Revisão de Literatura: Benefícios da hidroterapia no

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Revisão de Literatura: Benefícios da hidroterapia no sistema
cardiorrespiratório no tratamento de pacientes que sofreram acidente
vascular encefálico
Leidenaura Lopes Vieira
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia
Pós-graduação em Fisioterapia Neurofuncional–Faculdade Fasam
Resumo
O acidente vascular encefálico (AVE) é definido como uma alteração súbita da função neurológica, ocasionada
por uma privação de fluxo sanguíneo em determinada área cerebral, impedindo o fornecimento de oxigênio
(O2) e glicose ao tecido, proporcionando danos ao mesmo. Estima - se que anualmente, 20 milhões de novos
casos de acidente vascular encefálico (AVE) ocorram no mundo, desse total, a mortalidade pode chegar a cinco
milhões de habitantes. Constituindo assim uma das principais causas de óbito e incapacidade na sociedade. Os
principais fatores de risco que influenciam no desenvolvimento de um acidente vascular encefálico são
hipertensão arterial sistólica ou diastólica, hipercolesterolemia, tabagismo, diabetes mellitus, consumo elevado
de álcool, sedentarismo, stress e uso contínuo de anticoncepcionais orais. Nas últimas décadas, na tentativa de
reduzir as altas taxas de morbidade e mortalidade decorrentes do acidente vascular encefálico, uma quantidade
considerável de recursos tem sido investida em pesquisas em todo o mundo. A hidroterapia vem se destacando
ao longo dos anos entre os fisioterapeutas e pesquisadores, como um dos recursos terapêuticos mais utilizados
para a reabilitação física e prevenção das alterações funcionais. Para a realização desta pesquisa foi realizado
um levantamento bibliográfico no período compreendido entre dezembro de 2013 e março de 2014, utilizandose uma busca da literatura por meio de consulta nas bases de dados eletrônicos, monografias, dissertações,
sites, revistas especializadas na área, periódicos e livros. Segundo esta pesquisa, há evidências de que a
hidroterapia possui propriedades que trazem benefícios para o sistema cardiovascular.
Palavras chaves: Hidroterapia, Condicionamento Cardiovascular, Ave.
1. Introdução
O acidente vascular encefálico é definido como uma alteração súbita da função neurológica
(O´ SULLIVAN; SCHMITZ, 2010) ocasionada por uma privação de fluxo sanguíneo em
determinada área cerebral, impedindo o fornecimento de oxigênio (O2) e glicose ao tecido,
proporcionando danos ao mesmo. E para ser considerados como Acidente vascular encefálico
os pacientes devem apresentam sinais neurológicos que perdurem no mínimo 24 horas
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE).
Estima - se que anualmente, 20 milhões de novos casos de acidente vascular encefálico
(AVE) ocorram em todo o mundo, desse total, a mortalidade pode ser de cinco milhões e os
15 milhões restantes são de casos não fatais. Constituindo assim uma das principais causas de
óbito e incapacidade na sociedade.
Os Acidentes vasculares cerebrais (AVE) são, hoje, uma das causas mais comuns de
disfunção neurológica que ocorre na população adulta. Sendo esta patologia responsável por
aproximadamente 25% dos óbitos nos países em desenvolvimentos e, também responsável
por grande parte das incapacidades físicas que atingem os idosos.
O Brasil apresenta um perfil epidemiológico de saúde marcado pela heterogeneidade, porém
as doenças cerebrovasculares destacam-se nos índices de mortalidade. É considerado o país
que apresenta uma das taxas de óbitos por AVE mais elevada entre os países da América
_________________________
¹ Pós - graduando em Fisioterapia Neurofuncional
² Orientadora - Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior e Mestranda em Bioética e
Direito em Saúde
2
Latina, sendo responsável em 2009, por 10,18% das mortes no país (GARRITANO et al,
2012).
O índice de mortalidade é um dos principais fatores que preocupam a saúde publica, pois os
acidentes vasculares cerebrais constituem um alto risco de mortalidade ou incapacidade e
dependência permanente. Segundo LOCKETTE &KEYES (1994), o índice de mortalidade
por AVE diminuiu significativamente a partir de 1972, tendo em vista a ênfase dada aos
esforços na prevenção e controle dos fatores de risco, especialmente na hipertensão arterial.
No Brasil, estudos realizados no estado de São Paulo por Lotufo & Lolio, apud OLIVEIRA
(1996) apontam também uma diminuição das mortalidades por doenças cérebro-vasculares,
apesar de continuar sendo uma das principais causas de morte em nosso país, considerada
uma das taxas mais elevadas do mundo.
