Úlceras por doenças negligenciadas ÚLCERA DE BURULI MARIANA DE JESUS MESZAROS Especializanda em Estomaterapia – Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas/SP (UNICAMP) Especialista em Acessos Vasculares e Terapia Infusional – Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, São Paulo/SP Enfª Assistencial na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital de Clínicas (UNICAMP) A Úlcera de Buruli (UB) é uma doença infecciosa causada pela Mycobacterium ulcerans (M. ulcerans); Terceira micobacteriose em ocorrência após a hanseníase e a tuberculose. ÚLCERA DE BURULI Boleira et al, 2010; Johnson et al, 2005 Diagnóstico Precoce Conhecimento limitado Tratamentos inadequados Demora na procura de tratamento Sequelas incapacitantes ÚLCERA DE BURULI Boleira et al, 2010; Brasil, 2010 1948: primeira descrição detalhada das úlceras: MacCallum et al. Na Austrália; 1950: primeiro caso descrito no Congo, África e Fenner identifica o bacilo; 1959: descrição de casos na África Ocidental e Central; 1998: casos relatados em países tropicais e subtropicais; - Organização Mundial de Saúde: iniciativa global sobre o controle e pesquisas sobre a UB; 2007: Brasil, primeiro caso descrito por Santos et al. - 2009: segundo caso ÚLCERA DE BURULI - Histórico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Indivíduos que habitam áreas próximas a leitos de reservatórios de água – rios de fluxo lento, lagoas, pântanos e lagos; alguns casos descritos ocorreram após inundações; Todas as idades e sexos: prevalência em menores de 15 anos e adultos entre 75 e 79 anos. Um estudo descreve maior incidência em homens do que mulheres na faixa etária acima de 59 anos: diferenças atividades profissionais e acesso maior aos serviços de saúde ÚLCERA DE BURULI - Epidemiologia Boleira et al, 2010; WHO, 2011 ÚLCERA DE BURULI - Epidemiologia WHO, 2011 Subnotificação Conhecimento deficiente ÚLCERA DE BURULI - Epidemiologia Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Micobactéria não vive livremente no ar ambiente; possibilidade de ocuparem nichos dentro do ambiente aquático; Transmitida ao ser humano por mecanismos desconhecidos; A M. ulcerans produz micolactona, uma toxina imunomoduladora que causa necrose tecidual e leva a destruição da pele e dos tecidos moles, com a formação de grandes úlceras que geralmente acometem braços e pernas. ÚLCERA DE BURULI - Etiopatogenia Boleira et al, 2010; WHO, 2011 A atividade imunossupressora da micolactona inibe a ação de citocininas e suprime o fator de necrose tumoral, ambos responsáveis para o controle da infecção; O contato com M. ulcerans pode resultar em apenas colonização do tecido saudável sem sinais de infecção; Incubação: 2 a 3 meses; Possibilidade de quadros subclínicos e assintomáticos: doença latente; Evolução clínica depende das defesas do hospedeiro. ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Estágio pré ulcerativo ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Estágio Ulcerativo Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Indolor, móvel, menor que 5cm de diâmetro Pré Ulcerativo: NÓDULO ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Geralmente 1cm de diâmetro; eritema na pele adjacente; Edema da pele ao redor, bordas mal delimitadas, ponto de necrose. Pré Ulcerativo: PÁPULA ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Geralmente indolores; bordas delimitadas e lesão amarelo esbranquiçadas no centro Ulcerativo: Úlceras pequenas ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Aumentam diâmetro, podem atingir estruturas ósseas, podendo progredir para doença disseminada Ulcerativo: Úlceras grandes ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Pode se apresentar também como uma grande área de edema difuso, induração marcada em braços e pernas ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 ÁFRICA AUSTRÁLIA AMÉRICA DO SUL ÚLCERA DE BURULI – Quadro Clínico JAPÃO Formas clínicas WHO, 2011 Diagnóstico diferencial: depende da fase de apresentação e das condições relevantes presentes na área onde vive o paciente; Diagnóstico laboratorial: swabs e tecidos retirados durante o tratamento Exame direto de esfregaço Cultura para M. ulcerans Reação em cadeia da polimerase: PCR Histopatológico Coleta de material por agulha fina ÚLCERA DE BURULI – Diagnóstico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Recomenda a realização de no mínimo dois testes laboratoriais para a confirmação diagnóstica ÚLCERA DE BURULI – Diagnóstico Boleira et al, 2010; WHO, 2011 Rifampicina + Estreptomicina ou Amicacina: 8 semanas em qualquer forma clínica (2005) Cirurgias para remoção tecido necrosado e realização de enxertos cutâneos Intervenções que previnam ou minimizem incapacidades físicas, psicológicas e sociais ÚLCERA DE BURULI – Tratamento Boleira et al, 2010; WHO, (2011, 2012) Acompanhamento por 10 meses após término antibioticoterapia Prognóstico da doença depende da gravidade Morte relacionada a doença é rara, porém as sequelas e danos gerados muitas vezes são irreparáveis ÚLCERA DE BURULI – Prognóstico Boleira et al, 2010; WHO, (2011, 2012) ÚLCERA DE BURULI – Prognóstico WHO, (2008, 2011) Cerca de 5000-6000 casos são reportados anualmente em torno de 30 países do mundo principalmente em climas tropicais e subtropicais Epidemiologia desconhecida Baixa notificação: comunidades pobres Desconhecimento pelos profissionais de saúde: diagnóstico precoce e atraso no tratamento Brasil: similaridade com áreas endêmicas – idéia de foco da doença ÚLCERA DE BURULI – Conclusões Boleira et al, 2010; WHO, 2011; Johnson et al, 2005 ÚLCERA DE BURULI – Conclusões Boleira et al, 2010; WHO, 2011 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ciência e tecnologia, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Doenças negligenciadas: estratégias do Ministério da Saúde. Rev Saúde Pública 2010;44(1):200-2. 2. WHO. World Health Organization. Buruli ulcer: recognize act now. 2011. 3. WHO. World Health Organization. Treatment of Mycobacterium ulcerans disease (Buruli ulcer): guidance for health workers. 2012. 4. Boleira, M; Lupi, O; Lehman, L; Kiszewski, AE; Asiedu, KB. Úlcera de Buruli. An Bras Dermatol. 2010;85(3):281-301. 5. Johnson, PDR; Stinear T; Small PLC et al. Buruli Ulcer (M. ulcerans Infection): New Insights, New Hope for Disease Control. Plos Medicine. 2005; 2(4): e108. 6. Adu, EJK; Ampadu, E; Acheampong, D. Surgical management on Buruli ulcer disease: a four-year experience from four endemic districts in Ghana. Ghana Medical Journal, 2011; 45(1): 4-9. 7. WHO. World Health Organization. Prevention of disability in Buruli ulcer: basic rehabilitation. Practical field guide. 2008. ÚLCERA DE BURULI – Referências Bibliográficas