A EFICÁCIA DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS OPERATÓRIO DE MAMOPLASTIA DE AUMENTO. Izadora Wojciechowski1, Silvia Patricia Oliveira2 . 1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Fisioterapeuta Dermato Funcional, Professora adjunto da Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço para correspondência: Izadora Wojciechowski, [email protected] _____________________________________________________________________ RESUMO: A mamoplastia de aumento é uma das cirurgias plásticas mais procuradas para atingir a harmonia corporal desejada pela mulher. Porém, a eficácia da prótese mamária não depende somente de seu planejamento cirúrgico. O período pós operatório tem demonstrado fator preventivo de possíveis complicações e promoção de um resultado mais satisfatório através da aplicação da drenagem linfática manual. Esta técnica, quando aplicada corretamente, ajuda a minimizar os efeitos da cirurgia como os hematomas, edema, favorece a formação vascular e nervosa, além de prevenir a formação de cicatrizes hipertróficas ou hipotróficas, retrações e quelóides. O objetivo dessa pesquisa é realizar uma revisão bibliográfica a respeito da eficácia da drenagem linfática manual no pós operatório de mamoplastia de aumento. Palavras-chave: mama, cirurgia plástica, drenagem linfática manual. _____________________________________________________________ ABSTRACT: The augumentation mamoplasty is one of the ways to reach the corporal harmony by the woman. The efficacy of the breast implant doesn´t just depends on its surgical planning. The concern about the post operating period has showed a preventive factor of possible complications and promotion in a more satisfactory result through the application of the manual lymphatic drainage. This technique correctly applied helps to minimize the effects of one surgery as, bruises, edema, favouring the vascular and nervous neoformation besides preventing the formation of hypertrophic and hypotrophic scares, contraction and keloid. The aim of this research is to realize one bibliographic review, concerning about the manual lymphatic drainage efficacy in the axillary augumentation mamoplasty post operating. Keywords: breast, cosmetic surgery, manual lymphatic drainage. _____________________________________________________________ 1 1 INTRODUÇÃO Uma das mais procuradas cirurgias plásticas, a mamoplastia de aumento, ou prótese mamária, é recomendada a pacientes com mamas de pequeno volume, que sejam desarmônicas com o rosto e o corpo, mamas com assimetrias, diferenças no formato ou tamanho, após a amamentação tiveram redução de volume e/ou leve queda. Também a colocação de prótese mamária junto a uma reconstrução da mama, se faz necessária. Com mais enfase na estética do que as outras situações são após a realização de mastectomia (remoção da mama por câncer). 1 Segundo dados do ISAPS, a mamoplastia de aumento foi o segundo procedimento invasivo mais realizado no ano de 2009, tanto no Brasil quanto no mundo. Não existem dados específicos sobre a via de inserção escolhida em cada uma destas cirurgias, mas certamente o número de adeptos da cirurgia vem crescendo ano a ano. 2 A finalidade desta intervenção cirúrgica é restabelecer a harmonia corporal em pacientes que apresentam ausência de tecido mamário, deformidades congênitas ou adquiridas, sendo a principal indicação e volume inadequado das mamas.1 Os sintomas do período pós operatório como: hematomas, quadros álgicos, restrição de movimentos dos membros superiores, edema, podem ser minimizados pela aplicação da técnica da Drenagem Linfática Manual.3 O objetivo desse trabalho e realizar uma revisão de literatura sobre os benefícios da Drenagem Linfática Manual no pós operatório de mamoplastia de aumento utilizando os seguintes descritores: mama, cirurgia plástica, drenagem linfática manual. 1.1 HISTÓRICO DA MAMOPLASTIA As mamas representam o símbolo da feminilidade e da sexualidade. Com a evolução dos conceitos de beleza e feminilidade, criou-se a necessidade de elas estarem esteticamente aceitáveis, tanto quanto à forma como ao tamanho. Em função da mudança dos costumes e do tipo de vestuário, esses aspectos devem ser observados, seja com 4 a vestida ou nua." A feminilidade da mulher, de acordo com o contexto histórico, sempre foi enfatizada pelo contorno das mamas. Vários estudos foram feitos para encontrar materiais adequados para o aumento das mamas, desde bolas de 2 vidro e de marfim, esculpidas a mão, até parafinas, enxertos de gordura, esponja de Ivalon e, por fim, o silicone. 