A Filosofia na prática social. - PUC-Rio

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A Filosofia na prática social.
Priscilla Basilio dos Santos
Orientador: Danilo Marcondes Filho
Rio de Janeiro, Julho de 2013.
PUC-RIO
Priscilla Basilio dos Santos.
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Introdução
Este projeto visou analisar a importância da filosofia e da ética em sociedade,
além de buscar os meios e as possibilidades de um desenvolvimento prático de ambos
os tópicos. Para tanto, foram examinados alguns tópicos da Ética aristotélica que tratam
das atividades humanas, como “Práxis e Poiesis”. A intenção foi demonstrar as razões
pelas quais, segundo a concepção de Aristóteles, a filosofia é necessária na prática
social. Para isto, é necessário o conhecimento e a aplicação do estudo da Ética à
filosofia, enquanto ela diz respeito à prática social. A ética, hoje, mais que um estudo
sistemático sobre normas e princípios que regem a condição humana, tem se tornado
cada vez mais um estudo autoreferente, quase uma meta-ética, sem propostas
comprometidas com as perspectivas de mudanças no mundo social. Propôs-se, então, o
rompimento das barreiras do pensar acadêmico, chegando, de forma atuante, em
projetos sociais, escolas primárias e grupo de estudos. Práttein é o infinitivo do verbo
grego que designa ação, realização, e, através da filosofia (não apenas em si) e do
mergulho na ética, houve a tentativa de pensá-las no dia a dia, onde os cidadãos
pudessem reconhecer o poder de escolhas éticas, pensando, ‘filosofando’. Partindo da
premissa de que o agente, o ato e o resultado da ação são inseparáveis, nosso objetivo de
pesquisa foi tentar fazer o uso dessa conjunção na prática social, não no sentido somente
político – como pensamos hoje – de realização apenas em uma ação. A ação, segundo
Aristóteles, tem como motor a escolha; a força motriz desta é um desejo (orexis), que
visa um fim. Para melhor compreensão, foi feita uma divisão em etapas sem que elas
viessem a se tornar simples instrumentos do desejo imponderado. Onde está a
participação de nossa razão e sua relação com nossos desejos e do que mais venha fazer
composição da ação? Aristóteles traz, a partir do desenvolvimento de suas concepções,
a deliberação (hairesis), que é componente essencial para que ela se torne reta, ou seja,
ética. Mediante o pensamento e as discussões filosóficas que estão sempre ligadas às
questões que se referem à ética, parece essencial ressaltar a questão que moveu esta
pesquisa, que foi entender meios e funcionalidades de tornar a filosofia mais ativa na
prática social, além de observar, na prática, o seu desenvolvimento e, a partir daí, criar
novos métodos que possam se adequar a essa necessidade. A filosofia não é uma
mercadoria, mas sua produção precisa ser “comercializada”, ou seja, divulgada, aplicada
em vários possíveis usos. Para além das criações de métodos e de discussões
acadêmicas, no sentido de esperar avaliações finais, a filosofia pode responder cada vez
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mais a questões que se relacionem com o mundo concreto, dentro das possibilidades
teóricas e técnicas. A ética é uma das áreas onde a filosofia desenvolve discursos,
diálogos e levanta questões, demonstrando a sua fecundidade como instrumento de
comunicação sobre alguns dos grandes problemas da humanidade. A filosofia é uma
atividade viva, na medida em que trata das questões dos seres vivos e pensantes, com
moral e vontades e, por isso, o desejo desta pesquisa foi torná-la, dentro das
possibilidades, algo aliado às práticas sociais. O exercício feito foi usar textos
filosóficos e éticos que questionassem ações éticas em escolas, ONG’s, e no grupo
ERA, onde a filosofia pode ser experimentada para um fim prático, que resulta no
social.
Nessa linha, discutimos os conceitos de Práxis e de Poiesis, mesmo que em
alguns momentos não se saiba exatamente de que trata cada conceito. A Filosofia
Moderna parece ter trazido uma dúvida sobre a realidade de sua época, e isso pode ter
levado os filósofos a uma crise profunda, típica do contexto da época. Neste projeto,
almejou-se ultrapassar a dimensão do subjetivo desta crise, para que seja possível
responder a questões hoje relacionadas ao mundo que clama por respostas possíveis de
realização, e, para isso, consideramos que o pensamento aristotélico foi fonte
contribuinte fundamental para discussões e atividades desenvolvidas.
