Doenças Reumáticas

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DOENÇAS REUMÁTICAS
Conceito

Doenças que comprometem o sistema músculo esquelético:
ossos, cartilagem, tendões, ligamentos, músculos e estruturas
próximas às articulações. Altamente prevalentes, afetando de 3
a 8% da população mundial. Representam a terceira causa entre
todas as consultas médicas, provocando mais incapacidade que as
doenças cardíacas e o câncer. Podendo-se afirmar que pelo
menos ¼ dos adultos sofre de algum problema relacionado às
estruturas músculo-esqueléticas. Provocam importante impacto
médico, social, econômico, decorrentes da significante freqüência
na população, do afastamento do trabalho e do gasto das
entidades públicas e privadas.
Mito

A definição de que as doenças reumáticas são doenças que
acometem apenas o sistema ostearticular nem sempre é correta,
pois muitos pacientes com doenças reumáticas não apresentam
somente queixas relacionadas a dores articulares, ósseas ou
comprometimento de tecidos periarticulares, mas também queixas
relacionadas a órgãos como rins, coração, pulmões, pele., etc.
Classificação das
Doenças
Reumáticas

Doenças Inflamatórias do Tecido Conjuntivo
(De acordo com
mecanismos de
lesão ou
localização da
doença)
São aquelas que apresentam inflamação do tecido conjuntivo e estão
relacionadas a causas genéticas e distúrbios do sistema imunológico,
com a produção de anticorpos anômalos (auto-imunes) que reagem
contra células e tecidos do próprio organismo de maneira persistente.

Vasculites Sistêmicas
É a expressão utilizada para designar doenças que produzem a
inflamação dos vasos sanguíneos. Esta inflamação pode provocar
prejuízo da passagem do sangue pelos tecidos e, conseqüentemente,
sofrimento da região a ser irrigada, a isquemia e a destruição tecidual
pela morte das células

Espondiloartropatias
Doença inflamatória da coluna vertebral, que pode ou não causar
artrite nas articulações periféricas, mas podem provocar inflamação
em outros órgãos, como olhos, uretra, e glande peniana.

Doenças osteometabólicas
Doenças que afetam principalmente os ossos.

Doenças Articulares Degenerativas
Doenças degenerativas que afetam no início, principalmente as
cartilagens articulares.
1

Artropatias microcristalinas
Doenças articulares causadas por microcristais.

Artropatias reativas
- Reumatismos associados geralmente a processos infecciosos ou
neoplásicos

Artropatias Secundárias a Outras Doenças Não Reumáticas
Queixas de dores osteoarticulares ou mesmo aparecimento de
inchaço articular, que podem ocorrer em decorrência da evolução de
outras doenças
Exemplos das Principais Doenças Reumáticas
(De acordo com a classificação).
Doenças

Inflamatórias
do
Tecido Conjuntivo 
Vasculites
Sistêmicas
Lúpus Eritematoso Sistêmico
Artrite Reumatóide

Esclerose Sistêmica

Doença Muscular Inflamatória (Polimiosite e Dermatomiosite)

Síndrome de Sjögren

Policondrite Recidivante

Doença Mista do Tecido Conjuntivo

Síndrome dos Anticorpos Antifosfolípides

Arterite de Takayasu

Granulomatose de Wegener

Arterite Temporal

Doença de Behçet

Púrpura de Henoch-Schönlein

Poliarterite Nodosa

Doença de Kawasaki

Vasculite de Churg-Strauss
2
Espondiloartropatia

s
Doenças
Osteometabólicas
Doenças
Articulares
Degenerativas
Artropatias
Microcristalinas

Síndrome de Reiter

Espondiliartropatia da Psoríase

Espondiliartropatia das Doenças Inflamatórias Intestinais

Espondiliartropatia Reativas

Osteoporose

Osteomalácea

Doença de Paget

Hiperparatiroidismo

Raquitismo

Osteoartrose Primária

Osteoartrose Secundária (secundária a acromegalia, fraturas,
malformação da articulação e dos ossos, etc.)

