UVV - CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL INCLUSÃO DE L-GLUTAMINA NA DIETA DE GATOS EM CRESCIMENTO Danieli Rankel Fernandes VILA VELHA – ESPÍRITO SANTO Novembro de 2011 1 UVV - CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL INCLUSÃO DE L-GLUTAMINA NA DIETA DE GATOS EM CRESCIMENTO Danieli Rankel Fernandes Orientador: Prof. DSc. Douglas Haese Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciência Animal do Centro Universitário Vila Velha, para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal. VILA VELHA – ESPÍRITO SANTO Novembro de 2011 2 Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca Central / UVV-ES F363i Fernandes, Danieli Rankel. Inclusão de L-glutamina na dieta de gatos em crescimento / Danieli Rankel Marçal. – 2012. 62 f. : il. Orientador: Douglas Haese. Dissertação (mestrado em Ciência Animal) - Universidade Vila Velha, 2012. Inclui bibliografias. 1. Aminoácidos na nutrição animal. 2. Metabolismo. 3. Suplementos alimentares. 4. Nutrição animal. I. Haese, Douglas. II. Universidade Vila Velha. III. Título. CDD 636.085 3 4 AGRADECIMENTOS Os agradecimentos são a parte mais importante desta tese. A Deus, por absolutamente tudo o que acontece em minha vida. Ao meu pai, que não pôde acompanhar diretamente esta conquista. À minha mãe, pelo apoio e incentivo, mesmo longe. Ao meu marido Renato, por tudo o que ele ouviu e presenciou neste período, pela ajuda em todos os momentos, e principalmente pela paciência. Aos meus irmãos Marcelo, Eduardo, Maria Helena, Rafael, Simone, Nilton e Marco; e aos meus sogros Carminha e Valtinho, por acreditarem em mim. À FAPES – Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo, pelo apoio financeiro, possibilitando a realização desta pesquisa. Aos professores Séfora e Gustavo, pela ajuda das primeiras coletas de sangue. Às minhas fiéis escudeiras de coletas: Bianka, Karina, Tâmara, Débora, Flávia, Geórgia, Giseli, e aos meninos também: Renato e Lucas. Aos amigos de curso, principalmente: Achiciane, Neto, Rafael, Patrícia, Regina e aos demais colegas. Ao professor Dr. Ricardo Souza Vasconcellos, pela orientação, pela paciência e por todos os ensinamentos durante o período em que fez parte do corpo docente da UVV, período este de grande aprendizado pra mim. Ao professor Dr. Douglas Haese, pela orientação, oportunidade e amizade. Ao professor Colnago, pelos ensinamentos e pelo aprimoramento desta dissertação. Agradecer imensamente à equipe do Instituto Pasteur, que através dos pesquisadores científicos Karin Corrêa Scheffer, Paula Sônia Cruz, Alan Carlos da Paz Troti e Eliana de Almeida, fizeram com que esta tese pudesse ser concluída através das análises laboratoriais. À equipe do laboratório clínico veterinário Biolab – Leandro, Fabrícia e Gabriela. À empresa Ajinomoto do Brasil Ind. e Com. de Alimentos Ltda., por fornecer o aminoácido foco desta pesquisa. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 8 2.1 GLUTAMINA ...................................................................................................................... 8 2.2 SISTEMA IMUNE ............................................................................................................. 12 2.3 PARTICULARIDADES DOS FELINOS .......................................................................... 18 2.4 INFLUÊNCIA DA GLUTAMINA SOBRE PARÂMETROS SANGUÍNEOS ................ 19 2.4.1 Hematologia ................................................................................................................ 19 2.4.2 Dosagens bioquímicas ................................................................................................. 21 2.4.2.1 Glicose .................................................................................................................. 21 2.4.2.2 Uréia ..................................................................................................................... 22 2.5 FITOHEMAGLUTININA ................................................................................................. 23 3 ARTIGO CIENTÍFICO ......................................................................................................... 25 3.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 27 3.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 28 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 35 3.4 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 50 3.5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51 4 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 55 6 1 INTRODUÇÃO Ao nascer, os gatinhos são altamente suscetíveis a infecções, devido ao seu sistema imunológico imaturo. Durante os primeiros meses de vida os filhotes são submetidos a várias situações como desmama e troca de alimentação, mudança de ambiente e vacinação, podendo causar comprometimento da resposta imunológica, aumentando a incidência de doenças nesta fase (Tizard, 2000). A ingestão adequada de colostro pelo recém-nascido garante mais de noventa por cento da imunidade passiva de um gato em crescimento. A absorção de anticorpos do intestino começa a reduzir após oito horas do nascimento, sendo mínima após quarenta e oito horas, no entanto, a imunoglobulina A (IgA) excretada no leite, continua fornecendo proteção passiva para o intestino, sendo que a qualidade desta transferência depende da experiência imunológica da mãe (Willoughby, 2004). A glutamina é um aminoácido condicionalmente essencial, pois o organismo é capaz de sintetizá-lo em condições fisiológicas normais, porém, em situações como esforço físico intenso, estresse, trauma, sepse e câncer, o consumo da glutamina aumenta muito, levando a alterações fisiológicas adaptativas. É o aminoácido livre mais abundante no plasma, atuando como doador de átomos de nitrogênio durante a síntese de purinas, pirimidinas, aminoaçúcares, proteínas e muitas outras moléculas biologicamente ativas, além de servir como um importante veículo para o transporte de nitrogênio entre os diversos tecidos do organismo, sendo precursora da ureogênese e gliconeogênese. Atua também como principal substrato energético de células de rápida proliferação, como enterócitos, linfócitos, neutrófilos e células cancerígenas (Castell e Newsholme, 1997; Curi, 2000; Pedersen & Anders, 2000; Krzywkowski et al.., 2001; Rogero et al., 2002; Fontana, et al., 2003). A utilização de glutamina é pouco estudada nas espécies de animais de companhia, todavia, existem diversos relatos descrevendo variações de suas concentrações e seus efeitos nos organismos de diferentes espécies de animais de produção. Em grande parte dos estudos existem indícios de efeitos da suplementação de glutamina sobre o ganho de peso e conversão alimentar, em situações de estresse tais como septicemia, tumores, quimioterapia, caquexia, após procedimentos cirúrgicos, exercício exaustivo (Castell et al., 1997; Castell, 2002) e diante de administração de glicocorticóides. Tais fatos possivelmente ocorrem devido às 7 demandas por glutamina (pelo fígado, rim, intestino e sistema imunológico) serem superiores à oferta (Calder &Yaqoob, 1999). As perspectivas de se estimular precocemente o sistema imunológico através da suplementação com o aminoácido glutamina e os possíveis efeitos dessa estimulação sobre o sistema imunológico despertam grande interesse. A fase de crescimento, por ser um período crítico na vida dos animais e a escassez de informações sobre o assunto, motivou esta pesquisa . O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da suplementação oral com glutamina na titulação de anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva, e no perfil hematológico e bioquímico em felinos em fase de crescimento. 