Aristóteles e a filosofia: um possível ‘bem estar social’ que parte das ações
A partir do estudo dos textos, houve participação em discussões sobre filosofia,
ética e proposta de exercícios de discussão e aproximação de textos com crianças de
projetos sociais, adolescentes de escolas estaduais de ensino médio e adultos do
universo acadêmico. Foram feitas perguntas como: “Onde a filosofia tem atuado?”,
“Como agimos quando o assunto é ética?”, “Podemos ser éticos agindo contra nossos
desejos?”, “A Práxis e a Poiesis são compreendidas numa tentativa prática?”. Não se
pode esperar da filosofia resposta para todas as questões que envolvem nossa sociedade,
contudo, a filosofia faz pensar e objetivamos através dela um pensamento para
mudança, que se dá na prática, mas necessitando de uma ética para tais ações. Tornar a
filosofia prática é permitir que virtudes sejam desenvolvidas (em projetos sociais,
virtudes como ‘não pegar o que é não é meu’ foram discutidas, de acordo com as
necessidades do que ocorria no dia a dia de suas convivências) e, tendo ética, teremos
qualidade para os aperfeiçoamentos. Tudo foi pensado, estudado, desenvolvido na
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academia e experimentado em ‘pontes’ (Escolas, ONG’s, e Grupo acadêmico criado por
interesses no tema), pensando em ‘romper os muros’ e gerar resultados reais, sociais. Na
elaboração de um ensaio sobre a ética, usamos alguns textos de Aristóteles, como Ética
a Nicômaco, e A Política – apesar de não ser um autor contemporâneo, Aristóteles trata
de questões que nos servem em tempos atuais – e de autores que também poderiam
ajudar para chamar a atenção para a importância da adoção de posturas éticas na prática
cotidiana.
As perguntas a serem feita são: “Onde e como tem atuado a filosofia?” e “A
práxis e poiesis são compreendidas numa tentativa prática?”. Não se pode esperar
nascerem da filosofia respostas para todas as questões que envolvem uma crise no plano
social; contudo, se a filosofia pode pensar, deve poder pensar para uma eventual
mudança sobre tantas questões, e, neste projeto, o objetivo foi pensar questões da vida
prática. Por que não ser atuante na prática? Parecemos estar numa era em que o
conhecimento técnico intelectual bastaria. O fato é que muitas perguntas surgem, como
a pergunta kantiana: “o que devo fazer eticamente?”. Tentaremos criar uma forma de
aliar o pensar à prática, o que parece ser muito positivo, e analisar a proposta aristotélica
da felicidade como objetivo visado por todo o ser humano. O termo eudaimonia pode
ser entendido também como bem estar, principalmente como bem estar em relação a
algo que se realiza, então parece que, se conseguíssemos fazer tornar realidade parte do
pensamento ético, por exemplo, seríamos mais felizes. Portanto, na concepção
aristotélica, a felicidade está relacionada à realização humana e ao sucesso naquilo que
se pretende obter, o que só se dá quando aquilo que se faz é bem feito, ou seja,
corresponde à excelência humana e depende de uma virtude (areté) ou qualidade de
caráter que torna possível tal realização. Tornar a filosofia prática é permitir que
virtudes sejam desenvolvidas, que a qualidade de caráteres seja aperfeiçoada, de acordo
com a visão aristotélica. Seria necessário, em nosso contexto, redefinir o conceito
aristotélico de felicidade, que pode não ser o mesmo, mas que pretende estar
relacionado com o bem estar social, com a realização do potencial humano, com as
relações humanas, em busca de excelência não somente de métodos, mas dos próprios
seres humanos.
Com crianças
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Antes de trazer questões como se fosse uma aula ‘cotidiana’ ou algo que lhes
parecesse forçoso, tentamos discutir definições, tais como ética. Criamos espaço para
que expressassem o que entendiam por conduta moral, valor, juízo de valor. O intuito, é
claro, era de educar, mas com o desejo de alimentar neles pensamentos individuais e de
ensiná-los a usar seus ‘pensamentos’ na prática.
