitalares. Sua probabilidade de ser o agente causador da pneumonite aumenta em pacientes com fibrose cística, imunossupressão, e quando há pouca resposta do tratamento a pneumonite pneumocócica, cavitações, broncopneumonite, múltiplas áreas de consolidação pulmonar e empiema pleural. Uso de drogas intravenosas e pacientes em hemodiálise sugerem mais infecção de foco hematogênico Em crianças, febre sem tosse e sem achados pulmonares, mas com pneumatoceles (múltiplos abscessos de paredes finas) é um quadro típico desta infecção. Se trata com 2 semanas de nafcilina ou oxacilina, mas sempre se lembrar de MRSA. No foco, hematogênico, vancomicina é preferido. Sempre drenar os empiemas, por punção, toracocentese ou cirurgia. Osteomielite: Mais comum em neonatos na forma hematogênica nos ossos longos e nos adultos nas vértebras Febre alta, dor na área metafiseal dos ossos longos, que piora quando se palpa estas partes. Há leucocitose com desvio à esquerda, aumento do VHS, hemoculturas positivas em 50% dos casos ealterações tardias do raio x ósseo e precoces na cintilografia No acometimento vertebral, deve-se fazer RM na suspeita de abscesso epidural, freqüente complicação para realizar descompressão cirúrgica. Além do desbridamento cirúgico, se faz antibiotico terapia igual a da sepse por este organismo. As fixações ortopédicas só devem ser retiradas antes da consolidação se houver união instável do osso, seqüestros e infecções em torno da prótese. No acometimento crônico, pode-se fazer cloxacilina ou rifampsina com alguma quinolona por meses ou anos. Artrite séptica: Organismo que mais causa artrite séptica antes da puberdade. Há febre e dor em uma articulação, com calor, rubor, edema em torno. A aspiração articular mostra um líquido turvo e purulento com > 50000 granulócitos/mm3 e cocos gram-positivos na coloração. Se faz o mesmo tratamento da osteomielite. Outras infecções osteoarticulares: Bursite séptica: Região em torno de uma articulação quente, vermelha, edemaciada e brilhante, mas a articulação não está acometida. Há > 1000 granulócitos/mm3 na punção bursal. Se dá oxacilina por 2 a 3 semanas e punção bursal e se indica retirada desta bursa se houver recorrência. Piomiosite: Febre e um músculo dolorido, inchado e duro, após história de trauma ou pioderma adjacentes. Mais comum em regiões tropicais ou na imunossupressão. Se retira os tecidos infectados e se usa oxacilina. 2,4% das meningites são pelo estafilococo e 57% destas possuem também endocardite. Stafilococos epidermitis: Caso clínico 4: Infecções do trato digestivo: Diarréia aquosa com sangue: Infecções por Campylobacter spp., Aeromonas spp., Shigella spp. e Vibrio parahaemolyticus Doenças sistêmica com HUS (anemia hemolítica aguda, insuficiência renal com uremia e coagulação intravascular disseminada): Shigelose e EHEC Sangue oculto nas fezes com diarréia repetida e irritação de mucosa: Processos invasivos Manchas róseas circulares pelo corpo: Febre tifóide Leucócitos fecais: Doenças inflamatórias intestinais, Shigella spp., Salmonella spp., C. difficile (50% dos casos) e E. coli invasiva (uma forma rápida de se identificar leucócitos fecais é procurar lactoferrina pelo teste de aglutinação pelo látex) Leucocitose: Infecções por Salmonella spp., Shigella spp., C. difficile e outras infecções que estejam causando desidratação Culturas sanguíneas podem ser positivas quando as culturas fecais já não são mais positivas Culturas de medula óssea podem acusar infecção por febre tifóide As doenças diarreicas são a causa de infecção no 3° Mundo, especialmente em crianças < 5 anos. Diarréia aguda é diarréia que dura menos de 2 semanas, persisitente é a dura de 2 a 4 semanas (infecções causam diarréias agudas ou persistentes). Diarréia crônica dura mais de 4 semanas. Diarréia leve produz até 3 defecações por dia, sem outros sinais e sintomas e sem alterar a rotina do paciente. Diarréia grave gera mais de 4 defeacações por dia, se acompanha de dores cólicas, náusea, vômitos, tenesmo, febre, mal-estar e desidratação e afeta a rotina do paciente. Desinteria é quaisquer distúrbio que causa dores cólicas, tenesmo e defecação freqüente de fexes pequenas e com muco e sangue. Gastroenterite é quaisquer distúrbio que causa mais vômitos do que diarréia. Tenesmo é dor por esforço demasiado em defecar por vontade incontrolável do mesmo, causado por inflamação da mucosa retal. Indicações de proctosigmoideoscopia: Pessoas que praticam sexo anal Paciente com infecção pelo HIV Suspeita de doenças inflamatórias intestinais (diarréia crônica ou recorrente) ou infecção por C. difficile Suspeita de infecção por Entamoeba histolytica (se vê ulcerações características e se pode fazer biópsia retal) Fatores de risco para infecções do trato digestivo: Pacientes com ressecções gástricas e outras causas de acloridria Uso freqüente de bicarbonato e outros antiácidos, laxantes e etanol Alteração de microbiota intestinal por uso inadequado de antimicrobianos ou uso correto de antibióticos há menos de 4 a 6 semanas (indica infecção por Clostridium difficile) Contato com pessoas próximas que possuam infecções digestivas Pessoas que lidam com pessoas que não possuam hábitos adequados de higiene (crianças pequenas que ainda não foram treinadas a usar o banheiro corretamente, pacientes debilitados eou com incontinência fecal) - transmitem seus patógenos por contato direto ou por fômites Quaisquer causas de imunossupressão Pessoas que praticam sexo anal Participação de festas, banquetes, convescotes, refeições rápidas; especialmente para grandes multidões e/ou ao ar livre – fonte de surtos e epidemias Ingestão de frutos do mar crus ou mal-cozidos Possuir répteis e cachorros como animais de estimação Viagem recente, especialmente para outros países ou para regiões pouco habitadas (costa, camping) Indicações de estudos sorológicos: Suspeita de amebíase sintomática Salmonelose (pesquisa do antígeno O) Principais suspeitas diagnósticas a partir dos seguintes dados: Vômitos são o sintoma mais importante: Gastroenterites virais e infecções por consumo alimentar (toxinas de Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) Muco nas fezes: Doenças do intestino irritável se o muco for pouco e infecções bacterianas invasivas se o muco for muito e se houver febre Sangue nas fezes: Infecção pela EHEC (E. coli O157:H7), isquemia intestinal, diverticulite, retocolite ulcerativa e lesão por radiação Contra-indicações de exames radiográficos: Possibilidade de megacólon tóxico como complicação (comum na infecção por C. difficile) – não usar exames com bário Diarréias crônicas (as calcificações, comuns neste quadro, podem ser confundidas com pancreatite) Infecções por protozoários e animais (não adicionam novas informações) Indicações dos exames de fezes: Muco, sangue, lactoferrina ou leucócitos nas fezes: Cultura fecal para Shigella spp., Salmonella spp., Campylobacter spp., C. difficile e E. coli O157:H7 (avisar ao laboratório qual a hipótese diagnóstica, pois estes seres precisam de meios especiais para crescer, que os laboratórios não usam de rotina) Uso de antibiótico há 4 a 6 semanas: Cultura fecal para C. difficile História sugestiva de parasitose e ausência de sangue, muco, lactoferrina e leucócitos fecais: Colher 3 amostras para exame parasitológico de fezes Culturas fecais e exame parasitológico negativos: Pensar em infecções virais ou por Yersinia spp., Vibrio cholerae, Aeromonas hydrophila, Plesiomonas shigelloides, ETEC e EPEC Tratamento sintomático: Reidratação oral (solução da OMS consiste de 3,5 g/L NaCl, 1,5 g/L KCl, 20 g/L glicose e 2,9 g/L citrato trissódico) ou venosa (no caso de vômitos incontroláveis, íleo paralítico e desidratação grave) Opiódes se não for para crianças e não houver diarréia inflamatória, febre alta e sangue ou muco nas fezes (pode retardar a eliminação e aumentar os efeitos as toxinas dos patógenos – difenoliato aumenta a febre na Shigelose e aumenta a HUS e sintomas neurológicos na infecção por E. coli) Agentes absorventes (colestiramina) para reduzir a quantidade de toxinas no trato digestivo Não usar antibióticos, exceto em situações especiais. Situações em que investigação mais minunciosa e uso de antibióticos empíricos são necessários (ceftriaxona ou fluoroquinolonas boas opções): Desidratação profunda e sinais de toxemia ou bacteremia na diarréia aquosa Presença de febre (> 38,5°C) ou sangue ou leucócitos nas fezes Mais de 6 defecações por dia Diarréia que dura mais de 48 horas Dor abdominal de grande intensidade Pacientes com mais de 70 anos Quaisquer causas de imunossupressão Infecções que se manisfestam em menos de 12 horas após comer o alimento contaminado: Intoxicação por toxinas de S. aureus, Bacillus cereus e Clostridium perfringens: Há salivação excessiva, náusea, vômitos, dor abdominal, diarréia e prostação. Consumo de glacê, massa para doces, lacitcínios e carnes márefrigeradas indica toxinas de S. aureus e consumo de cereais, comidas secas e laticínios indica toxinas de B. cereus. Tratamento sintmomático e a diagnose é confirmada por isolamento do agente na comida suspeita por coloração de Gram ou cultura. Infecções por toxinas termo-estáveis acumuladas em peixes e frutos do mar: Há cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarréia. Pode haver anestesias ou parestesias ou paralisias nervosas. A principal complicação é parada respiratória. Tratamento sintomático, mas se deve fazer lavagens gástricas para retirar toxinas. Infecções que se manisfestam em mais de 12 horas após comer o alimento comtaminado: Salmoneloses: Causado pelo consumo de carnes, ovos e laticínios contaminados por material fecal, na produção ou no manuseio dos mesmos. A via fecal-oral também pode ocorrer. Outra fonta de salmonelas é a criação de répteis. O quadro de salmonelose pode ser mais grave na SIDA, linfoma, leucemia e outras causas de imunosupressão, acloridria, cirurgia gástrica prévia, esquistossomose e nas doenças inflamatórias intestinais. Pode haver gastroenterite (dor abdominal cólica, náuseas, vômitos, diarréia aquosa e febre de 38 a 39°C) em 8 a 48 após comer o alimento contaminado até 2 a 5 dias após o começo dos sintomas. A diagnose é confirmada por isolamento do organismo nas fezes ou na comida ingerida. Há leucócitos fecais. O tratamento é sintomático, só se usando fluoroquinolona oral em menores de 3 meses, idosos, imunossuprimidos, pacientes com próteses e pacientes com anemia falciforme. Também pode haver febre tifóide (febre sustentada, cefaléias, hepatoesplenomegalia, flacidez abdominal) por 2 a 4 semanas com pontos róseos (máculas róseas discretas, pouco elevadas, irregulares, de 2 a 4 mm no tórax anterior). Diarréia só em 50% dos casos e pode haver constipação. Há leucopenia e complica hemorragia e perfuração intestinais e com infecções a distância, havendo insuficiência orgânica. As principais infecções à distância são intravascular (bacteremia elevada - > 50% de 3 ou mais hemoculturas), osteomielite e artrite supurativa (mais freqüente em pacientes com próteses articulares ou anemia falciforme) e meningite (mais comum em recém-natos). A diagnose é confirmada por cultura de fezes, sangue, medula óssea ou das manchas róseas. O tratamento é com fluoroquinolona ou cefalosporinas de 3° geração (ceftriaxona ou cefotaxime) ou TMP-SMX ou amoxicilina, ampicilina ou azitromicina por 10 a 14 dias na infecção simples e 4 semanas na presença de focos à distância. Nos pacientes portadores crônicos de salmonela, a presença da bactéria nas vias biliares com cálculos biliares indica a colecistectomia. Se não houver cálculos biliares, 4 a 6 semanas de amoxicilina ou ciprofloxacina ou norfloxacina ou ofloxacina ou TMPSMX são suficientes. Shigelose: Há diarréia aquosa com sangue, muco e poucas fezes grandes (padrão de intestino delgado), dor abdominal, febre alta e tenesmo em 24 a 48 horas após comer o alimento contaminado. A diagnose é feita por cultura das fezes e sigmoideoscopia (inflamação difusa e úlceras rasas) e há leucócitos fecais. O tratamento é ciprofloxacina, TMP-SMX, ampicilina, azitromicina e ceftriaxona por 3 a 5 dias, pois diminui o tempo de doença e a chance de recorrência. Mas a antibioticoterapia pode aumentar a liberação da Shiga-toxina. Infecção por Yersinia enterocolitica: Há febre, dor abdonimal, diarréia (50% dos casos), eritema nodoso, artrite reativa, faringite exsudativa, linfadenite mesentérica, ileíte terminal e sepse por 2 semanas. Deve-se diferenciar de apendicite. A diagnose é feita por cultura fecal em meio frio. O tratamento é sintomático e só se deve preoculpar com as complicações e infecções extra-intestinais. Infecção por Campylobacter: Há diarréia com sangue, dor abdominal cólica e febre em 48 a 72 horas após comer o alimento contaminado. A diagnose é feita por microscopia direta de fezes frescas, coloração de gram das fezes (pouca microbiota intestinal e muitos e pequenos espirilos curvos). Pode complicar com síndrome de Guillain-Barré. O tratamento é sintomático e só se trata imunossuprimidos, grávidas e pacientes com fezes sangrentas ou com mais de uma semana de doença com eritromicina ou azitromicina ou claritromicina ou fluoroquinolonas ou clindamicina ou animoglicosídeos ou imipeném. Infecção por E. coli O157:H7 (E. coli entero-hemorrágica ou EHEC): Há diarréia aquosa com sangue (90% dos casos), vômitos, dor abdominal cólica em 3 a 5 após comer o alimento contaminado, que se resolve em 5 a 7 dias. Pode conplicar com HUS em crianças e púrpura trombocitopênica trombótica em adultos. A diagnose é feita por cultura no meio de agar sorbitol MacConkey. O tratamento é sintomático e o uso de antibióticos, agentes antimotilidade e opióides piora a doença. Fazer reidratação venosa abundante se houver insuficiência renal. Infecção por Vibrio parahemolyticus: Há diarréia, dor cólica, fraqueza, náuseas, calafrios, cefaléia, febre e vômitos em 3 a 76 após frutos do mar mal-cozidos e dura 3 dias. A diagnose é feita por cultura das fezes em meio especial e sigmoidescopia (úlceras rasas). O tratamento é sintomático. Infecção por C. difficile: O principal sinal é recomeço de diarréia durante o uso de antibióticos ou diarréia que começa em 4 a 6 semanas após usar antibióticos. Também há febre, flacidez abdominal, leucocitose e leucócitos fecais. O tratamento é metronidazol ou vancomicina orais. Gastroenterites virais: Sempre o tratamento é sintomático: Infecção pelo rotavírus: 30 a 60% dos casos de diarréia grave em crianças e maior causa de desidratação importante em crianças < 2 anos. A transmissão é fecal-oral, fômites (brinquedos, superfícies duras e outros), respiratória e por água contaminada. Os adultos adquirem a infecção de crianças geralmente. Há uma gastroenterite igual a outras causas em 1 a 3 dias após contato. Vômitos e desidratação são comuns. A diagnose é feita com a pesquisa de antígenos do vírus nas fezes. Infecção pelo adenovírus entérico: Transmissão de pessoa a pessoa Há diarréia aquosa por 5 a 12 dias, vômitos por 1 a 2 dias, febre baixa e desidratação em 8 a 10 dias após o contato. Infecção pelo calicivírus: Surtos ocorrem no consumo em grupo de água, frutos do mar, saladas e bolos contaminados. A transmissão é pela via fecal-oral. Há náusea, vômitos, diarréia em 12 a 48 após comer o alimento contaminado e mal-absorção do padrão do intestino delgado por 2 semanas. Infecção por astrovírus: Maior causa de diarréia em crianças < 7 anos. Há náusea, vômitos, febre, diarréia por 2 a 3 dias em 1 a 4 dias após contato. Embora comum, a diagnose de gastroenterite viral é de exclusão; por ausência de leucócitos fecais e cultura e exame parasitológico fecais negativos. Cólera: Múltiplas epidemias mundiais vindas do delta do Rio Ganges provocadas pelo Vibrio cholarae: Patogenia: 1) Um inóculo de > 108 bactérias/mL consegue atravessar a acidez gástrica e se aderir no epitélio duodenal. 2) O ambiente alcalino e ácidos biliares faz o vibrião profiferar e migrar para o íleo. 3) No íleo, produz mucinase, que destrói o muco intestinal e permite os vibriões se aderirem a mucosa intestinal. 4) A enterotoxina é liberada e se liga aos monosialogangliosídeos do enterócito, paralisando a GTP, aumentando a atividade da adenlatociclase. 5) O aumento nos níveis de AMP cíclico, faz o enterócito secretar muito cloro e bicarbonato na luz intestinal e bloqueia a absorção de sódio, cloro e água, havendo diarréia secretória. Quadro clínico: Há diarréia, mal-estar, náuseas, dor cólica em 3 a 5 após comer o alimento contaminado. Em quador mais graves, há aumento exagerado do borborigmo e sintomas mais graves e incoecíveis. Complica com desidratação (podendo atingir a insuficiência renal pré-renal) e outros distúrbios hidroeletrolíticos graves e hipocglicemia na criança. Exames complementares: Identificação do vibrião em cultura fecal, swab fecal ou coleta em papel de filtro em microscopia em campo escuro. Pode ser usado métodos sorológicos. Tratamento: Reidratação oral com SRO ou venosa vigorosas, de acordo com o caso Tetraciclina (500 mg/VO/6/6h) ou trimetorpima (5 mg/Kg/12/12h) ou eritromicina (20 a 40 mg/Kg/dia/6/6h) por 5 dias. Pode-se usar ciprofloxacina, ofloxacina, ampicilina, amoxicilina, cloranfenicol e furazolidona. Lavar adequadamente as mãos quando cuidar do doente, transportar e lavar a roupa do mesmo em separado em hipoclorito de sódio e fervê-las, isolar as evacuações do doente em recipientes que possam receber água sanitária ou cresol e sepultar o paciente morto o mais rápido possível para evitar contaminação. Prevenção: Consumir alimentos limpos (limpar com vinagre, hipoclorito a 1% (15 mL/L de água consumida, ferver, cozinhar alimentos) Não comer alimentos suspeitos fora de casa Escovar os dentes com água fervida, lavar as mãos adequadamente antes e depois de manusear alimentos e defecar Lavar e secar utensílios de cozinha após usá-los. Quimioprofilaxia de contactantes domiciliares de paciente que tiveram diarréia: Mesmas drogas usadas no tratamento pelo mesmo tempo. Seminário 4: Pneumonias: Agentes mais freqüentes de pneumonia comunitária: 1) S. pneumoniae 2) M. pneumoniae 3) C. pneumoniae 4) H. influenzae (mais comum em internados, tabagistas e pacientes com DPOC) 5) Legionella spp. 6) Vírus (influenza, parainfluenza e adenovírus) 7) Bacilos entéricos gram-negativos (mais comum em paciente idoso, doente e que usou antibióticos recentemente) 8) S. aureus (mais comum em paciente idoso, doente e que usou antibióticos recentemente) Quadro clínico sugestivo de pneumonia comunitária: Quadro anterior de infecção viral de VAS Temperatura >37,8°C de forma súbita e calafrios Dor torácica pleurítica Freqüências respiratória > 25 irpm e cardíaca > 100 bpm Expectoração purulenta ou piossanguinolenta após tosse Diminuição do murmúrio vesicular e outros sinais de consolidação pulmonar e estertores Cefaléia, astenia e anorexia Mialgia, sudorese noturna e distúrbios gastrointestinais As formas atípicas se mostram como apresentação subaguda, tosse não-produtiva, cefaléia, mialgia, diarréia e sintomas de vias aéreas. Fatores de risco de pneumonia aspirativa: Quaisquer motivos que tornem o paciente confinado ao leito Dimunuição do nível de consciência Distúrbio da deglutição e comprometimento do reflexo glótico ou da tosse Doenças esofágicas e iatrogenias No raio X, predomina nos segmentos posterior, apical e basal posterior do lobo superior do pulmão direito e os subsegmentos axilares. Exames complementares: Raio X torácico: Avalia extensão do comprometimento pulmonar, sua gravidade, identifica complicações e monitora evolução e resposta ao tratamento Leucopenia no hemograma: Indica má prognose Hiponatremia e elevação de transaminases e CPK: Indica infecção por Legionella Hemograma e dosagem sérica de glicose, uréia, creatinina, eletrólitos e enzimas hepática só para estimar gravidade no hospital 2 amostras para hemocultura Amostra de escarro obtido por tosse profunda em varredura, antes de uso de antibióticos e sem aspirar secreção de via aérea superior para exame direto e cultura Amostras no exame direto com < 10 células epiteliais e > 25 PMN Quaisquer organismos não-usuais do trato respiratório são considerados patogênicos, como tuberculose. Há fixação do complemento para Mycoplasma e pneumonias virais e imunofluorescência para L. Pneumophila e C. pneumoniae. Estadiamento dos pacientes com pneumonias comunitária: Classe I: Pacientes < 50 anos, ausência de comorbidades graves, sinais vitias pouco alterados e sem distúrbios sensoriais – tratamento ambulatorial Classe II a IV: Dependendo do número de pontos, tratamento ambulatorial, breve internação ou hospitalar Classe IV: Tratamento hospitalar Critérios para internação em CTI: 2 em 3 critérios menores ou 1 critério maior Critérios menores: Pa/O2 <250, envolvimento de > 2 lobos e PA < 90 mmHg Critérios maiores: Necissidade de ventilação mecânica e choque séptico Tratamento segundo agente