8 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Glutamina A glutamina (C5H10N2O3) é um L-α-aminoácido e pode ser sintetizado por todos os tecidos do organismo composto por carbono (41,09%), oxigênio (32,84%), nitrogênio (19,17%) e hidrogênio (6,90%) (Curi et al., 1999; Newsholme et al., 2003). É considerado o aminoácido livre mais abundante no plasma, representando cerca de 20% do total de aminoácidos, e nos músculos, constituindo cerca de 60% destes. A glutamina é considerada um aminoácido “condicionalmente essencial”, uma vez que sua síntese pode ser insuficiente em certas condições (Calder & Yaqoob, 1999; Curi, 2000; Wilmore, 2001; Elliott & Biourge, 2006). Um dos principais sítios de síntese e liberação para corrente sanguínea de glutamina é o tecido muscular – 40 a 60 % do pool de aminoácidos livres, garantindo o aporte desse aminoácido para outros tecidos e órgãos (Fontana et al., 2003). A glutamina é o doador de átomos de nitrogênio durante a síntese de purinas, pirimidinas, amino-açúcares, proteínas e muitas outras moléculas biologicamente ativas. È uma importante fonte energética para células de rápida proliferação, além de atuar como um importante veículo para o transporte de nitrogênio entre os diversos tecidos do organismo. É também precursora da ureogênese e gliconeogênese. A glutamina atua como precursora da síntese de glutationa via glutamato. Quantitativamente, a glutationa é o principal antioxidante celular, que auxilia na prevenção de lesões oxidativas de estruturas celulares (Calder & Yaqoob, 1999; Curi, 2000; Newsholme et al., 2003; Elliott & Biourge, 2006). Em condições fisiológicas normais a concentração de glutamina plasmática é mantida constante, sendo que a homeostase da glutamina depende do balanço entre sua síntese e utilização pelos diferentes tecidos e órgãos do corpo (Fontana et al., 2003; Newsholme et al., 2003). Células de proliferação rápida como enterócitos, linfócitos, células tumorais e fibroblastos, além dos neutrófilos, têm uma exigência obrigatória de glutamina, a qual é consumida muito rapidamente (Curi et al., 1999). Esforço físico intenso pode ocasionar imunossupressão em atletas por meio da diminuição da concentração plasmática de glutamina, e em determinadas condições como trauma, sepse e câncer, o consumo da glutamina aumenta muito, levando a alterações 9 fisiológicas adaptativas. São exemplos o aumento da atividade da glutamina sintetase e diminuição dos estoques de glutamina muscular. Neste último caso, reduz-se a concentração deste aminoácido em até 50%, ocasionando perda de peso e caquexia, agravando o estado clínico do paciente (Castell & Newsholme, 1997; Curi, 2000; Pedersen & Anders, 2000; Krzywkowski et al., 2001; Rogero et al., 2002; Fontana et al., 2003). Nestas situações a glutamina passa a ser empregada em maiores proporções para gliconeogênese, formação de uréia no fígado e manutenção do equilíbrio ácido-básico devido à ação renal, afetando a função de células como macrófagos e linfócitos, que utilizam glutamina como fonte de energia (Fontana et al., 2003). O aumento dos níveis plasmáticos de cortisol, associado ao estresse agudo, pode exacerbar a gliconeogênese, causando degradação protéica acompanhada de padrão específico de liberação de aminoácidos para o sangue. Dos aminoácidos mobilizados do meio intra para o extracelular, em resposta ao estresse, a glutamina parece ser um dos primeiros. Ao mesmo tempo, o estresse pode provocar um aumento na captação da glutamina pelos rins, fígado e intestino. Se há um aumento na utilização e diminuição na demanda, a suplementação poderia ser um fator importante (Curi et al., 1999; Newsholme et al., 2003). De acordo com Curi (2000), há evidências de que a glutamina está envolvida na síntese de algumas ou de todas as citocinas necessárias na indução da proliferação de linfócitos. A administração de glutamina ao meio de cultura (0 – 20.000 µM) é importante para a produção de IL-2, IL-10 e interferon gama (IFN-δ). Diversas são as enzimas envolvidas no metabolismo da glutamina, entretanto, somente duas são responsáveis pela sua síntese a partir do glutamato ou por sua hidrólise também em glutamato. São elas: a glutaminase e a glutamina sintetase. Glutaminase é a enzima que catalisa a hidrólise de glutamina em glutamato e íon amônio, importante para os rins no equilíbrio ácido-básico (Calder e Yaqoob, 1999; Pompéia, 2000; Newsholme et al., 2003), sendo também conhecida como glutaminase fosfatodependente, glutaminase ativada por fosfato, glutaminase I ou glutaminase mitocondrial (Pompéia, 2000). Nos mamíferos, a glutaminase apresenta-se sob duas isoformas, uma localizada no fígado (glutaminase hepática) e outra nos demais tecidos, principalmente rins (glutaminase renal), cérebro, leucócitos e trato gastrintestinal. Entretanto, a sua forma mais ativa apresentase principalmente nas mitocôndrias (Curi et al., 1999; Pompéia, 2000). A glutaminase hepática está relacionada com a geração de glicose, a partir do esqueleto carbônico da glutamina, e de uréia, a partir de seus nitrogênios (Curi et al., 1999). 10 A glutamina sintetase é uma enzima chave na regulação do metabolismo celular do nitrogênio. Estímulos desencadeantes para sua atividade são a hiperamonemia e acidose (Colleone et al., 2000; Hiscock & Pedersen, 2002; Newsholme et al., 2003). A glutamina sintetase catalisa a formação de glutamina a partir do acoplamento da amônia ao glutamato (Colleone et al., 2000), sendo a principal via para a conversão da amônia livre em glutamina, podendo ser transportada no sangue (Nelson & Cox, 2002). Sabe-se que a liberação de glutamina aumenta sob certas condições, como estresse, trauma e jejum, entretanto a quantidade armazenada no músculo não é suficiente para atender a demanda metabólica nestas condições. Sendo assim, a glutamina sintetase catalisa a glutamina novamente no músculo, fornecendo carbono para a gliconeogênese bem como nitrogênio para tecidos não musculares (Colleone et al., 2000). A glutamina sintetase desempenha um papel importante também no sistema nervoso central (SNC) na detoxificação da amônia e geração de neurotransmissores. Neurônios danificados em processo de degeneração liberam quantidades maciças de glutamato. A glutamina sintetase atua no SNC na geração de glutamina, fornecendo dessa forma, uma fonte de carbono e nitrogênio para reposição do ácido γ-aminobutírico (GABA) e do glutamato liberados pelos neurônios (Colleone et al., 2000). A glutamina sintetase renal está relacionada no processo de detoxificação de amônia e controle do equilíbrio ácido-básico (Colleone et al., 2000). O intestino delgado é o principal órgão de utilização da glutamina, sendo este aminoácido, principal substrato energético dos os enterócitos, que são células de rápida proliferação (Curi, 2000; Palanch, 2000; Fontana, et al., 2003; Newsholme et al., 2003). Neves et al. (2003) investigaram os efeitos de uma dieta oral suplementada com 3,05% de glutamina em ratos submetidos à ressecção extensa do intestino delgado, com o objetivo de avaliar alterações morfológicas e funcionais, não observando alterações morfológicas adaptativas no remanescente intestinal dos animais enterectomizados. Em extensa revisão de literatura, Dourado et al. (2007) observaram que em estudos clínicos em pacientes humanos que receberam nutrição enteral com glutamina, a atividade sistêmica do aminoácido foi muito baixa, em contraste com a suplementação parenteral, onde ocorreu aumento da concentração de glutamina circulante e melhora do balanço nitrogenado. Não existe consenso sobre a melhor dosagem de glutamina a ser oferecida e nem qual seria a melhor forma de apresentação comercial do produto. O organismo humano em estado normal, utiliza diariamente cerca de 19 a 23 g de glutamina. Quando administrada em excesso, a glutamina pode ocasionar toxicidade devido à produção de altas taxas de glutamato 11 e amônia. Em termos gerais, para um paciente humano adulto com 60-70 kg, após injúria, cirurgia eletiva não complicada com