Gota

Condrocalcinose

Artrite por Hidroxiapatita
Artropatias reativas

e

infecciosas
Reumatismos
Extra-articulares
Espondilite Anquilosante
Artrites Infecciosas (infecção bacteriana , micótica ou parasitária)

Artrite Reativa secundária a processos infecciosos bacterianos,
viróticos, localizados à distância (geniturinários, faríngeos,
intestinais,etc.) ou então de doenças neoplásicas
Febre Reumática

Doença de Lyme (borreliose)

Síndrome de Reiter

Dor Miofascial

Fibromialgia

Tendinites

Bursites

Esporões do calcâneo

Fasciíte Plantar

Epicondilite
3
Artrites
Intermitentes

Febre Familiar do Mediterrâneo

Reumatismo Palindrômico

Hidrartrose Intermitente

Artropatias secundárias
Algumas das Principais Doenças Reumáticas
1-Osteoartrose/
Osteoartrite
Artrose
ou
1. O que é?
Também chamada de doença degenerativa da articulação, é a forma
mais comum de artrite e pode envolver qualquer articulação,
principalmente as da coluna cervical e lombar, ombros, joelhos,
quadris e as articulações dos dedos, principalmente das mãos.
Embora possam apresentar evidência radiográfica, só a metade dos
pacientes desenvolve sintomas. Pode ocorrer sem uma explicação
lógica, mas acontece com mais freqüência em articulações
traumatizadas previamente, mal alinhadas, utilizadas de modo
excessivo, afetadas por infecções, ou mesmo por processos
inflamatórios crônicos.
2. Causa
É o resultado de um distúrbio na formação, na regeneração e na
degeneração da cartilagem, sendo atualmente considerada como
tendo causas multifatoriais. Alguns tipos são reconhecidamente
hereditários, sendo a forma mais comum a osteoartrose das
falanges distais dos dedos das mãos.
Impacto na Saúde
É considerado o tipo mais comum de artrite em todo o mundo e afeta
freqüentemente as pessoas a partir da meia-idade. As mulheres
geralmente são afetadas mais precocemente que os homens. A
incapacidade que gera para o trabalho vai depender de vários: seu
índice de agressividade, o trabalho exercido e a articulação
acometida.
3.Tratamento
A terapia inclui tanto tratamentos farmacológicos (analgésicos,
antiinflamatórios, agentes restauradores da cartilagem), como não
medicamentos (exercícios, fisioterapia, órteses) que visam não
somente aliviar a dor, mas preservar a função da articulação
acometida. É relativamente freqüente a indicação de correções
cirúrgicas de suas seqüelas
4
2- Osteoporose
1. O que é ?
A osteoporose é caracterizada pela diminuição da massa óssea e
alteração da sua qualidade. O osso torna-se mais frágil, pois perde o
cálcio e outros componentes, e consequentemente essa situação
aumenta o risco de fraturas. A doença afeta todos os ossos do
corpo, mas a maior incidência de fraturas ocorre nas vértebras da
coluna, fêmur e ossos do punho. Apesar de não aparecerem
sintomas e sinais até que uma grande quantidade de osso tenha
sido perdida e os ossos comecem a fraturar, com certa freqüência,
estas alterações iniciais e sutís são sugestivas:
- Dor na coluna vertebral
- Redução da estatura
-
Inclinação da parte superior do tronco (“corcunda”)
-
Fraturas que aconteceram seu um trauma correspondente
2. Causas
Os fatores hereditários são os mais importantes, mas existem
também causas ambientais como: climatério, desnutrição,
sedentarismo, pouca exposição ao sol, anorexia, excesso de
exercícios, uso de medicamentos, (ex: anticonvulsivantes,
anticoagulantes, corticóide, laxantes), uso exagerado de álcool, fumo
e cafeína.
3. Tratamento
A osteoporose pode ser prevenida e tratada. A melhor estratégia
ainda é a prevenção, entretanto uma vez diagnosticada pode ser
tratada. Para a prevenção o ideal é obter uma maior massa óssea
durante o crescimento. Isto pode ser conseguido com uma
alimentação rica em cálcio e vitamina D para a gestante e com
exercícios físicos desde a infância e juventude. Como uma
poupança, quem "guarda mais osso" tem mais para "gastar" no
futuro. Ainda como prevenção é importante a regularidade dos
ciclos menstruais femininos, haja vista que existe uma importante
ação protetora dos ossos feita pelo hormônio estrógeno que ajuda
na prevenção da reabsorção óssea, acelerada após a menopausa.
No tratamento com medicamentos além da suplementação oral de
cálcio e vitamina D, a atuação se faz principalmente sobre a
reabsorção óssea, sendo a maioria dos agentes terapêuticos,
antiabsortivos, mas já existem também medicamentos que ajudam a
produzir osso, como o paratohormônio sintético.
5
3- Tendinites e
Bursites
1. O que é?