A incidência de AVE no gênero masculino é cerca de 1, 25% maior do que no feminino
(SULLIVAN; SCHMITZ, 2010), porém após os 85 anos de idade as mulheres ultrapassam
esse parâmetro (PIASSAROLI et al, 2012). Já em comparação a raça, os negros apresentam
um risco duas vezes maior do que os brancos de desenvolverem um primeiro episódio de
AVE, sendo este risco duplicado após os 65 anos de idade independentemente da raça.
(SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
A pesquisa realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, em relação á incidência das
doenças neurológicas, o Acidente vascular encefálico, esta entre as mais frequentes, sendo
responsável por 97 casos (54,18%). Totalizando uma prevalência de atendimentos no setor de
fisioterapia aquática, com predominância, de indivíduos acima de 65 anos (62,5%) do sexo
masculino.
Corroborando com essa ideia, Fakaitis et al (.......) afirma que:
“As altas taxas de incidência do AVE em relação à faixa etária, variam entre 55 a 64
anos, com incidência de 200 e 320/ 1000.000 casos, e entre indivíduos com maiores
de 85 anos esses valores sobem para 1.840 e 3.970/1000. O levantamento realizado
em seu estudo evidenciou que a prevalência do AVE aumenta conforme a idade,
justificando o alto índice de pacientes idosos atendidos no setor de fisioterapia
aquática’.
Aproximadamente 88% dos casos de AVE é por isquemia, seguido por 10% de hemorragia
intracerebral e 3% hemorragia na região subaracnóide (AMERICAN HEART
ASSOCIATION, 2006). O AVE hemorrágico é responsável por maior mortalidade (37% a
38% em 1 mês) enquanto o isquêmico apresenta apenas 8% a 12% de mortes em relação ao
mesmo período.
Oliveira, 2013, em sua pesquisa mostra que em relação ao tipo de AVE, houve prevalência do
acidente vascular isquêmico com 27 (42,85%), sendo que 24 (38,10%) não apresentavam esse
dado.
Polese, 2008, diz:
“O AVE é a primeira causa de incapacitação funcional no mundo ocidental, devido
às sequelas e déficits neurológicos que ocasiona ao paciente2, sendo uma das
seqüelas mais importantes em decorrência da doença, aliado à diminuição da função
cognitiva, indicando influência negativa na recuperação.”
Segundo Sullivan, 2010, cerca de 1/3 dos pacientes que sobrevivem ao acidente vascular
encefálico, tornam-se dependentes para a realização das AVD´s.
3
2 Referencial teórico
2.1 Acidente vascular encefálico
O sistema nervoso é formado por estruturas nobres e altamente especializados, que exigem
para seu metabolismo um suprimento permanente e elevados de glicose e oxigênio. O
consumo de oxigênio e glicose pelo encéfalo é muito elevado, o que requer um fluxo
sanguíneo geralmente intenso. Quedas na concentração de glicose e oxigênio no sangue
circulante ou, por outro lado, a suspensão do afluxo sanguíneo ao encéfalo não são toleradas
alem de um período muito curto. Após cerca de cinco minutos começam a aparecer lesões que
são irreversíveis (MACHADO, 2007)
O acidente vascular encefálico (AVE) é definido como uma alteração súbita da função
neurológica (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010) ocasionada por uma privação de fluxo
sanguíneo em determinada área cerebral, impedindo o fornecimento de oxigênio (O2) e
glicose ao tecido, proporcionando danos ao mesmo. Para serem considerados como acidente
vascular encefálico (AVE) os pacientes devem apresentar sinais neurológicos que perdurem
no mínimo 24 horas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2006).
Os processos patológicos que acometem os vasos cerebrais, tais como tromboses, embolias e
hemorragias, ocorrem com uma frequência cada vez maior com o aumento da vida média do
homem moderno. Eles interrompem a circulação de determinadas áreas encefálicas, causando
necrose e amolecimento do tecido nervoso, acompanhados de alterações motoras, sensórias
ou psíquicas, que podem ser características para a área e a artéria lesada (MACHADO, 2006).
As consequências acarretadas pelo AVE (Acidente vascular encefálico) ocasionam danos
físicos como plegias ou paresias de um ou ambos os membros, alterações sensoriais e
espasticidade, danos psicoafetivos como quadros depressivos, ansiedade e agressividade,
danos cognitivos como problemas de memória, atenção e concentração, alteração da
linguagem e funções executivas, dificuldades no planejamento de ações e déficits perceptual e
perda do mecanismo de controle postural.
