• Princípio da farmacocinética: trata da dose-concentração do fármaco a ser administrado para uma terapia, avaliando os processos de absorção, distribuição e eliminação, os quais determinam a rapidez e por quanto tempo o fármaco irá agir sobre o órgão-alvo • Princípio da farmacodinâmica: esclarece a relação concentração-efeito da interação, avaliando a resposta máxima e sensibilidade para detectar a magnitude do efeito em determinada concentração do fármaco • Parâmetros básicos a serem avaliados na farmacocinética: – Depuração: medida da capacidade do organismo de eliminar o fármaco – Volume de distribuição: medida do espaço aparente disponível no organismo para conter o fármaco Volume de distribuição (Vd) • Relaciona a quantidade da droga no organismo com a sua concentração (C) no sangue ou no plasma • As drogas com volumes de distribuição muito altos apresentam concentrações muito mais elevadas no tecido extravascular do que no compartimento vascular, isto é, não exibem distribuição homogênea Depuração • É o fator que prevê a taxa de eliminação da droga em relação à sua concentração sérica Onde: C= concentração no sangue/plasma CL=depuração • A eliminação da droga do organismo pode estar relacionada com processos que ocorrem no rim, fígado, pulmão ou em outros órgãos • A depuração respectiva da droga é a soma da depuração de cada órgão envolvido • • A depuração das drogas frequentemente ocorre nos rins e no fígado, sendo os dois principais locais de eliminação – Rim: eliminação da droga inalterada pela urina – Fígado: eliminação da droga através, ou da biotransformação em metabólitos ou na forma inalterada juntamente com a bile, ou em ambos os processos – A velocidade de eliminação de uma droga é diretamente proporcional à sua concentração A. Eliminação de capacidade limitada – Também conhecida como eliminação passível de saturação, dose- ou concentração-dependente, não-linear, e de Michaelis-Menten • – Para as drogas que exibem eliminação de capacidade limitada, a depuração irá variar, dependendo da concentração alcançada da droga – A maioria das vias de eliminação torna-se saturada, se a dose for alta o suficiente – Se a dose administrada superar a capacidade de eliminação, é impossível obter um estado de equilíbrio dinâmico B. Eliminação dependente do fluxo – Algumas drogas (“alta extração”) são facilmente depuradas pelo órgão de eliminação, de modo que, a maior parte da droga no sangue que perfunde o órgão é eliminada durante a sua primeira passagem – A eliminação da droga irá depender principalmente da taxa de liberação da droga para o órgão de eliminação – O fluxo sanguíneo para o órgão de eliminação constitui o principal determinante da liberação de drogas, além da ligação às proteínas plasmáticas Meia-Vida (t1/2) – Refere-se ao tempo necessário para reduzir a quantidade da droga no corpo, à metade, durante o processo de eliminação (ou durante uma infusão constante) – Considerando que o corpo é um único compartimento de tamanho igual ao volume de distribuição – A escala temporal da droga no organismo irá depender tanto do volume de distribuição quanto da depuração – A meia-vida é um parâmetro útil, pois: – Indica o tempo necessário para atingir 50% do estado de equilíbrio dinâmico, – Ou para diminuir 50% das condições de estado de equilíbrio dinâmico após uma alteração na taxa de administração de determinada droga – Os estados mórbidos podem afetar o volume de distribuição e a depuração de uma droga – Uma alteração na meia-vida não irá necessariamente refletir uma alteração na eliminação da droga • Ex.: estados patológicos (como a insuficiência renal) pode diminuir a depuração de uma droga (como a digoxina) e o seu volume de distribuição, causando um aumento da meia-vida da droga Acúmulo de drogas – Ocasionada por repetidas doses de uma droga, até que a administração seja interrompida – Se o intervalo entre as doses for mais curto do que quatro meia-vidas, o acúmulo será detectável – O acúmulo é inversamente proporcional à fração da dose perdida em cada intervalo entre as doses Biodisponibilidade – É a fração da droga inalterada que alcança a circulação sistêmica após a administração da droga por qualquer via – Para uma droga administrada via endovenosa, a biodisponibilidade é considerada igual à unidade – Para uma droga administrada por via oral, a biodisponibilidade pode ser inferior a 100%, devido ao grau incompleto de absorção e eliminação de primeira passagem • A. Grau de absorção – • Após administração oral de uma droga, a mesma pode sofrer absorção incompleta, devido a: • Falta de absorção pelo intestino: ação bacteriana • Ação demasiadamente hidrofílica: incapacidade de atravessar a membrana celular lipídica • Ação demasiadamente lipofílica: impossibilidade de atravessar a camada aquosa adjacente à célula B. Eliminação de primeira passagem – Metabolização da droga em algum local do corpo que ocorre quando a droga passa pela primeira vez em tal local – O efeito da eliminação hepática de primeira passagem sobre a biodisponibilidade é expresso como razão de extração (RE) Q: fluxo sanguíneo hepático (~ 90L/h em indivíduo com 70Kg) – A biodisponibilidade sistêmica da droga (F) pode ser prevista a partir do grau de absorção (f) e da razão de extração (RE) Vias alternativas de administração • Razões para o uso de diferentes vias de administração na medicina clínica: Maior conveniência: via oral Aumentar ao máximo a concentração no local de ação e reduzi-la ao mínimo em outros locais: via tópica Prolongar a duração de absorção do fármaco: via transdérmica Evitar o efeito de primeira passagem: via endovenosa • O efeito de primeira passagem hepática pode ser evitado: Pelo uso de comprimidos sublinguais: acesso direto às veias sistêmicas Preparações transdérmicas: acesso direto às veias sistêmicas Supositórios retais: passagem pelos vasos que drenam na veia cava inferior (somente 50% da dose passa pelo fígado) • Administração por inalação impede o efeito de primeira passagem hepática, porém o pulmão pode atuar como local de perda de primeira passagem, por excreção e metabolismo dos fármacos Interpretação das medidas da concentração de fármacos • Depuração Fator mais importante para determinar as concentrações de fármacos Interpretação das concentrações depende: dose, fluxo sanguíneo e função intrínseca do fígado ou dos rins Necessário reconhecer que as alterações na ligação às proteínas podem levar a acreditar que existe alteração na depuração, quando não há alteração na eliminação do fármaco • Fatores que afetam a ligação a proteínas incluem: Concentração de albumina: diminuição nos níveis de albumina em algumas patologias, resultando em concentrações totais mais baixas do fármaco Concentração de glicoproteínas α1-ácida: elevação dos níveis em distúrbios inflamatórios agudos, causando alterações na concentração plasmática de alguns fármacos que se ligam a ela, não afetando sua eliminação Ligação a proteínas de capacidade limitada: fármacos com ligações dependentes de sua concentração, apresentam capacidade limitada de ligação. A concentração do fármaco não-ligado depende da sua taxa de administração e da depuração • Coleta de amostras para determinação das concentrações de um fármaco Varia de acordo com a ingestão de alimento, postura e atividade Absorção ocorre durante as primeiras duas horas após a administração do fármaco: colher sangue cerca de duas horas após uma dose oral Fármacos que necessitam de várias horas para a distribuição pelos tecidos: colher sangue pelo menos seis horas após a última dose Fármacos que se distribuem rapidamente pelos tecidos: colher sangue uma hora após a administração de uma dose