Tendões são fortes estruturas que prendem os
músculos aos ossos. Eles servem para transmitir a
força de contração muscular necessária para mover os
ossos. Tendinite é a inflamação de um tendão e sua
bainha de revestimento

Bursite é a inflamação ou irritação de uma "bursa".
“Bursas” são pequenos sacos localizados entre o osso
e outras estruturas móveis, como músculos, pele ou
tendões, que permitem e facilitam um melhor
deslizamento entre estas estruturas.
2. Causa
A causa mais comum de tendinites e bursites é o trauma local ou
excesso de uso durante atividades físicas de lazer ou trabalho,
particularmente se o paciente não tem um condicionamento físico
adequado, má postura ou usa o membro afetado em uma posição
forçada e desajeitada. Ocasionalmente uma infecção ou inflamação
dentro da bursa ou ao redor do tendão poderão ser responsáveis
pela inflamação.
Impacto na Saúde
Os problemas de ordem músculo-esquelético são comuns para
pessoas de todas as idades, sendo uma das maiores causas atuais
de afastamento do trabalho, mas devemos fazer a ressalva de que
muitos que dizem ser portadores destas inflamações, realmente não
o são, querem é ludibriar os empregadores e a Previdência Social. O
diagnóstico destes males deve ser feito com médicos especializados
de muita confiança, não devendo atribuir gratuitamente à “tendinite”
e à “bursite”, dores que freqüentemente surgem pelo corpo, sem
uma explicação adequada.
3.Tratamento
O tratamento destas duas condições está baseado na causa em si.
Em casos agudos, de "overuse" ou trauma, o repouso é essencial.
Posicionamento correto durante atividades traumatizantes é
importante para prevenir lesões reincidentes. Os analgésicos e
antiinflamatórios ajudam no controle da dor. Corticosteróides, seja
como infiltração da área afetada, seja de uso sistêmico, podem ser
úteis, mas devem ser evitados. Se uma infecção concomitante está
presente, um antibiótico é necessário. A fisioterapia tem um papel
essencial nestes casos e às vezes são necessárias correções
cirúrgicas, principalmente nas ruturas tendíneas.
6
4- Fibromialgia
1. O que é ?
O termo fibromialgia refere-se ao aparecimento de dor crônica e
difusa de causa não inflamatória, com pelo menos três meses de
duração e que ao exame físico demonstra pontos dolorosos à
palpação em locais anatômicos pré-determinados (tender points).
Engloba uma série de manifestações clínicas como a fadiga diurna,
boca seca, sensação de mãos inchadas, tonturas, dor precordial,
taquicardia, cefaléia, enxaqueca, cólon irritável, irritabilidade,
depressão e ansiedade. . Em termos de atendimento médico atual,
estima-se que 5% das consultas nos ambulatórios de Clínica Médica
e 30% em Reumatologia sejam atualmente devido à fibromialgia.
2. Causa
Atualmente sabe-se que é uma forma de reumatismo associada à
exagerada sensibilidade do indivíduo a estímulos dolorosos,
originada provavelmente por distúrbios bioquímicos a nível do
sistema nervoso.
Impacto na Saúde
Prejudica, quase sendo a regra, a qualidade de vida e o
desempenho profissional. Existe forte predominância do sexo
feminino (80% a 90% dos casos), com um pico de incidência entre
os 30 e os 50 anos de idade, mas pode manifestar-se em crianças,
adolescentes e indivíduos mais idosos. A doença acomete pessoas
de qualquer nível social e educacional, estando relacionada ao estilo
de vida que leva essa pessoa, geralmente estressante. Hoje em dia
há um abuso desse diagnóstico, necessitando sempre uma
avaliação cuidadosa para se firmar esta opinião diagnostica ao
paciente.
3. Tratamento
A fibromialgia deve ser encarada como uma doença que merece
controle e tratamento cuidadosos, exigindo cooperação enorme do
paciente. Como não existem exames complementares que por si só
confirmem o diagnóstico, a experiência clínica do profissional, a
disposição do paciente em submeter-se fielmente à prescrição
médica e a colaboração dos familiares e amigos são fundamentais
para o sucesso do tratamento, pois o tratamento é geralmente de
longa duração e há inúmeras outras doenças que simulam os sinais
e sintomas da fibromialgia. É baseado em psicoterapia e terapias
comportamentais, que estimulem a mudança no estilo de vida, os
hábitos saudáveis de vida, a prática de exercícios físicos, técnicas
de relaxamento, e uso de medicações para combate à dor e à
depressão (antidepressivos, analgésicos, relaxantes musculares).
7
5-Artrite
Reumatóide
1. O que é ?
É uma doença crônica auto-imune, de causa desconhecida, que se
caracteriza pelo aparecimento de inflamação articular em uma ou
mais articulações, por pelo menos seis semanas seguidas, que se