alteração gastrintestinal ou caquexia, pode ser administrada 13-20 g de glutamina/dia. Doses mais elevadas podem ser requeridas para pacientes portadores de múltiplas injúrias, síndrome intestino curto, queimaduras, sepse e deficiência imunológica severa (Dourado et al., 2007). Segundo Wilmore (2001) a suplementação com glutamina em pacientes humanos adultos submetidos à cirurgia eletiva, reduziu o balanço nitrogenado negativo pós-operatório, minimizando a queda na concentração intracelular de glutamina. Este fato contribui também para as alterações imunológicas benéficas do paciente, refletidas na redução do tempo de permanência hospitalar. De acordo com Van Den Berg et al. (2005), a suplementação oral com glutamina na dose de 0,3 mg/kg/dia em bebês recém-nascidos, reduziu significativamente a morbidade por infecções nesta faixa etária. Em eqüinos atletas Harris et al. (2006) recomenda a dose diária de glutamina entre 30 e 60mg/kg, por via oral. Pagliosa et al. (2009) utilizou a dose de 50 mg/kg via intravenosa, no tratamento de lesões de isquemia e reperfusão no jejuno de cavalos, não observando melhora das lesões com esta dosagem. Diestel et al. (2005) avaliou os efeitos da suplementação de L-glutamina, na dose de 1g/kg/dia, em ratos submetidos à irradiação abdominal, observando efeito benéfico na parede do cólon irradiado, onde a glutamina foi capaz de manter a espessura da parede do cólon semelhante à do grupo controle. Estes achados podem ser atribuídos à utilização da glutamina pela mucosa colônica, considerando que, em estudos in vitro, os colonócitos também metabolizam glutamina em detrimento da glicose, pela atividade local de glutaminase. A síntese de uréia e glutamina no fígado representa um mecanismo fundamental para a remoção da amônia, devido ao sistema periportal apresentar alta capacidade para síntese de uréia a partir da amônia a ao sistema perivenoso ter grande eficiência para síntese de glutamina a partir da amônia. A remoção da amônia para a síntese de glutamina pelas células perivenosas contribui para a regulação do pH durante a acidose. Parte da glutamina captada pelos hepatócitos periportais pode ser convertida à glicose, pois as enzimas da neoglicogênese também estão localizadas na região periportal (Curi, 2000). O processo de translocação bacteriana reduz quando a glutamina é adicionada à dieta, pela melhora das funções imunológicas intestinais, aumento da secreção da imunoglobulina A (IgA), redução da aderência bacteriana nos enterócitos. A glutamina é um precursor em potencial da síntese intestinal de N-acetil-glicosamina e N-acetil-galactosamina, que podem 12 ter papel crítico na síntese intestinal de mucina e, portanto, na manutenção da barreira passiva à invasão bacteriana (Palanch, 2000). A eliminação renal de NH4+ advém quase exclusivamente pela metabolização renal da glutamina, sendo importante na manutenção do equilíbrio ácido-base. Portanto, a glutamina é responsável direta pela eliminação diária de H+ livres produzidos pelo organismo. Além disso, o metabolismo oxidativo da glutamina nos rins gera fluxo de metabólitos para a gliconeogênese renal, que é responsável pela produção de cerca de 25% de toda a glicose sistêmica. Em situação de acidose metabólica, quando a eliminação renal de NH4+ precisa ser incrementada, ocorre, paralelamente, um grande aumento na gliconeogênese renal, devido à expressão e ao aumento da atividade de enzimas que acoplam a amoniogênese e o metabolismo oxidativo da glutamina à produção de glicose (Curi, 2000). Portanto a geração de NH4+ acoplada à metabolização da glutamina tem importância não apenas para o equilíbrio ácido-base como também para a manutenção da glicemia no organismo como um todo (Curi, 2000). 2.2 Sistema imune Desde o seu nascimento, o animal faz o seu primeiro contato com microorganismos, pois emerge de um útero estéril e é exposto a esses agentes através da lambedura materna. A funcionalidade do sistema imune não é imediata, principalmente para as espécies que têm o período gestacional curto, no qual o sistema imune não se encontra completamente desenvolvido. O desenvolvimento completo está ligado à estimulação antigênica, sendo assim, a vulnerabilidade dos recém-nascidos é tamanha que estes necessitam de suporte oriundo da mãe, através do aleitamento com colostro, o qual é rico em imunoglobulinas IgG , IgM e IgA. Essa transferência de imunidade passiva é essencial para a sobrevivência do neonato (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). O leite é produzido imediatamente após o consumo de colostro pelos filhotes. Sua composição é consideravelmente diferente do colostro, pois apresenta baixos níveis de IgG e IgA e carece de IgM. A IgG é a imunoglobulina predominante no leite de gatos, ao contrário dos cães, porcos e cavalos, em que IgA é a classe predominante (Pastoret et al.,(1996). Dentro das primeiras vinte e quatro a trinta e seis horas após o nascimento, as imunoglobulinas do colostro (IgG, IgA e IgM) são absorvidas pelas células do epitélio intestinal de gatinhos recém-nascidos. Os inibidores de tripsina presentes no colostro, 13 diminuem a atividade proteolítica no trato gastrointestinal de gatinhos recém-nascidos, permitindo que as imunoglobulinas mantenham sua estrutura e função. As imunoglobulinas ingeridas ligam-se a receptores específicos das células epiteliais, sendo então transferidas para a circulação (Tizard, 2002). As imunoglobulinas maternas são absorvidas pela circulação, sendo uma pequena parte liberada de volta para o superfície da mucosa intestinal, proporcionando assim a imunidade local. No entanto, a maioria das imunoglobulinas maternas permanecem na circulação, conferindo imunidade sistêmica (Tizard, 2002). Em contraste, as imunoglobulinas presentes no leite permanecem, principalmente no intestino e, conseqüentemente, fornecem imunidade local para o trato gastrointestinal (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). Após a transferência passiva, os níveis de imunoglobulinas séricas em gatinhos recémnascidos aproximam-se dos valores encontrados em adultos. A transferência de imunidade através da amamentação é importante para proteger gatos neonatos contra infecções, tais como vírus da leucemia felina (FeLV), vírus da panleucopenia felina (FPV) e da imunodeficiência felina vírus (FIV). A falta de proteção em alguns gatinhos pode resultar de falha das mães em produzir ou transferir quantidades suficientes de anticorpos protetores específico para patógenos encontrados durante esta crítica período (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). A estrutura da placenta felina é diferente da maioria dos animais domésticos. O epitélio coriônico fetal na placenta felina está em estreito contato com o endotélio dos capilares maternos, e este tipo de placenta é chamado endoteliocorial, permitindo que uma pequena quantidade (5-10%) de imunoglobulinas maternas (principalmente IgG) seja transferida para o feto (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). O trato gastrointestinal é um dos maiores órgãos imonológicos do corpo, contendo mais linfócitos e células plasmáticas que o baço, medula óssea e da linfa juntos (Pastoret et al.,1996). Linfócitos são células circulares e pequenas (entre 2 e 5 µm de diâmetro), que possuem citoplasma escasso, núcleo esférico e grande. São encontrados na medula óssea, baço, timo, linfonodos (mesentéricos, cervicais, axilares, inguinais e paravertebrais), tonsilas e placas de Peyer (Calder & Yaqoob, 1999; Curi et al., 2000; Tizard, 2002), sendo classificados em duas linhagens principais: T (derivadas do timo) responsáveis pela imunidade celular, e B (derivadas da medula óssea) responsáveis pela produção de anticorpos. Uma terceira linhagem de linfócitos, natural-killer, é caracterizada pela sua habilidade de 14 eliminar algumas células tumorais e