Segundo Oliveira (2013), o acidente vascular encefálico podem ser classificado em dois tipos,
o AVE isquêmico (AVEi) e o AVE hemorrágico (AVEh). O isquêmico pode ser caracterizado
por uma obstrução do fluxo sanguíneo em determinada artéria encefálica (LEITE, 2009),
sendo provocado principalmente por ateroma ou êmbolos secundários (STOKES, 2000). Já no
hemorrágico, ocorre a ruptura de alguma dessas artérias promovendo o extravasamento
sanguíneo intracerebral ou na região subaracnóide (LEITE, 2009).
O acidente vascular encefálico isquêmico subdivide se em Lacunar, Trombólico ou Embólico.
E o acidente vascular encefálico hemorrágico em intracerebral e subaracnóide.
A isquemia é caracterizada por um processo no qual o tecido não recebe suficientemente
nutrientes e oxigênio, indispensáveis para o metabolismo das células. Ocorrendo normalmente
por uma oclusão de um vaso ou redução da pressão de perfusão cerebral.
A hipoperfusão cerebral leva a parada do fluxo sanguíneo induzindo a morte neuronal da
região afetada rapidamente. A penumbra isquêmica, que consiste na área proximal a área
afetada, é composta por tecido cerebral funcionalmente afetado e pode ser transformada em
infarto por sofrimento neuronal secundário, induzido por efeitos citotóxicos e excitotóxicos da
cascata bioquímica isquêmica (EUROPEN STROKE INICIATIVE, 2003).
Caso esta privação sanguínea seja de curta duração (menos que 24 horas) a disfunção é
considerada reversível, denominando-se acidente isquêmico transitório (AIT), porém quando
a disfunção durar mais que 24 horas, surgirão lesões definitivas e irreversíveis na área afetada,
caracterizando a morte de parte dos neurônios (CANCELA, 2008).
4
2.2 Fisiopatologia do acidente vascular encefálico
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Acidente vascular encefálico
(AVE), é caracterizado como uma síndrome de desenvolvimento rápido, com sinais clínicos
de distúrbio da função cerebral, com sintomas neurológicos focais ou globais causados por
isquemia ou hemorragia no cérebro ou a sua volta. Ocorrendo devido à interrupção do fluxo
sanguíneo para o cérebro, que pode ser por uma obstrução de uma artéria que o supre,
caracterizando o AVE isquêmico ou por ruptura de um vaso, caracterizando o AVE
hemorrágico.
O bloqueio do fluxo sanguíneo mesmo por alguns minutos provoca uma serie de eventos
patológicos que podem causar danos celulares irreversíveis (O´ SULLIVAN; SCHMITZ,
2010). As áreas vizinhas que mantêm uma perfusão parcial e um funcionamento ainda que
anormal seja denominadas de “penumbra” (OLIVEIRA, 2009).
As áreas de isquemia promovem a liberação excessiva de neurotransmissores (glutamato e
aspartato) ocasionando uma perturbação do metabolismo energético e despolarização anóxica.
Com isso, as células encefálicas ficam incapazes de produzir energia, principalmente
adenosina trifosfato (ATP). Logo após, ocorre um influxo exagerado de íons de cálcio e
falência da bomba da membrana encefálica. O cálcio em excesso começa a reagir com os
fosfolipídeos intraencefálicos para criar radicais livres, além de estimular a liberação de óxido
nítrico e de citocinas. Estes lesam ainda mais as células encefálicas (O’ SULLIVAN;
SCHMITZ, 2010).
Galúcio, 2013, menciona que entre as manifestações clínicas do acidente vascular encefálico,
podemos citar os prejuízos das funções sensitivas, motoras, de equilíbrio e de marcha, além do
déficit cognitivo e de linguagem. Entre as alterações motoras, destaca-se a hemiplegia,
caracterizada pela perda de força muscular no dimídio contralateral à lesão encefálica. Esses
prejuízos resultam em limitação na realização das Atividades de Vida Diária (AVD), restrições na
participação social e, consequentemente, piora da qualidade de vida.
2.3 Fatores de riscos
Os principais fatores de risco que influenciam no desenvolvimento de um acidente vascular
encefálico são hipertensão arterial sistólica ou diastólica, hipercolesterolemia, tabagismo,
diabetes mellitus, consumo elevado de álcool, sedentarismo, stress e uso contínuo de
anticoncepcionais orais.