infeccioso: S. pneumoniae: Vancomicina, linezolida ou quinolonas respiratórias (levofloxacina, gatifloxacina ou moxifloxacina); podendo ser usado amoxilina ou cefuroxima H. influenzae: Ceftriaxona, cefuroxima, cefotaxima e outros Atípicos (Legionella, Chlamydia e Mycoplasma): Macrolídeos e quinolonas Tratamentos empíricos na pneumonia comunitária: Tratamento por 14 dias ou mais (Klebsiella, S. aureus e anaeróbios 1° opção: Macrolídeo ou amoxilina 2° opção: Quinolonas respiratórias (1° opção em pacientes com DPOC ou uso de corticóides ou antibióticos nos últimos 3 meses) Pneumonia aspirativa: Amoxicilina com clavulanato com ou sem macrolídeo ou quinolona com clindamicina ou metronidazol Pacientes internados: Quinolona respiratória ou macrolídeo com cefalosporina sem ser de 1° geração Possibilidade de P. aeruginosa: Ciprofloxacina com betalactâmico anti-pseudomonas (ceftazidima, piperacilina-tazobactam ou carbapenem) ou aminoglicosídeo ou macrolídeo e aminoglicosídeo e betalactâmico anti-pseudomonas Complicações da pneumonia comunitária: Foco de infecção seqüestrado (empiema, obstrução brônquica e abscesso) Superinfecção pulmonar e sepse Profilaxia: Vacina para vírus influenza e para pneumococos Agentes mais freqüentes de pneumonia hospitalar: 1) P. aeruginosa 2) S. aureus 3) Acinetobacter spp. 4) Klebsiella spp. 5) Enterobacter spp. 6) Enterococcus spp. 7) Serratia spp. 8) Escherichia coli 9) Stenopthophomonas maltophilia 10) Proteus spp. 11) Estafilococos coagulase-negativa Fatores de risco para pneumonia hospitalar: Intubação orotraqueal e/ou ventilação mecânica Depressão do nível de consciência Aspiração de grande volume de secreção Pacientes com DPOC ou > 70 anos Uso de redutores de acidez gástrica Uso prévio de antimicrobianos Presença de sonda nasogástrica Trauma grave Broncoscopia recente Sistema de condução e manuseio de água (Legionella), assim como doenças crônicas e imunossupressão Diagnose de pneumonias hospitalares: Infecção pulmonar que instala entre 48 a 72 horas após internação e 48 a 72 após alta Pneumonia associada a ventilação mecânica é infecção pulmonar que se instala após 48 horas de ventilação mecânica, exceto se a pneumonia foi o motivo de se usar a ventilação mecânica Infiltrados alveolares, broncograma aéreo ou infiltrado novo ou progressivo no raio X torácico e mostra complicações (derrame pleural e necrose) Exame de escarro é útil quando há > 25 PMN no campo microscópico de pequeno aumento, < 10 células epiteliais no campo microscópico de pequeno aumento, > 5% dos leucócitos com bactérias intracelulares e concordância entre as bactérias encontradas na coloração de gram e na cultura. Se se encontra vírus influenza ou parainfluenza ou sincicial respiratório, estrongilóides, toxoplasma, pneumocistis, histoplasma, criptococo e tuberculose, sempre é patogênico. Caso clínico 5: Sepse abdominal e febre tifóide: Peritonites: Peritonites primárias: O foco de infecção não vem de contaminação do tubo digestivo: Peritonite espontânea em pacientes com cirrose hepática: E. coli e klebsiella spp. são os agentes mais comuns, seguindo-se estreptococos, pneumococos, estafilococos, anaeróbios, Cryptococcus neoformans e Listeria monocitogenes Ocorre em 8 a 27% dos cirróticos e 50% destes morrem. Hemorragia digestiva, altos níveis de bilirrubina, hipoproteínaascítica (<1g/dL) e episódios prévios de peritonite espontânea são fatores de risco. Após evolução silenciosa de dias ou semanas, há febre baixa, dor abdominal e principalmente agravamento repentino da insuficiência hepática do paciente (encafalopaita hepática, síndrome hepatorrenal) A bioquímica do líquido peritoneal indica > 250 neutrófilos/mm3, pH < 7,35, lactato > 32 mg/dL e presença de bactérias na coloração de gram e cultura. Pode-se inocular líquido de hemocultura no peritônio para aumentar o rendimento. Deve-se diferenciar de peritonite secundária. O tratamento de escolha é cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima), 2° opção (gentamicina com ampicilina) por cinco dias. Depois da cura clínica, deve-se administrar norfloxacina 400mg/dia VO por 6 meses para evitar recorrências. Peritonite primária na infância: Mais comum em meninas < 2 meses e crianças com síndrome nefrótica ou cirrose hepática. Os agentes mais freqüentes são pneumococos, estreptococos beta-hemolíticos do grupo A e bacilos gram-negativos em cirróticos, seguindo estafilococos. O quadro clínico é dor abdominal à palpação e com descompressão dolorosa, febre, náuseas, vômitos, dimunuição do peristaltismo e defesa abdominal. Quando o líquido peritoneal está fluído e sanguinolento, a infecção é estreptocócica. Quando há um foco a distância de infecção e pus espesso, cremoso e amarelo no líquido peritoneal, há infecção por estafilococos. Se confirma a diagnose por coloração de gram do líquido peritoneal. O tratamento é penicilina G cristalina e drenagem dos abscessos que surgirão. Se houver estafilococos, adicionar oxacilina ou vancomicina na resistência. Peritonite após infecções genitais: Os agentes são N. gonorrhoeae e Chamydia trachomatis. Há dor no no QSD do abdome na palpação, defesa abdominal, náuseas, vômitos, dor no ombro direito; febre e calafrios menos comuns. Há leucorréia vaginal e dor na palpação do colo uterino. A diagnose é confirmada por cultura do líquido peritoneal e da endocérvice. O tratamento é igual a da DIP (doença inflamatória pélvica). Paritonite primária em pacientes imunossuprimidos: Sintomas sugestivos de processo abdominal estão diminuídos ou ausentes e deve-se usar mais os métodos complementares de imagem. Os agentes mais comuns são bactérias oportunistas, fungos e citomegalovírus e se trata o que crescer na cultura e os resultados do antibiograma. Peritonite por tuberculose: Ocorre em 2% dos tuberculosos e 30 a 67% dos pacientes com tuberculose abdominal. Há ascite, febre e sudorese noturnas (forma úmida) ou dor abdokminal, febre, plastrão abdominal, linfonodomegalia mesentérica e retroperitoneal. A diagnose é feita por bioquímica do líquido peritoneal, que possui > 2,5g/dL de proteína, < 30mg/dL de glicose e > 200 leucócitos/mm3 e > 32,2UI/L de desaminase da adenosina. O tratemento é esquema RIP por 6 a 9 meses, podendo-se trocar a pirazinamida por etambutol. Peritonite em pacientes com diálise peritoneal contínua: Os agentes mais comuns são estafilococos, estreptococos, difteróides, seguindo-se gram-negativos, enterobactérias e P. aeruginosa. Há turvação do líquido de diálise, dor abdominal, náuseas, vômitos, febre e diarréia. A diagnose é confirmada por cultura do líquido peritoneal e > de 100 leucócitos/mm3 gg. O tratamento é vancomicina ou teicoplamina com gentamicina ou cefalosporinas de 3° geração (ceftriaxona ou cefotaxima). Peritonite química: Causado por suco gástrico ou pancreático, bile, sangue, urina, mecônio, quilo e bário. Deve-se explorar cirurgicamente o abdome se houver possibilidade de infecção secundária, por grande mortalidade associada. Peritonite secundária: O foco de contaminação vem do trato digestivo por necrose, trauma ou intervenção ou perfuração do mesmo: Os agentes mais freqüentes são E. coli, B. fragilis, P. aeruginosa, Enterobacter spp., Enterococcus faecalis, Gg. Há dor que pode se irradiar aos ombros, piora com respiratação, tosse ou movimentação do abdome, defesa muscular, descompressão dolorosa, plastrão abdominal, diminuição da peristalse, febre, taquicardia, sede, oligúria. Outros achados dependem do fator que desencadeou a peritonite. A dignose se confirma por leucocitose com desvio à esquerda no hemograma, uremia, pneumoperitônio no raio X abdominal ortostático, apagamento da gordura pré-peritoneal e da sombra do m. psoas, distensão das alças intestinais e coloração de gram, cultura e bioquímica do líquido peritoneal. Pode-se lançar mão de laparoscopia e laparotomia se ainda houver dúvida. O tratamento é cateterizar veias profundas para hemocultura, outros exames bioquímicos e repor líquidos, cateterismo vesical, intubação nasogástrica, gasometria arterial e antibióticos e cirurgia. Os antibióticos usados de forma empírica são gentamicina com clindamicina ou metronidazol (1° opção), cefalosporina de 3° geração (ceftriaxona ou cefotaxima) ou perfloxacina ou ofloxacina com clindamicina ou metronidazol (2° opção) ou amoxicilina com ácido clavulânico (3° opção) até melhora do paciente. Se não melhorar em 14 dias, suspeitar de algum foco séptico, deiscência de sutura ou fístulas. Deve-se fazer laparotomia xifopubiana para se retirar focos sépticos ou drená-los ao exterior, retirar tecidos desvitalizados, lavar a cavidade com solução salina. A peritoniostomia só é utilizada em situações graves e risco grande de morte na cirurgia. Pode complicar compneumonia, insufciciência respiratórias, SARA, íleo adinâmico, obstrução intestinal, sepse e peritonite terciária. Na peritonite pós-operatória, os esquemas empíricos devem ser metronidazol ou clindamicina com amicacina (1° opção), ciprofloxacina (2° opção) ou ceftazidima (3° opção). Peritonite terciária: Ocorre após peritonites primária ou secundária: Os agentes mais comuns são P. aeruginosa, Acitetobacter baumannii, S. epidermitis, MRSA e enterococos. Geralmente são resistentes a múltiplos antibióticos. Há sepse, descompensação, febre baixa e hipercatabolismo. Abscessos intra abdominais: Abscessos intraperitoniais: Mais comuns no QID do abdome, espaço subfrênico direito, QIE do abdome, pelve, goteiras paramesocólicas e espaço sub-hepático. Há febre, taquicardia, astenia persistente, calafrios, sinais de choque, palpação de massa ou plastrão e dor na palpação do abscesso. Pode haver sinais de comprometimento dos órgãos vizinhos. A diagnose é comfirmada por lecocitose com desvio à esquerda, anemia normocrônica normocítica, níveis hidro-aéreos na rotina de abdome agudo e no ultra-som e outros métodos de imagem, distúrbios hidroeletrolíticos. Os agentes mais comuns são E. coli, Klebsiella spp., Proteus spp., P. aeruginosa, E. faecalis, B. fragilis, B. melaninogenicus, Clostridium spp., Peptostreptococcus spp., Peptococcus spp., Fusobacterium spp. e estreptococos. Se trata por drenagem (cirúrgica ou percutânea) e os antibióticos empíricos são os mesmos da peritonite secundária. Pode complicar com rotura do abscesso, superinfecções por candida ou bactérias resistentes, choque séptico, insuficiência orgânica, fístulas, hemorragias, pileflebite e evisceração. Febre tifóide: Doença causa por bactérias Salmonella enterica, dos sorotipos typhi e paratyphi A, B, C. Patogenia: Água e alimentos contaminados com fezes contaminadas com a bactéria atingem o estômago e chegam ao duodeno. As bactérias invadem a mucosa duodenojejunal, atingem linfáticos regionais e provocam bacteremia e invadem o sistema fagocítico mononuclear. Quadro clínico: Após 8 a 14 dias de incubação, há febre de 39 a 40°C na primeira semana, podendo haver dissociação pulso-temperatura. Também há cefaléia, prostração, anorexia. Na segunda semana, há bradipsiquismo, dor abdominal, distensão abdominal por meteorismo, diarréia ou constipação. Menos freqüente são tosse, palidez, emagrecimento e úlceras na cavidade oral. Há hepatoesplenomegalia, dor na palpação do QID abdominal, adenomegalia cervical e roséolas tifóidicas (máculas de 0,5 a 1,5 cm de diâmetro no dorso, que desaparecem à digitopressão e duram de 3 a 5 dias). Exames complementares: Hemocultura, coprocultura, mielocultura, urinocultura e cultura da roséola tifóidica ou outros materiais para se encontrar a bactéria Reação de Widal (positivo nos títulos superiores a 1:80 ou 1:100, com distância de 15 entre as duas coletas para pareamento) ELISA e contra-imunoforese Leucopenia, neutropenia e linfomonocitose relativa e anemia e plaquetocitopenia moderadas no hemograma. Se houver neutrocitose e/ou leucocitose, complicações deverão se esperadas, e quando há leucopenia grave, há lesão medular por clorafenicol. VHS normal ou dimunuído Tratamentos antibióticos (por 14 dias): 1° opção: Clorafenicol e 2° opção: Ampicilina ou amoxicilina 3° opção: Sulfametoxazol com trimetroprima 4° opção: Ceftriaxona ou cefixime 5° opção (1° no caso de multirresistência): Ciprofloxacina ou ofloxacina Deve-se manter o equilíbrio hidroeletrolítico e usar dexametasona nas formas hipertóxicas Complicações: Hemorragia digestiva na região íleo-cecal Perfuração intestinal no íleo terminal Pneumonia, hidrotórax, micardite, psicoses, abscessos, pancreatite, colecistite e insuficiência renal Profilaxia: Procurar destino sanitário adequado às fezes Aquecer a 57°C, lavar e/ou clorar água e alimentos antes de consumí-los Seminário 5: Infecções do trato urinário: Agentes causadores de infecção do trato urinário em mulheres: Escherichia coli (75 a 90%) Staphylococcus saprophyticus (5 a 15%) Outros enterococos e bacilos entéricos gram-negativos (Klebsiella spp. e Proteus mirabilis) Quadro clínico: Disúria ou freqüência urinária ou hematúria maciça em mulheres: 50% de probabilidade Vaginite, cervicite e/ou irritação ou descarga vaginais reduz a probabilidade em 20% Combinação dos primeiros sintomas sem os segundos sintomas atingem probabilidade de 90% Sintomas sugestivos com história prévia de cistite trazem 84 a 925 de probabilidade. Estudos dizem que mulheres com baixo risco, sem infecções urinárias anteriores, sem vaginite ou cervicite podem ser tratadas sem serem examinadas, mas fora destes padrões, todas as mulheres devem ser examinadas adequadamente. Febre, calafrios e dor nos flancos indicam mais pielonefrite. Fatores de risco: História prévia de cistite Atividade sexual freqüente ou recente sem preservativos (especialmente só com agentes espermicidas) História materna de cistite Condições de má higiene perineal (mulheres institucionalizadas, demência e doença neurológica) Deficiência estrogênica Diabetes melitus Pacientes com cistocele, incontinência urinária ou que foram submetidas a cirurgia genitourinária Diabetes, hospitalização recente e uso atual de antibióticos aumentam o risco da infecção ser resistente. Exames complementares: Piúria na urinoanálise: 95% de sensibilidade e 71% de especificidade Bactéria visível no exame microscópico: 40 a 70% de sensibilidade e 85 a 95% de especificidade As culturas são necessárias para identificar organismos incomuns ou resistentes em mulheres com quadro clínico há 2 a 4 semanas, apesar do tratamento correto. Quando de considera mais de 100000 bactérias por mL infecção, há 50% de sensibilidade; que aumenta muito quando se considera 1000 bactérias por mL infecção, sem alterar muito a especificidade. As infecções consideradas não-complicadas são em pacientes sem doenças genitourinárias não-obstrutivas e na ausência de instrumentação prévia Tratamento na cistite não-complicada: 1° opção: Trimetoprima isolada ou com sulfametoxazol por 3 dias 2° opção: Ofloxacina ou outras fluoroquinolonas (ciprofloxacina, levofloxacina, norfloxacina, lomefloxacina ou gatifloxacina) por 3 dias 3° opção: Nitrofurantoína por 7 dias 4° opção: Dose única de trometamina fosfomicina 5° opção: Amoxicilina com clavulanato por 72 horas TMP-SMX, gentamicina ou tobramicina, ceftriaxona ou cefotaxina, piperacilina com tazobactam, ciprofloxacina ou ofloxacina oulevofloxacina ou gatfloxacina são as opções a se usar quandose precisa internar a paciente e usar a via EV. Tratamento na pielonefrite: 1° opção: Trimetoprima com sulfametoxazol ou fluoroquinolonas por 14 dias 2° opção: Amoxilina isolada ou com clavulanato Uso oral em casa se a paciente puder ser acompanhada proximamente e não apresentar sinais de toxemia Tratamento nas grávidas: 1° opção: Nitrofurantoína (exceto em pacientes com deficiência de G6PD), amoxicilina com clavulanato ou cefalexina pelos mesmo tempo da infecção em não-grávidas de cada droga 2° opção: TMP-SMX (evitar no 1° trimestre) por 3 dias 3° opção: Ampicilina, trometamina fosfomicina, ceftibuten por 3 dias Pielonefrite: Gentamicina ou tobramicina ou ceftriaxona com internação Acompanhamento: Acompanhamento com novas urinoculturas só são necessárias se os sintomas não desaparecerem. Exames de imagem só detectam anormalidades corrigíveis em caso de hematúria persistente. Quimioprofilaxia: Indicado nas infecções recorrentes, nas seguintes condições: Uso de espermicidas vaginais (embora possam ser usados outros métodos anticoncepcionais) e 2 infecções em 6 meses ou 3 em 12 meses Só fazer quimioprofilaxia se uma urinocultura acusar ausência de infecção após 1 ou 2 semanas após tratamento da infecção. Se usa por 6 a 12 meses. Podem ser usados nitrofurantoína, trimetroprima isolada ou com sulfametoxazol, ciprofloxacina ou nofloxacina quimioprofilaxia pode causar sintomas gastrointestinais e infecção fúngica vaginal. Caso clínico 6: Infecções na gravidez: Epidemiologia da sífilis: Fatores de risco: Vida urbana e idade jovem Uso de drogas ilícitas pelo mãe ou seu parceiro Maior freqüência e variedade de relações sexuais, especialmente sem preservativos Ser infectado por outras DST Uso inadequado de antibióticos para tratar DST Gravidez na adolescência Pré-natal inexistente ou inadequado Diagnose laboratorial de sífilis na gravidez: Pesquisa de T. pallidum no líquido que escorre das lesões (ou linfonodo regional ou líqüido amniótico), após escarificação, em campo escuro Pesquisa de T. pallidum por impregnação por prata ou imunofluorescência direta das lesões suspeitas Sorologia por VDRL (ocorre também em várias doenças, mas títulos acima de 1/16 indicam sífilis) FTA-ABS positivo (indica que o paciente já contraiu sífilis alguma vez) e FTA-ABS-IgM positivo (indica infecção recente e é usado para diagnosticar sífilis congênita) Na gravidez, todo teste não treponêmico deve ser confirmado por um teste treponêmico. Ultrassom fetal pode identificar hidropsia fetal e outras manisfestações da sífilis no feto. Tratamento na gravidez: Sífilis primária, secundária ou latente: Penincilina G benzatina 2,4 (1 dose) ou 4,8 (2 doses, 7 dias entre uma e outra) milhões de UI por via IM ou penincilina G procaína 600000 UI por dia por via IM por 10 dias Sífilis terciária, exceto neurossífilis: Penincilina G benzatina três doses de 2,4 milhões de UI a cada semana por via IM Neurossífilis: Penincilina G cristalina 2 a 4 milhões de UI a cada 4/4 horas por 10 dia por via EV ou penincilina G procaína 2,4 milhões de UI por dia por via EV com probenecida 500 mg 6/6 horas por via oral, por 14 dias Dessenssibilizar a grávida em caso de alergia a penincilina O tratamento na segunda metade da gravidez pode causar reação de Jarisch-Herxheimer (cefaléia, febre, calafrios, artralgias, mialgias e exacerbação das lesões), podendo levar trabalho de parto prematuro e/ou sofrimento fetal. Se trata a reação com analgésicos e repouso e se evita por usar corticóides. Prevenção: Testes sorológicos na primeira consulta pré-natal, podendo repetir no terceiro trimestre e no momento do parto Diagnose e tratamento precoces da gestante e seus parceiros Epidemiologia da rubéola congênita: Causa cardiopatia, surdez, alterações oculares e seqüelas neurológicas no feto Quanto mais cedo na gravidez a infecção pelo vírus, mais seqüelas terá o feto. Ter infecção clínica por rubéola não é certeza de imunidade, pois várias outras doenças podem simular o quadro clínico da rubéola. Prevenção da rubéola: Revacinar quaisquer mulheres, não-grávidas, com padrão sorológico pelo ELISA sem ser IgM negativa e IgG positiva (IgM e IgG ambas positivas ou negativas ou IgM positiva e IgG negativa) Não vacinar nenhuma mulher enquanto estiver grávida Epidemiologia da citomegalovirose: Causa paralisia cerebral, retardo mental, atrofia óptica e surdez neurossensorial em neonatos A maioria das mulheres é soropositiva para este vírus, mas parte ainda é soronegativa na gravidez. Prevenção da citomegalovirose: IgM positivo em mulheres previamente soronegativas indica infecção aguda Pode-se tentar fazer amniocentese para procurar vírus no líquido amniótico, confirmando a infecção viral. Epidemiologia da listeriose: Encontrada a bactéria em pólem, água, esgoto, leite e carnes contaminados. Causa infecção em quaisquer causas de imunossupressão (a gravidez é uma condição de imunossupressão relativa), sendo mais freqüente no 3° trimestre Aumenta a chance de haver aborto ou prematuridade na gravidez Prevenção da listeriose: Diagnose precoce por pesquisa do agente no sangue, placenta, colo uterino e líquor. Tratamento com ampicilina com ou sem gentamicina, TMP-SMX ou vancomicina Epidemiologia das hepatites virais: O período da gravidez com maior risco de transmissão é durante o 3° trimestre e trabalho de parto (vírus B). Prevenção: Diagnose precoce por dosagem de HBSAg e anti-HBs Ag (vírus B) e anti-HCV ELISA (vírus C) Imunoglobulina e vacinação nos neonatos (só é disponível para hepatite B) Epidemiologia de herpes: A contaminação do feto pode ser na passagem do canal do parto, infecção ascendente do colo uterino ou vulva, transplacentária