células infectadas com vírus (Gorman, 1997; Curi et al., 2000; Tizard, 2002). Existem cinco classes de imunoglobulinas que se diferem quanto ao uso das cadeias pesadas. A IgG é a classe encontrada no soro com maior concentração, entre sessenta e oitenta por cento, sendo sua principal atividade biológica promover a remoção dos microorganismos e neutralizar toxinas. A IgG distribui-se mais prontamente por todo o espaço extravascular, ficando disponível para o desempenho de suas funções. A IgM constitui entre cinco e quinze por cento do total das imunoglobulinas, sua função é eliminar patógenos nos estágios iniciais da imunidade mediada pelas células B antes que haja IgG suficiente. A IgA predomina em secreções salivares, leite ou fluido intestinal, sendo fundamental para imunidade das mucosas. A IgD é raramente encontrada nos fluidos corpóreos e pode não estar presente em todos os mamíferos. A IgE pode ser encontrada em concentrações muito baixas no soro e media as reações alérgicas (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). Imunidade inata Os elementos do sistema imune inato incluem barreiras anatômicas, moléculas de secreção e componentes celulares A primeira barreira de defesa efetiva é a pele, quando esta sofre algum dano, o processo de cicatrização assegura a sua reparação imediata. Tosse, vômito, diarréia e fluxo urinário são alguns exemplos de processos de autolimpeza nas outras superfícies corpóreas, a fim de eliminar diversos invasores potenciais. Caso ocorra falha nesta barreira inicial, entra em ação a segunda camada de defesa, representada pelo sistema imunoinato, constituído por mecanismos químicos e celulares de defesa coletiva (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). A inflamação é a principal caraterística da imunidade inata. É a habilidade do corpo em focalizar os mecanismos de defesa nos sítios de invasão bacteriana. Na inflamação, neutrófilos e monócitos podem atacar e destruir a maioria dos organismos invasores, impedindo que se espalhem pelo corpo. Na presença destes microorganismos invasores, o corpo também produz enzimas que podem causar destruição microbiana. Estas enzimas constituem o sistema complemento (Gorman, 1997; Tizard, 2002). Imunidade adquirida 15 Esse sistema de defesa age reconhecendo microorganismos invasores, destruindo e guardando em sua memória esse fato. Dessa forma, ele aprende a reconhecer os invasores quando encontrá-los novamente, respondendo de forma mais rápida e efetiva (Pastoret et al.,1996). Dois tipos de resposta constituem este sistema de defesa: - resposta humoral: linfócitos B produzem proteínas denominadas anticorpos, que destroem invasores extracelulares ou exógenos. - resposta celular: células citotóxicas especializadas, conhecidas como linfócitos T, destroem células anormais, que sofreram alterações devido a invasores intracelulares ou endógenos, como vírus, bactérias ou protozoários intracelulares e células cancerosas (Pastoret et al.,1996; Tizard, 2002). Imunização Em relação aos aspectos pertinentes a imunização, considera-se como imunização passiva quando os anticorpos são produzidos em um animal doador, por meio da imunização ativa, sendo então transferidos a animais suscetíveis, conferindo proteção imediata (Pastoret et al.,1996). Imunização ativa consiste na administração de antígenos em um animal de maneira que ele responda por meio da montagem de uma resposta imune protetora. As vantagens advindas desta imunização são o prolongado período de proteção e o reforço desta resposta protetora por meio de injeções repetidas do antígeno. A desvantagem deste método é que a proteção não é conferida imediatamente, porém quando estabelecida, possui longa duração e é capaz de ser reestimulada (Gorman, 1997; Tizard, 2002). Dentre as estratégias que podem conferir imunização ativa a utilização de vacinas é largamente utilizada. Uma vacina ideal é aquela que produz imunidade prolongada, não devendo apresentar efeitos colaterais, sendo barata, estável e adaptável à vacinação em massa. As vacinas são administradas em uma dose padrão, não devendo ser divididas para adaptá-lo ao tamanho do animal, administradas por meio de uma injeção subcutânea. É o método mais simples e mais comum de administração de vacinas em felinos domésticos (Tizard, 2002). Os preparados vacinais contra o virús da raiva são inativados, ou seja, os organismos presentes na vacina estão mortos (inativados), porém mantém antigenicidade semelhante aos organismos vivos, atuando como antígenos exógenos. As vantagens são a estabilidade no 16 armazenamento, a improbabilidade de causar doenças e de apresentar organismos contaminantes (Pastoret et al.,1996). Resposta imune pós vacinal De acordo com o Instituto Pasteur, que é o Laboratório de Referência para Raiva junto ao Ministério da Saúde do Brasil, somente títulos iguais ou acima de 0,5 UI/mL de anticorpos neutralizantes são considerados satisfatórios para manter um indivíduo protegido. De acordo com levantamento bibliográfico, estes valores são os mesmos para humanos, cães, gatos e bovinos (Kotait et al., 2009). Andrade et al. (1999) avaliaram o padrão da resposta imune produzida por vacina antirábica em sagüis (Callithrix sp) adultos, sem histórico vacinal. Os animais foram vacinados em esquema de dose única, utilizando a vacina produzida em cultura de células NIL-2 (feto de hamster). As amostras de sangue foram coletadas nos dias 0, 7, 14, 21, 28 e 45 dias pósvacinação. Os exames sorológicos foram realizados pelo Teste de Neutralização em camundongos. Os anticorpos foram detectáveis a partir do 14º dia, apresentando titulação elevada aos 45 dias em todos os animais. Ferreira et al. (2009) avaliaram a resposta imune humoral em bovinos primovacinados contra a raiva e suplementados ou não com probiótico. Utilizou-se a vacina inativada obtida a partir de cultura celular. Os títulos de anticorpos neutralizantes anti-rábicos foram determinados por meio da técnica de soroneutralização em células BHK, sendo as amostras colhidas nos dias 0, 75 e 150. Não houve diferença significativa (p>0,05) nos títulos de anticorpos entre os tratamentos nos referidos dias após a vacinação, não sendo observada a ação imunomoduladora específica do probiótico, embora com apenas uma dose da vacina observou-se uma elevada porcentagem de bovinos que apresentaram títulos de anticorpos considerados protetores nos dias 75 e 150. Glutamina e sistema imune A glutamina garante a funcionalidade do sistema imune, pois é o principal precursor de energia e de macromoléculas para os linfócitos. Linfócitos e fagócitos mononucleares agem em conjunto para responder rapidamente na eliminação de antígenos estranhos, para isso, aumentam a demanda metabólica e a taxa de utilização da glutamina. Esta taxa é similar ou até mesmo maior do que a de glicose, podendo ser totalmente suprida pelo músculo 17 esquelético e pela dieta. Entretanto, se a taxa de consumo de glutamina for muito aumentada, ou se a produção e a liberação pelo músculo diminuir excessivamente e a dieta permanecer com a mesma concentração desse aminoácido, poderá haver comprometimento da função imunitária (Calder & Yaqoob, 1999; Curi et al., 1999; Peres et al., 2000; Newsholme, 2001). Em razão dos linfócitos apresentarem alta atividade proliferativa, necessitam de um aporte de ATP para suprir a demanda energética, sendo a glutamina disponível na circulação a sua principal fonte de energia. A glutamina é metabolizada na mitocôndria através do ciclo do ácido cítrico, seguida por fosforilação oxidativa aeróbica, enquanto a glicose é metabolizada pela glicólise anaeróbica em linfócitos (Curi et al., 1999; Peres et al., 2000). O consumo total de glutamina para o interior de linfócitos mesentéricos é dependente de um sistema de transporte, que requer energia e um gradiente de Na+. Uma vez no interior das