perpetua com uma resposta inflamatória persistente.
2. Causa
Não se conhece a causa, mas acredita-se que seja multifatorial..
Alguns pacientes possuem defeitos de origem genética no sistema
imune que em contacto com fatores ambientais (infecções, estresse)
, desencadeiam uma resposta inflamatória. A persistência dos
estímulos ou a incapacidade do sistema imune em controlar a
inflamação levam à cronicidade da doença.
Impacto na Saúde
É uma doença comum e a prevalência pode chegar a 1,5% da
população em algumas regiões. Mais freqüente em mulheres,
costuma iniciar-se entre 30 e 50 anos de idade, mas compromete
também homens e crianças. Quanto mais precoce for seu
diagnóstico e quanto mais cedo iniciar o tratamento, maior chance
terá o paciente de não alcançar à incapacidade física precoce, e
consequentemente teremos menos despesas com aposentadorias,
afastamento do trabalho, gastos com medicamentos, fisioterapia e
cirurgias corretivas
3. Tratamento
O tratamento deve ser instituído o mais precocemente possível, e
muitas vezes, a associação de vários medicamentos, desde o início,
proporciona melhor prognóstico. Os medicamentos usados no
tratamento são divididos de acordo com o modo de ação em
analgésicos, antiinflamatórios, corticóides, drogas modificadoras das
doenças,
como
o
metotrexato,
leflunomide,
cloroquina,
sulfassalazina, imunossupressores, tratamentos com agentes
biológicos, como os inibidores de TNF, além de tratamento
psicológico, fisioterápico, órteses e correções cirúrgicas de
deformidades
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6- Artrite
1. O que é
Reumatóide Juvenil
É a doença reumática mais comum em crianças menores que 16
anos, caracterizada pelo aparecimento de inflamação articular em
um ou mais articulações, com pelo menos seis semanas de duração.
2. Causas
Há influências genéticas, evidências dos distúrbios do sistema imune
e fatores do ambiente, como infecções, estresse, trauma, mas sua
origem não é bem entendida hoje.
3. Tratamento
O tratamento geralmente envolve a utilização de antiinflamatórios
não hormonais associados à fisioterapia e terapia ocupacional. De
acordo com a evolução da doença, pode lançar mão de drogas mais
potentes como corticóide, antimaláricos, metotrexato e até mesmo
imunossupressores, além de psicoterapia e eventualmente de
correção cirúrgica de danos articulares.
7-Febre Reumática
1. O que é ?
A Febre Reumática (FR) é uma doença que ocorre em crianças
principalmente na faixa de idade escolar e adolescencia, sendo no
Brasil a principal causa de cardiopatia crônica adquirida nos
indivíduos menores de 20 anos e responsável por elevados índices
de morbidade e mortalidade. É responsável por um número
significativo de cirurgias cardíacas para tratamento de complicações
valvulares dela decorrentes, além de provocar o aparecimento de
artrite, nódulos subcutâneos, lesões de pele e de graves quadros
neurológicos de coréia (movimentos incontrolados). Entre as
doenças que repercutem na saúde das crianças, a FR assume
proporções preocupantes, não só pelas sérias lesões cardíacas,
como também pelo alto custo imposto ao setor público no seu
tratamento, através de delicadas e sofisticadas cirurgias cardíacas
para o implante de válvulas artificiais.
2. Causa
A ocorrência da doença está associada à alta incidência de infecção
de garganta causada pelo Estreptococo beta hemolítico do grupo A,
uma bactéria que causa amigdalite, principalmente nas regiões onde
é mais precária a situação de vida e saúde da população. É também
necessária uma predisposição individual para a ocorrência da FR. O
tratamento correto das amigdalites com antibiótico adequado e pelo
tempo certo pode ajudar a prevenir o aparecimento da febre
reumática.
3.Impacto na Saúde: Os custos das cirurgias cardíacas e dos
tratamentos da coréia são de proporções assustadoras para Sistema
Único de Saúde, apesar da sua prevenção ser tão fácil, mas o
problema está na precáriedade da atenção médica à infância e da
situação sócio-econômica-cultural da maioria de nossa população.
9
4. Prevenção e Tratamento
A prevenção é feita com base no uso de antibióticos. Para os
pacientes que já desenvolveram a febre reumática, o tratamento é
feito com medicamentos específicos: uso de repouso e
antiinflamatórios nas artrites, medicamentos específicos para o
coração, corticóides e repouso na cardite (inflamação do coração),
drogas específicas para os distúrbios de movimento provocados pelo
envolvimento do Sistema Nervoso Central. Após a crise, coloca-se o
paciente em um esquema de prevenção da infecção pelo