Foi necessário, em muitos casos, que fossem ensinados, corrigidos, esclarecidos
dos conceitos sociais, e, principalmente, que convivessem com ações de moralidade –
Não apenas de discursos verbais, mas de ações. Bons exemplos, como gentilezas,
respeito e responsabilidade eram mais bem recebidos do que um conceito lido ou
decorado e, dentro dessas ações, se desenvolviam os conceitos filosóficos e éticos.
Foram vivências e experiências de seus cotidianos, observadas por eles, e por eles
discutidas e direcionadas, o que parece ter dado apontamentos para cidadãos um pouco
mais plenos e autônomos capazes de ter atitudes de integridade e solidariedade, um
exercício crítico, com indivíduos que criaram autonomias para ter opiniões e para saber,
ao menos uma forma ‘ética’, as expor. O problema não foi nada simples, mas a
perplexidade e os questionamentos levantados apresentavam forças diversas e distintas,
mas todas na prática (desde um desabafo de desrespeito com a fila do lanche até um
lápis que foi pego, tendo dono).
A. Resultados e discussões com crianças
Houve árdua tentativa, através dos textos ou de situações propostas, de despertar
o espírito crítico-filosófico, estimulando o debate, o raciocínio e o aumento do horizonte
cultural, discutindo temas que não são tratados na escola ou temas que fossem de seus
interesses. Tivemos como objetivo integrar o trabalho cultural, com apoio no teórico
filosófico, com o aspecto ético, despertando valores universais, incentivando a
participação de todos os alunos – cada um em seu tempo, desde que todos se
posicionassem –, estimulando um ambiente democrático. Tratamos das diferentes
formas de fé religiosa, e diversas orientações.
Com Adolescentes
Os reflexos das relações dos adolescentes com seus professores ou qualquer
referências de ensinamento apresentavam forte demonstração dos sentimentos de amor e
de ódio. Suas fortes ligações com as redes sociais faz com que acreditem que tudo pode
se resolver em pesquisas, sem muita reflexão pessoal. Quando o tema a ser discutido
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com adolescentes do ensino médio era filosofia, a questão se tornava, então, quase
impossível de diálogo. Contudo, o relacionamento passou por mudanças. Na internet,
algumas pessoas se escondem atrás do anonimato e, com isso, um contato foi sendo
travado entre a filosofia e os adolescentes. Perceberam, na prática, que poderiam ter
nome, sobrenome e opinião. Assim, conseguimos, aos poucos, chegar em questões de
liberdade, e se ela pode ser ensinadam, de como a ética interfere na própria vida e de
como passa pela vida do outro. Mas, como falar de ética aos adolescentes sem incorrer
na simples questão de ideias morais ou em doutrinamentos religiosos? Tratamos de
questões aristotélicas, então, sem fazer delas algo distante. Voltamos a ideia para
métodos contraceptivos, que se misturam em meios de propostas que almejam ser éticas
e de seus respaldos legais. Discutimos limites de privacidade, confidencialidade, direito
a conhecer questões sexuais acima de religião, e o cidadão ético, o cidadão político, o
cidadão atuante.
A. Resultados e discussões com Adolescentes
Com o uso da filosofia, os adolescentes se colocaram mais ativamente, mas
práticos e atuantes. No entanto, ficou claro que, para eles, ética e filosofia são coisas
diferentes, na medida em que, diferentemente das crianças, não conseguem colocar
questões éticas em pauta com tanta facilidade. Questionados sobre a posição do
‘filosofar’ e a posição ética, muitos ficaram sem resposta e muitos disseram não
conhecer bem a ética e, na maioria dos casos, conhecer mais a ausência dela.
Com o Grupo ERA
O Grupo Era é um grupo com pensamento voltado para sociedade, num sentido
ético e/ou social, que desenvolve pesquisas ética e artigos mais específicos, além de
abrir inúmeras e vastas discussões no campo ético, desde o empresarial até o científico.
O grupo apresenta discussões, inserindo possibilidades de ampliação do tema, e discute
de forma a tentar torná-las acessíveis, através de publicações em seu blog e de debates.
Na tentativa de pensar a filosofia na prática social, foram postadas publicações como
2012 afinal é medieval?, sobre o crescente número de estupros no Rio de Janeiro, para
uma discussão que possa chegar à sociedade, e Como definir o efetivo abandono afetivo,
que fala sobre o caso em que uma brasileira ganhou indenização do pai por abandono
afetivo, numa tentativa de abordar barreiras do afeto X finanças. O pensamento do
grupo ERA perpassa a linha de discussões acadêmica e faz o verdadeiro intercambio de
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ideias, a ‘interdisciplinaridade’ de posições éticas, em que a filosofia fala, e fala com o
direito, com a administração, com a empresa, onde relações éticas puderem ser
encontradas e atingidas, sempre resultando em algo mais concreto do que ideias a serem
trocadas em meios acadêmicos.
