Como agem as Drogas Utilizadas no Tratamento do Glaucoma? Muitas pesquisas têm sido feitas à procura de novas drogas para controle desta doença, que permanece sem cura. Não há ainda um remédio para a perda visual do glaucoma. O glaucoma é uma doença do nervo óptico relacionada, geralmente, ao aumento da pressão intraocular. Isto causa sofrimento e perda das fibras nervosas que levam a informação visual dos olhos ao cérebro. A pressão intraocular depende do balanço entre produção e escoamento de humor aquoso, líquido que preenche a porção anterior do olho e desempenha uma série de funções vitais para o bom desempenho da visão. Este líquido é produzido numa estrutura chamada corpo ciliar, localizada logo atrás da íris. Esta estrutura é ricamente vascularizada e possui a propriedade de elaborar humor aquoso a partir do sangue. A produção deste líquido envolve processos ativos, que dependem de enzimas para ocorrer, como a anidrase carbônica. Os chamados inibidores da anidrase carbônica agem diminuindo a produção e assim, baixando a pressão. São encontrados em comprimidos como a dorzolamida e colírios como a acetazolamida. O escoamento do humor aquoso ocorre através do trabeculado corneoescleral. Esta estrutura se situa na junção entre a córnea e a íris, e se assemelha a uma peneira que cobre um canal chamado "canal de Schlemm". Este canal conduzirá o humor aquoso para fora do olho e finalmente para as veias. Uma pequena porção é drenada através da íris e do corpo ciliar e não passa pelo trabeculado. Todo este processo de produção e escoamento obedece a estímulos nervosos. Os chamados betabloqueadores agem inibindo um receptor ligado à produção do humor aquoso. Inibindo a produção podemos baixar a pressão intraocular. O timolol e o betaxolol são exemplos deste grupo de drogas. É importante salientar que estes receptores estão presentes em outras partes do corpo como coração e pulmões. O paciente candidato a utilizar este grupo de drogas deve sempre informar o seu médico a respeito das suas condições cardíacas e pulmonares. Da mesma maneira que o bloqueio de certos receptores diminui a produção de humor aquoso, a estimulação de outros pode aumentar o seu escoamento. Os estimuladores alfa como a dipivefrina, têm esse efeito. Existem estimuladores alfa altamente específicos como a brimonidina e a apraclonidina, que oferecem uma redução importante na pressão ocular. Outro grupo de medicamentos, bastante utilizado ainda, pode abrir a malha do trabeculado, facilitando assim o escoamento e diminuindo a pressão: são os mióticos como a pilocarpina. Recentemente as prostaglandinas, substâncias capazes de aumentar o escoamento através da íris e do corpo ciliar, estão sendo utilizadas com sucesso. Oferecem a vantagem de necessitarem de uma dose diária apenas. Não há droga ideal; deve-se achar a droga ideal para cada paciente, ou grupo de drogas. Muitas pesquisas têm sido feitas à procura de novas drogas para controle desta doença, que permanece sem cura. Não há ainda um remédio para a perda visual do glaucoma. O caminho continua sendo o controle, muitas vezes dispendioso e cansativo para o paciente. A recompensa desta disciplina ao longo dos anos, porém, é certa. Dra. Leda Mine Takei Lower