estreptococo, usando-se a penicilina benzatina a cada 21 dias.
Ocorrendo o envolvimento cardíaco, deve-se usar a profilaxia para o
resto da vida ou, na impossibilidade disso, até os 30 a 35 anos de
idade. Nos pacientes não portadores de lesão cardíaca, fica
determinado seu uso até os 18 anos de idade. Vacinas estão sendo
desenvolvidas para serem utilizadas em indivíduos geneticamente
susceptíveis.
8- Lúpus Erimatoso 1. O que é
Sistêmico
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória, autoimune e geralmente crônica, que pode acometer múltiplos órgãos,
simultânea ou sucessivamente.
2. Causa
Tem causa desconhecida, com certeza multifatorial, em que a
interação da predisposição genética e diversos fatores hormonais
(aumento
da
relação
estrógeno/andrógeno),
ambientais
(medicamentos, luz ultravioleta, infecções) levam a um distúrbio do
sistema imunitário que se caracteriza pela produção inadequada de
anticorpos que são dirigidos contra os próprios constituintes do
corpo, provocando lesões inflamatórias variadas. Existe um amplo
espectro de apresentações clínicas e evolui cronicamente com
períodos de exacerbações e remissões.
Impacto na Saúde
É uma doença razoavelmente comum no consultório dos
Reumatologistas (14,5 a 50,8 casos/100 mil habitantes). Melhor
conhecimento médico e avanço em métodos diagnósticos devem ser
os motivos pelos quais o LES tem sido diagnosticado com mais
freqüência e seu prognóstico é muito melhor do que há 15 anos, por
causa dos melhores recursos terapêuticos hoje disponíveis. Atinge
principalmente mulheres (10-12:1), principalmente as negras (3 a 4
vezes maior a incidência). Pode ocorrer em todas as faixas etárias,
mas o predomínio mais marcante é nas mulheres jovens. Pode ser
desde benigno, de fácil controle, até extremamente grave e
incontrolável.
10
3. Tratamento
Mesmo havendo medidas internacionalmente aceitas para o
tratamento do LES, cada paciente tem a sua história. O tratamento
do lúpus não é um esquema pronto e único para ser aplicado em
todos os pacientes e as características de cada caso ditarão o que
se deve fazer. Os medicamentos utilizados podem provocar efeitos
colaterais importantes e devem ser manejados por profissionais
experientes. O tratamento varia desde o repouso na fase aguda, a
psicoterapia, a dieta balanceada, os exercícios físicos regulares, os
antiinflamatórios comuns, o uso regular do protetor solar , o controle
da pressão arterial e da dislipidemia até o uso do corticóide, dos
imunosupressores, a hemodiálise e o transplante renal, sem
esquecer da vigilância e do tratamento vigoroso das infecções. Os
pacientes devem estar alertas para os sintomas da doença e para as
complicações que, embora raras, podem aparecer. Se forem
prontamente manejadas é muito mais fácil solucioná-las.
9-Esclerose
Sistêmica
1. O que é ?
Esclerose Sistêmica também denominada Esclerodermia, é uma
doença inflamatória crônica, com características auto-imunes que se
caracteriza por uma inflamação vascular generalizada e uma
proliferação do tecido conjuntivo da pele e dos órgãos internos,
particularmente pulmões, rins e trato gastrintestinal. Apresenta uma
variação muito grande em termos de prognóstico. Para alguns
pacientes representa apenas um incômodo localizado, enquanto
para outros é uma doença grave e generalizada, sendo para a
maioria uma doença que afeta o modo como elas vivem o seu dia a
dia. Existem dois tipos de esclerodermia: a forma sistêmica
(esclerose sistêmica) que afeta os órgãos e sistemas internos do
organismo, e a forma localizada, que afeta uma área localizada da
pele.
Na esclerose sistêmica, o sistema imunológico costuma causar dano
a duas áreas principais: os vasos sanguíneos de pequeno calibre e
as células produtoras de colágeno localizadas na pele e em todo o
organismo. Na esclerose sistêmica, os vasos sanguíneos de
pequeno calibre das extremidades, tendem a estreitar-se e por
vezes o fluxo sanguíneo é completamente ocluído, levando a
formação de pequenas úlceras dolorosas, por vezes de difícil
cicatrização. Devido a este defeito vascular e diminuição no
suprimento sanguíneo periférico e também dos órgãos, os pacientes
esclerodérmicos são notoriamente sensíveis ao frio, provocando o
conhecido fenômeno de Raynaud, que não aparece exclusivamente
nesta doença. A produção excessiva de colágeno endurece a pele e
os tecidos, dificultando o movimento articular e o funcionamento dos
órgãos, principalmente os rins, pulmões e coração.
11
2. Causas
Em geral é mais freqüente no sexo feminino, (quatro mulheres para
cada homem), em adultos, e a média de idade é de 40 anos.