mitocôndrias de linfócitos, a glutamina é desaminada pela ação da glutaminase dependente de fosfato, gerando glutamato e amônio (Curi, 2000). Daniel & Cavaglieri (2005) avaliaram a contagem de leucócitos, neutrófilos e linfócitos, e a incidência de infecções das vias aéreas superiores em atletas jovens de futebol suplementados via oral, com 5 g diárias de glutamina após treinamento intenso, não observando alterações nos parâmetros avaliados com esta dosagem. Pires (2011) suplementou cães adultos com L- glutamina e L-ácido glutâmico em diferentes concentrações (0,6%, 1,2% e 1,8%), para de quantificação de IgG-T (total) e de IgG-P (específica para parvovirose). Submeteu os animais a duas doses da vacina polivalente (cinomose canina, hepatite infecciosa, coronavirose canina, parainfluenza, parvovirose – vírus modificado e vírus morto e leptospirose), nos dias 48 e 69 após o início do experimento. Não observou interação entre tratamento e período nos resultados de IgG-T. Porém nos resultados de IgG-P observou-se aumento até o nível estimado de 0,98%. Bartell & Batal (2007) suplementaram dietas de frangos de corte (Linhagem Cobb 500) com glutamina a 1% e 4%, para avaliar o crescimento destes animais, observando que o grupo suplementado a 1% apresentou maior taxa de crescimento (P<0,05), em contraste com o grupo suplementado a 4%, que apresentou baixo crescimento (P<0,05). Em outro experimento também em frangos de corte, os autores compararam dietas suplementadas com 0% e 1% de glutamina, para avaliar o desenvolvimento do trato gastrointestinal e resposta imune humoral. O grupo suplementado apresentou maior peso intestinal e vilosidades intestinais mais altas (P <0,05) além de maiores concentrações de IgA e IgG (P <0,05) no soro, na bile e intestinos, em comparação com os alimentados com a dieta controle. 18 Sakamoto et al. (2006) avaliaram a influência da suplementação de glutamina 1% associada a 10 mg de vitamina E / kg, sobre o desempenho e resposta imune de frangos de corte. As aves foram inoculadas com 0,5 ml de uma suspensão de hemácias de carneiro (SRBC), sendo a resposta imune humoral específica avaliada por determinação do título de anticorpos anti-SRBC. Os autores observaram que esta associação, durante os primeiros 7 dias de idade promoveu melhora da resposta imune, mas não influenciou no desempenho dos animais 2.3 Particularidades dos felinos Os gatos são considerados carnívoros estritos, pelo fato de no passado sobreviverem alimentando-se somente das presas que caçavam. Este tipo de dieta apresentava altas concentrações de energia na forma de proteína, quantidades moderadas de gordura e pequena quantidade de carboidratos. Quando comparado aos cães, o metabolismo do gato é mais adaptado a utilizar aminoácidos para o fornecimento de energia e menos adaptado à utilização de carboidratos (Case et al., 1998). Devido à dieta especializada, são necessárias adaptações metabólicas específicas, que se manifestam como peculiaridades nas suas necessidades nutricionais. Os gatos normalmente apresentam adaptações metabólicas ligadas à perda de vias metabólicas, como é o caso da inabilidade em converter β-caroteno em vitamina A, ácido linoléico em ácido aracdônico, sintetizar quantidades adequadas de taurina e necessitar de altas quantidades de arginina. Destaca-se ainda uma falta de habilidade para converter triptofano em niacina e reduzida capacidade de conservar nitrogênio, o que resulta em alta demanda protéica (Case et al., 1998). Quando comparado com os cães e outras espécies onívoras, os gatos possuem um mecanismo único para metabolizar carboidratos dietéticos. Devido ao padrão diferente de gliconeogênese, os gatos conseguem manter normal a glicemia quando consomem dietas livres de carboidratos. Para a maioria dos animais, a velocidade de gliconeogênse é máxima durante o estágio pós-absortivo, visando manter a glicemia quando não está mais disponível o carboidrato dietético. Entretanto, espécies carnívoras, da mesma forma que os ruminantes, mantêm um constante estágio de gliconeogênese, com uma taxa ligeiramente aumentada no período pós-absortivo (Case et al., 1998). 19 Na maioria dos animais, as enzimas hepáticas glicoquinase e hexoquinase são ativas e responsáveis pela fosforilação da glicose, visando a sua estocagem intracelular ou oxidação. Nos gatos a atividade da glicoquinase é mínima, apresentando limitada habilidade em metabolizar grandes cargas de glicose (Kirk et al., 2000). Também foi observado nesta espécie uma atividade mínima da enzima hepática glicogênio sintetase, que é responsável pela conversão de glicose em glicogênio (Zoran, 2002). 2.4 Influência da glutamina sobre parâmetros sanguíneos Os valores normais dos parâmetros sanguíneos, hematológicos e bioquímicos citados pela literatura, em sua grande maioria, referem-se a felinos adultos. Apesar de apresentarem variações, estudos nesta espécie evidenciando a relação de diferentes componentes na dieta com estes parâmetros têm sido pouco abordados. 2.4.1 Hematologia A variação dos valores hematológicos em gatos está relacionada: ao local de venopunção (hemoglobina, contagem total de leucócitos, neutrófilos e linfócitos são mais elevados quando colhidos da jugular), à ansiedade do paciente associada à colheita da amostra, à quantidade de anticoagulante e tempo decorrido da punção até a análise (Clinkenbeard et al., 2001). Os valores sanguíneos de referência ou normais para várias espécies podem sofrer várias alterações relacionadas ao número de animais, a origem, a idade, o sexo, a raça, a sanidade e a nutrição dos animais utilizados na pesquisa, bem como o método da colheita e a técnica empregada na análise. Situações como estresse, atividade muscular, hidratação, tempo da colheita, temperatura ambiente e altitude são fatores que influenciam os valores sanguíneos. Portanto, variações fisiológicas e ambientais alteram os valores hematológicos (Jain, 1993). O estresse desencadeia respostas hormonais que alteram a concentração das células sanguíneas, podendo acarretar diminuição da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), aumento do número total de eritrócitos, hematócrito e plaquetas (Jain, 1993; Leandro et al., 2006; Kaneko, 2008; Weiss & Wardrop, 2010). 20 A leucometria total e a contagem diferencial em gatos apresentam resultados bastante variáveis, quando comparadas às do cão (Clinkenbeard et al., 2001), provavelmente devido à maior proporção do pool marginal de células em relação ao pool circulante (Jain, 1993). Em resposta à liberação de adrenalina, a redistribuição dos neutrófilos do pool marginal para o pool circulante ocorre, sendo chamada de “leucocitose neutrofílica fisiológica”. Este efeito é transitório dura em média 30 minutos, sendo mais pronunciado nos felinos e principalmente em indivíduos jovens, resultante da excitação da contenção para venopunção (Jain, 1993). O estresse fisiológico é uma resposta orgânica mediada pela liberação de hormônio adrenocorticotrópico pela glândula pituitária e conseqüente liberação de cortisol pela glândula adrenal. A resposta pode ser detectada no leucograma devido às alterações em vários tipos celulares (Jain, 1993; Murtaugh, 1994; Kaneko, 2008). Os corticosteróides, exógenos ou endógenos, quando apresentam sua secreção aumentada, causam alterações no leucograma, classicamente caracterizada por neutrofilia, linfopenia, eosinopenia, e ocasionalmente monocitose nos gatos. Um aumento na concentração sérica de glicocorticóides leva a liberação de neutrófilos maduros para a circulação e diminuição da migração dos neutrófilos para os tecidos. Além disso, ocorre um decréscimo no número de eosinófilos circulantes, o que parece estar associado ao seqüestro e inibição da liberação de eosinofilos pela medula óssea. Outro efeito dos esteróides é diminuir o número de linfócitos na circulação, possivelmente