Conforme Cosmo, 2006 e outros autores, os fatores de risco predisponentes para se ter um
AVE incluem a hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, cardiopatias (principalmente
a fibrilação atrial), obesidade, hipercolesterolemia, embolismo, trombos, hemorragia
secundária ao aneurisma, história de ataques isquêmicos transitórios, estenose carotídea
assintomática, intolerância à glicose, dislipidemias, uso de contraceptivos, fumo, consumo
abusivo de álcool, dieta inadequada, sedentarismo, dependência química.
Segundo Jamrozik e colaboradores, (1994) em estudo sobre os fatores de risco com a incidência
de AVE, chegaram a conclusão de que fumantes, pessoas que consomem carne vermelha por mais
de quatro vezes durante a semana associado a hipertensão tem um risco maior de apresentar um
episódio de AVE. Os índices para pessoas que consomem álcool são maiores para episódios
isquêmicos enquanto que para as pessoas diabéticas o risco maior é de um episódio hemorrágico.
Outro dado, é que o numero de casos de pacientes de sexo masculino é significantemente maior
em relação ao sexo feminino. A raça também pode influir, pois, pacientes negros apresentam
episódios hemorrágicos de maior extensão do que em pacientes brancos.
De acordo com os poucos achados na literatura, os autores confirmam como sendo o principal
fator de risco para o acidente vascular encefálico a hipertensão, depois da idade. Kabuki
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(2007) em sua pesquisa relata que o risco de AVE aumenta proporcionalmente com o
aumento da pressão arterial, que o mesmo define como:
Oliveira, 2013, define como a força exercida pelo sangue no interior das artérias, também
sendo definida pela quantidade de sangue que é ejetado do coração e a resistência encontrada
para circular no corpo. Sendo esta uma variável fisiológica constante que pode oscilar
dependendo do sistema cardiovascular de cada individuo, sobretudo com relação ao débito
cardíaco, que é definido pelo volume ejetado do ventrículo esquerdo em cada sístole que é
diretamente proporcional a frequência cardíaca, e a resistência vascular periférica, que é
determinada pela resistência oferecida pelo vaso ao fluxo sanguíneo normal.
A hipertensão arterial acomete homens e mulheres, de todas as idades e todas as raças. O
aumento da pressão arterial (PA) implica em risco crescente para acidente vascular encefálico
(AVE), este risco se inicia a partir dos valores normais de PA, sendo esta 120 x 80 mmHg.
Sendo considerado um fator de risco para todos os tipos de AVE e demais doenças
cardiovasculares (KABUKI apud Sá, 2007).
Com a mesma idéia, Oliveira et. al (2013) afirma que:
“[...] a hipertensão arterial é uma entidade clínica multifatorial caracterizada pela
persistência da elevação dos valores pressóricos iguais ou superiores a 140 mmHg
de pressão sistólica e ou 90 mmHg de diastólica, estabelecidos pela Organização
Mundial de Saúde OMS, por no mínimo duas aferições seguidas em dias diferentes,
em repouso e ambiente tranquilo.Estando integrados a fenômenos como hipertrofia
vascular e cardíaca, e alterações hormonais e metabólicas.Após a confirmação
diagnostica, esta síndrome pode ser classificada em dois tipos: a primária que possui
fator etiológico desconhecido e a secundaria tendo o componente orgânico
visivelmente desencadeador dos aumentos tensores”
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são as
principais causadoras de morte, estando á hipertensão arterial sistêmica entre uma das
patologias responsável (OLIVEIRA, 2013).
A hipertensão arterial acarreta inúmeras complicações as quais podemos citar cardíacas,
encefálicas, coronarianas, renais e vasculares periféricas.
Tendo a necessidade de programar estratégias de prevenção, para que ocorra mudança no
estilo de vida, incluindo a prática de exercícios físicos aeróbicos que promovera benefícios á
população hipertensa, por meio de inúmeras reações fisiológicas nos sistemas corporais e, em
especial, no sistema cardiovascular, reduzindo a morbidade e mortalidade por doenças
cardiovasculares.
3. Hidroterapia e condicionamento cardiovascular
A hidroterapia é um dos métodos terapêuticos mais antigos utilizados para o gerenciamento
de disfunções sensório-motoras e físicas. As propriedades de suporte, assistência e resistência
da água favorecem os fisioterapeutas e pacientes na execução de programas voltados para
melhora da amplitude de movimento, recrutamento muscular, exercícios de resistência e no
treinamento de deambulação e equilíbrio (ORSINI, et. al, 2008).