Embora haja muitas pesquisas enfocando este aspecto, a causa da
esclerodermia (tanto localizada quanto sistêmica) ainda é
desconhecida. O que atualmente é aceito é que a esclerodermia
seja uma doença, como os outros reumatismos, também de origem
multifatorial, onde o papel genético está presente , mas ainda é mal
conhecido., havendo necessidade de sua interação com fatores
ambientais para o aparecimento da doença.
3. Tratamento
Não há até o momento um tratamento curativo, específico, que iniba
a proliferação do tecido conjuntivo, assim como restaure as
alterações micro-vasculares de todos os órgãos. Lembramos que a
evolução de ambas as formas da doença são extremamente
variáveis, sendo muito difícil, muitas vezes, planejar o tratamento
ideal. Aconselha-se a psicoterapia, a fisioterapia, proteção contra o
frio, evitar o fumo e medicamentos beta-bloqueadores, sendo
indicado tratar o refluxo gastro-esofâgico. Além disso, também são
indicados no tratamento da doença: corticóides, D-penicilamina,
vasodilatadores, tratamento vigoroso das infecções, do refluxo
gastro-esofâgico, da constipação intestinal e uma adequada higiene
oral.
10- Gota
1. O que é?
É uma doença inflamatória, metabólica, que cursa geralmente com
hiperuricemia, caracterizada pela deposição de cristais de ácido
úrico nas articulações e até mesmo em tecidos moles, causando
inflamação aguda ou crônica, levando ao desenvolvimento de
degeneração articular. É uma doença relativamente comum e sua
maior incidência é no final da terceira década da vida e início da
quarta, com um predomínio nos homens e raramente na mulher,
estas já no climatério. Manifesta-se geralmente como uma artrite de
uma ou poucas articulações em membros inferiores, numa crise que
dura geralmente sete dias, com resolução espontânea, entrando
num período silencioso até a próxima crise, com intervalos variáveis,
nos pacientes sem tratamento. Os cristais de ácido úrico podem se
depositar em tecidos resultando os chamados tofos, geralmente
encontrados nos cotovelos e pavilhões auriculares. Os tofos
geralmente aparecem em pacientes não tratados ou irregularmente
tratados. O aparecimento de cálculos renais de ácido úrico deve
sempre ser lembrado e gota.
12
2. Causa
É de causa desconhecida em forma primária, mas com certeza
ligada a interação de fatores genéticos e ambientais, mas pode se
desenvolver secundariamente a uma série de outras doenças que
causam aumento na síntese de purinas (defeitos enzimáticos,
doenças hemolíticas e mieloproliferativas, psoríase, uso de
medicamentos citotóxicos) ou defeitos na eliminação renal do ácido
úrico (insuficiência renal, abuso de laxantes, uso de medicamentos
anti-tuberculosos). A gota pode aparecer associada, num mesmo
indivíduo,
a
diabetes,
obesidade,
hipertrigliceridemia,
hipercolesterolemia, infarto do miocárdio e acidente vascular
cerebral.
Impacto na Saúde
É uma doença de homens adultos. Pode haver diagnóstico de gota
em mulheres jovens e idosos, mas são situações menos comuns.
Pacientes gotosos podem permanecer de 20 a 30 anos com ácido
úrico elevado antes de apresentarem a primeira crise. Em alguns
casos, já houve crise de cálculo urinário, que passou desapercebido
e não foi pesquisada a possibilidade de gota. Apesar de enorme
população de hiperuricêmicos, somente 20% deles têm gota, e
aqueles bem tratados acabam levando vida normal. A elevação dos
níveis de ácido úrico, além dos limites fisiológico favorece o
aparecimento das crises gotosas Os cuidados com a gota devem ser
estendidos à potencialidade destes indivíduos apresentarem
hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, obesidade, diabetes,
hipertensão arterial, coronariopatia e acidente vascular cerebral.
3. Tratamento
Para o tratamento devemos considerar os pacientes que tenham tido
pelo menos duas crises típicas ou então se detecte a presença de
tofos. Podem–se usar a colchicina, de grande eficiência na fase
aguda e também para prevenção de novas crises, os
antiinflamatórios, os inibidores da síntese de ácido úrico e os
medicamentos que aumentam a excreção renal do ácido úrico, além
da dieta com restrição de alimentos ou bebidas que apresentem
relação clara com as crises, , aumento da ingestão diária de líquidos,
retirada cirúrgica dos tofos, tratamento de crises renais, repouso na
fase aguda e redução do estresse físico e emocional.
11- Síndromes
Reumáticas
Associadas ao HIV
1. O que é?
Articulações dolorosas acompanhadas ou não de inchaço e
importantes inflamações tendíneas, normalmente são as primeiras e