1 Durante este período, um dos maiores problemas da colocação de prótese de silicone era seu enrijecimento, ou seja, a contratura capsular. Quando o implante é colocado, ocorre um encapsulamento para mantê-la isolada do organismo. Caso haja rejeição, a membrana, que recobre a prótese, começa a ficar espessa e contrair-se, transformando-a em uma esfera e a mama adquire um formato artificial e endurecido, trazendo um prejuízo para a forma e consistência das mamas. O pioneirismo de Czerny, em 1985, fez os cirurgiões despertarem para a possibilidade de aumento e reconstrução das mamas, que em relação as técnicas e materiais empregados, passaram por um processo de aprimoramento.5 No momento, são utilizados implantes de superfícies texturizadas e de poliuretano.4 A colocação das próteses poderá ser uma alternativa para ter as mamas mais firmes, com altura e tamanhos adequados, com cicatrizes permanentes, porém discretas normalmente colocadas pela auréola, embora outros locais também possam ser utilizados como através da axila e do umbigo. 6 A intenção desta técnica é restabelecer a harmonia corporal em pacientes que apresentam ausência de tecido mamário, deformidades congênitas ou adquiridas, sendo a principal indicação e volume inadequado das mamas. 1 Vários caminhos tem sido propostos para a mamoplastia de aumento, mas cada cirurgião deve escolher a melhor técnica a ser aplicada, levando-se em consideração o tipo anatômico da mama, a não agressão da sua fisiologia e o domínio da técnica. 5 Essa cirurgia provoca sintomas como: dor, edema, perda de sensibilidade temporária. Como em toda a cirurgia pode ocorrer algumas alterações como perda de sensibilidade permanente, assimetria, infecção, hematomas, cicatrizes hipertróficas. No entanto, para que haja uma recuperação mais rápida, é indicada a drenagem linfática manual, pois estimula o organismo a eliminar os líquidos que causam o edema em mamoplastias, reduzindo o aparecimento de fibroses e age sobre a incisão cirúrgica favorecendo um desenho mais bonito das mamas. 7 1.2 DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 3 Desde a criação da técnica de Drenagem Linfática Manual pelo dinamarquês Emil Vodder e sua mulher Estrid Vodder, em 1936, vários profissionais da saúde passaram a difundí-la.8 É uma técnica de massagem particular, realizada com pressões suaves, lentas, intermitentes e relaxantes, que acompanham o trajeto do sistema linfático, aperfeiçoando alguma de suas funções.3 "A Drenagem Linfática Manual drena os líquidos excedentes que banham as células, mantendo, desta forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais. Ela também é responsável pela evacuação dos dejetos provenientes do metabolismo celular." 3 Para Ribeiro (1989), a drenagem linfática manual é uma técnica específica de massagem, que foi introduzida por Vodder e mais rescentemente por Leduc, que tem como finalidade esvaziar os líquidos exsudados e os resíduos metabólicos por meio de manobras que ativam as via linfáticas e os linfonodos (ducto torácico, axilares, lateral da mama, infra e supra clavicular). Para que a técnica seja eficaz, é necessário o conhecimento da anatomia do sistema linfático. Existem duas etapas a serem seguidas na drenagem linfática manual. Devem ser realizadas no sentido da circulação linfática de retorno e centripetamente. Essas duas etapas caracterizam-se evacuação e captação.9 A captação é realizada no mesmo nível da infiltração. Em seguida, realiza-se o processo de evacuação que é a transparência dos líquidos captados longe da zona de captação.3 A captação absorve os líquidos excedentes da região com estase e o leva pelos vasos linfáticos de volta para o sistema venoso. A função da evacuação é proporcionar um aumento do fluxo linfático na região proximal, deixando-a descongestionada e preparando-a para receber a linfa de outras regiões mais distais. Ao melhorar a circulação linfática dessa região, não haverá sobrecargas maiores a esses vasos. 9 Sabe-se que alguns dos benefícios da Drenagem Linfática Manual são o aumento do grau da nutrição e hidratação das células, maior velocidade de cicatrização pelo aumento da vascularização arterial e venosa, aumentando assim a capacidade de absorção de hematomas, melhorando o retorno da sensibilidade em áreas operadas notado bastante em cirurgias plásticas. 3,10 Nos períodos pré e pós operatórios de cirurgias plásticas, o médico alemão B. Bilias relatou a diminuição de hemorragias pós operatórias, cicatrização em menor tempo e resultados altamente satisfatórios dos 4 procedimentos.11 Os sintomas do período pós operatório podem ser minimizados pela aplicação da técnica da Drenagem Linfática Manual. 