A ética e a sociedade
Aristóteles desenvolveu algumas obras que enfocam as questões éticas de seu
tempo e que parecem, em muitos sentidos, não ter mudado tanto, em comparação com a
nossa sociedade. Suas obras que tratam da ética baseiam-se em sociedades vivenciadas
pelo filósofo. A filosofia na prática social parece já estar naturalmente numa divisão
ética do pensamento filosófico, por fazer com que indivíduos, através da discussão da
mesma, possam chegar a questões ou a respostas práticas que necessitam de
posicionamento ético. A ética é muito importante em nosso contexto social, seja ele
público ou privado, mas acabamos por deixar de lado questões que não são de interesse
tão privado, mesmo sabendo que ela pode interferir no público, e isso é realmente ser
ético? Aristóteles não descarta a relação entre Ser e o Bem, porém, enfatiza que não é
um único bem, mas vários bens, e que esse bem deve variar de acordo com a
complexidade do ser. Para o homem, por exemplo, há a necessidade de se ter vários
bens, para que se possa alcançar a felicidade humana; mas, para se alcançar a felicidade
humana, parece essencial pensar a postura ética que se utiliza para tal fim. A virtude, em
Aristóteles, está entre os melhores do bens. A ideia de pensar a ética em sociedade está
ligada a uma prática – tirar da gaveta aquela lista de padrões e repensá-los, rediscuti-los,
e perceber até onde eles têm ligação com o social e onde precisam ser mais
desenvolvidos na prática de cada sociedade. Usando a ideia de ‘eu’, a ética do tempo do
filósofo baseava-se na sociedade em que viviam; nossas ‘éticas’, nossas discussões
filosóficas precisam olhar para realidade atual, e nela pensar como agir praticamente.
Sim, vamos encontrar uma diversidade de virtudes e comportamentos, ao ponto de
colocarmos em cheque essa virtude que tanto sonhamos para todos, mas não parece que
o objetivo da filosofia seja chegar em virtudes coletivas sociais ou padrões para um bem
viver, mas apenas rediscutir, dentro de cada sociedade – aqui nesta pesquisa, em
ONG’s, em escolas de rede pública e em grupos acadêmicos – um pensamento
filosófico, histórico e tradicional que traz questionamentos que se transformam em
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ações práticas. Na prática social, é a filosofia que, através de suas questões, chega ao
ponto ético e vai até a prática.
No entanto, o que é ética hoje? Como ela vem sendo entendida? O que é ética no
mundo do trabalho, na família, no cotidiano, na escola? O que os meios de comunicação
têm feito da ética? Ética é, principalmente, a relação que estabelecemos uns com os
outros. É o questionamento sobre o sentido da convivência baseada na pergunta “o que
estamos fazendo uns com os outros?”. A intenção menor é dar uma definição única para
tantas questões e realidades.
Ética é um tipo de postura e, consequentemente, de ação, mas, até chegarmos a
uma posição, precisamos saber as perguntas certas ou conhecer as pontes pelas quais
podemos chegar até ter a postura; a filosofia parece ser a ponte criativa para tais
indagações. Mas não se trata de uma pura ação. Antes, trata-se da relação entre
pensamento e ação. Nesse sentido, para que cheguemos à ética, precisamos lutar pela
desmistificação da separação entre teoria e prática, do ‘mito’ de que a filosofia é para
ser pensada no universo acadêmico, enquanto o mundo clama por questões através das
quais possam trabalhar suas dúvidas. Essa é uma das questões mais fundamentais
quando falamos de ética como a “filosofia prática” que ela, de fato, é. Ética é a
capacidade de pensar e fazer a partir de um princípio, de uma autonomia pessoal, em
que cada sujeito se questiona sobre seu pensar e seu fazer, já tendo como referência que,
ao levantar uma questão que envolve sua felicidade, sua mudança e suas angústias, com
verdadeiro desejo de mudança, isso se reverterá em ação.