e e contato com pessoas infectantes, principalmente orais. Causa aborto espontâneo, prematuridade, crescimento intra-uterino retardado ou herpes neonatal (morte e seqüelas neurológicas) Prevenção do herpes na gravidez: Diagnose precoce por citologia pelo método de Papanicolau, isolamento do vírus em tecidos, ELISA e PRC do DNA do vírus Aciclovir por 7 dias nas formas leves e por 21 dias nas formas graves Indicar parto cesáreo se houver lesões visíveis. Diagnosticar precocemente herpes neonatal e tratar com aciclovir endovenoso Epidemiologia do HIV na gravidez: Transmitido pelas vias intraplacentária, durante o trabalho de aprto e ingestão de HIV no leite materno Baixo CD4, alta carga viral no plasma, fumo, usar drogas endovenosas, ter outras DST são fatores de risco para infecção neonatal. Ruptura das membranas há mais de 4 horas, corioamniotide e parto vaginal são outros fatores de risco. Prematuridade e PIG também são fatores de risco para infecção neonatal. Prevenção da infecção neonatal pelo HIV: Administrar AZT ou nucleosídeos análogos ou inibidores da transcriptase reversa ou inibidores da protease para a grávida, exceto efavirenz. Pode-se fazer reforço destes remédios logo antes do parto, espacialmente com AZT. Tratar o bebe com AZT se a mãe não o fez durante a gestação Evitar amamentar Epidemiologia da toxoplasmose na gravidez: A grávida se infecta por oocisto nas fezes de gato que contaminam vegetais e insetos, carnes mal cozidas com cisto de toxoplasma, receber tecidos humanos contaminados e acidente de laboratório. A maioria das grávidas já foi infectada previamente. A probabilidade de se infectar aumenta com o passar da gravidez para quem não é já imune, mas as seqüelas fetais diminuem quanto mais tarde na gravidez for a infecção. Quadro clínico da toxoplasmose na gravidez: Só 20% apresentam quadro clínico como rash cutâneo, febre e adenomegalias e hepatoesplenomegalia, se confundindo com outras causas da síndrome de mononucleose. Quadro clínico da toxoplasmose congênita: Coriorretinite, atraso no desenvolvimento e estrabismo Cegueira, epilepsia, retardo motor ou psicomotor e anemia Icterícia, rash cutâneo, petéquias por trombocitopenia e encefalite Pneumonite, microcefalia, hidrocefalia, diarréia e hipotermia Exames complementares: ELISA ou imunofluorescência indireta IgM e IgG negativas (ausência de exposição), IgM positiva e IgG negativa (infecção aguda) e IgM positiva e IgG positiva e com pouca avidez (infecção recente) possuem risco de haver toxoplasmose congênita. Amniocentese e PCR do líquido amniótico a partir da 18° semana Ultrassom fetal que mostra ventriculomegalia, calcificações intracraneanas, catarata, microcefalia, hepatoesplenomegalia, ascite, calcificações parenquimatosas, intestino hiperecóico, placentomegalia, hidropsia fetal e retardo de crescimento uterino. Exame de fundo de olho, raio X e TC cranianos, US transfontanela, exame histopatológico da placenta e pesquisa de material do toxoplasma por ELISA ou PCR do sangue, líquor ou urina na toxoplasmose no neonato Tratamento da toxoplasmose: O tratamento é indicado quando há risco de infecção (sorologia diferente de IgM negativa e IgG positiva ou IgM positiva e IgG positiva com muita avidez). Espiramicina (esquema II) por 4 semanas alternado por sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico (esquema I) por quadro semanas. Não administrar esquema I no 1° trimestre de gestação. Quadro clínico da toxoplasmose cerebral (principal causa de lesão intracraniana com efeito de massa em pacientes com infecção pelo HIV): Incoordenação motora, ataxia, tremor cerebelar Hemiparesia e paralisia de nervos cranianos (lembra neurossífilis e herpes simples e criptococose e linfoma do SNC) Alterações do sensório Letargia e coma (lembra herpes simples) Convulsões, diplopia e cefaléia (lembra herpes simples e cripticocose e linfoma do SNC) Febre em menos de 50% dos pacientes (lembra tuberculose e criptococose) e sinais de irritação meníngea em menos de 10% dos casos (se houver, lembra neurossífilis) Quando acomete a medula espinhal, afeta motitricidade ou sensibilidade dos membros, incontinência fecal ou urinária e dor local. Hemiparesia, disúrbios da fala, disúrbios do movimento mais grosseiros e distúrbios neuroendócrinos indicam pior prognose. Os acometimentos do SNC, coração, olhos e pulmão (febre com tosse e dispnéia) são mais freqüentes, normalmente por reativação de uma infecção antiga já controlada. Podem descompensar com insuficiência respiratória aguda e quadro semelhante ao choque séptico. Exames complementares: Múltiplas lesões hipodensas com reforço de contraste, principalmente nos gânglios da base na TC craniana com duplo contraste RM Tratamento: Esquema I por 4 a 6 semanas Redução da pressão intracraniana com manitol e corticóides Só fazer biópsia cerebral depois de 10 a 14 dias se tratamento sem sucesso. Profilaxia: Profilaxia primária é indicada para pacientes infectados por HIV, como sorologia para T. gondii e CD4 < 100 células/mm3. Se usa cotrimazol ou TMP-SMX com dapsona e pirimetamina. Após infecção por toxoplasma, a profilaxia secundária é feita com pirimetamina com cotrimazol ou sulfadiazina ou clindamicina com dapsona e pirimetamina, sempre acompanhados de ácido fólico. Prevenção da toxoplasmose: Comer carne apenas cozida e manipular carnes cruas com luvas Lavar, frutas, verduras e as mãos antes das refeições Evitar contato com gatos, canteiros e caixas de areia Repetir a sorologia a cada mês de gestação Fatores de risco para toxoplasmose em imunocompetentes: Comer carne crua ou mal-cozida com cistos, água ou comida (carnes, leite, ovos, vegatais) com oocistos Transmissão placentária por mãe infectada na gestação Receber tecidos contaminados e acidentes pérfuro-cortantes Invertebrados coprófagos podem levar os oocistos até os humanos. Açougueiros e pessoas que trabalham em abatedouros estão em particular risco. Quadro clínico no paciente imunocompetente: Linfoadenomegalia cervical (sem supurar e < 3 cm de diâmetro e tendem a inchar) Febre, mal-estar, calafrios noturnos, mialgia e dor de garganta Rash maculopapular, dor abdominal por linfoadenomegalia retroperitoneal ou mesentérica e hepatoesplenomegalia Coriorretinite (dor ocular, visão borrada, escotomas, fotofobia, epífora, perda de acuidade visual, glaucoma) < 10% de linfócitos atípicos Confunde com mononucleose infecciosa, doença da arranhadura de gato, CMV, tuberculose, tularemia, sarcoidose, linfoma, leucemia e carcinoma metastático. Pode complicar com miocardite (arritmia, pericardite e insuficiência cardíaca), pneumonite, hepatite, encefalite, orquite e polimiosite. Exames complementares na coriorretinite por toxoplasma: Baixos níveis de IgG e IgM não-detectada para o parasita Deve-se fazer a titragem do teste do corante soro não-diluído pois este pode ser negativo em até 1:16. A detecção de resposta anormal de anticorpos anti-toxoplasma ou detectação do parasita isolado ou em tecido nos fluídos oculares podem ser usados em casos inconclusivos. PCR e biópsia do vítreo podem ser usadas em casos especiais. Indicações de se tratar coriorretinite por toxoplasma: Decrécimo de acuidade visual Lesões maculares ou peripapailares ou maiores do que o diâmetro de um disco óptico Inflamação média a grave do vítreo Múltiplas lesões ativas e atividade de doença por mais de 1 mês Tratamentos na coriorretinite: Pode-se usar clindamicina além do esquema tradicional. Corticóides são indicados se houver lesões na mácula ou cabeça do nervo óptico ou borda papilomacular. Fotocoagulação, vitrectomia e lentectomia podem ser usadas. Seminário 6: Meningoencefalites: Agentes mais freqüentes de meningoencefalite de acordo com a idade: < 3 meses de vida: Estreptococos do grupo B (subtipo III), bacilos coliformes (E. coli, Klebsiella spp., Enterobacter e Salmonella) e Listeria monocitogenes (sorotipo IVb) > 3 meses e < 5 anos: Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae tipo B > 5 anos: S. pneumoniae e N. meningitidis e, em imunossuprimidos e pacientes submetidos a neurocirurgia, Staphylococcus spp., Pseudomonas aeruginosa e bacilos entéricos gram-negativos Formas de transmissão: Pode ser por via vertical, hospitalar em pacientes lactentes de baixo peso que passam muito tempo no hospital Os meningococos são classicamente transmitidos por contato direto com as secreções nasofaríngeas de algum carreador. Pior condição de vida e freqüentar lugares lotados também são fatores de risco. Caracterização da Neisseria meningitidis (agente mais freqüente de meningite): Cocos gram-negativos de 0,6 a 0,8 m de diâmetro, em forma isolada ou diplococos, aeróbias, oxidase e catalase posititvos e possuem fímbrias São encontradas em trato rerspiratório superior, colo uterino, uretra, mucosa anal e conjuntivas. Cada vez mais causa infecções invasivas e graves e pacientes com deficiência do complemento estão em particular risco para estas infecções. Patogênese: Após danos da mucosa do trato respiratório superior por vírus, o agente que mora neste local consegue atravessar a mucosa nasal e invadir a corrente sanguínea por vaso subendoteliais. Mais tarde, o agente penetra nas regiões do SNC em que a barreira hematoencefálica é menos consistente (plexo coróide e capilares cerebrais). Outras formas de penetrar no SNC é por extensão de sinusites. otites médias, mastoidites e focos parameníngeos e inoculação direta em TCE com rinoliquorréia, defitos da dura-máter, feridas penetrantes no crânio e neurocirurgias. Após entrar no SNC, o agente se multiplica, liberando estruturas do mesmo que provocam reação imune do corpo. A invasão de fagócitos e linfócitos para o SNC, provocando inflamação e o quadro clínico, é o fato mais lesivo e a causas das seqüelas posteriores. Quadro clínico: 90% dos casos de doença meningocócica se manisfestam por sepse ou meningite. Pode haver infecção das VAS prévia em alguns casos (dor de garganta, coriza, tosse, otalgia e febre). O quadro clássico (febre, calafrios, vômitos, fotofobia, cefaléia forte que evolui para convulsões, irritabilidade, delírios, sonolência, letargia e coma) só é mais visto em crianças maiores e adultos. Os sinais de Kernig e Brudzinski com rigidez de nuca são os mais específicos para meningites. Petéquias e erupções purpúricas indicam meningococcemia ou meningite por H. influenzae, assim com acometimento de articulações e mialgia Múltiplas hemorragias com choque (síndrome de WaterhouseFriderichsen) é patognomônico de meningococcemia Rashes cutâneos (maculopapular ou urticariforme, se tornando violáceas depois) indicam infecção pelo pneumococo, assim como história de drenagem auricular ou trauma na cabeça. No lactente, há apatia, hipo ou hipertermia, irritabilidade, abaulamento de fontanela e recusa alimentar. O meningococo ainda pode causar artrite, panoftalmite, conjuntivite, endocardite, pericardite, faringite, pneumonia, osteomielite, epiglotite, celulite orbital, uretrite, salpingite e infecção cervical. A sepse por este agente cursa com vasculite e choque grave. Exames complementares: Sempre que meningite for suspeitado, deve-se fazer a punção lombar para confirmar a diagnose (após excluir hipertensão intracraniana) Líquido turvo, com > 200 cél./mm3, com aumento de leucócitos (especialmente leucócitos polimorfonucleares), altos níveis de proteína e baixos de glicose confirmam a diagnose, só se esperando haver resultados positivos para coloração de gram e cultura do material. No início da doença, pode haver infecção estando o líquor sem nenhuma destas alterações. Deve-se repetir a punção horas depois. Outros locais para se obter o patógeno são sangue, líquido sinovial, outro líquido estéril e lesões purpúricas. Na infecção por L. Monocitogenes, às vezes é difícil obter líquor turvo, pois a infecção é pouco concentrada neste caso. Exames de imagem são indicados na presença de sinais focais, manutenção do coma após 72 horas de terapia adequada, défict neurológico motor persistente, crise convulsiva de início tardio, pleocitose do LCE após completar a antibioticoterapia, sinais de hipertensão intracraniana e meningite recorrente. Complicações: Colapso circulatório Coagulação intravascular disseminada Gangrena de extremidades Quadro neurológicos focais como hemiparesia, quadriparesia, paresia facial, defeitos de campimétricos (necrose cortical, vasculite oclusiva, trombose de veias corticais) Surdez transitória ou permanente Hidrocefalite e edema cerabral (dimunuição rápida do nível de consciência, hipertensão intracraniana, bradicardia, arritmia respiratória, anisocoria e paralisia facial) Efusão ou empiema subdural (febre, vômitos, irritabilidade e abalos) – se punciona a coleção todo o dia Abscessos cerebrais (cefaléia, alterações do nível de consciência, náuseas, vômitos e febre) se trata com penincilina cristalina, metronidazol e ceftriaxona ou cefotaxima e talvez drenagem cirúrgica Hemorragia intraparenquimatosa Hipertermia Tamponamento cardíaco na pericardite Reativação da infecção herpética Abalos Artrite Fatores de má prognose: Abalos focais, difíceis de controlar e que perssitem após o 4° dia de internação Presença de púrpuras Doenças nos extremos da vida Imunossupressão do paciente Infecção por estreptococos, bacilos entéricos gram- e pneumococos Presença de choque, hipotensão, coma e alteração do nível de consciência Tratamento: Infecção no neonato recente: Ampicilina com cefotaxime Infecção no neonato tardio: Nafcilina (fluoxacilina) ou vancomicina com ceftazidime Infecção em 1 a 3 meses de vida: Ampicilna com cefotaxime ou ceftriaxona Infecção em 3 meses a 5 meses de vida: Cefotaxime ou ceftriaxona Acima de 5 anos: Cefotaxime ou ceftriaxona e vancomicina com rifampsina se houver germes resisitentes Estes esquemas de antibioticoterapia são por 10 a 14 dias, alargando-se para 2 a 3 meses na infecção por enterococos. Também deve-se fazer suporte com oxigenação, hidratação e outras medidas para evitar hipoglicemia, hiponatrenia, abalos e má perfusão cerebral por hipertensão intracraniana. Dexametazona pode ser útil para evitar edema cerebral. Profilaxia: Oferecer rifampsina para os contatos íntimos em caso de meningite por meningococo (5 a 7 dias) ou H. influenzae (4 dias) (contatos íntimos são todos que tivram contato por mais de 8 horas consecutivas ou beijaram na boca do paciente nos últimos sete antes da internação). Isolamento respiratório do paciente por 24 horas e descolonização das vias aéreas com ceftriaxona dose única Vacinação para H. influenzae e N. meningitidis para pacientes com deficiência do complemento e/ou com asplenia. Para H. influenzae, todas as crianças são vacinadas. Caso clínico 7: Doença de Chagas: Epidemiologia da doença de Chagas: O Trypanossoma cruzi é encontrado desde o sul dos EUA até o sul da Argentina (49°S de latitude). Se adquire a doença por comer outros mamíferos (gambás, roedores, tatus, tamanduás, gatos e cachorros silvestres ou domésticos, coelhos, macacos e morcegos) infectados ou outras comidas com triatomídeos infectados, ser picado por um triatomídeo infectado, receber sangue e outros tecidos infectados e de forma congênita. A invasão e modificação de ambientes silvetres pelo homem torna os triatomídeos mais próximos do homem, aumentando a chance de infecção. Os insetos vetores são hemípteros, família Reduviidae, subfamília Triatominae, de várias espécies, variando de preferência de vida silvestre ou doméstica. Durante toda a vida destes insetos, podem se infectar e transmitir tripanossomas. Ciclo evolutivo do T. cruzi: Os insetos vetores sugam sangue de animais com tripomastigotas. No estômago destes insetos, os tripomastigotas evoluem para esferomastigotas (forma arredondada com flagelo circumdando o corpo) e vão para o intestino médio. No intestino médio, os esferomastigotas evoluem para epimastigotas (forma flagelada com o cinetoplasto próximo ao núcleo) e vão para o intestino posterior. No intestino posterior, os epimastigotas evoluem para tripomastigotas metacíclicos, a forma infectante. Ao picar uma pessoa, os tripomastigotas metacíclicos nos dejetos que o inseto despejou penetram em soluções de continuidade de pele ou mucosas íntegras, infectando a pessoa. No sangue da pessoa ou outros vertebrados, os tripomastigotas metacíclicos penetram em macrófagos, fibras musculares estriadas e células da glia. São cobertos por vacúolos fagocitários destas células, mas os tripomastigotas escapam dos mesmos para o citoplasma, se multiplicam e evoluem para amastigotas ovalados. Os amastigotas se multiplicam e só evoluem para tripomastigotas antes de romperem a célula infectada, 3 a 6 após penetrarem. De volta à circulação, os tripomastigotas penetram em outra célula ou são capturados na picadura do inseto vetor. Quadro clínico da fase aguda: O quadro começa após 7 a 10 dias da picadura e 10 a 117 dias após receber sangue e dura por 3 a 8 semanas. Sinal de Romaña: Conjutivite aguda com congestão e edema unilateral, indolor e de cor rósea, junto de linfonodomegalia préauricular e submandibular e talvez celulite periorbitária e necrose do tecido subcutâneo – picadura do inseto na conjuntiva Chagoma de inoculação: Nódulo cutâneo de 1 a 3 cm de tamanho, eritematoso, levemente doloroso, com base endurecida e linfonodomegalia em torno – picadura do inseto na pele Febre diária > 39°C, com ascensões vespertinas, durando de 1 a 2 meses e edema subcutâneo Mal-estar, mialgias, astenia, anorexia e cefaléia Linfonodomegalia generalizada com linfonodos móveis, indolores, não-coalescidos e sem inflamação em torno Hepatoesplenomegalia com bordas e superfícies lisas, consistência ligeiramente aumentada e pouco dolorosos à palpação Exantemas morbiliformes, urticariformes ou eritema polimorfo são mais raros, assim como miocardite que pode evoluir para ICC (taquicardia independente da temperatura, hipofonese de bulhas, sopros sistólicos e arritmias) em jovens Meningoencefalite é encontrada apenas em lactentes Por ser uma síndrome de mononucleose, deve-se diferenciar de febre tifóide, miocardites virais, brucelose, malária aguda, leishmaniose visceral, mononucleose infecciosa, citomegalovirose aguda e toxoplasmose aguda. Exames complementares na fase aguda: Anemia discreta, leucocitose leve a moderada com neutropenia, linfocitose com muitos linfócitos atípicos eplasmocitose e eosinofilia talvez Aumento leve a moderado da proteína C reativa, mucoproteínas, globulinas alfa e gama e aminotransferases Triponossomas são comumentes encontrados no líquor na fase aguda. Pesquisa de sangue periférico de T. cruzi a fresco, entre lâmina e lamínula. Colher no período de maior febre e não fazer gota espessa ou corar a lâmina para examinar Anticorpos anti-T. cruzi IgM por imunofluorescência indireta (títulos 1:10 ou maiores indicam a doença) Xenodiagnose, hemocultivo e inoculação em animais são formas de aumentar a sensibilidade da pesquisa do parasito em parasitemias muito baixas. Os filhos de mães chagásicas não-infectados possuem IgG antichagas postivos até os cinco meses de vida, vindo da mãe. Nesta época, só IgM anti-cruzi pode indicar infecção congênita. Educação e organização da população sobre a doença Violeta de geniciana 1:4000 em sangue suspeitos de estarem contaminados antes de transfundí-los Forma crônica indeterminada: Ausência de quadro clínico e exames complementares sem mostrar acometimento pelo parasita, exceto sorologia e/ou exames parasitológicos positivos para T. cruzi Os pacientes falecem de morte súbita por taquiarritmias, como fibrilação ventricular, ICC, quadros tromboembólicos ou volvo de sigmóide. Quadro clínico da forma crônica cardíaca: Gênero masculino, etnia afro-brasileira, idade de 30 a 50 anos, sobrecarga de esforço físico e hipertensão, miocardioesclerose e megacólon são fatores de pior prognose. Arritmias (bloqueio completo de ramo direito, associado ou não ao hemi-bloqueio anterior esquerdo, extra-sístoles multifocais, alterações da onda T e bradiarritmias). Extra-sístoles freqüentes e polimórficas, taquicardia paroxística ventricular, fibrilação atrial, áreas inativas extensas, bloqueios de ramo avançados e bloqueios A-V avançados) indicam pior prognose Palpitações, síncope por baixo débito, vertigem, tonteiras, desdobramento constante de B2 no foco pulmonar são indícios de arritmias. ICC e seu quadro clínico Tromboembolismo arterial por trombo em VE e AD, havendo infartos pulmonar, cerebral, renal, esplênico ou mesentérico O tratamento deve ser direcionado a cada forma de acometimento cardíaco, como se o paciente não tivesse a doença de Chagas. O tratamento parasitológico não altera a sobrevida nem os sintomas. Quadro clínico da forma crônica digestiva: Disfagia para alimentos mais duros e frios, precisando engolir grandes quantidades de água para engolir, odinofagia, soluço, pneumonia de aspiração, esofagite e ruptura de esôfago e aumenta risco de câncer de esôfago na esofagopatia