Nas últimas décadas, na tentativa de reduzir as altas taxas de morbidade e mortalidade
decorrentes do acidente vascular encefálico, uma quantidade considerável de recursos tem
sido investida em pesquisas em todo o mundo. E a Hidroterapia vem se destacando ao longo
dos anos entre os fisioterapeutas e pesquisadores, como um dos recursos terapêuticos mais
utilizados para a reabilitação física e prevenção das alterações funcionais.
A hidroterapia é um recurso terapêutico de grande relevância para as varias áreas de atuação
fisioterapêutica, aplicado em uma piscina termo aquecida através da utilização de técnicas
6
especialmente desenvolvidas com objetivos de prevenir doenças, promover e manter a saúde,
tratar, curar e reabilitar indivíduos com distúrbios funcionais e reintegrar o mesmo na
sociedade.
A fisioterapia é uma das especialidades mais frequentes no processo de Reabilitação, pois
trabalha para a recuperação da função, da melhoria da mobilidade, alivio da dor e prevenção
ou limitação das disfunções físicas de pacientes vitima de lesões ou doenças.
Biasoli, 2006, em seu estudo afirma que:
“Os efeitos fisiológicos na água aquecida são resultantes do exercício executado e
variam de acordo com as temperaturas da água, a pressão hidrostática, a duração do
tratamento e a intensidade dos exercícios. Outro fator importante é que as reações
fisiológicas podem ser modificadas pelas condições da doença de cada paciente.
Muitos efeitos terapêuticos benéficos obtidos com a imersão na água aquecida
(como o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto e da agressão sobre as
articulações) são associados aos efeitos possíveis de se obter com os exercícios
realizados quando se exploram as diferentes propriedades físicas da água... Afirma
ainda que no Sistema cardiorrespiratório: haverá mudanças como: 1. Melhora da
capacidade aeróbica; 2. Melhora nas trocas gasosas; 3. Reeducação respiratória; 4.
Aumento no consumo de energia; 5. Auxílio no retorno venoso; 6. Melhoria da
irrigação sangüínea, resultando na estabilidade da pressão arterial e no retardo do
aparecimento de varizes.”
”
Em seu estudo, Fakaitis, 2008, avalia e aborda as seguintes variáveis: força muscular,
amplitude de movimento, equilíbrio, coordenação, postura, habilidade, respiração e função
motora, utilizando como recursos cinesioterapia, mecanoterapia, eletroterapia, termoterapia e
técnicas manuais. Estimulam a habilidade do paciente para ser independente e se reintegrar na
comunidade ou retornar ao trabalho.
O enorme histórico dos tratamentos pela água faz da hidroterapia, um recurso fisioterapêutico,
de grandes benefícios aos tratamentos dos diversos tipos de patologias, sejam elas
ortopédicas, neurológicas, pediátricas, gineco-obstetricas e geriátricas.
Devido aos efeitos físicos e fisiológicos advindo da imersão do corpo em piscina aquecida, é
considerado um dos métodos terapêuticos mais antigos utilizados para o gerenciamento de
disfunções físicas. Possuindo efeitos fisiológicos relevantes que se estendem sobre todos os
sistemas e a homeostase. Tendo grandes benefícios no tratamento de pacientes com distúrbios
musculoesqueléticos, neurológicos, cardiopulmonar, entre outros.
Campion, 2005, afirma que:
“apenas por meio da experiência clínica pode-se sugerir que a fisioterapia aquática
seja um meio efetivo e prático para a recuperação de pessoas que estão com
disfunções neurológicas, uma vez que poucas pesquisas têm sido realizadas”.
As propriedades de suporte, assistência e resistência da água favorecem os fisioterapeutas e
pacientes na execução de programas voltados para melhora da amplitude de movimento,
recrutamento muscular, exercícios de resistência e no treinamento de deambulação e
equilíbrio (ORSINI, 2008).
Os exercícios terapêuticos e a água aquecida atuam em diversos sistemas do corpo humano
seja o sistema cardíaco, muscular, respiratório, endócrino entre outros, levando a alterações
fisiológicas (KABUKI, 2007).
A frequência cardíaca é caracterizada pelo numero de vezes que o coração se contrai e relaxa,
ou seja, o numero de vezes que o coração bate por minuto. E o mesmo ainda ressalta que a
frequência cardíaca aumenta com a elevação da temperatura e como resultado do exercício, o
aumento é proporcional á temperatura da água e a severidade do exercício. No sistema
7
cardiovascular há um conjunto de respostas á imersão, incluindo bradicardia, vasoconstrição
periférica (período inicial), vasodilatação após alguns minutos imersos, e desvio de sangue
para as áreas vitais, influenciam na pressão arterial corpórea em imersão (KABUKI, 2007).