pela redistribuição deles (Jain, 1993; Weiss & Wardrop, 2010). Leandro et al. (2006) avaliaram o efeito da administração via intraperitoneal de glutamina, sobre o perfil leucocitário do sangue periférico de ratos, posteriormente submetidos a uma situação de contenção aguda indutora de estresse. Os animais que receberam glutamina apresentaram um maior ganho de peso corporal, comparativamente ao grupo controle, porém apresentaram aumento do número de neutrófilos e redução do número de linfócitos, estando correlacionada com a liberação dos hormônios do estresse. Os neutrófilos são os mais abundantes leucócitos no sangue periférico com ação fagocítica, são atraídos quimiotaxicamente por células secretoras (mastócitos e basófilos), por bactérias e por outros corpos estranhos, para as áreas de inflamação. Os neutrófilos apresentam uma função eferente (fagocitose e degranulação) e outra aferente (liberação de citocinas imunomodulatórias), ligadas às respostas inflamatórias e imunes (Curi, 2000). O processo de endocitose dos neutrófilos consome glicose como metabólito energético, porém, a glutamina também é consumida ativamente, talvez apresentando maior taxa de utilização do que a glicose (Curi, 2000; Clinkenbeard et al., 2001). 21 Em relação aos linfócitos, estes são divididos em dois tipos principais: os linfócitos T, que auxiliam na proteção contra as infecções virais, e os linfócitos B, que se transformam em células produtoras de anticorpos. Gatos jovens normalmente apresentam uma alta contagem de linfócitos, maior do que nos adultos ou indivíduos idosos. Este quadro é transitório e de curta duração, e, se outra amostra for colhida, os valores absolutos de linfócitos tendem aos valores de referência. Próximo ao período vacinal, uma linfocitose acompanhada da presença de linfócitos reativos pode ser também detectada como resultado da estimulação antigênica (Jain, 1993). Oliveira Junior (2008), em experimento com leitões desmamados suplementados com glutamina, ácido glutâmico e extrato de levedura, não observou diferenças significativas (P>0,05) entre a maioria dos parâmetros relacionados ao eritrograma e leucograma, somente apresentando um número médio de eosinófilos maior (P=0,02) nos animais alimentados com as três fontes protéicas em relação aos que receberam dieta somente com glutamina e ácido glutâmico, sendo provavelmente relacionado ao estresse da contenção durante a coleta. Rogero et al. (2008) avaliaram em camundongos, o efeito do desmame precoce associado à ingestão de ração isenta de glutamina para animais em crescimento, sobre o estado nutricional e o metabolismo da glutamina. Observaram a diminuição da concentração muscular de glutamina, diminuição do peso, da razão entre proteína/RNA e da concentração de proteína e DNA no músculo gastrocnêmio, diminuição da contagem total de leucócitos e de linfócitos no sangue periférico de animais do grupo sem glutamina quando comparados ao grupo controle. Concluiram que o desmame precoce associado à ausência de ingestão de glutamina diminui os estoques corporais de glutamina bem como alterou o estado nutricional, fatos esses que podem estar relacionados à maior suscetibilidade a infecções em bebês precocemente desmamados. 2.4.2 Dosagens bioquímicas 2.4.2.1 Glicose A glicemia é mantida por um mecanismo complexo que envolve hormônios, enzimas hepáticas e a disponibilidade de substratos para a síntese de glicose. Quando os níveis de glicose decaem após a fase de absorção da digestão, a produção de glucagon pelas células pancreáticas assegura a mobilização da glicose hepática dos estoques de glicogênio 22 (glicogenólise). Caso o estímulo para a produção hepática perdure, outro processo agora se inicia a chamada gliconeogênese. Nos estados iniciais de jejum, os níveis glicêmicos são mantidos em 75% pela glicogenólise e 25% pela gliconeogênese (Hoskins, 2001). Parte da glutamina captada pelos hepatócitos é utilizada no processo de gliconeogênese. Na hidrólise da glutamina que ocorre na mitocôndria hepática, depois da remoção dos grupos que contém nitrogênio, o esqueleto carbônico remanescente αcetoglutarato é rapidamente canalizado para a síntese de glicose (Nelson & Cox, 2002). A glutamina também pode reduzir os níveis de glicose. Este aminoácido combinado com leucina ou com seu análogo químico não metabolizável, leva ao aumento da produção de ATP e desencadeia o processo de secreção de insulina. A glutamina é um dos nutrientes exógenos mais utilizados pelas células B das ilhotas pancreáticas, para manter o gasto energético basal, tanto na presença como na ausência de glicose (Carpinelli e Ximenes, 2000). Em leitões desmamados submetidos à dieta suplementada com glutamina, Oliveira Junior (2008) relata que a taxa de glicemia não apresentou variação (P>0,05) entre os animas, sendo os valores médios observados considerados dentro da normalidade para a espécie, de acordo com Jain (1993) e Kaneko (2008), porém considerados superiores aos normais, de acordo com Blood et al. (1983). Cunha Filho (2007) realizou suplementação parenteral com o dipeptídeo L-alanilglutamina em crianças submetidas à palatoplastia, representando a dose de 0,33 mg/kg/dia de glutamina no grupo tratamento, não observando diferença significativa na dosagem glicêmica entre os grupos estudados. Na evolução temporal da concentração de glicose do grupo controle, houve aumento de T3 (pós-operatório) em relação a T1 (pré-operatório). E no grupo tratamento, houve diferença (P = 0,02), entre T4 (pós-operatório) e T1 (pré-operatório), caracterizando quadro de hiperglicemia pós-trauma (diabetes do estresse). Não houve, no entanto, diferença entre os outros tempos. 2.4.2.2 Uréia Formada pelo fígado, a uréia é o principal produto do catabolismo das proteínas nas espécies carnívoras e onívoras. Entre 25 a 40% da uréia é reabsorvida através dos túbulos renais. O aumento da quantidade de urina reduz sua absorção, enquanto um baixo fluxo facilita sua absorção. O nível de uréia pode estar aumentado em função da quantidade de 23 proteína da dieta, hemorragia do trato gastrointestinal e de catabolismo protéico (Nelson & Cox, 2002). Em muitos animais, a amônia em excesso é convertida em um composto não tóxico, a glutamina, sendo então transportada, através do sangue, dos tecidos extra-hepáticos para o fígado ou rins, para processamento. A glutamina é convertida enzimaticamente em glutamato e NH4+, sendo a amônia eliminada por meio da produção de uréia. O glutamato, por meio da glutamato desidrogenase, libera mais amônia e produz esqueletos carbônicos, que serão utilizados como combustível metabólico (Nelson & Cox, 2002; Koolman & Klaus-Heinrich, 2004). Quando não são empregados para a síntese de novos aminoácidos ou outros compostos nitrogenados, os grupos amino são destinados à produção de uréia (Nelson & Cox, 2002; Rodwell, 2003). Oliveira Junior (2008) utilizou glutamina, extrato de levedura e ácido glutâmico nas dietas de leitões demamados, não observando variação (P>0,05) entre as médias de uréia dos tratamentos. 