Se trata com sondas hiperbáricas, miotomia de Heller, dinitrato de isossorbitol ou nifedipina. Constipação ou diarréia, meteorismo, dificuldade de expulsão da massa fecal, distenção, dores abdominais na colopatia Pode complicar com fecaloma e volvo de sigmóide e se trata com dietas anticonstipantes, mas sem excessos de fibras, laxantes e lavagens intestinais e ressecção do segmento dilatado Exames complementares na fase crônica: Pesquisa de anticorpos anti-T. cruzi IgG Hemaglutinação indireta > 1:64 e imunofluorescência indireta > 1:320, ELISA e aglutinação direta com 2ME PCR e Western-Blot Xenodiagnose e hemocultivo Tratamento contra o parasita (por 30 a 60 dias): Nifurtimox: Contra-indicado na gravidez, insuficiências hepática e renal e provoca anorexia, perda de peso, enjoôs, vômitos, dores abdominais, insônia e distúrbios do comportamento Benzonidazol: Provoca dermatopatia urticariforme, depressão medular com leucopenia, polineuropatia periférica, anorexia, náuseas, dores abdominais, sensação de fraqueza Corticoesteróides em caso de miocardite grave Se trata em casos agudos e congênitos, acidentes com material com T. cruzi, paciente com infecção recente e < 10 anos O critério de cura é negativação total e permanente das provas parasitológicas (xenodiagnose e hemocultura) e imunológicas (sorologia e dosagemde anticorpos líticos). Prevenção individual e coletiva: Uso de inseticidas, como piretróides, nos locais habitados por pessoas e com muitos triatomídeos Melhoria das residências ou construção de residência adequadas Seminário 7: DST: DST são doenças que a forma mais comum de serem adquiridas é no ato sexual, mas não exclusivamente neste. Possuir uma DST é fator de risco de se infectar com outras DST e os parceiros sexuais de pessoas com DST estão em igual situação. Portanto, além de tratar o paciente com DST, deve-se procurar os parceiros sexuais do paciente para diagnose precoce e tratamento, mesmo que não apresentem quadro clínico e antes dos mesmos retornarem ao exercício da sexualidade sem preservativos. Toda DST deve ser informada aos orgãos públicos de saúde. Ao se abordar o paciente, deve-se usar termos que ele mesmo entenda (gírias, jargões, outras expressões), não confundir a orientação sexual do paciente e pesquisar uso recente de antibióticos, pois estes mascaram o quadro clínico das doenças. Quadro clínico da uretrite: Eritema em torno do meato uretral e disúria ((prurido ou irritação) Uretrite não gonocócica (UNG) possui incubação de 2 a 35 dias, se alargando com uso incorreto de antibioticos. Há descarga uretral em 11 a 33% dos homens com UNG, sendo 50% mucopurulenta, mas pode ser clara ou de bem pouca quantidade e disúria mais insidiosa. Uretrite gonocócica (UG) possui descarga uretral em 75% dos homens, sendo 25% mucopurulenta e disúria mais abrupta. Piúria, freqüencia urinária e disúria (interna indica uretrite ou cistite e externa indica vulvovaginite) são mais comuns na mulher. Se a descarga nao sair espoontaneamente, apertar a uretra de parte proxmal para distal para ordenhar mais descarga. Ao examinar a descarga, cuidado, pois cocos e bacilos gram-positivos são microbiota do meato uretral. Ausência de polimorfonucleares descarta uretite e diplococos intracelulares gram-negativos fecham a diagnose de UG. PCR e reação em cadeia da ligase podem ser obtidas por swab de uretra, além da descarga, para procurar o agente causador. Os agentes mais comuns de UNG são Chamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma genitalium, Trichomonas vaginalis e outros, como herpesvírus. Se suspeita tricomonas quando o tratamento empírico falha e se suspeita de herpesvírus quando há lesões externas. Tratamento empírico da uretrite: UG: Ceftriaxona, ciprofloxacina, ofloxacina, cefixime, cefpodoxime, azitromicina ou gatifloxacina dose única UNG: Azitromicina dose única ou doxiciclina, tetraciclina, eritromicina, ofloxacina ou minociclina por 7 dias Certeza de infecção por clamídia: Usar clindamicina ou sulfametoxazol por 10 dias ou amoxicilina por 7 dias Doença persistente apesar do tratamento: Metronidazol com eritromicina, azitromicina ou fluoroquinilona dose única Na gravidez, não usar tetraciclina ou fluoroquinolonas. Ainda havendo recorrência, fazer profilaxia por 1 ano com tetraciclina ou eritromicina diárias e investigar anomalias gênitourinárias Critério de cura é ausência de polimorfonucleares no líquido uretral. A principal causa de recorrência é reinfecção pelos parceiros sexuais não tratados. Tratar os parceiros; pode-se verificar se os homens estão infectados procurando polimorfonucleares nas secreções uretrais. Lesões genitais: Parâmetros a serem pesquisados na lesão genital: Período de incubação: Trauma local ou alergia a produtos tópicos usados pelo parceiro (< 2 dias), cancróide ou infecção pelo herpesvírus (>2 dias e < 5 dias), sífilis (1 a 3 semanas), HPV (4 a 12 semanas), escabiose ou pthiríase (4 semanas) ou molusco contagioso ou donovanose (1 a 12 semanas) Lugar de infecção: Linfogranuloma venéreo (África e leste da Ásia, donovanose (Índia, Nova Guiné, África e América Latina) ou cancróide (EUA) Sintomas associados: Dor (herpes ou cancróide ou sífilis em 30%), prurido (escabiose e pthiríase) Recorrência: Herpes Uso de antibióticos pode modificar as lesões Quadro clinico de herpes: Lesões surgem 2 a 20 dias após exposição Grupo de vesículas umbilicadas com eritema em torno As vesículas rompem e formam úlceras limpas, rasas, dolorosas, não-induradas e de mesmo tamanho na vulva, lábios, uretra e pênis. As úlceras formam crostas que demoram 3 meses para cicatrizar. Acompanhdo de linfonodomegalia regional, febre, mal-estar, anorexia e meningite asséptica. Nas recorrências, este quadro é precedido por prurido ou queimação em 6 a 24 horas antes do quadro e todo o quadro dura de 7 a 10 dias. Se colhe material das vesículas para fazer coloração de Tzanck (tintura de Wright ou Giemsa) e se vê celulas gigantes multinucleadas. Pode-se usar ELISA, PCR. para a diagnose. Tratamento: Tratar as lesões deixando-os limpas e secas Valaciclovir, aciclovir, famciclovir, penciclovir por 7 a 10 dias na primo-infecção Antivirais citados por 5 dias nas recorrências e por um ano na terapia supressiva Avisar que os pacientes continuarão infectantes Se usa aciclovir intravenoso na infecção grave, na imunosupressão ou outras causas que contra-indiquem uso oral por 5 a 7 dias com hidratação. Quadro clínico de sífilis: Forma primária: Cancro duro (único, indolor, ulcerado, vermelho e com bordas duras e fundo limpo) no colo uterino, lábios, sulco balanoprepucial e glande, ânus, dedo, língua e tonsilas em 20 a 30 dias após contato e linfonodomegalia inguinal, indolor e múltipla Forma secundária: Erupção cutânea generalizada e simétrica (máculas que viram pápulos que viram pápulas-escamas e podem ser pústulas) mais comum em palmas e plantas e na mucosa oral (placa mucosa – lesões múltiplas, erosivas e redondas ou ovais), lesões hipocrômicas em torno do pescoço, alopécia temporoparietal e occipital, madarose, paroníquia, aníquia, linfonodomegalia generalizada, mialgia, artralgia, cefaléia, febre, emagrecimento, astenia, iridociclite, meningite, hepatite, esplenomegalia e periostite. Forma terciária: Lesões assimétricas, destrutivas e que formam cicatrizes atróficas e não-retráteis; aortite (som de tambor no fechamento da valva aórtica), aneurisma, estenose do óstio coronário, insuficiência aórtica, meningite, tabes dorsalis e outros sinais neurológicos. Forma congênita: Abortamento, rinite hemorrágica, erupção eritemopapulosa, placas mucosas, fissuras anais e periorais radiadas, bolhas palmoplantares, linfonodomegalia generalizada, hepatoesplenomegalia, osteocondrite, tíbia em sabre, surdez neurossensorial e dentes de Hutchinson. Diagnose laboratorial de sífilis na gravidez: Pesquisa de T. pallidum no líquido que escorre das lesões (ou linfonodo regional ou líqüido amniótico), após escarificação, em campo escuro Pesquisa de T. pallidum por impregnação por prata ou imunofluorescência direta das lesões suspeitas Sorologia por VDRL (ocorre também em várias doenças, mas títulos acima de 1/16 indicam sífilis) FTA-ABS positivo (indica que o paciente já contraiu sífilis alguma vez) e FTA-ABS-IgM positivo (indica infecção recente e é usado para diagnosticar sífilis congênita) Na gravidez, todo teste não treponêmico deve ser confirmado por um teste treponêmico. Ultrassom fetal pode identificar hidropsia fetal e outras manisfestações da sífilis no feto. Tratamento na gravidez: Sífilis primária, secundária ou latente: Penincilina G benzatina 2,4 (1 dose) ou 4,8 (2 doses, 7 dias entre uma e outra) milhões de UI por via IM ou penincilina G procaína 600000 UI por dia por via IM por 10 dias Sífilis terciária, exceto neurossífilis: Penincilina G benzatina três doses de 2,4 milhões de UI a cada semana por via IM Neurossífilis: Penincilina G cristalina 2 a 4 milhões de UI a cada 4/4 horas por 10 dia por via EV ou penincilina G procaína 2,4 milhões de UI por dia por via EV com probenecida 500 mg 6/6 horas por via oral, por 14 dias Dessenssibilizar a grávida em caso de alergia a penincilina O tratamento na segunda metade da gravidez pode causar reação de Jarisch-Herxheimer (cefaléia, febre, calafrios, artralgias, mialgias e exacerbação das lesões), podendo levar trabalho de parto prematuro e/ou sofrimento fetal. Se trata a reação com analgésicos e repouso e se evita por usar corticóides. Em não-grávidas, tetracilina, eritromicina ou doxicilina por 15 dias (formas primária, secundária ou latente) ou 30 dias (forma terciária, exceto sífilis). Prevenção: Testes sorológicos na primeira consulta pré-natal, podendo repetir no terceiro trimestre e no momento do parto Diagnose e tratamento precoces da gestante e seus parceiros Cancróide ou cancro mole (infecção por Hemophilus ducreyi): 4 a 7 dias de incubação Úlceras dolorosas, com debris, sujas ou necróticas e não-induradas na genitália e podem ser auto inoculadas Linfadenomegalia inguinal, com drenagem nodular Se trata com dose única de ceftriaxona ou azitromicina, 3 dias de ciprofloxacina ou 7 dias de eritromicina ou dose única de tiafenicol na América do Sul. Doses maiores são necessárias em imunosuprimidos. Donovanose: Úlceras indolores e destrutivas com cicatrização por cicatrizes hipertróficas Se trata com dose única de azitromicina. Molusco contagioso: 2 a 8 semanas de incubação Pápulas indolores com umbilicação central e de 1 a 5 mm na genitália, coxas e nádegas e podem ser auto-inoculadas Se trata com curetagem, crioterapia ou ablação a LASER Usar aciclovir nas formas disseminadas e diferenciar da criptococose na SIDA HPV: 6 semanas de incubação Pápulas moles com superfícies verrucosas na genitália externa, na uretra, na vagina, no cérvice e perianal Lesões jovens aparecem ao lado de lesões antigas Ácido acético a 3 ou 5% torna as lesões brancas Na biópsia das lesões, aparece coilocitose (zonas claras em torno do núcleo das células infectadas) Se trata com crioterapia; podofilox a 0,5%; ácido tricloroacético a 80 ou 90%; imiquimod a 5% ou interferon intralesional. Podofilina 10 a 25% em tintura de benzoína não deve ser usado em grávidas. Infecção gonocócica disseminada: Mais comum na deficiência do complemento Fbre, pequenas pústulas ou vesículas hemorrágicas nas partes distais das extremidades Pode complicar com poliartrite ou tenossinovite ou menigite ou endocardite Deve-se procurar o parasita em todos os lugares possíveis (uretra, reto, cérvice, faringe, sangue e líquido articular) Se trata por 48 horas de ceftriaxona, ceftizoxima, cefotaxima ou ciprofloxacina IV e depois 1 semana de cefixime ou ciprofloxacina orais Todos os parceiros sexuais devem ser tratados e também tratar para clamídia neste caso. Caso clínico 8: Imunossupressão: Infecção é o balanço negativo entre a capacidade do nosso sistema imunológico e a virulência dos microorganismos. Imunossupressão ocorre na SIDA, doenças congênitas do sistema imune, neoplasias malignas, especialmente as hematológicas, estresse psicológico e tabagismo deprimem o sistema imune de alguma maneira. Geralmente deficiência em um eixo do sistema imune afeta o resto do sistema. Febre de origem obscura em imunossuprimidos: A origem da febre só consegue ser descoberta em 30 a 50% dos pacientes imunossuprimidos pois não há pus (granulocitopenia), calafrios não indicam bacteremia e o exame físico porduz poucos sinais, não apontando para uma dada infecção. Deve-se valorizar quaisquer achados no paciente. Pode-se usar mais livremente métodos complementares mais sofisticados para encontrar a causa da infecção, mas as hemoculturas são os exames que mas ajudam nesta ocasião. Infecções de pele: Causadas por trauma após introdução de agulhas e cateteres intravasculares, uso de curativos oclusivos, que aumentam a hidratação da pele, e uso de antimicrobianos e/ou corticóides tópicos ou sistêmicos. Quimioterapia e radioterapia podem causar alopecia, xerodermia, anidrose e mudanças cutâneas. As bactérias mais comuns são Streptyococcus e S. aureus, mas também Enterobacteriaceae e Pseudomonas sp. Os fungos mais comuns são Cryptococcus neoformans, Candida sp., Microsporum sp., Trichophyton sp. e Fusarium solani. Os vírus mais comuns são herpetoviridae e papiloma. S. aureus, Corynebacterium sp. e Malassezia furfur podem atravessar as barreiras da pele e invadir tecidos profundos. Qualquer perda de continuidade cutânea facilita a invasão por S. aureus, Acinetobacter baumannii e bactérias entéricas. Cateteres de longo uso são infectados poor estafilococos coagulase negativos, Bacillus sp, Candida sp e Pseudomonas sp., necessitando retirar o cateter. Só após 10 dias de uso de catater há maisor risco de infecção. Coloração de gram e cultura do pus ou sangue da saída do cateter e das lesões cutâneas podem indicar o agente causador da infecção. Infecções do trato respiratório: No caso de pneumonias, os agentes mais comuns são Pseudomonas sp., Klebsiella sp., Serratia sp., Enterobacter sp., Acinetobacter sp. e Aspergillus sp. Aspergilus e outros fungos e herpesvirus podem causar sinusite, bronquite e pneumonite. Infecções do trato digestivo: Evitar usar bloqueadores de H2 para evitar infecções digestivas baixas, assim como medicamentos e dietas constipantes. Isto evita infecção de trechos digestivos inferiores por microbiota comensal (bacteremia por streptococcus a-hemolítico, choque séptico ou pneumonite por streptococcus viridans após citarabina). Citarabina, reação do enxerto contra o hospedeiro e radioterapia de corpo inteiro causam diarréia. Quimioterapia (melfalan, etopositida, metotrexate, citarabina, idarubicina, antraciclina com ciclofosfamida e irradiação) causam mucosite (lesões na orofaringe, esôfago e estômago), aumentando bacteremia por estrepcocos, S. mucilaginosus e Capnocytophaaga spp. Na leucemia, pode haver candidose invasiva, enterocolite neutropenica por P. aeruginosa (identificável na hemocultura). Penincilina, rifampsina, cindamicina, eritromicina, bacitracina, vancomicina, algumas cefalosporinas e imipeném desequilibram a microbiota digestiva, havendo infecções por Klebsiella pneumoniae, P. aeruginosa, Enterococcus faecium e Clostridium septicum. Endoscopia pode identificar herpes simplex, citomegalovírus e Candida sp. Tumores provocam infecções por obstruir condutos naturais ou comunicar espacos estéreis com o exterior. Neuropatia paraneoplásica, tumores do SNC e compressão medular diminuem a tosse e deglutição e esvaziamento vesical, aumentando risco de infecção. Qumioterapia e radioterapia causam trombocitopenia, que causa bacteremia. Diabetes melitus aumentam risco de infecções de feridas, infecções gênito-urinárias e otite externa maligna por P. aeruginosa e deferoxana para tratar excesso de ferro sérico aumeta risco de mucormicose pulmonar e rinocerebral. Crianças estão mais sujeitas a sepse por encapsulados, como S. pneumoniae, H. influenzae, e Neisseria meningitidis e estafilococos em algumas circunstâncias. Infecções na granulocitopenia: Drogas citotóxicas, radioterapia e glicocorticóides (reduzem a aglomeração de neutrófilos na inflamação por reduzir sua capacidade de adesão e atividade quimiotáctica e sua fagocitose e eliminação intracelular de microorganismos) geram granulocitopenia. Febre ocorre após 3 semanas de granulocitopenia < 100 células/mm3 e risco diminui com o retrono dos granulócitos aos seus níveis originais. Após 10 dias de um pulso de quimioterapia, granulocitopenia se instala com lesões mucosas, aumentando o risco de febre e bacteremia. Infecções em pacientes com deficiência de células B e imunoglobulinas: Causada por doenças congênitas do sistema imune, drogas citotoxicas (azatioprina, ciclosporina, fludarabina e citarabina), radioterapia, corticoesteróides, linfoma de Hodgkin e outras neoplasias linfóides e reação do enxerto contra o hospedeiro Mais sucetíveis a infecção por Salmonella sp., Campylobacter sp., Giardia intestinalis. Esplenectomia reduz os níveis de properdina, tuftsina e IgM, aumentado a chance de haver infecções por Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus sp., Neisseria meningitidis e Salmonella sp., o que também ocorre na reação do enxerto contra o hospedeiro. A prevenção de infecção pelo pneumococo pode ser obtida com o uso de penincilina benzatina uma dose por mês ou vacinação antipneumocócica. Estes pacientes não devem receber vacinas de vírus vivos, nem os atenuados. Nas suspeitas de infecção, usar ampicilina ou amoxacilina com ou sem ác. clavulânico ou cefuroxime, com ou sem aminoglicosídeo em casos graves (amicacina, tobramicina ou gentamicina). Infecções em pacientes com deficiência da imunidade celular: Mais sucessíteis a infecções por E. coli, herpes simplex, varicela zoster, citomegalovírus, P. aeruginosa e Mycobacterium spp. Deve-se evitar contato do paciente com casos conhecidos de varicela e herpes e usar imunoglobulina ou aciclovir em caso de exposição, A vacina contra varicela também é indicada. Deve-se medir a antigenemia mensalmente contra CMV. Em caso de positividade, o paciente deve receber ganciclovir venoso até a antigenemia tornar-se novamente negativa. Outros agentes causadores são Nocardia spp., Pneumocystis carinii, Listeria monocytogenes, Cryptococcus neoformans e Strongyloides stercoralis. Infecções em pacientes neutropênicos: Mais sucetíveis a P. aeruginosa, E. coli, Klebsiella spp., Staphylococcus aureus, Serratia spp., Candida spp. e enterobactérias Nas infecções destes pacientes, há poucos sinais e sintomas de infecção, quanto mais grave a neutropenia mais provável são as infecções e estes podem ser fatais e rápidas de evoluírem. Valorizar sempre quaisquer achados clínicos do paciente. Pode-se usar mais livremente exames complementares, como hemocultura, cultura de cateteres, urinocultura, cultura de fezes, biópsia de lesões, raio X, TC e RM. O tratamento empírico deve englobar os agentes mais encontrados em imunossuprimidos na instituição, e depois modificar o esquema de acordo com os agentes que crescem em cultura e suas sensibilidades. Principais infecções em neutropênicos: Esofagite: Dor retroesternal súbita em queimação e odinofagia: Candida sp., herpes simplex e bactérias gram-negativas: Antifúngico oral com aciclovir, anfotericina B e com vancomicina ou teicoplamina se o paciente estiver com cateter. Se não funcionar, esofagoscopia com biópsia Pneumonia: Febre persistente, tosse seca, dor torácica: Fungos: Se usa TC torácica e se usa sulfametoxazol com trimetroprima e eritromicina Sinusite: Dor periorbital: P. aeruginosa e anaeróbicos: Se usa raio X de seios da face ou TC e se remove todo o tecido necrótico Candidíase oral: Placas brancas elevadas e dolorosas: Nistatina ou TMP/SMX Tiflite: Dor no QID abdominal, febre, diarréia, distensão abdominal e prostração Candidíase disseminada crônica: Febre, dor no hipocôndrio direito, náuseas, hepatoesplenomegalia, fosfatase alcalina elevada: Se usa US ou TC abdominais – aspecto em queijo suíço – e biópsia hepática e se usa anfotericina B ou fluconazol Infecção perianal: Febre, dor à evacuação e rubor anal: Anaeróbios e gram-negativos: Se usa antibioticoterapia específica e cirurgia na induração e eritema persistentes e extensão à fossa isquiorretal Ectima gangrenoso: Pápulas ou nódulos cutâneos: P. aeruginosa, S. aureus, Fusarium sp. e cândida: Se usa anfotericina B, fluconazol ou itraconazol Profilaxia das infecções em pacientes imunossuprimidos: Filtração aérea e fluxo laminar podem ser usados em unidades hospitalares. Profilaxia antibiótica oral seletiva com TMP/SMX, anfotericina B ou fluconazol ou itraconazol e aciclovir Lavar as mãos antes e depois de atender os pacientes Oferecer dietas de baixo conteúdo microbiano, evitando alimentos crus e usando só água filtrada e estéril Realizar higiene oral e cuidado dentário rigorosos (bochechos com soluções anti-sépticas e profilaxia