Metodologia
Leitura e análise, em especial, de textos de Aristóteles, mas também de outros
filósofos, como os que tratam do tema de forma aproximada. Pensamos, através do
estudo dos textos, formas de fazer com que a filosofia e a ética, pudessem ser
exercitadas pela sociedade – em muitos casos, começando pelo ‘eu’ –, e que pudessem
gerar resultados práticos, como, por exemplo, as crianças, que, tomando conhecimento
da ética e a percebendo como parte delas, possam fazer escolhas que sejam
potencialmente resultados para uma sociedade, e por consequência, mais livres. Usamos
os textos para refletir e questionar, na prática, a adoção e a mudança de posturas éticas,
e de como elas podem ser adquiridas através dos ensinamentos da filosofia, sem regras
pré-estabelecidas – mas que, surgindo de acordo com cada situação, e vestindo melhor
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cada realidade, sempre se volta para o pensamento ético – e se o pensamento resultava
também em ação ética.
Resultados e discussões
A ética é um tipo de postura, e isso podemos observar em toda a pesquisa. Os
pontos altos da pesquisa, num sentido prático, foram as questões levantadas por
variadas faixas etárias que, em todos os casos, almejavam chegar à ação, após
absorverem uma idéia de um texto discutido, uma postura, um posicionamento – mas
nunca a ação pela ação, e sim a ação que partia de discussões éticas. A filosofia na
prática social parece funcionar quando voltada para questões mais específicas de cada
grupo, e quando, através das específicas, chega a discussões mais amplas. Contudo, no
momento em que há o encontro com o desejo de posição, a prática, a ação é certa de
ocorrer.
Conclusões
Uma das questões mais fundamentais quando falamos de ética como a ‘filosofia
prática’ que ela, de fato é, é pensar em suas possíveis ações, e isso é ter sentido aliado à
filosofia. A ética foi, em muitas de suas discussões e posicionamentos, tratada como a
capacidade de pensar, inclusive pelos próprios alunos, que pensam em alcançar, a partir
dela, uma autonomia pessoal em que cada um pode se questionar sobre seus
pensamentos e seus fazeres, já tendo como referência que, ao levantar uma questão que
envolve sua felicidade, sua mudança de postura, suas angústias, ela só seria ou será
possível se puder se reverter em ações. Para os homens, há a necessidade de se ter
vários bens, para que se possa alcançar a felicidade humana, como já tratamos neste
texto; mas, para alcançar a felicidade humana, parece essencial pensar a postura ética
que utilizada para tal. Contudo, essa felicidade não é ponto final, onde acaba a
discussão; ela se apresenta a cada momento em que as escolhas vão sendo travadas. Os
indivíduos parecem que, se sentindo mais plenos, se sentem mais capacitados de
filosofar, de questionar e de agir em busca de uma melhoria que acarreta em felicidade.
A virtude, em Aristóteles, está entre os melhores do bens, e ela só se fez possível
através de ações, que chegam através da filosofia. A filosofia na prática social pode ser
desenvolvida em muitos campos, mas o que parece se realizar de forma mais ampla é a
ligada à educação, seja ela acadêmica ou não. No momento de aprendizagem, se a
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filosofia permite aproximação da ética, as virtudes têm mais chance de se fazerem reais,
e quem sabe, assim, se tornar um hábito, fazendo com que os indivíduos vão em busca
das questões filosóficas para melhoria de posturas éticas, ciclicamente se aproximando
de questões que interferem em sua vida em sociedade.
Bibliografia
1. VALLS, Álvaro L.M. O que é ética?. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
2. HABERMAS, J. O discurso filosófico da modernidade. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.
3. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Editora Atlas, 2009
4. ARISTÓTELES. .A Política.São Paulo: Martins Fontes, 2000.
5. ARENDTH, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense
Universitário, 1997.
6. Artigos
PUC
RIO.
Heidegger
e
Marx:
Pensamento,
Práxis
e
Mundo.9916631/Ca.
7. MARTINS, Marcos Francisco. Práxis e "catarsis" como referências avaliativas
das ações educacionais das ONG'S, dos sindicatos e dos partidos políticos.
8. SAITO, Maria Ignez / LEAL, Marta Miranda. Como ensinar filosofia e ética
para crianças, uma proposta interdisciplinar. São Paulo: Artigo Rev. Assoc.
Med. Brasil 2003.
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