2.5 Fitohemaglutinina As lectinas são proteínas de origem não imune, que se ligam especificamente e reversivelmente a açúcares, sendo encontradas em todos os organismos (Sell & Costa, 2000; Nelson & Cox, 2002). Exemplos de lectinas incluem fitohemaglutinina (PHA), obtida a partir do feijão vermelho, Phaseolus vulgaris; a concanavalina A (Con A), obtida a partir do feijão trepadeira, Canavalis ensiformes e o mitógeno da erva-dos-cancros (PWM), obtida a partir da erva-dos-cancros, Phytolacca americana (Sell & Costa, 2000; Tizard, 2002). Identificação de grupos sanguíneos, caracterização de microrganismos, processo de reconhecimento e interações celulares, e estimulação mitogênica de células imunes são algumas das diversas atividades biológicas atribuídas às lectinas (Sell & Costa, 2000). São classificadas como mitogênicas ou não mitogênicas, de acordo com a capacidade de aumentar a síntese de DNA e induzirem transformação blástica de população específica de linfócitos (Wisler & Yates, 1980). Em linfócitos, mitógenos como a PHA, por exemplo, ativam uma série de vias metabólicas que, dessa forma, capacitam estas células à proliferação. Os eventos iniciais associados com a interação entre mitógenos e membranas celulares incluem mudanças no fluxo metabólico. Linfócitos T são ativados pela interação do receptor de células T com o 24 complexo CD3, por estímulos como mitógenos, anticorpos ou antígenos processados (Curi, 2000; Peres et al., 2000). Estudos realizados com linfócitos de humanos, cultivados por 24 horas e estimulados por Con A, associados a diferentes concentrações de glutamina (0; 0,1; 0,4; 0,6 e 2 mM), aumentou significativamente a produção de interleucina 2 (IL-2), interleucina 10 (IL-10) e interferon gama (IFN-gama). A produção máxima dessas citocinas ocorreu na presença de 0,1 mM de glutamina (Peres et al., 2000). As reações de hipersensibilidade tardia são classificadas como reações de hipersensibilidade do tipo IV e resultam da interação entre o antígeno injetado, células apresentadoras de antígenos e células T. Ao injetar a PHA intradermicamente no tecido, uma reação local similar a uma resposta de hipersensibilidade tardia ocorrerá. Esta técnica é considerada um método conveniente e rápido para avaliar a capacidade do animal em obter uma resposta imune mediada por células, não sendo necessário sensibilizá-lo primeiramente a um antígeno. A resposta à fitoemaglutinina, porém é uma resposta inespecífica, podendo dificultar a interpretação (Tizard, 2002). Pires (2011) avaliou a imunidade celular dos cães, empregando o teste de hipersensibilidade cutânea tardia, através da aplicação intradérmica de fitohemaglutinina na região do flanco, de 100 µL na concentração de 200 µg/mL de fitohemaglutinina, sendo a espessura de pele medida com o auxílio de um cutímetro nos tempos 0, 24, 48 e 72 horas após a injeção. A inclusão de L-glutamina e L-ácido glutâmico influenciou de forma quadrática (P<0,05) a resposta dos animais ao teste de hipersensibilidade cutânea tardia, que aumentou até o nível estimado de 1,16%, sendo que a resposta máxima foi obtida 24 horas após a aplicação. Rogero et al. (2002) avaliou o efeito da suplementação com L-glutamina e L-alanil- Lglutamina, na dose de 1 g/kg, sobre a resposta ao teste de hipersensibilidade cutânea tardia e dosagem de anticorpos anti-albumina sérica bovina (ASB) da classe IgG, em ratos submetidos ao treinamento intenso. Cada animal foi sensibilizado por via subcutânea na base da cauda, sendo desafiados 10 dias após a primeira sensibilização com 50 µg/100 µL de solução salina de ASB. Não foram observadas diferenças significativas entre a concentração sérica de anticorpos IgG e na reação de hipersensibilidade cutânea tardia dos grupos tanto em relação ao efeito do treinamento intenso, como da suplementação com L-glutamina ou L-alanil-Lglutamina. 25 3 ARTIGO CIENTÍFICO INCLUSÃO DE L-GLUTAMINA NA DIETA DE GATOS EM CRESCIMENTO Danieli Rankel Fernandes1, Douglas Haese1, Ricardo Souza Vasconcellos2, Geraldo Luiz Colnago3, Renato Travassos Beltrame4, João Luís Kill1, Karina de Carli1, Alysson Saraiva1 RESUMO Com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação do aminoácido L-glutamina sobre o sistema imunológico, parâmetros hematológicos e bioquímicos de gatos em crescimento, Foram utilizadas duas dietas comerciais para gatos filhotes, com e sem inclusão de 1% de Lglutamina. Vinte gatos, sem raça definida, com 60 dias de idade, foram distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso, com dois tratamentos e dez repetições. A Lglutamina foi incorporada após a adição de gordura e antes do ensaque da ração. Durante o período experimental foram avaliados os índices hematológicos, concentração sérica de uréia, concentração plasmática de glicose, titulação de anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva e a verificação da imunidade celular através do teste de hipersensibilidade cutânea tardia. Não foram observados efeitos (P>0,05) nas variáveis analisadas com a inclusão da Lglutamina. Estudos utilizando outras concentrações de L-glutamina e outras variáveis analisadas em gatos em crescimento devem ser realizados. Palavras chave: aminoácido, bioquímico, hematológico, teste de hipersensibilidade, titulação anticorpos 1 Centro Universitário Vila Velha – ES 2 Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC 3 Universidade Federal Fluminense – Faculdade de Medicina Veterinária – RJ 4 Centro Universitário do Espírito Santo – ES E-mail para correspondência: [email protected] 26 ABSTRACT In order to evaluate the effect of supplementation of the amino acid L-glutamine on the immune system, hematological and biochemical parameters of cats in growth, were used two commercial diets for cats kittens with and without inclusion of 1% L-glutamine. Twenty cats, mongrel, with 60 days of age, were divided into experimental design of randomized blocks with two treatments and ten repetitions. L-glutamine was incorporated after the addition of fat and feed before the bag. During the experimental period were evaluated hematological indices, serum urea, plasma glucose concentration, titration of neutralizing antibodies against rabies virus and verification of cellular immunity by testing for delayed hypersensitivity. No effects were observed (P> 0.05) in the variables analyzed with the inclusion of L-glutamine. Studies using other concentrations of L-glutamine and other variables in growing cats should be performed. Keywords: amino acids, biochemical, hematological test, hypersensitivity, antibody titration . 27 3.1 INTRODUÇÃO Nas fases iniciais da vida o animal é exposto a diversos desafios imunológicos, pois ocorrem os primeiros contatos com antígenos, programas de vacinação e condições de estresse promovido pelo desmame e aprendizado. Para isto, o sistema imunológico e sua complexa rede de defesa sobreposta e interligada, auxiliam o organismo a combater os antígenos, sendo essencial para a manutenção da vida (Gorman, 1997; Giger & Casal, 1997; Tizard, 2002). A glutamina é o aminoácido mais abundante no plasma, atuando como um importante carreador de nitrogênio entre os diversos tecidos do organismo, sendo precursora da ureogênese e gliconeogênese hepática (Calder & Yaqoob, 1999; Curi et al., 2000; Newsholme et al., 2003; Elliott & Biourge, 2006). A glutamina participa da síntese de purinas, pirimidinas, amino-açúcares, proteínas e muitas outras moléculas biologicamente ativas (Curi, 2000; Daniel et al., 2005; Dourado et al., 2007). Células de proliferação rápida como linfócitos, enterócitos, células tumorais e fibroblastos, além dos neutrófilos, têm uma maior exigência de glutamina, a qual é consumida muito rapidamente, servindo como principal substrato energético para estas células. A glutamina também aumenta a resposta linfocítica à estimulação de mitógenos, como a fitohemaglutinina (PHA) (Curi et al., 2000; Fontana et al., 2003; Daniel et al., 2005). Linfócitos, macrófagos, neutrófilos e fagócitos mononucleares apresentam importante função na resposta imunológica e inflamatória, e a taxa de utilização de glutamina por estas células está diretamente relacionada à função imunitária (Newsholme, 2001; Fontana et al., 2003; Daniel et al. 2005). Em situações de esforço físico intenso, trauma, sepse, estresse e câncer, o consumo da glutamina aumenta muito, passando a ser empregada em maiores proporções para gliconeogênese, formação de uréia no fígado e manutenção do equilíbrio ácido-básico afetando a função de células como macrófagos e linfócitos, que utilizam glutamina como fonte de energia (Curi, 2000; Pedersen & Anders, 2000; Fontana et al., 2003). A nutrição tem impacto significativo