antibiótica nos procedimentos odontológicos) Uso de intrumentos médicos individuais Usar scalp em vez de jelcos plásticos nas punções venosas Evitar contato com vasos de flores e outras fontes de água parada e áreas em construção. Imunoglobulina hiperimune pode ser usada na infecção por S. pneumoniae, H. influenzae, hepastite B, herpes vírus e vírus respiratório sinsicial. Vacinação contra germes encapsulados antes de se fazer esplenectomia Caso clínico 9: Leishmaniose visceral: Agente etiológico: Protozoários flagelados da classe Mastigophora, ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania, subgênero Leishmania e espécies donovani, infantum e chagasi As formas amastigotas (esfera ou ovalado de 2 a 6 m de comprimento e 1,5 a 3 m de largura e com um cinetoplasto tangente ao núcleo, mitocôdria contínua ao cinetoplasto e um curto flagelo intracelular) que se multiplicam nos vacúolos dos monócitos e seus derivados são ingeridos poe flebótomos. Nos mosquitos flebótomos (gênero Lutzomyia na América e Phlbotomus no Velho Mundo), as formas amastigotas se tornam formas promastigotas (bastonetes curvos de 14 a 20 m de comprimento e 1,5 a 4 m de largura e com mitocrôndria maior, mais retíclo endoplasmático, longo flagelo extracelular e cinetoplasto anterior ao núcleo). Os promastigotas migram para a probóscide do inseto se introduzidos nos vertebrados na próxima picada e se tornam novamente amastigotas. Os principais reservatórios vertebrados são raposas, cães e gambás. Quadro clínico: Período de incubação de 10 dias a vários meses Pápulas ou máculas que contém os parasitos e despigmentação da pele semelhante ao vitiligo Astenia, anorexia, emagrecimento, tosse seca esporádica, febre, diarréia; que vão piorando de acordo com os meses Dor abdominal, icterícia, dor nos membros inferiores, calafrios, sudorese Palidez cutâneo-mucosa, aumento do volume abdominal, fascies de doença crônica, hepatoesplenomegalia, linfoadenomegalia Edema bilateral, anarsarca, insuficiência cardíaca, uveítes e hemorragias a longo prazo Podem evoluir com sepse e os pacientes com HIV com < 200 células/mm3 apresentam febre, hepatoesplenomegalia, pancitopenia, disfagia, odinofagia, dor epigástrica, dor abdominal, hemorragia digestiva, desconforto retal e diarréia. Deve-se diferenciar da enterobacteriose septicêmica prolongada, malária, febre tifóide, esquistossomose mansoni, cirrose hepática, tuberculose miliar, brucelose, endocardite bacteriana, linfomas e leucemia mielóide crônica. No exame liquórico, pode haver pleocitose mononuclear, hiperproteínorraquia e glicorraquia normal. Há aumento das enzimas hepáticas e anticorpos anti-HIV só serão detectados após algumas semanas após os sintomas, mas antigenemia p24 já pode ser detectada, assim como métodos moleculares. Exames complementares: Pesquisa de amastigotas em monócitos da medula óssea, baço, fígado e pele, sangue e mucosa nasal com menor rendimento por coloração de Giemsa ou cultura destes tecidos Teste de aglutinação direta, reação de imunofluorescência indireta e reações imunoenzimáticas Anemia normocrômica intensa com fenômero de Rouleaux nas hemácias no hemograma Hipoalbuminemia com hiperglobulinemia no proteinograma Animotransferases aumentadas até 10 vezes de seu valor normal Manisfestações digestivas da infecção crônica pelo HIV: Candidíase oral: Placas brancas na região ventrolateral da língua, facilmente removidas com uma espátula; desconforto local, alteração do paladar e áreas hiperemiadas ou eritematosas. Se usa nistatina, clotrimazol, miconazol, bicarbonato de sódio ou água oxigenada tópicos ou cetoconazol, fluconazol orais. Leucoplasia oral pilosa: Placas espessas brancas com projeções fibrilares nas bordas lateral e inferior da língua, não removíveis com uma espátula. Se usa ácido retinóico tópico. Verruva vulgar do papilomavírus oral: Pequenas lesões coalescentes elásticas e róseas ou túrgidas. Se deve excluir carcinoma e se usa podofilina ou etretinato tópicos. Herpes oral: Vesículas dolorosas e recorrentes. Aciclovir ou famciclovir tópicos ou sistêmicops diminuem o tempo das remissões. Úlceras aftosas: Causadas por herpes simples, citomegalovírus, papiloma vírus, HIV, Candida sp. e Histoplasma sp. Se usa xilocaína, antissépticos, tetraciclina tópicos ou talidomida oral ou glicocroticóides tópicos ou sistêmicos. Mucosite pós-radioterapia ou quimioterapia: Úlceras e pseudomembranas, dor ou desconforto em 4 a 7 dias após os tratamentos. Se usa anestésicos locias, AINE e higiene com antissépticos para evitar infecções secundárias. Candidíase esofágica: Dor retroesternal, disfagia e odinofagia. Se usa cetoconazol ou fluconazol orais ou anfotericina B. Se faz endoscopia quando o tratamento não surte efeito. Herpes simples e citomegalovírus esofágicos: Dor retroesternal, disfagia e odinofagia. Se usa aciclovir ou famciclovir orais ou venosos para o herpes simples e ganciclovir ou foscarnet venosos para o citomegalovírus. Se faz endoscopia com biópsia de lesão quando o tratamento não surte efeito. Gastrite medicamentosa: Causado por SMX-TMP, cetoconazol, rifampsina, isoniazida, pirazinamida e aciclovir. Dor abdonimal, náuseas, vômitos e diarréia. Infecções gástricas: Dor epigástrica, hemorragias digestivas e abdome agudo até. Mais grave quando CMV infecta. Pior prognose na co-infecção com HBV e HCV (elevação das enzimas hepáticas mais do que 3 vezes os valores normais) Pancreatite por pentamidina, ddL, ddC, estavudina, sulfas, isoniazida. Metronidazol, CMV, tuberculose, micobacteriose atípicas e fungos Enterite aguda: Três ou mais evacuações por dia por 2 ou mais dias consecutivos ou aumento súbito da freqüência de evacuações na diarréia crônica. Os agentes mais freqüentes são Shigella, Salmonella, Campylobacter jejuni, Entamoeba histolytica, Giardia intestinalis, Cryptosporidium, C. difficile, citomegalovírus e herpes. Se usa empiricamente ciprofloxacina por 10 dias. Enterite crônica: Mais de 1 mês de critérios de enterite aguda. Causada por Cryptosporidium difficile, Isospora belli, G. intestinalis, E. histolyitca, S. stercoralis, micobactérias, herpes simples e CMV Proctites e proctocolites: Fissuras, fístulas, úlceras com dor, secreção anal, tenesmo, alteração do ritmo intestinal, dor abdominal e sangramento, geralmente após coito anal. Causado por N. gonorrhoeae, Chlmydia sp. e herpes simples nas lesões só nos 15 cm distais; herpes simples, CMV, sífilis e linfogranuloma venéreo nas úlceras e CMV, Chlamydia sp., Campylobacter sp., E. histolytica e Cryptosporidium no acometimento do cólon Tratamento: Estibogluconato de sódio ou antimoniato de meglucamina por 20 a 40 dias IM ou IV, administrando por mais 10 dias na ausência de melhora clínica ou parasitológica. Pode-se associar alupurinol ou aminosidina. Os antimoniais causam mialgias, dores articulares, adinamia, anorexia, náuseas, vômitos, plenitude gástrica, pirose, dor abdominal, prurido, febre, fraqueza, cefaléia, tonteiras, palpitação, insônia, nervosismo, choque pirogênico, edema, IRA, arritmias (inversão da onda T, alongamento do intervalo QT), elevação das transaminases, anemia, leucopenia, agranulocitose e plaquetopenia. Não se deve administrar antimoniais a gestantes, cardiopatas, nefropatas, hiperssensíveis ao antimônio, tuberculosos, hepatopatas e chagásicos. Anfotericina B até a dose total de 2 g., administrados em dias alternados Pentamidina em dias alternados por 5 a 25 semanas IM ou IV. Causa náuseas, vômitos, dores abdominais, hipotensão, síncope, dor no local de aplicação, induração, abscesso estéril e hipoglicemia. Só usar aminosidina na gestação. Controle de cura: Remissão do quadro clínico (desaparecimento das lesões cutâneas, febre, hepatoesplenomegalia) Desaperecimento dos parasitas na punção de medula óssea Medidas de prevenção: Identificar e informar às autoridades novos focos da doença Identificar os cães infectados com a doença Borrifar inseticidas químicos nas casas e removar lixo de detritos orgânicos para evitar proliferação dos flebotomíneos Seminários 8 e 9: HIV e SIDA: Quadro clínico da síndrome de soroconversão: Ocorre em 50 a 90% das pessoas infectadas pelo HIV, 5 dias a 3 meses após exposição Imita síndrome gripal ou de mononucleose Febre, astenia, faringite, mialgia, artralgia, cefaléia, dor retroorbicular, linfoadenomegalia mais na segunda semana, rash máculo-papular em tronco e membros e alterações digestivas por uma a quadro semamas Pode quadro de meningite asséptica, com cefaléia, fotofobia, meningite, neuropatia periférica e/ou síndrome de Guillain-Barré. No hemograma completo, há leucopenia transitória, linfocitose atípica e plaquetopenia. Manisfestações respiratórias da infecção crônica pelo HIV: Início insidioso e tosse seca ou pouco produtiva e desencadeada por inspiração profunda, só febre na quimioprofilaxia, infiltrado intersticial bilateral no raio X torácico e elevação desproporcional de LDH e hipoxemia – P. carinii Lesões cutâneas, febre, linfoadenomegalia, hepatoesplenomegalia, sepse, infiltrado intersticial ou retículo-nodular no raio X torácico e pancitopenia – Cryptococcus neoformans ou H. capsulatum Início insidioso, tosse produtiva, emagrecimento, febre vespertina com sudorese noturna, dispnéia só em estádios avançados e infiltrado difuso, intresticial ou miliar e derrame pleural no raio X torácico – M. tuberculosis Início agudo, tosse produtiva, febre elevada, calafrios, CD4 <200 células/mm3 e pneumonia lobar no raio X torácico – S. pneumoniae, S. aureus e H. influenzae Dor torácica, febre, tosse produtiva, hemoptise, astenia, anorexia, perda de peso e infiltrados intersticiais, derrame pleural, empiema e cavitações em lobos superiores no raio X torácico – Rhodococcus equi Evolução arrastada, febre, tosse persistente com timbre metálico, derrame pleural hemorrágico e opacidades reticulares em torno de vasos e mais nas regiões hilares – Sarcoma de Kaposi Manisfetações neurológicas da infecção crônica pelo HIV: Complexo de demência relacionado a SIDA ou encefalopatia pelo HIV: Mais comum em pacientes idosos, menor massa corporal, anemia e sintomas constitucionais. Alterações de concentração e memória, apatia, perda da libido, inércia e retração social, mas pode surgir agitação e anemia, raiva, desesperança e pânico, dificuldades em concentrar e dislexia, perda do controle manual e do equilíbrio, convulsões, cefaléia. Há instabilidade na marcha, tremor, hiperreflexia, reflexos de preensão e termina em decorticação, paraparesia e sinais piramidais bilaterais. Deve-se excluir toxoplasma, criptococose, linfoma, CMV, tuberculose. Linfomas, leucoencefalopatia multifocal progressiva, toxoplasmose podem gerar lesões focais sem efeito de massa e toxoplasmose, criptococose, infecções por fungos e outras bactérias piogênicas geram reforço anelar após injeção de contraste na TC. Meningite na síndrome de soroconversão geralmente é por HIV, mas pode haver concometimento de T. pallidum (deve-se pesquisar VDRL no sangue e líquor). Em fase avançadas, criptococose e tuberculose são as causas mais comuns de meningite e CMV, herpes simples e herpes zoster são as causas mais comuns de encefalite. Mielopatia vacuolar: Paraparesia espástica progressiva, ataxia sensitiva, disturbios esfincterianos e alterações de sensibilidade, todos arrastados e sem nivel sensitivo. Se deve excluir sífilis, HTLV-1, deficiência de ácido fólico e vitamina B12. Mielite transversa: Disfunção sensitivo-motora ascendente de instalação rápida e alterações esfincterianas e nível sensitivo nítido. Causada por herpes simples, herpes zoster e CMV. Há pleocitose polimorfonuclear no líquor na CMV, sífilis, tuberculose e toxoplasmose. Radiculopatia lombar e sacral: Dor e perda sensitiva e paralisia flácida arreflexa e alterações esfincterianas. Liquor com padrão de meningite na CMV. Infecção por germes oportunistas: Pneumonia por Pneumocystis carinii: Infecção definidora de SIDA e geralmente ocorre em CD4 < 250 células/mm3. Se transmite por via aérea e émicrobiota das vias aéreas, só causando infecção na imunossupressão. Cursa com febre de 38 ou 39 °C, fadiga, tosse seca (70%) após inspiração profunda, dispnéia aos esforços, taquicardia, taquipnéia, hipopnéia, estertores e roncos (1/3 dos pacientes), cianose periférica, emagrecimento, sudorese noturna e calafrios, que evoluem até a insuficencia respiratória. Há infiltrado difuso bilateral em 80% dos casos (derrame pleural acusa outras causas, com ou sem PCP), PaO2 < 60 mmHg, hipocapnia, alcalose respiratoria na gasometria e desidrogenase lactica > 500 U/L. Pior prognose há com leucometria > 12000, LDH > 600, albumina < 2,8, PaO2 < 60 e episodio prévio de PCP. Exame do escarro induzido por nebulização com coloração de Giemsa, broncofibroscopia com lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica são exames confirmatórios específicos. Se trata com TMP-SMX por 21 dias (cuidado, pois é comum rash cutâneo, alterações hepáticas, náuseas, vômitos, leucopenia, trombocitopenia e nefrite). Se pode usar clindamicina com primaquina, trimetropima com dapsona, pentamidina, atovaquona ou trimetrexate em intolerância grave. Usar corticoesteróides em pacientes graves. Se faz quimioprofilaxia com TMP-SMX em pacientes com < 250 células/mm3, após episódio de pneumocistose e nas evidências clinicas de imunodeficiência. Tuberculose: Grande causa, se não maior, de infecção do paciente com SIDA. Ocorre mais quando CD4< 500 células/mm3. Quando CD4 > 250 células mm3 ou linfometria global > 1500 células/mm3 ou presença de candidíase oral, a apresentação clínica e radiológica é igual aos imunocompetententes, assim como reatividade ao PPD (só há mais chance de haver formas extrapulmonares). Quando menor a estes valores, há anergia aos testes cutâneos, as imagens radiológicas são mais de formas difusas e linfoadenomegalias hilares ou mediastinais e é menor a positividade da baciloscopia em escarro ou lavado brônquico. Na fase precoce da infecção pelo HIV, tosse produtiva, hemoptóicos, hemoptise, febre vespertina, sudorese noturna, astenia, emagrecimento e linfoadenomegalias são as queixas mais freqüentes. Na fase avançada da infecção pelo HIV, dispnéia, hepatoesplenomegalia, sintomas arrastados, insuficiência respiratória e ausência de expectoração e hemoptise são as queixas mais comuns. No quadro mais parecido ao imunocompetente, baciloscopia de escarro ou exame do escarro induzido ou lavado broncoalveolar e cultura de todos os espécimes respiratórios coletados são suficientes para selar a diagnose de tuberculose pulmonar. No quadro do imunodeficiente, precisa-se de baciloscopia direta com cultura ou hemocultura se houver baciloscopia negativa de espécime pulmonar. No quadro mais parecido ao imunocompetente, punção do local suspeito e baciloscopia direta são suficientes para selar a diagnose de tuberculose extra-pulmonar. No quadro do imunodeficiente, precisa-se de cultura e identificação da bactéria do material de punção ou biópsia hepática ou aspiração de medula óssea, pois há mais chance de outras micobactérias de estarem causando esta infecção. Tratamento da tuberculose é esquema RIP por 6 meses. Se não houver resposta clínica em 3 ou 4 semanas, pensar em resistência às drogas. Toxoplasmose cerebral: Reativação de uma infecção antiga Cursa com incoordenação motora, ataxia, alterações do sensório, letargia, coma e anormalidades focais (convulsões, hemiparesia, tremor cereblar, paralisia de nervos cranianos, diplopia e cefaléia). Febre é pouco frequente e não há sinais de irritação meníngea. Múltiplas lesões hipodensas com reforço do contraste em anel, principalmente nos gânglios da base na TC craniana. Pode-se fazer RM e biópsia cerebral é sugerida após 10 a 14 dias de tratamento sem resultados. Punção liquórica serve para afastar criptococose. Se trata com sulfadiazina com pirimetamina por 4 a 6 semanas e manitol para reduzir a hipertensão intracraniana. A quimioprofilaxia é feita com TMP/SMX ou dapsona com pirimetamina quando CD4 < 100 ou caso prévio de neurotoxoplasmose. Meningocriptococose: Ocorre também em imunocompetentes. Cursa com quadro clínico de meningite, mas rigidez de nuca, fotofobia, papiledema, alterações do nível de consciência, sinais neurológicos focais e convulsões são mais incomuns e leva rapidamente a hipertensão intraniana e coma. O acometimento extra-neural cursa com lesões de pele, pneumonite, pericardite com tamponamento cardíaco, artrite, retinite e derrames pleural ou pericárdico. Os principais exames complementares são exame direto com nanquim do líquor, cultura de tecido ou líquido biológico, teste de aglutinação do látex e lesões captantes ou não-captantes de contraste na TC. Hiponatremia e poucas alterações no líquor indicam pior prognose. No raio X torácico, a pneumonite se apresenta como infiltrados bilaterais, intersticiais ou alveolares, focais ou difusos e linfoadenomegalia mediastinal, lesões de massa e/ou derrame pleural ou pericárdico. Se trata com anfotericina B com ou sem flucitosina por 15 dias ou fluconazol ou itraconazol (menor eficácia) e 8 semanas de fluconazol. Herpes simples cutâneo: Na infecção primária, há dor anal, tenesmo, constipação, hematoquezia, descarga retal, febre, calafrios, mal-estar, cefaléia, linfoadenomegalia inguinal, dificuldade para urinar, parestesia sacral, neuralgia e impotência. Nas reativações, há bolhas isoladas ou pápulas com halo eritematoso, vesículas e com centro com crosta necrótica, que sangra ao ser retirada. Estas lesões podem evoluir com úlceras muito dolorosas em mais de 30 dias, especialmente no ânus-reto e boca e complicam com infecções secundárias. Verrugas são mais raras. Se trata com aciclovir o famciclovir ou foscarnet por 7 a 10 dias e higiene local das lesões. Tratamentos: Indicações de se iniciar a terapia anti-retroviral: Manisfestações clínicas associadas ao HIV (indícios de imunodeficiência moderada) CD4+ < 200 células/mm3 (também inciar quimioprofilaxia para infecções oportunistas) CD4+ um pouco acima de 200 células/mm3, mas carga viral > 10000 cópias/mm3 No caso de CD4+ entre 200 e 350 células/mm3, acompanhar a evolução clínica e laboratorial em intervalos mais curtos (três vezes ao ano ou mais) Linfopenia < 1000 células/mm3 e hemoglobina < 13 g/dL, se o CD4 não estiver disponível Esquemas de tratamento em adultos e adolescentes (CD4+ < 350 células/mm3 ou pacientes sintomáticos): [ITRN] Inibidor da Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo (zidovudina [AZT] ou estavudina [d4T] com lamivudina [3TC]) com [ITRNN] Inibidor da Transcriptase Reversa Não-análogo de Nucleosídeo (efavirenz [EFV] ou nevirapina [NVP]) Zidovudina ou estavudina com lamivudina e [IP] Inibidor da Protease (lopinavir [LPV] com ritonavir [r] ou atazanavir [ATV] ou nelfinavir [NFV] ou saquinavir [SQV] com ritonavir) Efeitos adversos das drogas anti-retro-virais: Zidovudina: Pancitopenia, náuseas, vômitos, astenia, mal-estar, cefaléia, insônia, hiperpigmentação de pele, unhas e mucosas e acidose lática com esteatose hepática Estavudina: Neuropatia periférica, pancreatite, acidemia assintomática, lipoatrofia e acidose lática com esteatose hepática Não misturar zalcitarabina, zidovudina e estavudina Lamivudina: Acidose lática com esteatose hepática e não misturar com zalcitarabina Efaviranz: Exantema, síndrome de Stevens-Johnson, distúrbios do sono, tonturas, vertigens, irritabilidade, agitação, depressão, euforia, dificuldade de concentração, sensação de estranhamento, alterações de pensamento, amnésia, alucinações, elevação das transaminases e dislipidemia. Não misturar com ITRNN, aumentar as doses de indinavir e lopinavir no uso concomitante e só usar com saquinavir junto de ritonavir. Nevirapina: Exantema, síndrome de Stevens-Johnson, elevação das transaminases e hepatite. Não misturar com amprenavir ou outros ITRNN, aumentar as doses de indinavir e lopinavir no uso concomitante e só usar com saquinavir junto de ritonavir. Lopinavir: Intolerância digestiva, parestesia perioral e nas extremidades, aumento de sangramentos espontâneos em hemofílicos, aumento das transaminases, dislipidemia, lipodistrofia, hiperglicemia e diabetes. Não misturar com delavirdina, nelfinavir ou muito ritonavir, esperar 1 hora para tomar didanosina e aumentar a dose de lopinar com o uso de efaviranz ou nevirapina. Ritonavir: Intolerância digestiva, parestesia perioral e nas extremidades, cefaléia, astenia, tonturas, insônia, elevação da CPK e ácido úrico, aumento de sangramentos espontâneos em hemofílicos e aumento das transaminases, hepatite, dislipidemia, lipodistrofia, hiperglicemia e diabetes. Não misturar com delavirdina e esperar 1 hora para tomar didanosina. Atazanavir: Intolerância digestiva, hiperbilirrubinemia, distúrbios de condução cardíaca, aumento de sangramentos espontâneos em hemofílicos e aumento das transaminases. Não misturar com indinavir ou saquinavir, esperar 2 horas para tomar ddI EC e só usar