3 1.3 APLICAÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL Para aplicação da mesma, posiciona-se a paciente na posição de decúbito dorsal. Em seguida, aplicam-se manobras circulares e compressivas na região do términus, paraesternal e cadeia ganglionar axilar, realizando movimentos de bombeamento, levando a linfa no sentido da circulação linfática. Porém, para a realização da drenagem linfática manual se faz necessário o conhecimento sobre a anatomia, fisiologia e histologia do sistema linfático. Dominar as manobras a serem executado, conhecimento do período pós operatório de cirurgias plásticas para aplicabilidade da técnica, contra indicações e os fundamentos básicos que são: manobras realizadas acompanhando o sentido do sistema linfático, pressão de 25 mmHg, ritmo constante e velocidade lenta.6 1.4 CUIDADOS E ORIENTAÇÕES Geralmente, as complicações mais frequentes nesse tipo de cirurgia são hematomas, infecção devido a abertura da sutura. O período pós operatório não tem demonstrado em estudos quadros dolorosos e o retorno ao dia a dia torna-se rápido. Porém, há uma grande restrição para a movimentação dos membros superiores com a intenção de diminuir a tensão na linha da sutura. A qualidade da cicatriz é variável, as características genéticas e o repouso nesse período influenciam a cicatrização. A mamoplastia de aumento é contra indicada em pacientes com pouca flacidez mamária, com alterações pulmonares, diabetes e tabagistas (pelo risco da necrose tecidual). 6 Nesse período necessita mobilizar as mamas por 30 a 45 dias para minimizar a tensão na cicatriz. A utilização do sutiã pós cirúrgico deve ser usado por até noventa dias. Armações de metal somente depois de seis meses.6 5 2 METODOLOGIA Para o cumprimento do objetivo da pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a temática em destaque em livros, periódicos e nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), e SCIELO (Scientifc Eletronic Library Online). 3 DISCUSSÃO A cirurgia plástica de prótese mamária é uma das mais realizadas atualmente. 2 Sendo os tipos e formatos de próteses e incisões realizadas selecionadas de acordo com o biotipo do paciente. 5 Há necessidade dos cuidados pós operatórios, pois demonstram significativos resultados para a resposta da recuperação pós cirurgica. 3 Para tanto, a importância da realização da drenagem linfática manual, quando liberada pelo médico, tem efetividade constatada com a diminuição de hemorragias pós operatórias, cicatrização em menor tempo e resultados altamente satisfatórios dos procedimentos. 11 Para Borges (2006), quando realizada a técnica no pós operatório imediato demonstra melhora do desconforto e dores, por reduzir a congestão tecidual. Através da drenagem linfática manual o tecnólogo em estética pode auxiliar na redução desses eventos clínicos como: edema, hematomas e fibroses, acelerando o processo de recuperação pós operatória, prevenindo e controlando as complicações comuns. Ribeiro (1989) relata que a drenagem linfática manual é indispensável no pós operatório de cirurgias plásticas, devendo-se iniciá-la o mais rápido possível, para ajudar na penetração do líquido excedente nos capilares sanguíneos e linfáticos da região próxima à lesionada. 4 CONCLUSÃO É fundamental que o pós operatório de mamoplastia de aumento seja indispensável e realizado o mais breve possível podendo ser a partir do primeiro dia pós operatório, mas somente com liberação médica pode-se 6 aplicar a massagem. Alguns médicos preferem que a drenagem linfática seja realizada somente depois de alguns dias de pós operatório para que a prótese não seja mobilizada e interfira no resultado final. Constata-se através da revisão de literatura que a drenagem linfática manual demonstra resultados significativos aplicada no período pós cirúrgico diminuindo o edema local, hematomas, quadros álgicos e o retorno às atividades normais da paciente. Também, o resultado final da mamoplastia de aumento tem melhores resultados, pois diminui a possibilidade das cicatrizes se tornarem hipertróficas ou com quelóides e contratura capsular. O tecnólogo em estética está capacitado cientificamente para atuar com a drenagem linfática manual e orientar sobre as complicações que podem ocorrer caso não haja os devidos cuidados nessa fase pós cirúrgica tão delicada. REFERÊNCIAS 1. MÉLEGA, J.M. Cirurgia Plástica: Fundamentos e Arte – Cirurgia Estética. Rio de janeiro: MEDSI, 2003. 2. The International Society of Aesthetic Plastic Surgery, disponível em: http://www.isaps.org/uploads/news_pdf/Analysis_iSAPS_Survey2009, acesso dia 20/02/2012. 3. LEDUC, A et al. Drenagem Linfática: Teoria e Prática. 3 ed. São Paulo: Manole, 2007. 4. MAUAD, R. Estética e Cirurgia Plástica: Tratamento no pré e pós operatório. Prefácio de Ivo Pitanguy. 3 ed. São Paulo: Senac, 2008. 5. RIBEIRO, L. Cirurgia Plástica da Mama. Rio de Janeiro: MEDSI, 1989. 6. BORGES, F.S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2006. 7. GUIRRO, E.: GUIRRO, R. Fisioterapia Dermatofuncional. 3 ed. São Paulo: Manole, 2004. 8. GODOY, J. M. P. Drenagem Linfática Manual: Um Novo Conceito. Jornal Vascular Brasileiro, vol 03, no 1, 2004. 7 9. DE BARROS, M. H. Fisioterapia: Drenagem Linfática Manual. São Paulo: Robe, 2001. 10. CUNHA, N.D. Efeitos da Massagem de Drenagem Linfática Manual em Diversas Patologias. Revista Omnia. 2 ed, 2005. 11. ZUCCO, F. A Drenagem Linfática e sua aplicabilidade nos períodos de mudança hormonal. Revista Fisio&Terapia, ano VI, no 35, out/Nov 2002. 8