A hidroterapia vem se destacando na área de reabilitação neurológico devido o dinamismo
natural da água que sustenta o corpo atuando como um suporte parcial de peso. E auxiliado
pelos benefícios de seu aquecimento, esta terapia contribui na mobilização de articulações,
movimentos simples e caminhadas sem que haja maior esforço pelo paciente.
Salinet, 2012, demonstra em sua pesquisa melhorias significativas no condicionamento e
fortalecimento físico em idosos e pacientes com artrite reumatoide, e seu grande potencial na
reabilitação dos pacientes com AVE.
A melhoria do condicionamento físico trás uma serie de benefícios minimizando os
problemas comuns nesses pacientes como fadiga, quedas e fraturas, excessivo gasto
energético e marcha hemiparética.
Em sua pesquisa, Oliveira, 2013, relata que apenas com a imersão do corpo ate o pescoço, em
repouso, ocorre o efeito da pressão hidrostática agindo sobre todo o corpo e produzindo
deslocamento de aproximadamente 700 ml de sangue, que são desviados das extremidades e
vasos abdominais para os grandes vasos do tórax, causando aumento significativo na pressão
intraventricular direita, no volume de ejeção e no débito cardíaco. Em consequência, ocorre
diminuição da resistência vascular sistêmica, resultando na diminuição da pressão arterial.
Com o aumento do retorno venoso, os barorreceptores desencadeiam o aumento do volume
ejetado por contração, reduzindo de forma reflexa a frequência cardíaca.Esse mecanismo é
denominado reflexo do mergulho.
Sendo de estrema importância a conhecimento dos princípios físicos, para formulação e
desenvolvimento dos tratamentos. A hidrostática e a hidrodinâmica estão presente em todos
os tratamentos, desde o momento que ocorre a imersão estes efeitos já estão atuando no corpo
do individuo, ate mesmos sem atividade ou posicionamento terapêutico. A viscosidade
influencia diretamente no gasto energético ocorrendo aumento do VO2 e captação de O2.
Outro efeito é o renal, onde o aumento da diurese, natriurese e potassiurese, potencializam
ação cardiovascular, bem como ação nos rins (FAKAITIS, 2008).
Embora as respostas cardiocirculatórias de diferentes tipos de exercícios em imersão ainda
sejam pouco estudadas, há na literatura indicadora de que exercícios em imersão afetam de
forma positiva a PA e a FC de repouso.
4. Metodologia
Para a realização deste trabalho, foi feito um levantamento bibliográfico no período
compreendido entre dezembro de 2013 e março de 2014, utilizando-se uma busca da literatura
por meio de consulta nas bases de dados eletrônicos Scielo, MedLine e Lilacs, monografias,
dissertações, sites, revistas especializadas na área, periódicos e livros. Como critério de
inclusão selecionou-se artigos publicados de 2000 a 2013, que tratassem sobre hidroterapia,
condicionamento cardiovascular, etiologia e fisiopatologia dos AVEi e AVEh nas línguas
inglesa, espanhola e portuguesa, cujo acesso foi permitido. Os artigos selecionados foram
analisados de modo a preencher os requisitos anteriores e classificados de acordo com a
necessidade pela busca do tema em relação à sua definição, etiologia, quadro clínico, entre
outros. Os artigos que não preenchiam todos os requisitos listados não foram incluídos. As
análises e seleção dos artigos foram realizadas de forma que fosse possível comparar ou
explicar os efeitos da hidroterapia sobre o condicionamento cardiovascular de pacientes pós
AVE existentes na literatura. A pesquisa não estudou uma faixa etária ou sexo específico
ficando desta forma focada nos possíveis efeitos da hidroterapia no condicionamento
8
cardiovascular. As palavras-chave utilizadas
condicionamento cardiovascular e AVE.
para
pesquisa
foram
hidroterapia,
5. Resultados e discussão
O acidente vascular encefálico (AVE) esta entre as maiores causas de óbito no Brasil e no
mundo. Além do alto índice de mortalidade, o AVE representa a primeira causa de
incapacitação severa em adultos, onde apenas 5% a 20% dos pacientes atingem a recuperação
funcional completa. Os déficits neurológicos residuais, como limitação ou perda do controle
motor, tem um efeito direto na redução da atividade física levando a um declínio do
condicionamento físico, a atrofia e fraqueza difusa (SALINET, 2012).