com efavirenz junto de ritonavir. Nelfinavir: Diarréia e outros sintomas de intolerância digestiva, aumento de sangramentos espontâneos em hemofílicos, aumento das transaminases, dislipidemia, lipodistrofia, hiperglicemia e diabetes. Não misturar com delavirdina, amprenavir ou lopinavir com ritonavir e esperar 1 hora para tomar didanosina. Saquinavir: Intolerância digestiva, cefaléia, aumento de sangramentos espontâneos em hemofílicos, aumento das transaminases, dislipidemia, lipodistrofia, hiperglicemia e diabetes. Não misturar com delavirdina, amprenavir ou indinavir, esperar 1 hora para tomar didanosina e só tomar com efaviranz ou nevirapina com ritonavir. Quando o CD4+ > 200 células/mm3 e permanece acima deste patamar por 6 meses ou mais, pode-se suspender a quimioprofilaxia para a maior parte das infecções oportunistas, exceto histoplasmose. Caso clínico 10: Leptospirose: Caracterização da leptopirose: Doença causada por espiroquetas patogênicas da ordem Spirochaetales, família Leptospiraceae, gênero Leptospira e espécie interrogans, havendo vasculite generalizada. Outras espécies desta gênero não são patogênicas. Organismos aeróbios obrigatórios, helicoidais, flexíveis e móveis, medindo de 6 a 20 m de comprimento e 0,1 m de diâmetro. Os soros tipos mais freqüentes do Brasil são icterohaemorragiae e copenhageni do sorogrupo Icterohaemorragiae. Patogenia da espiroqueta: São encontradas normalmente em ratos e outros roedores sãos de todo o planeta, podendo transmitir para cães, bovinos, suínos, ovinos, caprinos, eqüínos, raposas, chacais, ouriços, guaxinins, gambás, doninhas, gatos selvagens e outros carnívoros, marsupiais, edentados e cascavéis e outros répteis. O homem se contamina com contato direto de sangue, tecidos, órgãos ou urina destes animais infectados; indiretamente por contato com águas contaminadas por estas secreções (indireta), morderura de ratos e transplacentária. A leptospira entra na pele íntegra ou lesada, atinge a corrente sanguínea e alcança todos os órgãos do corpo, especialmente, fígado, rins, coração e músculo esquelético. Exemplos de contaminação indireta são andar descalço em solo sujo e lamacento, nadar em águas suspeitas Fatores de risco: Trabalhadores de abatedouros, estivadores, peixeiros, lavradores, criadores de animais, veterinários, mineiros de ouro e carvão, militares em regiões aquosas, escavadores de túneis, operários da construção civil, lixeiros e trabalhadores da rede de esgoto Pessoas que costumam nadar, caçar e pescar em lugares suspeitos Após chuvas e enchentes (maior incidência de janeiro e abril no Brasil) Homens jovens (10 aos 39 anos) Quadro clínico: Começa com pródomos inespecíficos como uma gripe, após 3 a 13 dias de incubação. Na forma anictérica (20%), há febre alta e remitente, calafrios, cefaléia intensa, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, prostação, distúrbios mentais, dores articulares, injeção conjuntival e mialgia dos mm. da panturrilha, paravertebrais e abdominais, com palpação dolorosa. Pode também haver fotofobia, dor ocular, hemorragia conjuntival, melena, enterorragia, hematomas subperitoneais, hepatoesplenomegalia, tosse seca ou produtiva, com ou sem escarros hemoptóicos. Outro sintomas são dor torácica, desconforto respiratório com cianose, atrito pleural, consolidação pulmonar, exantemas de todos os tipos, eritemas, faringite, adenopatia cervical, parotidite, orquite, epididimite, prostatite e edema. Num período da doença, todos estes sintomas regridem e depois voltam a aparecer, somados a meningite, encefalite, síndrome de Guillain-Barré, hemorragia nervosa e outras manisfestações neurológicas e oculares. Na forma ictérica (80%), todo este quadro está acompanhado de icterícia que começa de 3 a 7 dias após o início dos sintomas, há sinais de deterioração de órgãos vitais e não apresenta o curso bifásico. Complicações: Insufuciência renal Distúrbios ácido-básico graves Miocardite, insuficiência cardíaca e choque Arritmias e hemorragias Pneumonite intersticial hemorrágica e insuficiência respiratória Alterações neurológica e renal pequenas raramente Raramente cegueira e catarata Exames complementares: Reação de soroaglutinação microscópica >= 1:100 em uma única amostra de soro Cultura do sangue ou líquor na 1° ou 2° semanas ou urina a partir da 2° semana de doença (sempre colher amostras com técnicas de assepsia, alcalinizar a urina e usar substâncias para diminuir a competição bacteriana) Detecção de anticorpos IgM ou IgA entre 10 e 16 após os sintomas Anemia, leucocitose, desvio à esquerda e neutrofilia no hemograma Velocidade de hemosedimentação elevada, transaminases < 100 UI, fosfatase alcalina elevada, hiperbilirrubinemia direta, CPK e mucoproteínas elevadas Aumento de uréia e creatinina com padrão de insuficiência renal ou pré-renal, elevação da fração de excreção de sódio e diminuição da de potássio Leucocitúria, hematúria, proteínuria e cilindrúria no EAS. Alcalose respiratória, acidose metabólica e pressão parcial de oxigênio e plaquetopenia Diagnoses diferenciais: Forma anictérica: Gripe, febre tifóide, sepse por gram-negativos, malária, febre amarela virêmica, toxoplasmose e outras infecções Forma ictérica: Febre tifóide ictérica, sepse por gram-negativos, malária por P. falciparum, febre amarela toxêmica, hepatite viral grave, hantavirose, colecistite e colangite Tratamento: Antibioticoterapia não muda o curso da doença (mas pode ser usado penincilina G, doxicilina ou tetraciclina orais, ampicilina e eritromicina nos primeiros 5 dias de doença) Suporte intensivo: Hidratação endovenosa; com controle severo da volemia (há tendência a insuficiência renal e ao edema pulmonar, devendo usar diuréticos, ventilações artificiais e diálise para equilibrar o paciente) Reposição de potássio sérico e potássio para as anormalidades eletrocardiográficas, junto de antiarrítmicos Nutrição parenteral, transfusões e antiácidos, se necessário Profilaxia: Cobrir o corpo quando se expor a água ou outros produtos potencialmente contaminados com leptospiras Diminuir o número de roedores na área onde mora ou trabalha Exigir água tratada e esgotamento adequado Exigir e adotar medidas que evitem as enchentes durantes as chuvas Vacinar animais domésticos contra a leptospirose Não urinar fora do vaso sanitário que vá a rede de esgoto nãotratado durante a doença Seminário 10: Malária: Situação epidemiológica no Mundo, Brasil e Rio de Janeiro em 1993: 28% da população humana (1 bi. 540 mi.) vivam em áreas já sem malária 35% (1bi. 960 mi.) vivam em áreas dos quais a malária foi eliminada pela OMS 36% (2 bi. 20 mi.) vivam em áreas com risco de infecção, principalmente na África tropical (90% dos casos, de 300 a 500 mi. por ano) Houve 555713 casos no Brasil em 1995, sendo 26% da área fora da Amazônia Legal e 74% dentro (onde há fatores adversos ao controle como dispersão geográfica, grande migração, habitações que facilitam a penetração dos mosquitos e o meio ambiente favorável para os mosquitos). No Brasil, 50,3% dos casos são por P. vivax, 48,85 por P. falciparum, 0,002% por P. malariae e só existe na África e Pacífico Ocidental o P. ovale. No Rio de Janeiro, quase todos os casos são importados e causados pelo P. vivax. Transmissão: Inoculação pelos mosquitos do gênero Anopheles (Aa. darlingi [na Amazônia], aquasalis [no litoral], cruzi e bellator [além de 25° S]), no Brasil Induzida (congênita, transfusões, acidentes pérfuro-cortantes, transplantes, repartição de seringas e contaminação de soluções do continuidade da pele) Ciclo: 1) Os mosquitos inoculam esporozoítas no homem. 2) Os esporozoítas invadem os hepatócitos entre meia e uma hora. 3) No hepatócito, os esporozoítas se multiplicam por esquizogonia, gerando 10 a 30 mil merozoítas em um período de 5 a 14 dias dependendo da espécie. 4) Os merozoítas saem dos hepatócitos e procuram hemácias (P. malariae procura hemácias maduras, P. vivax se liga ao sistema Duffy sanguíneo de reticulócitos e P. falciparum se liga a glicoforina A de quaisquer hemácias – gera grandes parasitemias). 5) Os merozoítas se diferenciam em trofozoítas e se dividem por esquizogenia (chamado de esquizontes sanguíneos quando dividem o núcleo), gerando 8 a 24 merozoítas dependendo da espécie. 6) Após terminar a esquizogonia, a hemácia se rompe e libera os merozoítas, que invadem outra hemácia para reiniciar a esquizogenia ou se diferenciarem em gametócitos. 7) Os mosquitos capturam os gametócitos ao sugar sangue do paciente e os gametócitos se fundem em um zigoto no intestino médio do mosquito. 8) O zigoto evolui para oocineto, adere na parede do intestino do mosquito, se divide em esporozoítas e os lança na hemolinfa. Atingem a glândula salivar do mosquito e esperam ser inoculados numa próxima picadura do mosquito em um homem. 9) No P. vivax e P. ovale, muitos esporozoítas se tornam hipnozoítas no fígado e só se tornam merozoítas muito tempo mais tarde, criando as recidivas no paciente. Imunidade: Diminuição dos linfócitos T e aumentos das IgA, IgG e IgM na infecção Há realtiva imunossupressão, que pode explicar a esplenomegalia hiperreacional malárica e o linfoma de Burkitt. A defesa inespecífica são ação de citocinas contra os merozoítas e a hemólise esplênica das hemácias invadidas. Os anticorpos formados são específicos para cada estágio do ciclo do plasmódio, para cada espécie do plasmódio e para cada subpopulação de cada espécie do plasmódio, sendo uma resposta que não evita reinfecções nem elimina o plasmódio do corpo. Há uma certa imunidade contra o plasmódio, que evita quadros mais graves e cria quadro clínico mais brando; mas só se desenvolve em infecções múltiplas e freqüentes por uma mesma população de plasmódios. A tratamento e/ou afastamento da área endêmica faz perder esta imunidade. Grávidas e pessoas não-imunes aos plasmódios do local desenvolvem formas mais graves da doença e lactentes, pessoas denutridas, com deficiência de vitaminas e minerais, com hemoglobinopatias, ovalocitose, talassemias, deficiência de glicose6-fosfato-desidrogenase e certos subtipos do HLA apresentam formas menos graves da doença, havendo alguma proteção. O grupo sanguíneo Duffy-negativo (FyFy) é imune a infecção por P. vivax. Quadro clínico clássico: Pródromos inespecíficos como mal-estar, cefaléia, astenia, anorexia e mialgia Febre 12 dias (P. falciparum), 15 dias (P. vivax), 17 dias (P. ovale) e 28 dias (P. malariae) após a inoculação Febre contínua ou irregular na primeira semana, mas passa a ser intermitente com intervalos de apirexia de um dia (P. vivax, P. ovale e P. falciparum) ou dois dias (P. malariae), de início súbito, precedida de calafrios, superior a 40°C, dura de 2 a 6 horas com sudorese profusa e desaparece em 2 a 3 horas. Estes passos típicos desaparecem com a formação de uma resposta imune eficiente. Há anemia, icterícia, hepatoesplenomegalia e ruptura esplênica espontânea ou por palpação grosseira. A infecção não acaba com final da febre. Pode haver recrudescências (P. falciparum e P. malariae) por muito tempo por contínuo da reprodução assexuada dos parasitas e recidivas (P. vivax e P. ovale) por ativação dos hipozoítos em merozóitos também por muito tempo. Quadro clínico grave (evolução do quadro clínico exclusiva do P. falciparum): Coma, convulsões, anemia grave (<5g/dL), choque, insuficiência renal por hemoglobinúria ou não, edema pulmonar e hipoglicemia são os critérios de definição pela OMS. Mas acidose, sangramento espontâneo, outras manisfestações cerebrais, fraqueza extrema, hiperparasitemia, icterícia grave e hipertermia prolongada podem ocorrer. Exames complementares: Presença dos parasitas no sangue periférico Se usa a coloração de Giemsa (derivado do Romanowsky) A distensão do sangue periférico permite identificar a espécie do plasmódio, mas pode ser falso-negativa em parasitemias baixas. A gota espessa consegue identificar parasitemias baixas, informa o número de parasitas por mL de sangue, mas é mais difícil indentificar a espécie de plasmódio. Pode-se usar pesquisa de antígenos do plasmódio usando anticorpos monoclonais em tiras de nitrocelulose (ParaSight@-F), mas só o P. falciparum pode ser identificado atualmente com este método. Se houver resultado negativo da pesquisa no sangue periférico, deve-se repetir a coleta em intervalos menores de 6 horas. Outros exames são úteis só no acompanhamento do paciente que desenvolve formas graves de malária (provas de função renal, eletrólitos séricos, gasometria arterial, glicemia, leucograma, plaquetograma e dosagem de G-6-PD). Diagnoses diferenciais: Febre amarela Leptospirose Colecistite Meningoencefalites Sepse Febre tifóide Dengue Hepatites Infecções respiratórias Pielonefrite Endocardites Febres hemorrágicas Drogas usadas no tratamento da malária: Quinina e quinidina: Não atuam nos gametócitos maduros do P. falciparum Meia-vida de 10 horas Podem causar dor epigástrica, náuseas e vômitos na via oral; abscessos na via intramuscular e trombose e dimunuição súbita da pressão arterial na via endovenosa. Podem também causar chinchonismo (tinitus, défict auditvo transitório, distúrbios visuais discretos e tremores), hipoglicemia e angioedema, urticária, crises asmatiformes, surdez, cegueira, anemia hemolítica e agranulocitose mais raramente. Cloroquina e amodiaquina: Não atuam nos gametócitos maduros do P. falciparum Meia-vida de 3 a 7 dias Podem causar retinite freqüentemente irreversível, mas só em doses mais altas, usadas na artrite reumatóide. Amodiaquina possui mais atividade contra P. falciparum e pode causar também agranulocitose e hepatite grave Primaquina: Atua nos hipnozoítas e nos gametócitos maduros do P. falciparum. Meia-vida de 4 horas Pode causar anorexia, náuseas, vômitos e dor epigástrica, anemia, cianose por formação de meta-hemoglobina, leucopenia e hemólise intravascular aguda na deficiência de G-6-PD. Não se deve usar em gestantes. Proguanil e pirimetamina (antagonistas do ácido fólico): Demoram mais tempo para agir sobre os esquizontes sangüíneos do que quinina, quinidina, cloroquina e amodiaquina. Meia-vida de 92 horas Nunca são usados isoladamente A pirimetamina não deve ser usada na gravidez se houver outra opção de anti-malárico mais segura e o proguanil pode, mas não é encontrado no Brasil. Resistência dos plasmódios aos fármacos: O plasmódio é considerado sensível a algum medicamento quando há desaparecimento da parasitemia assexuada em 7 dias após se começar a usar o medicamento, sem recrudescências. Resistência grau I: Desaparecimento da parasitemia assexuada, mas há recrudescência Resistência grau II: Marcante redução da parasitemia, mas sem desaparecimento Resistência grau III: Sem mudança ou aumento da parasitemia Em 1960, surgiu no Rio de Janeiro o P. falciparum resistente a cloroquina, que se espalhou pela América do Sul. Atualmente, a associação sultadoxina + pirimetamina também não funciona neste plasmódio na América do Sul, Sudeste Asiático e partes da África e a mefloquina não funciona no Sudeste Asiático. O P. vivax é resistente a sulfonamidas, pirimetamina, cloroquina desde 1989 em Mianmar, Nova Guiné e Vanuatu e exigem doses maiores de primaquina na Tailândia, Nova Guiné e Sudoeste do Pacífico. Sulfadoxina, sulfaleno e dapsona: Demoram mais tempo para agir sobre os esquizontes sangüíneos do que quinina, quinidina, cloroquina e amodiaquina. Meia vida de 28 horas (dapsona), 65 horas (sulfaleno) e 200 horas (sulfadoxina) Podem causar síndrome de Stevens-Johnson, anemia hemolítica em pacientes com deficiência de G-6-PD e agranulocitose mais raramente. Não se deve usar no 1° trimestre de gestação nem próximo do parto pelo risco de anemia hemolítica e Kernictus em recém-natos. Mefloquina: Não atua nos gametócitos maduros do P. falciparum, mas atua nos outros estágios deste plasmódio que forem multirresistentes. Meia vida de 13 a 24 horas Pode causar tonteiras, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, prurido, exantema e bradicardia e ansiedade, depressão tendente ao suicídio, delírios, convulsões, esturpor e coma em doses mais altas e com outros anti-maláricos. Não se deve usar em crianças < 15 Kg, no 1° trimestre de gestação e com cloroquina, quinina, quinidina ou halofantrina. Artemísia e seus derivados: Mais indicados nos quadros de malária grave e na malária resistente a quinina ou a mefloquina Podem causar náuseas discretas, vômitos, prurido, febre e alterações de repolarização e bloqueio AV de 1° grau no ECG. Antimicrobianos (tetraciclina, minociclina, doxiciclina e clindamicina): Usados nos casos de P. falciparum resistentes às drogas convencionais. Demoram a fazer efeito. Podem causar náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia, candidíase, diarréia por Clostridium difficile e colite pseudomembranosa. Também podem causar fotossensibilidade e epidermólise bolhosa das mãos (tetraciclinas) e prurido, rash cutâneo, eritema polimorfo e síndrome de Stevens-Johnson. Não usar as tetraciclinas na gravidez e em crianças de até 8 anos. Halofantrina: Não atua sobre esquizontes hepáticos, mas é uma opção sobre P. falciparum. Meia-vida de 1 a 3 dias em paciente sem malária e 4 dias em pacientes com malária Pode causar dor abdominal, náuseas, diarréia, exantema, prurido, retardo da condução A-V e aumento do intervalo QTc e outras arritmias ventriculares. Não deve ser usado na gravidez nem em crianças < 1ano. Tratamento da forma grave: Quinina ou quinidina IV e passar para via oral assim que diminuir a parasitemia Só se usa artemísia e seus derivados quando há resistência a mefloquina. Só se usa esquizonticidas lentos (S + P, tetraciclinas e clindamicina) se não houver outra medicação disponível. Se usa a exsanguíneo-transfusão ou hemocitoférese nas parasitemias > 10% das hemácias circulantes ou na ausência de decrécimo satisfatório da parasitemia em 48 a 72 horas ou lesões na cérebro, rins e outros órgãos. Ventilação artificial com PEEP em caso de edema pulmonar e SARA, que é comum ocorrer. Se usa hemodíalise na anúria, rápido aumento de excórias nitrogenadas, uréia sérica >200 mg/dL e evidência de uremia Sempre se lembrar que pode haver choque, anemia, insuficiência hepática, hipoglicemia acentuada (em especial no uso de quinina) e coagulação intravascular, além de infecções secundárias e hemorragias digestivas. Profilaxia: Alojamento em residências com paredes completas, janelas e portas teladas, mosquiteiros e inseticida doméstico nos lugares onde pode haver mosquitos contaminados para evitar ser picado, especialmente à noite. Retirar quaisquer acúmulos de água próximos ou criar peixes carnívoros nestes. Usar roupas sobre o corpo e repelentes na pele para evitar ser picado. Saber a incidência de malária para onde se vai e onde se mora e a resistência dos plasmódios locais aos fármacos. Quimioprofilaxia para pessoas não-imunes, gravidas e crianças que vão a áreas de incidência (cloroquina nas áreas A de incidência, cloroquina com proguanil nas áreas B e crianças e gestantes nas áreas A e mefloquina ou doxicilina nas áreas C – não usar em gestantes ou crianças). Caso clínico 11: Dengue: Epidemiologia: Causado por um vírus do gênero Flavivirus e transmitido pela fêmea dos mosquitos Aedes aegypti (forma urbana da doença) ou Aedes albopictus (forma rural e de disseminação global). Os mosquitos são de cor escura, com as patas posteriores rajadas de branco e negro e com uma marca característica no dorso, em forma de lira. Voam silenciosamente e de dia. Ambos mosquitos preferem recipientes artificiais com águas paradas e limpas para depositar seus ovos, que oclodem mesmo após um período de dessecamento. No verão, há extensa proliferação dos mosquitos e maior incidência do caso. A fêmea se torna infectante 8 ou mais dias após picar uma pessoa virêmica e permanece assim até o fim de sua vida. Há 4 sorotipos do vírus e no Brasil circula os sorotipos 1, 2 e 3. Quadro clínico: Período de incubação de 4 a 7 dias Subitamente febre alta de 3 a 8 dias, mal-estar, prostração, cefaléia, dor retroorbitária, mialgia mais no lombo e MMII e artralgia. Pode haver dor de garganta, odinofagia, alterações do paladar, náuseas, vômitos, dor epigástrica e diarréia. Outras alterações são bradicardia, hiperemia de mucosas, dor a compressão de globos oculares, linfonodomegalia generalizada indolor. Manifestações neuropsíquicas como delírio, sonolência, coma, depressão, irritabilidade, psicose maníaca, demência, amnésia, paresias, parasilias, encefalite e sinais meníngeos são raros. Quando a febre regride, surgem petéquias nos pés, pernas, axilas e abóbada palatina, exantema máculo-papular ou escaratiniforme, prurido e hemorragias como gengivorragia, epistaxe e hemorragia digestiva. A forma hemorrágica apresenta sinais de plaquetopenia, hemoconcentração, hepatomegalia dolorosa e mole, derrames serosos e choque. Estadiamento da forma hemorrágica de dengue: Grau I: Plaquetopenia com hemoconcentração Grau II: Plaquetopenia com hemoconcentração e sangramentos espontâneos Grau III: Plaquetopenia com hemoconcentração e insuficiência circulatória (pulso filiforme, extremidades frias e pegajosas, apreensão e queda de 20 ou mais mmHg da PA) Grau IV: Plaquetopenia com hemoconcentração e choque (PA zero e pulso impalpável) Exames complementares: Ausência de leucocitose com desvio à esquerda, plaquetopenia e aumento do hematócrito ou do número de plaquetas ou da concentração de hemoglobina no hemograma completo Elevação das aminotransferases até 4 vezes o normal e elevação discreta das bilirrubinas Diminuição da albumina, alargamento do tempo da protrombina e tromboplastina ativada, diminuição do fibrinogênio e dos fatores de coagulação e acidose metabólica Presença de IgM anti-dengue no ELISA (cuidado pois os sorotipos se misturam misturando infecções recentes e antigas no resultado) RT-PCR pode ser usado em casos excepcionais. Diagnoses diferenciais: Leptospirose Infecções respiratórias Sarampo Parvovirose Rubéola Malária Febre amarela Meningococcemia Meningoencefalites Pielonefrite Faringites Sepse Endocardite Tratamento: Reidratação (oral 1°, venosa periférica 2° e dissecção de veia profunda em caso de choque 3°) Não puncionar veia profunda pelo risco da sangramento Não usar ácido acetil-salicílico pelo risco de sangramento Paracetamol para dor, hidróxido de alumínio para a dor epigástrica, banhos frios ou mornos ou anti-histamínicos para o prurido e evitar usar metoclopramida para os vômitos pois causa depressão do SNC e reações extra-piramidais, dificultando a reidratação oral Critérios para internação de curta duração: Casos de dengue clássico que necessitem de hidratação venosa Pacientes com dengue hemorrágico graus I ou II que não respondem a reidratação oral ou com hepatalgia Pacientes com dengue hemorrágico grau III Critérios para internação em enfermaria: Pacientes que nãoi responderam a hidratação na internação de curta duração Pacientes com dengue hemorrágico graus I ou II com asma, diabetes, alergias e DPOC, pois estão mais sujeitos às formas graves Pacientes com dengue hemorrágico graus II ou III e com sangramentos intensos Pacientes com dengue hemorrágico grau IV Profilaxia: Notificar às autoridades todos os novos casos da doença Reduzir as coleções da água limpa ao ar livre (interior de vasos de plantas, latas vazias, pneus velhos, calhas de telhado, garrafas, cacos de vidros. Caso clínico12: Acidente com cobras venenosas, escorpiões e aranhas: Fatores de risco para se acidentar com cobras venenosas: Trabalhadores rurais e gênero masculino Durante o verão (preparo e plantio da terra e colheita) Pessoas de 15 a 49 anos e que não usam sapatos, botas, perneiras e luvas A maior parte das mordidas ocorre abaixo dos joelhos. Acidentes com cobras do gênero Bothrops ou gênero Lachesis: 80 a 90% dos acidentes ofídicos na Bothops. Essas cobras habitam matas, áreas cultivadas, paióis, celeiros e depósitos de ração (onde vive roedores), vivem à noite, sõo agressivas e atacam em silêncio. Possuem fosseta loreal, dentes injetores de veneno que dobram para trás. A Lachesis é exclusiva da região Amazônica. Quadro clínico do envenenamento por Bothops ou Lachesis: Dor, edema, eritema e calor locais nos primeiros 30 minutos até 6 horas Bolhas, equimoses e necroses após 12 horas Hemorragias é uma complicação (no local da picada, gengivorragia, epistaxe, hematemese, HDA, hematúria e na borda do leito ungueal). Abscesso bacteriano por Morganella morgani, Escherichia coli, Providencia sp., Klebsiella sp. é outra complicação (se usa aminoglicosídeos com ou sem clindamicina ou TMP/SMX ou cefuroxina - cefalosporinas de segunda geração). Pode ocorrer síndrome compartimental com edema do membro e insuficiência renal aguda. Exames complementares: Tempo de coagulação (normal de 3 a 6 minutos) e da tromboplastina parcial ativada aumentados Leucocitose com predomínio de segmentados e desvio para a esquerda Diminuição da velocidade de hemossedimentação, plaquetas normais ou diminuídas e fatores de coagulação diminuídos Proteinúria, glicosúria e hematúria Aumento da desidrogenase láctica em 48 a 72 horas e aumento da alanina transferase (ALT) em 24 a 48 horas Mioglobina no soro ou urina Tratamento: Administrar o soro anti-Crotalus e internar em repouso Evitar insuficiência renal por hidratar com 1 a 2 litros de soro fisiológico por via endovenosa (60 a 80 gotas por segundo) e manitol 100 mL 20% e bicarbonato sódico 50 mL 5% cada 6 horas para alcalinizar a urina. Reavaliar também com tempo de coagulação, igual à Bothrops. Tratamento específico: Administrar o soro anti-Bothrops ou anti-Lachesis Internar o doente, pô-lo em repouso e em posição de drenagem postual (decúbito dorsal horizontal) e dar-lhe banhos anti-sépticos SMX/TMP na infecção secundária e cefuroxima ou cefalexina ou aminoglicosídeos na resistência aos primeiros e drenar os abscessos que se formarem. Fasciotomia quando houver edema volumoso e progressivo do membro, exceto se houver anormalidade da coagulação sangüínea. Acidentes com cobras do gênero Micrucus: 0,6% dos acidentes. Cabeça arrendondada, sem fosseta loreal e escamas na cabeça e dentes de injeção de veneno pequenos. Cursa com fascies miastênica, ptose palpebral bilateral, paralísia flácida dos membros e maior incidência de paralisia respiratória de instalação súbita. Se trata com soro específico, anticolinesterásicos ou cloridato de edrofônio intravenoso na resistência aos primeiros e assistência ventilatória mecânica. Pode-se controlar a melhora do paciente pelo tempo de coagulação (realizar nova dose de 100 mg de antiveneno se o sangue estiver incoagulável em 12 horas do acidente). A longo prazo, fisioterapia, cirurgia plástica ou ortopédica ou amputação podem ser necessárias. Deve-se sempre que possível encontrar a cobra para identificá-la. Imunodifusão, hemaglutinação passiva, contra-imunoeletroforese, radioimunoensaio ou ELISA do veneno no soro ou urina são formas de se confirmar o envenenamento. Acidentes com cobras do gênero Crotalus: Tratamento inespecífico: O tempo entre o acidente e a adminstração do soro é o fator que mais determina a prognose. Não usar torniquete ou garroteamento, pois agrava os efeitos locais. Não fazer cortes ao redor da picada. Sucção sobre a lesão em até 30 minutos pode permitir retirada de parte do veneno e se deve retirar anéis e alianças. Transporte rápido para o hospital e se fazer imunoprofilaxia contra tétano. Administrar dose única de soro por via intravenosa - cada tipo de soro é indicado para cada gênero de cobra. Pode ocorrer reações de hipersensibilidade imediata (edema de glote, broncoespasmo e choque anafilático), portanto internar o doente para observar as reações por 72 horas. Indagar alergia a produtos derivados de eqüinos com pêlo, carne e soro (rinite, asma e/ou urticária por contato a produtos de eqüinos). 9% dos casos de acidentes ofídicos. Possuem cauda com guizo ou chocalho e são solenóglifas. Gera os acidentes mais graves. Quadro clínico do envenenamento por Crotalus: Após a picada, simples arranhão ou marca puntiforme única ou dupla como picada, pouco edema em torno, pouca dor e sensação de dormência local que permanesce por semanas, até meses. Horas depois, há mialgia generalisada, edema muscular discreto, fascies neurotóxica de Rosenfeld (dor na região do pescoço, diminuição ou perda de visão, ptose palpebral bilateral, sonolência e obnubilação) e hiporexia global. Outros sinais neurológicos são comprometimento do II par craniano, borramento de papila e ingurgitamento venoso bilateral no fundo de olho, comprometimento dos IV e VI pares como ptose palpabral bilateral, diplopia, plegia dos músculos da pálpebra, midríase bilateral semiparalítica, diminuição dos reflexos fotomotores, movimentos nistagmóides, plegia dos movimentos do olhar conjugado, tontura e alterações da gustação e hiposmia ou anosmia. Pode complicar com insuficência respiratória, síndrome de hipeatividade simpática (cefaléia intensa, febre, hipertensão ou hipotensão arteriais e taqui ou bradicardia), hiperreflexia generalisada, urina escura ou vermelha, insuficiência renal aguda e incoagulabiliade sangüínea. Exames complementares: Tempo de coagulação (normal de 3 a 6 minutos) e da tromboplastina parcial ativada aumentados Leucocitose com predomínio de segmentados e desvio para a esquerda Diminuição da velocidade de hemossedimentação, plaquetas normais ou diminuídas e fatores de coagulação diminuídos Proteinúria, glicosúria, hematúria e presença do pigmento heme na urina Hiponatremia, calemia normal ou aumentada, hipocalcemia e discretos aumentos da creatina quinase (CK) e aspartato transferase (AST) Se previne estes acidentes por usar botas de couro que cubra pés e tornozelos (de preferência até os joelhos). Acidentes por escorpiões: Mais comum nos meses quentes e chuvosos do sudeste e nordeste. Quadro clínico de envenenamento por escorpiões: Quadro clínico leve: Dor e parestesias no local Quadro clínico moderado: Dor local intensa com náuseas ou/e vômitos e/ou sudorese e/ou sialorréia e/ou agitação e/ou taquipnéia e/ou taquicardia Quadro clínico grave: Quadro clínico moderado com vômitos profusos ou incoercíveis, sudorese ou sialorréia intensas, prostração, convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo ou choque. Se trata com soro antiescorpiônico ou antioaracnídeo, combate a dor e tratamento das complicações e observar por 6 a 12 horas. Acidentes aracnídeos: Phoneutria (aranha armadeira): Dor no local semelhante aos escorpiões e se trata com analgésicos, soro antiaracnídeo e controle das complicações. Loxosceles (aranha marrom): Lesão no local da picada e hemólise sistêmica de instalação lenta e se trata com medidas locais, soro antiloxoscélico e vigilância para a atividade hemolítica. Lycosa (aranha de jardim): Apenas manisfestações locais e se trata sintomaticamente Caso clínico 13: Paracocccidioidomicose e leishmaniose tegumentar: Os conídeos são inalados e começam a acometer o pulmão. Depois invadem os gânglios torácicos, formando um complexo primário semelhante a tuberculose. O paciente pode controlar a doença ou não, havendo disseminação. Fatores de risco para paracoccidioidomicose: Gênero masculino de 30 a 50 anos de idade Pacientes desnutrido e que trabalho no meio rural Mais comum no Sudeste e Centro-Oeste brasileiros Quadro clínico da doença pulmonar primária: Infecção respiratória leve Infiltrados pulmonares e linfonodomegalia hilar no raio X torácico SMX/TMP por 2 a 3 anos na forma crônica, mas não é usada para as formas juvenil ou linfoganglionar. Causa alergias, irritação digestiva, leucopenia, plaquetopenia, anemia e cristalúria. Cetoconazol por 6 a 12 meses. Não deve ser usado com as refeições, com RIP ou terfenadina. Causa náuseas, vômitos, dor abdominal, prurido, rash, aumento das transaminases, hepatite, diarréia, insuficiência adrenal, diminuição da libido, impotência, ginecomastia, irregulaidade menstrual, cefaléia, calafrios e fotofobia. Itraconazol por 6 a 12 meses. Melhor consumido com estômago cheio. Causa náuseas, vômitos, prurido, rash, aumento de transaminases, hepatite, hipocalemia, edema, hipertensão, impotência, cefaléia e tonteiras. Fluconazol pode ser usado na neuroparacoccidioidomicose. Causa náuseas, vômitos, rash, aumento das tranaminses, hepatite, cefaléia e convulsões. Anfotericina B: Não funciona na neuroparacoccidioidomicose (só na forma subaguda ou juvenil e em imunossuprimidos) e só é disponível em formulação venosa e causa febre, calafrios, náuseas, hipotensão, convulsão (imediatos) e anemia, aumento de uréia e creatinina, acidose tubular, hipocalemia, hipomagnesemia e arritmia cardíaca. Oferecer suporte nuttricional adequado, corrigir a anemia, comum nesta doença, e tratar as parasitoses intestinais presentes. Quadro clínico da doença disseminada infanto-juvenil (< 30 anos): Linfonodomegalia, esplenomegalia e hepatomegalia Lesões em mucosas e articulações Febre, astenia e emagrecimento Deve-se diferenciar com linfomas, tuberculose ganglionar e abdome agudo Pode haver sinais neurológicos focais e abalos. Critérios de cura: Melhora das lesões tegumentares e do resto do quadro clínico Desaparecimentos dos sinais radiológicos (3 exames normais em 1 ano) Não demonstração do fungo nos espécimes clínicos anteriormente positivos Desaparecimento da sorologia da imunodifusão dupla positiva (principal critério) Quadro da forma pulmonar disseminada: Tosse seca ou com catarro mucoso, mucopurulento ou sanguinolento Dispnéia, astenia, emagressimento progressivos Dor torácica, febre No raio X torácico, há lesões infiltrativas retículo-nodulares de pequenos nódulos e intersticiais; bilatarais, peri-hilares e nos lobos médios e inferiores. Pode haver cavitações (13,6%), massas únicas, derrame pleural (2,3%) e sinais radiologicos de DPOC. Deve-se diferenciar de tuberculose pulmonar. Complicações: Adenomegalias volumosas que obstruem intestinos, colédoco, linfáticos, havendo abdome agudo, linfedema e/ou derrame peritoneal ou pleural Sangramento, perfuração e estenose após cicatrização intestinais Obstrução de esôfago e/ou laringe Fibrose pulmonar gerando insuficiência pulmonar Acometimento supra-renal gerando insuficiência suprarrenal Quadro clínico da forma disseminada crônica: Úlceras dolorosas com base granulomatosa e pontilhado hemorrágico na orofaringe e/ou pele (na pele pode haver vegetações) Linfonodos próximos (mandibulares e cervicais) aumentados, supurados e drenam pus amarelo e espesso Exames complementares: US abdominal: Adenopatia intraabdominal e hepatoesplenomegalia TC craniana: Imagens hipodensas com captação anelar de contraste Microscopia direta de pus, escarro, raspado de lesões tegumentares e fragmentos de tecidos e após centrifugação de lavado brônquico, líquor e urina Cultura ou histopatologia com coloração de Gomori-Grocott destes mesmos materiais Imunodifusão dupla em gel de ágar e reação de fixação do complemento Anemia e eosinofilia no hemograma, diminuição da albumina sérica e elevação das globulinas, mucoproteínas séricas e da VHS Tratamentos: Agente etiológico da leishmaniose tegumentar: Protozoários flagelados da classe Mastigophora, ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania, subgênero Leishmania e espécies braziliensis, amazonensis e guayanensis As formas amastigotas (esfera ou ovalado de 2 a 6 m de comprimento e 1,5 a 3 m de largura e com um cinetoplasto tangente ao núcleo, mitocôdria contínua ao cinetoplasto e um curto flagelo intracelular) que se multiplicam nos vacúolos dos monócitos e seus derivados são ingeridos poe flebótomos. Nos mosquitos flebótomos (gênero Lutzomyia e Psychodopygus na América e Phlbotomus no Velho Mundo), as formas amastigotas se tornam formas promastigotas (bastonetes curvos de 14 a 20 m de comprimento e 1,5 a 4 m de largura e com mitocrôndria maior, mais retíclo endoplasmático, longo flagelo extracelular e cinetoplasto anterior ao núcleo). Os promastigotas migram para a probóscide do inseto se introduzidos nos vertebrados na próxima picada e se tornam novamente amastigotas. Os principais reservatórios vertebrados são cães e talvez outros animais. A maior parte das pessoas contaminadas são pessoas que adentram em matas, geralmente homens adultos em idade produtiva. Quadro clínico da forma cutânea: Período de incubação de uma mês a um ano Pápula eritematosa e eritematosa no local da picada com adenite satélite (cordões nodulares indolores, visíveis ou palpáveis, que podem romper-se formando úlceras satélites ou regredir). A pápula pode involuir ou evoluir para destruição de tecido e úlcera indolor, redonda ou oval, tamanho variável, de bordos bem definidos, elevados e eritematosos, fundo granuloso e que sangra facilmente. Outra evolução da pápula é vegatações em botões carnosos, nódulos, verrugas ou aspecto liquenóide ou framboesóide. Podem surgir de 1 a 10 lesões e as lesões involuem em meses ou anos ou aumentam de tamanho consideravelmente. Quando involuem, deixam cicatrizes lisas, brilhantes, finas, sedosas e hipopigmentadas. Pode complicar com infecções bacterianas secundárias. Quadro clínico da forma mucosa: Aparecem anos depois das lesões cutâneas. Crostas e secreção serosa ou serosanguinolenta pelo nariz e obstrução nasal. Lesões mucosas infiltradas eritematosas ou ulcero-vegetantes ou ulceras ou vegetantes na mucosa nasal, septo cartilaginoso e cabeça do corneto inferior As lesões podem evoluir, destruindo o septo nasal, assoalho das fossas nasais, orofaringe, laringe, traquéia, pele perinasal e região supralabial; raramente orelha externa, conjuntiva e genitália. Pode complicar com pneumonia aspirativa, sepse, sufocamento, miíase, desnutrição e síndrome do granuloma médio facial. Diagnoses diferenciais: Esporotricose, paracocidioidomicose e cromomicose Micobacterioses, sífilis, impetigo, ectima, furunculose e úlcera tropical Úlcera angiodérmica, sarcoidose, granuloma de corpo estranho, granuloma piogênico, carcinoma baso ou espinocelular, ceratoacantoma e granulomaleatal de linha média Exames complementares: Intradermoreação de Montenegro positiva (enduração > 5 mm em 48 horas após aplicarem promastigotas mortos no tecido subcutâneo) – não diferencia infecção recente da antiga Pesquisa de amastigotas em framento da lesão (o fragmento deve conter a úlcera, seu bordo e pele adjacente) por coloração de Giemsa ou cultura deste tecido, que também pode ser obtido por punção aspirativa Teste de aglutinação direta, reação de imunofluorescência indireta e reações imunoenzimáticas – cuidado pois há reação cruzada com antígenos do T. cruzi Tratamento: Estibogluconato de sódio ou antimoniato de meglucamina por 20 a 40 dias IM ou IV, administrando por mais 10 dias na ausência de melhora clínica ou parasitológica. Cuidado pois pode haver edema e necrose das lesões no ínicio da terapia, levando à obstrução e à insuficiência respiratória. Os antimoniais causam mialgias, dores articulares, adinamia, anorexia, náuseas, vômitos, plenitude gástrica, pirose, dor abdominal, prurido, febre, fraqueza, cefaléia, tonteiras, palpitação, insônia, nervosismo, choque pirogênico, edema, IRA, arritmias (inversão da onda T, alongamento do intervalo QT), elevação das transaminases, anemia, leucopenia, agranulocitose e plaquetopenia. Não se deve administrar antimoniais a gestantes, cardiopatas, nefropatas, hiperssensíveis ao antimônio, tuberculosos, hepatopatas e chagásicos. Anfotericina B até a dose total de 2 g., administrados em dias alternados Pentamidina em dias alternados por 5 a 25 semanas IM ou IV. Causa náuseas, vômitos, dores abdominais, hipotensão, síncope, dor no local de aplicação, induração, abscesso estéril e hipoglicemia. Pode-se também usar imunoterapia de antígenos totais de promastigotas com ou sem antimoniais nas formas resistentes ou nos pacientes imunodeficientes. Controle de cura: Remissão do quadro clínico (desaparecimento das lesões cutâneas, febre, hepatoesplenomegalia) Medidas de prevenção: Identificar e informar às autoridades novos focos da doença Identificar os cães infectados com a doença Borrifar inseticidas químicos nas casas e removar lixo de detritos orgânicos para evitar proliferação dos flebotomíneos Seminário 13: Infecções do trato respiratório superior e adjacências: Vírus e estreptococos A-hemolíticos são os maiores causadores de infecções do trato respiratório superior (rinite, sinusite, faringite, laringite, bronquite e otite). Gripe ou influenza: Causada pelo Myxovirus influenzae (vírus RNA de fita simples segmentada e com envelope) Seus reservatórios são outros mamíferos e aves. Causam epidemias predominantemente no inverno porque o vírus sofre variações antigênicas freqüentes e imprevisíveis. Esses vírus são espalhados por pequenas partícluas de aerossol durante o ato de espirrar, tossir ou falar. Período de incubação de 1 a 4 dias Cursa com febre com calafrios que dura de 1 a 3 dias, mialgias, fadiga, calafrios, cefaléia, tosse seca, dor faríngea, congestão nasal ou coriza e anorexia. Em menor freqüência, náuseas, dores abdominais, diarréia e fotofobia. Todos estes sintomas duram de 1 a 2 semanas. Em idosos e pacientes comdoenças crônicas, pode complicar com pneumonias viral ou bacteriana ou descompensação da doença crônica. O tratamento na fase aguda sem complicações é amantadina ou rimantadina ou oseltamivir (sintomas gripais há menos de 36 horas em pacientes acima de 18 anos) ou zanamivir (sintomas gripais há menos de 48 horas em pacientes acima de 12 anos) e podem ser usados na quimioprofilaxia. A vacinação anti-influenza é recomendada a pessoas com mais de 50 anos de idade, moradores e funcionários de asilos, pessoas com doenças crônicas quaisquer e seus empregados e familiares, crianças com tratamento crônico com aspirina, mulheres durante o 2° ou 3° trimestres de gravidez em uma região com epidemia de gripe e profissionais de saúde. As reações