as mais comuns manifestações reumáticas observadas no curso da
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS) mas
podem ocorrer em qualquer fase da doença.
2. Causa
A causa não está clara até o momento, no entanto, evidências
sugerem serem multifatoriais, incluindo efeitos diretos e indiretos da
13
infecção pelo HIV.
Impacto na Saúde
De 30 a 70% de indivíduos infectados pelo HIV desenvolvem uma
síndrome reumática associada à doença em alguma de suas fases.
As manifestações reumáticas são de mais difícil manejo nos
portadores da AIDS.
3. Tratamento
A severidade da sintomatologia pode variar enormemente entre os
pacientes. Além do tratamento da doença de base, a maioria
responde ao uso de antiinflamatórios e analgésicos. Procedimentos
de reabilitação, como exercícios, terapia ocupacional são de grande
valia no tratamento de pacientes portadores de AIDS com
manifestações articulares.
12- Polimialgia
Reumática/ Arterite
Temporal
1. O que é?
É uma doença extremamente rara em pessoas abaixo de 50anos,
causando a sensação de rigidez e dor ao nível do pescoço, ombros
e quadris, que devem durar pelo menos 4 a 6 semanas. Sabemos
que a doença tem características auto-imunes que desencadeiam
inflamação, que quando atingem vasos sanguíneos, são de evolução
mais grave. Por exemplo, o acometimento da irrigação do nervo
óptico pode levar à cegueira rapidamente e o de vasos cerebrais a
acidentes vasculares cerebrais.
2. Causa
Ainda são desconhecidas, mas deve haver, com certeza, uma
junção de predisposição genética, agentes ambientais, infecciosos
por exemplo, que causariam um distúrbio auto-imune que manteria a
inflamação crônica.
Impacto na Saúde
Se não tratada rapidamente nas formas mais graves pode haver
seqüelas como cegueira e paralisias. Temos que levar em
consideração também os graves problemas que decorrem do
acamamento de pessoas idosas, que pode acontecer diante das
dores crônicas nas cinturas escapular e pélvica.
3. Tratamento
A meta é aliviar os sintomas da dor e evitar a inflamação vascular,
que leva as seqüelas irreversíveis .O medicamento mais
frequentemente utilizado é o corticóide, em baixas doses, mas há
casos em que necessitamos usar imunossupressores. O tratamento
geralmente é longo, durando geralmente de 1 a 2 anos. Nunca
podemos esquecer que estes pacientes são geralmente idosos e
portadores de co-morbidades, necessitando muito cuidado no uso
dos medicamentos.
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13- Lombalgia
1. O que é?
A lombalgia é a dor que ocorre na região inferior, lombossacrais, da
coluna lombar (“dor nas cadeiras”). Ela pode ser também descrita
como uma dor que se irradia para uma ou ambas as nádegas ou
para as pernas, geralmente na distribuição de inervação do nervo
ciático (“dor ciática”). As dores na coluna vertebral podem ocorrer
em qualquer lugar, desde o pescoço até o final das costas. Pode ser
bem localizada, em uma área pequena ou, se irradiar por uma
grande área. Estas dores também são relatadas confusamente pelos
pacientes como “lombalgia”. A maioria das dores nas costas ou de
"problemas de coluna" é causada por tensão muscular originadas de
má postura, trauma, deformidades estruturais e, somente cerca de
10% são causados por uma enfermidade sistêmica, como a
osteoartrose, a espondilite anquilosante, a fibromialgia ou a
neoplasia.
2.Causa
Doenças degenerativas (Osteoartrose), inflamatórias (Espondilite
Anquilosante), infecções (ósseas, musculares, etc.), tumores
(benignos ou malignos), hérnias de disco, traumas músculotendíneos, postura inadequada, e muitas outras. A causa exata de
dor pode ser difícil de se identificar, pois pode se originar dos tecidos
moles (músculos, tendões, ligamentos, etc.), dos ossos, do disco
intervertebral ou de compressão dos nervos. Fatores de risco para
dor lombar incluem: má postura, trabalhos de postura estática e/ou
forçada, movimentos repetitivos de elevação e sustentação
inadequada de pesos, obesidade, entre outros. Como algumas
destas doenças são mais prevalentes nos pacientes com mais
idade, eles tem um risco maior para apresentar dores nas costas,
mas deve ser observado que ela é a principal causa de afastamento
do trabalho em qualquer idade, mostrando que o acometimento em
pessoas jovens, e em idade produtiva quanto ao trabalho, é
freqüente e de grande importância social. Depressão, ansiedade,
insatisfação com o trabalho executado, overuse, “ganhos
secundários” com a doença, são associadas com a lombalgia, em
todo o mundo.
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Impacto na Saúde
É o sintoma reumático mais prevalente das sociedades