Orsini, 2010, ressalta que alguns autores defendem a reabilitação aquática para o tratamento
de problemas associados com lesões cerebrais, mas não o treinamento de atividades
funcionais na água, levando a reações associadas que interferem no movimento desejado.
Porém, outros autores acreditam que a água pode fornecer um ambiente estável para a
participação ativa do paciente na melhora da habilidade funcional, desde que seja
adequadamente utilizado.
No estudo realizado por Jakaits et al, 2012 (intitulado como :Atuação da Fisioterapia
Aquática no Condicionamento Físico do Paciente com AVE) Na pesquisa foram incluídos 13
pacientes com o objetivo de avaliar o condicionamento físico durante 6 meses de hidroterapia.
Descrevendo que a terapia proposta teve um efeito favorável na avaliação do esforço e na
viabilidade de frequência cardíaca (FC). Onde os mesmos descreveram um aumento da FC e
da escala de Borg imediatamente após o termino da atividade aeróbica, e o retorno destas
variáveis aos níveis de repouso ao termino do exercício. Eles observaram também que, com o
passar dos meses, o aumento da FC e do esforço provocado pela atividade aeróbica atingiram
menores valores. Assim destacaram a importância da atividade física continua para melhor
condicionamento cardiorrespiratório.
Com a mesma linha de pensamento, Jakaitis, 2012 em seu estudo intitulado como: Atuação da
Fisioterapia Aquática no Condicionamento Físico do Paciente com AVE mostra que
indivíduos que sofreram AVE apresentam necessidade de atividade física, visando
condicionamento físico, devido á inatividade causada pelas alterações da patologia, podendo
interferir diretamente na vida diária destes pacientes e possíveis riscos de novas lesões
musculares e ate cerebrais.
Este estudo pode comprovar que a atividade aeróbica na hidroterapia favoreceu o
condicionamento físico geral dos pacientes que foram submetidos a nove meses de terapia,
onde apresentaram melhora nos seis primeiros meses, levantando a hipótese que o
condicionamento físico em pacientes com AVE pode ser alcançado nos primeiros seis meses
de terapia.
Kabuki, 2007, em sua pesquisa observou que pacientes portadoras de acidente vascular
encefálico, podem apresentar distúrbios autonômicos, entre eles o aumento da pressão arterial.
E durante a hidroterapia as arteríolas dilatam-se, produzindo uma redução na resistência
periférica e por essa razão uma queda na pressão arterial. Concomitantemente a atividade
física produz diminuição nas pressões arteriais sistólicas e diastólicas, além de prevenirem
complicações de desordens cardiovasculares.
Corroborando com os mesmos, Santos, 2011, obtiveram resultados em sua pesquisa que
mostra que todos os pacientes com sequela de AVE tiveram melhora no desempenho da
mobilidade funcional no decorrer de 12 sessões com a hidroterapia, comparando o primeiro
dia de avaliação com o final de 12 sessões. Evidenciando que um programa de exercícios na
9
hidroterapia pode ser benéfico para a melhora do desempenho da mobilidade funcional em
pacientes portadores de AVE.
Em seu estudo Jakaitis, ressalta que a viscosidade da água também influencia diretamente no
aumento do gasto energético. O trabalho realizado na água é fundamental para o aumento do
VO2max em diferentes atividades físicas. Em temperaturas mais frias a captação de O2 é maior
que em águas quente devido o tremor realizado para captação de oxigênio. Portanto se a
atividade realizada em terra mantiver o mesmo VO2 que a atividade realizada em água, o
mesmo manterá as diferenças e respostas fisiológicas quanto ao trabalho muscular,
metabólicos, cardiovasculares e corporais.
Fakaitis, 2008 em seu estudo ressalta a prevalência do AVE em relação à idade, vem
dobrando em cada década sucessiva. Mostrando altas taxas de incidência que variam de 200 e
320/100.000, em indivíduos da faixa etária de 55 a 65 anos e entre 1840 e 3.970/100.000 em
indivíduos com 85 anos a mais.
Ainda em seu estudo, em relação ao sexo, foi comprovado que as mulheres apresentam AVE
mais tarde que os homens, porem um estudo realizado sobre a mortalidade por esta doença no
Brasil, mostrou que existe uma prevalência em homens, mesmo não sendo algo significativo.
No estudo realizado por (monografia) foi constatado que á uma maior prevalência do AVE no
sexo masculino, 68, 31% que corresponde a 38 indivíduos enquanto o feminino 39,69% que
apresentou 25 pacientes.