adversas da vacina são dor e vermelhidão nolocal, febre, mialgia, anafilaxia e síndrome de Guillan-Barré. Nasofaringite viral: Causado mais por rinovírus e coronavírus Cursa com 6 a 7 dias de dor faríngea por 24 horas. Quando a dor some, surge muita coriza nasal (rinorréia) clara, espirros com obstrução nasal e tosse em 2 a 4 dias de doença e febre baixa em crianças e raramente cefaléia, mal-estar, mialgia. Transmissão por contato com mãos do paciente infectado ou com superfícies nos quais o paciente colocou a mão. Se trata com AINE como naproxeno ou acetaminofeno no início dos sintomas, anti-histamínicos de 1° geração (fumarato de clemastina ou maleato de bromfeniramina), brometo de ipratrópio e pseudoadrenalina, isolados ou em conjunto. Não usar antimicrobianos (só usar após 7 dias de doença, pois maior chance de ser uma infecção bacteriana neste tempo). Se previne a transmissão por o paciente lavar bem e freqüentemente as mãos. Complica com otite média ou sinusite bacteriana. Sinusite viral aguda: Deve-se diferenciar sinusite aguda de formas atípicas de enxaqueca. Cursa com dor facial, especialmente no vértex da cabeça e ao apertar os dentes molares superiores e drenagem pós-nasal Espirros, tosse e intupimento nasal são complicações que podem ocorrer em 7 dias após o início dos sintomas. Sinusite bacteriana aguda: Natação e obstrução nasal por pólipos, tumores e corpos estranhos; assim como alergia nasal (espirros paroxísticos e prurido ocular após exposição a alergeno), infecção dentária, imunodeficiências, fenda palatina e fibrose cística são fatores de risco para sinusite bacteriana. Causada por S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis em crianças e anaeróbios nas infecções dentárias Cursa com dor facial ao pressionar a face e os dentes molares superiores e eritema local e dor nos dentes molares e odor fétido na infecção dentária Raio X dos seios paranasais só são indicados se os episódios são recorrentes, presença de complicações, dúvida na diagnose, pouca resposta ao tratamento empírico e antes de cirurgias nos seios. Se no raio X dos seios paranasais, níveis hidro-aéreos, opacificação dos seios e espessamento mucoso de mais de 4 mm., mas não confundir com osteomielite. O padrão-ouro para sinusites bacterianas é a punção dos seios. Se trata com amoxicilina ou amoxicilina com clavulanato ou cefuroxima por 10 dias quando há um quadro clássico ou queixas por mais de 10 dias. O alívio somente sintomático é obtido com esteróides tópicos, AINE como acetaminofeno, anti-histamínicos de primeira geração, supressores da tosse. Pode complicar com meningite, abscesso cerebral e infecções orbitárias, que são tratadas com ceftriaxona ou vancomicina venosas. Se previne a sinusite bacteriana por evitar contato com pessoas com gripe ou lavando as mãos se isto ocorrer, cobrir a boca com lenços de papel quando espirrar e se vacinar contra influenza. Sinusite crônica: Sintomas de sinusite por mais de 6 meses. Causada por Pseudomonas aeruginosa, estafilococos coagulasenegativos, bactérias anaeróbicas, fungos e H. influenzae Deve-se realizar endoscopia nasal e estudos de TC para avaliar as cavidades. Se trata com irrigação com solução salina por 3 vezes por dia, drenagem dos seios e alargamentos dos óstios dos seios por endoscopia. Faringite e tonsilite virais: Rinorréia, obstrução nasal, tosse, conjuntivite, rouquidão (80% de valor preditivo negativo), mas sem febre Se trata com AINE como naproxeno ou acetaminofeno no início dos sintomas, anti-histamínicos de 1° geração (fumarato de clemastina ou maleato de bromfeniramina), brometo de ipratrópio e pseudoadrenalina, isolados ou em conjunto. Faringite e tonsite bacterianas: Causadas por Streptococcus pyogenes do grupo A, Mycoplasma pneumoniae e Clamydia pneumoniae. Cursa mais no inverno ou primavera e em crianças em idade escolar com febre, dor faríngea, cefaléia, dor abdominal, inflamação da tonsila faríngea com exsudatos em 50% das vezes, úvula edemaciada e linfonodomegalia cervical. Se pode confirmar a infecção bacteriana com testes rápidos de antígenos estreptococos e cultura de material da superfície tonsilar e da parede faríngea posterior se o teste rápido for negativo. Dosagem de antiestreptolisina O só é útil para confirmar infecção prévia em paciente com febre reumática ou GNAPE. Pode-se tratar em até 9 dias após começar os sintomas para evitar febre reumática, mas deve-se tratar imediatamente os pacientes com história de febre reumática. Se usa penincilina ou amoxicilina ou eritromicina ou clindamicina, no caso de alergia e penincilina. Os co-moradores do paciente só são também tratados se possuírem sintomas semelhantes, possuírem exames complementares indicativos de faringite bacteriana ou possuírem febre reumática. Nos casos de faringite estreptocócica recorrente, longos cursos de clindamicina podem ser utilizados. Epiglotite: Causada por H. influenzae b (a incidência se reduz pelo uso da vacina anti-Hib), estreptococos do grupo A e S. pneumoniae. Cursa com dor faríngea, febre e sinais de toxemia que começam abruptamente e evoluem rapidamente para disfagia, sialorréia e dispnéia com estridores em crianças e voz abafada, febre com calafrios, sialorréia, estridores, ortopneía, dispnéia, tosse e dor auricular em adultos. Se pode realizar raio X lateral do pescoço para se observar a epiglote (sombra arredondada como um polegar), há leucocitose > 15000 cél./mm3 com desvio à esquerda. Se trata com manutenção emergencial das vias aéreas por risco de edema de glote e cefalosporinas de segunda e terceira gerações (cefuroxima ou ceftriaxona) ou ampicilina com sulbactam ou clorafenicol ou vancomicina com ceftriaxona venosos. Corticóides pode reduzir o edema da glote. Bronquite aguda: Causada por rinovírus, influenza, parainfluenza e adenovírus em adultos e parainfluenza, vírus respiratório sincicial e influenza em crianças Tosse e sibilância pulmonar com ou sem febre ou produção de catarro, após excluir pneumonia e bronquiolite ou asma em crianças e doença pulmonar crônica em adultos (raio x torácico e outros exames) Em caso de ausência de catarro purulento em crianças maiores e maiores desta idade ou casos semelhante em até 2 semanas antes, M. pneumoniae e Chlamydia pneumoniae devem ser consideradas. Em crianças com tosse há mais de 4 semanas, doença reativa das vias aéreas, tuberculose, coqueluche, fiborse cística, aspiração de corpo estranho e sinusite deve ser investigadas. Se trata com AINE como naproxeno ou acetaminofeno no início dos sintomas, anti-histamínicos de 1° geração (fumarato de clemastina ou maleato de bromfeniramina), brometo de ipratrópio e pseudoadrenalina, isolados ou em conjunto. Antibióticos são indicados para tosse há mais de 10 dias e doxiciclina ou macrolídeo são usados na suspeita de M. pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae . Antibioticoterapia também beneficia pacientes com alguma doença crônica pulmonar. Exacerbações agudas de bronquite crônica: Bronquite crônica: Produção de catarro na maioria dos dias por 3 meser por ano por mais de 2 anos Causadas por exposição a fumaça de cigarro, poluentes, fumaças, pólen e similares Cursam com aumento da tosse, aumento da quatidade do catarro, mudança de cor do mesmo e dispnéia, sibilos e roncos sem evidências radiográficas de pneumonia Se usa ou amoxicilina ou TMP-SMX ou eirtromicina ou cefuroxima ou tetraciclina ou doxicilna por 5 dias (terapia voltada contra S. pneumoniae e H. influenzae Otite externa: Ocorre mais na exposição auricular crônica à umidade, como na natação. Causado por Pseudomonas aeruginosa. Cursa com dor na orelha externa que aumenta progressivamente, edema e vermelhidão na orelha externa e região mastóidea e febre. Se trata por manter as orelhas externa secas, evitar temporariamente natação e usar gotas otológicas de polimixina ou neomicina com hidrocortisona ou ácido acético ou bórico diluídos. A infecção por P. aeruginosa pode se espalhar, destruindo a cartilagem da orelha externa e penetrando na base do crânio e nos nervos cranianos, acarretando trombose dos seios venosos e meningite (otite externa maligna). Mais comum em idosos diabéticos e pacientes com neoplasias ou com imunodeficiências. Além do quadro de otite externa, há anormalidades dos nervos cranianos, drenagem permanente do canal externo e tecido de granulação na junção entre as porções cartilaginosa e óssea do canal auditvo externo. Se trata com ticarcilina ou piperacilina com tobramicina ou ceftazidima com aminoglicosídeo ou ciprofloxacina venosos. Se acompanha a evolução do paciente com cintilografia com gálio seriada. Otite média aguda: Causda por Streptococcus pneumoniae, Haemophylus influenzae, Moraxella catarrhalis, Mycoplasma pneumoniae, vírus respiratório sincicial, rinovírus, parainfluenza e influenza. Cursa com otalgia ou otorréia, febre, membrana timpânica vermenlha e abaulada com líquido turvo ou amarelo. Pode-se realizar miringotomia ou timpanocentese para se identificar o agente causador. Se trata com acetaminofeno por 72 horas e amoxicilina ou amoxicilina com clavulanato se os sintomas continuarem por mais tempo. Antimicrobianoterapia imediata é indicada em crianças com sintomas graves ou perfuração timpânica. Evitar fumo e chupetas em casa e usar vacinas anti-influenza e anti-pneumococos são outras medidas a serem usadas. Miringotomia bilateral com inserção de tubos timpânicos é indicada na otite média crônica com efusão (> 3 meses de evolução) com perda auditiva bilateral. Profilaxia com sulfisoxazol ou amoxicilina por menos de 6 meses é indicada em crianças com 3 ou mais episódios agudos e separados em 6 meses ou 4 ou mais em 12 meses. Evitar exposição ao fumo e chupetas e se vacinar contra influenza e pneumococos são outras formas de prevenção. Seminário 14: Infecções por helmitos e enteroprotozoários: Bio-helminto é o helminto que precisa de outros hospedeiros além do homem para completar seu ciclo biológico. Geo-helminto é o helminto que precisa viver um período de sua vida no solo para poder infectar os humanos. Ciclo biológico dos geo-helmintos: Todas suas formas adultas eliminam ovos com as fezes. Ingestão de ovos com as larvas dentro destes, se libertando no tubo digestivo do hospedeiro (Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis e Trichuris trichiura). O ascaris penetra na mucosa intestinal e atinge outros tecidos (ciclo indireto) e os outros permanecem no tubo digestivo (ciclo direto). Ingestão de larvas que se liberaram do ovo no solo e terminaram sua maturação neste (Necator americanus, Ancylostoma duodenale e Strogyloides stercoralis). O estrogilóide pode liberar suas larvas antes de as fezes serem liberadas, podendo reinfectar o paciente, aumentando a carga parasitária e causando maior morbidade por disseminação anômala de larvas e meningite ou sepse por bactérias gram-negativas entéricas em pacientes imunossuprimidos ou desnutridos, e pode realizar um ciclo de vida livre, podendo sobreviver algum tempo sem hospedeiros humanos. Realizam ciclo indireto. Ciclo biológico dos enteroprotozoários: Todos liberam cistos nas fezes, se espalham no meio ambiente e outro paciente ingere cistos que contaminam água e alimentos. Os cistos ingeridos viram trofozóitos na mucosa intestinal e se multiplicam assexuadamente. A exceção é Isospora belli, Cryptosporidium spp. e Sarcocystis spp., que realizam reprodução sexuada no tubo digestivo, e Sarcocystis spp., precisa infectar músculos esqueléticos de porcos ou bois e realizar reprodução assexuada antes de infectar o homem. Quadro clínico: Na maioria das vezes, causam infecções assintomáticas; mas sempre deve-se considerar estes agentes em imunodeficientes, desnutridos e gestantes. Na infecção assintomática, as manisfestações mais comuns são dor abdominal de intensidade variável, distensão abdominal, diarréia ou constipação, inapetência e náuseas. Normalmente as infecções estão associadas. Quadros sugestivos de alguma infecção: Sub-oclusão em crianças: Ascaridíase Epigastralgia em adultos: Estrongiloidíase e/ou ancilostomíase Prurido anal ou vaginal: Enterobiose Diarréia dos viajantes (cólica abdominal, náuseas, febre e prostração): Giardíase, amebíase, criptosporidíase, ciclosporíase e/ou estrongiloidíase Hemorragia digestiva alta: Esquistossomose mansônica Síndrome disabsortiva: Giardíase Disenteria e/ou retocolite ulcerativa e/ou abscesso hepático: Amebíase Pacientes com HIV e diarréia persistente: Criptosporidíase, isosporidíase, ciclosporidíase e/ou microsporidíase Hidrocefalia e epilepsia em adultos: Neurocisticercose Meningite por bactérias gram-negativas entéricas em pacientes não-neonatais e imunodeficientes: Estrongiloidíase Tosse irritativa, dispnéia, broncoespasmo, infiltrados pulmonares migratórios no raio X torácico e eosinofilia e pode ocorrer insuficiência respiratória: Pneumonite de hipersensibilidade – síndrome de Löefler Exames complementares: Todas doneças cursam com eosinofilia: Visão direta do parasito: Ascaridíase: Cilindros brancos ou marrons (vermes mortos) de 15 a 45 cm Teníase saginata: Proglótides (pedaços de talharim seco de 2 a 3 cm de comprimento e 3 a 5 mm de altura, às vezes unidos uns aos outros) que se movimentam Enterobiose: Cilindros brancos iguais a pequenos pedações de linha de bordar de 8 a 12 mm de largura Tricuríase: Cilindros brancos e ligeiramente vermelhos de 4 a 5 cm de comprimento e com a extremidade anterior afilada e fixa ao prolapso retal Exame das fezes e relacionados: Método de Lutz: Sedimentação espontânea de ovos pesados em solução – Ascaridíase (ovos inférteis), tricuríase e esquistossomose Método de Faust: Flutuação espontânea de ovos leves e cistos de protozoários em solução de sulfato de zinco ou saturada de cloreto de sódio (método de Willis) – Ascaridíase (ovos férteis), ancilostomose, necatoriose, himenolepíase, tricuríase, giardíase e amebíase Método de Baermann-Moraes: Detecta larvas vivas estimuladas por calor brando – Estrongiloidíase Tamização das fezes: Passagem das fezes por uma peneira grossa – Teníase Exame de Graham: Aplicação de uma fita adesiva transparente na região perineal – Enterobiose Outros exames: Coloração de Ziehl-Neelsen modificado: Criptosporidíase, ciclosporíase e isosporíase Coloração de safarina: Ciclosporidíase Antígenos por imunoensaio ou imunofluorescência: Giardíase e criptosporidíase Contagens elevadas de eosinófilos: Estrongiloidíase, ascaridíase e esquistossomose aguda Anemia de padrão ferropriva: Ancilostomíase Bases da terapêutica anti-parasitária: Tratar os outros familiares do paciente, mesmo sem realizar exames parasitológicos Não realizar exames de controle em suspeita de falha terapêutica, deve-se repetir o tratamento, exceto método de Baermann-Moraes no 7°, 21° e 30° dias após o tratamento contra estrongiloidíase e método de Lutz a cada mês durante 6 meses e biópsia retal após estes 6 meses após tratamento contra esquistossomose. Sempre indicar ao paciente as formas de transmissão de sua doença e as formas de evitá-las. Não indicar mebendazol, albendazol, tiabendazol, cambendazol, metronidazol, tinidazol, pranziquantel ou ivermectina para grávidas. Não indicar oxaminiquine, mebendazol ou albendazol em crianças menores de 2 anos. Não indicar ivermectina em crinaças menores de 5 anos ou mulheres que amamentam. Não indicar albendazol ou tiabendazol ou oxaminiquine em hepatopatas, oxaminique em cardiopatas e pacientes com hipertensão porta descompensada e piperazina ou oxaminiquine em pacientes com insuficiência renal ou epilépticos. Tratamento anti-parasitário: Ascaridíase, ancilostomíase, necatoríase, tricuríase e enterobiose: Albendazol (400 mg. dose única) ou mebendazol (100 mg. a cada 12 horas por 3 dias) Ascaridíase em grávidas: Piperazina (100 mg/Kg dose de ataque e 65 mg/Kg a cada 12 horas por 4 dias, até 4 g.) Estrongiloidíase: Ivermectina (200 g/Kg dose única) ou cambendazol (5 mg/Kg dose única noturna até 360 mg.) ou tiabendazol (50 mg/Kg dose única até 3 g.) Teníase: Praziquantel (10 mg/Kg dose única até 600 mg) ou albendazol (400 mg. por 3 dias) Esquistossomose: Oxaminiquine (12,5 a 15 mg/Kg dose única até 1250 mg. em adultos e 20 mg/Kg em crianças) ou praziquantel (40 mg/Kg dose única) Amebíase: Teclosan – formas intestinais (15 a 25 mg/Kg/dia até 1 g. por 5 dias) ou metronidazol – formas disseminadas (750 mg. a cada 8 horas por 5 dias em adultos e 80 mg/Kg/dia a cada 8 horas por 3 dias em crianças) Giardíase: Tinidazol (2g. dose única em adultos e 50mg/Kg dose única em crianças) ou metronidazol (250 mg. em adultos e 25 mg/Kg em crianças, a cada 8 horas por 7 a 10 dias até 750 mg/dia) Isosporíase e ciclosporíase: Sulfametoxazol (50 mg/Kg) com trimetoprima (10 mg/Kg) a cada 6 horas por 7 a 10 dias. Em paciente com HIV, deve-se fazer quimioprofilaxia secundária com sulfametoxazol (10 mg/Kg) com trimetoprima (2 mg/Kg) para sempre. Outras terapêuticas a serem feitas: Ancilostomíase: Sulfato ferroso para corrigir a anemia ferropriva Ascaridíase: Óleo mineral e piperazina para reverter o quadro de suboclusão intestinal e endoscopia ou cirurgia nas formas mais resistentes Tricuríase: Redução manual do prolapso retal Teníase: Usar purgativo salino quando tratar com mebendazol ou miclosamida para evitar cisticercose na infecção por T. solium Estrongiloidíase: Tiabendazol nas recaídas parasitológicas, na profilaxia em estados de imunossupressão e nas formas disseminadas. Associar antibióticos contra gram-negativos entéricos na sepse ou meningite secundárias e este verme. Extra 1: Neurocisticercose: Ciclo de vida do parasita: Tênias no intestino delgado liberam proglótides, que saem pelas fezes. As fezes se misturam no ambiente e contaminam vegetais e água. Porcos ou humanos comem os vegetais ou água, a capa das larvas hexacantos são digeridas e estas ocledem no intestino delgado. As larvas hexacantos ou oncosferas penetram pela parede do intestino e migram para os músculos, olhos e sistema nervoso central. Quando alguém como a carne do porco crua ou má-cozida, os cisticercos se tornam vermes adultos no intestino delgado e produzem proglótides. Os cistos podem estar no cérebro, tecido subcutâneo, músculos, olhos (humor vítreo, tecidos sub-retinianos, câmara anterior, músculos extra-oculares e conjuntiva) e na medula espinhal. No cérebro, os cistos estão mais no parênquima cerebral (entre a substância cinzenta e branca), espaço subaracnóide e sistema ventricular. Os cistos medem de 5 a 10 mm. Quadro clínico: Abalos, sendo mais comum crises parciais com ou sem generalização (em 94% dos pacientes com lesões intraparenquimatosas e 74% dos pacientes com lesões mistas) Sinais de hipertensão são mais comum em crianças e adolescentes. Demência, pseudo-hipertrofia muscular e alguns sinais de localização Maior risco para doença vascular cerebral Paresia motora simétrica ou assimétrica, níveis de parestesia, incontinência esfinteriana e dor de características neurais indicam cistos na medula espinhal. Exames complementares: Imagens ovais ou lineares de calcificação no crânio e nas massas musculares, que se apresentam paralelas aos feixes musculares vistos no raio X. Cistos circunscritos, hipodensos e não-captantes de contraste na fase vesicular (cistos vivos); lesão em forma de anel com edema em torno na fase coloidal (cistos em degeneração); lesões homogêneas, hiperdensas e calcificadas na fase granular-nodular (cistos mortos) na TC de crânio. Pode haver deformação do sistema ventricular se houver cistos próximos aos ventrículos. Hidrocefalia por oclusão dos forames de Luschka e Magendie, maior brilho do tentório de das cisternas basais por aracnoidite, lesões císticas na fissura silviana, ângulo ponto-cerebelar e fossa hipofisária no acometimento meníngeo. Lesões císticas iguais ao líquor e T1 e T2 (cistos vivos) – aspecto de feijões na fava, podendo-se identificar os escólex nos cistos, e lesões císticas mais intensas do que o líquor em T1 e T2, não havendo diferença entre o escólex o resto do cisto (cistos mortos) na RM. ELISA dos cisticercos é um exame altamente sensível e específico. O exames de fezes a procura de proglótides e ovos é indicado no pacientes e seus familiares. Tratamento: Pranziquantel ou albendazol por 8 dias (pode causar cefaléia, náusea, vômitose abalos como reações colaterais) Corticóides (únbica medida nos pacientes com cistos disseminados) Derivação liquórica em caso de hidrocefalia e remoção cirúrgica dos cistos no acometimento de meninges cranianas ou parênquima cerebral Complicações: Descolamento de retina, coriorretinite e iridociclite no acometimento ocular Continuação dos abalos, precisando manter os anti-epiléticos Hidrocefalia, meningite crônica e vasculite respondem melhor à cirurgia do que ao tratamento clínico. Deve-se defecar somente em privadas com adequado destino sanitário e só comer vegatais e água convenientemente lavados e/ou cozidos, para se evitar a doença.