industrializadas. Nos Estados Unidos, incapacita cerca de 5.4
milhões de americanos, comum custo e pelo menos $16 bilhões /
ano. É a maior causa de afastamento do trabalho em indivíduos
abaixo de 45 anos. Podemos afirmar que 80% de todas as pessoas
experimentarão pelo menos um episódio de dor nas costas em suas
vidas. 70% se recuperam dentro de um mês. Somente 4% dos
pacientes têm dores que durarão mais de seis meses, no entanto,
este grupo é responsável pelo gasto de 85% de todo o custo de
tratamento das lombalgias. Lembramos que só aproximadamente
50% das pessoas com dores crônicas retornam ao trabalho.
3.Tratamento
O objetivo inicial é diminuir a dor, e para tanto, o repouso é
fundamental, principalmente na fase aguda. O uso de analgésicos,
antiinflamatórios não hormonais (AINH) e mio-relaxantes ajudam
bastante nesta fase. Para dor persistente, o Reumatologista é o
profissional indicado, pela sua visão geral do paciente, na busca do
diagnóstico definitivo, no importante diagnóstico diferencial, visto que
várias doenças podem levar à dor lombar, proporcionando um
tratamento dirigido à causa específica da dor. A necessidade de usar
também outros medicamentos é primordial, muitas vezes sendo
necessário o recurso de antidepressivos para controle do quadro. A
reabilitação está indicada após a melhora da fase inicial da dor,
podendo ser utilizados procedimentos fisioterápicos, principalmente
exercícios de correção postural, alongamentos e de reforço de
musculatura abdominal, glútea e paravertebral. Em certas situações,
a minoria dos casos, procedimentos cirúrgicos são necessários para
a resolução de um problema mecânico, como grandes desvios,
deslizamentos, fraturas, hérnias de disco com comprometimento
neurológico, etc. Algumas vezes, as dores são de tal modo
importante, como por exemplo em metástases ósseas, que o uso de
infiltrações de substâncias anestésicas e/ou corticosteróide ou
mesmo bombas de infusão de morfina são indicadas para o controle
da sintomatologia.
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141. O que são?
Espondiloartropatia
As Espondiloartropatias constituem um grupo de doenças
s
inflamatórias crônicas das articulações (artrite) e dos ligamentos dos
tendões aos ossos (entesite), afetando predominantemente os
membros inferiores (tendinite do tendão de Aquiles, por exemplo) e
as articulações sacras ilíacas (quando provocam dor na zona das
nádegas e na região dor lombar). Podem provocar manifestações
extrarticulares nos olhos (uveíte), na glande peniana, na pele
(psoríase), como também em outros órgãos. São consideradas
Espondiloartropatias: espondilite anquilosante, síndrome de Reiter,
artrite psoriática, enteroartropatias e as artrites reativas pósinfecciosas.
2. Causa
As causas e os mecanismos precisos que provocam as
espondiloartropatias são desconhecidos. Como em outras formas de
doenças reumáticas inflamatórias crônicas e auto-imunes, os
mecanismos que podem ser responsáveis pela doença incluem
diversos componentes: os genéticos, os do meio ambiente, que após
interação alteram o sistema imunológico e produzem uma
inflamação crônica das estruturas articulares e até mesmo em outros
órgãos do corpo. As espondiloartropatias estão associadas a
inflamações e infecções do intestino, do trato genito-urinário ou
mesmo de outros locais.. As infecções causadas por alguns
microorganismos (ex: Salmonella, Shigella, Yersinia, Campilobacter
e Clamídia) podem ter algum papel no desencadear da artrite em
pessoas susceptíveis.(artrites reativas).
3. Tratamento
O tratamento baseia-se fundamentalmente na psicoterapia e
utilização de medicamentos analgésicos e antiinflamatórios em
conjunto com tratamentos de fisioterapia/reabilitação que preservam
a função articular e contribuam para prevenir a deformação. A
fisioterapia é um componente essencial do tratamento. Deve ser
iniciada precocemente e deve ser realizada de forma rotineira de
modo a manter a amplitude do movimento, o trofismo e a força
muscular e para impedindo, corrigindo e evitando as deformações
articulares e da coluna vertebral. Manter os hábitos de fazer
exercícios diários e não fumar, é fundamental para o portador destas
doenças, como também de várias outras.
Por vezes temos que lançar mão de outros medicamentos dentre os
quais podemos citar: corticóide oral, injeções articulares de
corticóide,
sulfassalazina e imunossupressores e em casos
selecionados, os tratamentos utilizando agentes terapêuticos
biológicos. Em alguns casos são indicadas cirurgias ortopédicas.
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