Segundo Silva, 2012 apud Olsen T.S Andersen K.K 2010, ambos os gêneros estão
predispostos aos mesmos fatores de risco relacionados ao ACV, porem a incidência da doença
é superior em homens sofrendo o primeiro episodio com idade inferior as mulheres. Em
relação ao tipo de AVE, no estudo de (monografia) contatou-se que o de maior prevalência foi
o isquêmico, correspondendo a 27 (42,85%) destes, seguido do hemorrágico com 12
(19,05%).
Kabuki, 2007 em sua pesquisa intitulada como Os efeitos da hidroterapia na hipertensão
arterial e frequência cardíaca em pacientes com AVE. Mostra que pessoas que sofreram AVE
podem apresentar distúrbios autonômicos entre eles o aumento da pressão arterial, que
durante a imersão em água, as arteríolas dilatam-se produzindo uma redução na resistência
periférica e por essa razão á uma queda na pressão arterial. A pressão sistólica teve uma
diminuição no seu valor de 4,1% em relação ao seu valor inicial. A pressão diastólica,
também apresentou uma diminuição de 10,1%, em relação ao valor apresentado inicialmente.
A atividade física produz diminuição nas pressões arteriais sistólicas e diastólicas, alem de
prevenirem complicações de desordens cardiovasculares.
Alguns autores acrescentaram que durante a primeira meia hora de imersão sentada ocorre um
aumento do fluxo sanguíneo capilar pulmonar e linfático gerando uma elevação do volume
sistólico, queda da frequência cardíaca FC e pressão arterial PA. Estudos relevam que a cada
30 cm de imersão do individuo no meio liquido, a pressão hidrostática exercida sob o seu
corpo aumenta aproximadamente 22,4mmhg. Esse aumento da forca com que eleve o trabalho
respiratório em 65% direcionando 700 ml de sangue das extremidades e vasos abdominais
para os vasos torácicos levando elevação significativa da pressão intraventricular direita, do
debito cardíaco e do volume de ejeção. Provocando a redução da resistência vascular
sistêmica e consequentemente diminuição da PA (OLIVEIRA, et al, 2013)
Diante do exposto nesse trabalho ficaram evidente os grandes benefícios que a hidroterapia e
capaz de promover para prevenir as alterações funcionais decorrentes do AVE, no entanto
esta clara a deficiência de literatura em nossos bancos de dados, que tracem esses benefícios.
10
6. Conclusão
Os acidentes vasculares cerebrais AVE são considerados, hoje, uma das causas mais comuns
de disfunção neurológica que ocorre na população adulta. Sendo responsável por
aproximadamente 25% dos óbitos nos países em desenvolvimento, e, também por grandes
incapacidades físicas que atingem os idosos.
Os distúrbios circulatórios estão entre as doenças mais comuns no mundo apresentando altas
taxas de mortalidade quando comparadas a outras doenças, sendo o acidente vascular
encefálico AVE responsável por 30% dessas mortes. É uma das causas mais frequente de
incapacidade neurológica crônica na população adulta e constitui a primeira causa de morte
no Brasil apresentando altas taxas de mortalidade em 1996, que foi de 56,1/ 100000 vitimas e
a mais comum no mundo.
Apesar disso, no levantamento realizado nas bases de dados científico nacional, evidenciou
relativa escassez de estudos que comprove que a hidroterapia por suas propriedades de
suporte, assistência e resistência, constitui uma das alternativas para o controle
cardiorrespiratório em pacientes que sofreram acidente vascular encefálico visando o
condicionamento físico nas atividades aeróbicas.
Ficou evidente no referente trabalho que a hidroterapia possui propriedades que trazem
benefícios para o sistema cardiovascular proporcionando alterações renais,
musculoesqueléticas, respiratórias, e aos sistemas nervosos centrais e periféricos.
Promovendo um maior retorno venoso, em consequência os barroreceptores estimulam um
maior enchimento cardíaco e volume por contração levando a redução de modo reflexo da FC.
Alem de promover uma melhor troca gasosa, irrigação sanguínea, reeducação respiratória e
aumento no consumo de energia (OLIVEIRA, et al, 2013).
No entanto percebe-se a necessidade de um maior numero de pesquisas que comprovem os
benefícios da hidroterapia para aperfeiçoar e intensificar essa terapia, relacionando a eficácia
e a inserção da hidroterapia no tratamento dos acidentes vascular cerebral. Dessa forma, o
presente estudo colabora para aprofundar os conhecimentos sobre os benefícios da
hidroterapia no sistema cardiovascular em pacientes que sofreram acidente vascular
encefálico.
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