no trato gastrointestinal de animais saudáveis e doentes, com especial importância para a função do intestino e do sistema imunitário associado ao trato gastrointestinal. A entrada de nutrientes no lúmen intestinal permite a nutrição das próprias células intestinais e a presença desses nutrientes é um estímulo trófico para a mucosa intestinal, permitindo maiores taxas de replicação e diferenciação celular, com 28 formação de uma melhor membrana mucosa, maior capacidade de absorção de nutrientes e defesa contra a penetração de antígenos (Brunetto, 2009). O trato gastrintestinal é o principal órgão de utilização da glutamina, sendo este um substrato respiratório quantitativamente mais importante para os enterócitos do que a glicose. Há estudos que indicam que a glutamina pode ser um componente dietético necessário para a manutenção do metabolismo, da estrutura e da função da mucosa intestinal, seja em estados patológicos ou de estresse. A glutamina aumenta a função da barreira intestinal e estimula o crescimento dos vilos intestinais. A presença de glutamina na dieta pode estimular a liberação de fatores de crescimento parácrinos e constituintes da matriz celular em células mesenquimais, aumentando a superfície absortiva (Curi et al., 2000; Newsholme, 2001). Neste trabalho teve-se como objetivo avaliar a suplementação de L-glutamina, sobre o sistema imunológico e os parâmetros hematológicos e bioquímicos, em ração extrusada para gatos em crescimento. 3 .2 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido no gatil experimental do Centro de Tecnologia Animal (CTA), situado no município de Domingos Martins-ES. Antes do início do estudo, os animais foram submetidos à avaliação clínica, hematológica e parasitária. Todos os procedimentos experimentais foram previamente aprovados pela Comissão de Ética, Bioética e Bem Estar Animal (CEUA-UVV) da Universidade de Vila Velha-ES, sob o parecer nº. 140/2011. Foram utilizados 20 gatos, machos e fêmeas, em fase de crescimento, provenientes de sete diferentes ninhadas, com idade inicial de 45 dias (Figura 1). Figura 1 – Filhotes de gatos com 45 dias de idade de diferentes ninhadas. 29 Os animais foram vermifugados após o desmame aos 45 dias e aos 60 dias de idade, sendo realizado o exame coproparasitológico após a última vermifugação. Antes do experimento, os filhotes foram submetidos à alimentação com um mesmo alimento seco extrusado5, sem inclusão de L-glutamina, durante um período de 15 dias. Considerou-se este período adaptativo dos animais ao alimento seco, manejo e quarentena. Aos 45 dias de idade foi realizada a primeira coleta de sangue para avaliação do estado de saúde dos animais Aos sessenta dias de idade, os animais foram divididos em dois grupos experimentais, sendo que os animais do grupo controle receberam dieta sem inclusão de L-glutamina e os animais do grupo glutamina, receberam dieta suplementada com 1% de L-glutamina. Os filhotes foram pesados semanalmente para acompanhamento do crescimento e para o ajuste da quantidade de alimento de cada animal separadamente. Foi utilizado alimento seco extrusado para gatos filhotes (Tabela 1), o qual recebeu cobertura de L-glutamina6, sendo adicionada ao alimento logo após o processo de adição de gordura, dentro do misturador, ficando aderida em todo o alimento (Figura 2). Figura 2 – L-Glutamina sendo adicionada à dieta extrusada dentro do misturador tipo betoneira. 5 Docat Mini – Nutriave Alimentos Ltda 6 Ajinomoto Interamericana Indústria e Comércio Ltda, Brasil 30 Tabela 1. Níveis de garantia do alimento seco extrusado para gatos filhotes Nutrientes Energia Metabolizada EM (Kcal/kg) 3526 Matéria Seca (MS), % 88 Proteína Bruta, % 36 Gordura, % 11 Fibra Bruta (FB), % 3 Cinzas, % 7 Extrativos não nitrogenados (ENN) 31 Cálcio (Ca) (Máx) 2 Cálcio (Ca) (mín) 1.1 Fósforo (P) (mín) 0,9 Ácido linoléico 2 Ácido linolênico 0,4 Ácido fosfórico 0,3 Composição Básica: Farinha de Peixe, Farinha de Vísceras, Farinha de Carne, Óleo de Peixe, Gordura Animal Estabilizada, Hidrolisado Protéico de Frango, Soja Micronizada, Proteína Isolada de Soja, Milho Integral Moído, Farelo de Soja, Farelo de Trigo, Arroz Quirera, Farelo de Arroz, Farelo de Glúten de Milho, Cloreto de Sódio, Açúcar, Calcário Calcítico, Premix Vitamínico Mineral Aminoácido, Extrato de Yucca, Sacharomices Cerevisiae, Aditivo Acidificante e corante. Os animais receberam as dietas de acordo com as recomendações do National Research Council (NRC) (2006), visando manter uma taxa de crescimento adequada. Duas refeições foram fornecidas diariamente, sendo a necessidade energética (NE) diária para gatos filhotes após desmame calculada pela equação (NRC, 2006): NE (kcal) = 100 x PA 0,67 x 6,7 x [e (-0,189p) - 0,66] Onde: p = PA/PE e = base de log natural = 2,718 PA = peso atual na data de avaliação (kg) PE = peso corporal esperado na maturidade (kg) Os animais foram mantidos em gatil coletivo, com área de sociabilização, permanecendo em gaiolas individuais com medidas de 0,80 x 0,60 metros (Figura 3) nos 31 momentos da alimentação e período noturno, tendo períodos de convivência, onde permaneciam soltos entre os indivíduos do grupo. Figura 3 – Gaiola individual. Os animais foram vacinados com a vacina polivalente7 A vacinação foi feita aos 60, 81 e 102 dias de idade. Os animais foram submetidos à vacinação contra a raiva aos 123 dias de idade. Utilizou-se a vacina anti-rábica inativada8, aplicada via subcutânea. Para avaliação dos parâmetros hematológicos, dosagem sérica de uréia, dosagem plasmática de glicose e titulação de anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva, durante o período experimental, foram coletadas amostras de sangue em momentos pré-determinados, aos 123 (início do experimento), 130, 137, 144, 151 e 181 dias de idade (Quadro 1). 7 8 Fel-O-Vax ® PCT + CaliciVax - Fort Dodge Animal Health. Rabisin-i® - Merial Saúde Animal Ltda. 32 Quadro 1 - Coleta de sangue para análise laboratorial Data das coletas de material e vacinações Idade (dias) 45 Coleta* 60 81 102 1 1ª Vacinação polivalente Vacinação anti- 1ª 2ª 123 130 137 144 151 181 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª (T0) (T1) (T2) (T3) (T4) (T5) 3ª 1ª rábica *Sangue e soro (Hemograma, bioquímicos e titulação de anticorpos). As alíquotas sanguíneas foram obtidas por meio de venopunção cefálica, após assepsia do local com álcool 70% em seringas de 5 ml acopladas a scalp 23. As amostras de sangue foram colocadas em tubos contendo anticoagulante ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) (hemograma) e enviadas ao laboratório veterinário9, sendo então processadas. Nas amostras colocadas em tubos sem anticoagulante (titulação de anticorpos e bioquímicos), procedeu-se imediatamente centrifugação a 2800 rpm, por 10 minutos, para a separação do soro. Em seguida este material foi acondicionado em tubo de polipropileno e congelado a 20°C até o momento das análises. As amostras para titulação de anticorpos foram enviadas ao Instituto Pasteur de São Paulo, e as amostras para dosagens bioquímicas foram analisadas em Laboratório Veterinário. Todos os parâmetros hematológicos foram analisados em contador automático da marca Mindray modelo BC-2800VET e o método de contagem celular por impedância, sendo a contagem diferencial feita em esfregaços sanguíneos corados com Giemsa. A dosagem de hemoglobina foi realizada pelo método de cianometahemoglobina e a determinação da concentração plasmática das proteínas foi realizada por refratometria. Para dosagem plasmática de glicose determinou-se em cada amostra sanguínea, através do plasma, as concentrações de glicose pelo método enzimático colorimétrico. A dosagem sérica de uréia foi determinada em cada amostra de soro através do método cinético de tempo fixo, ambos utilizando kits comerciais10. Para realização do teste de titulação de anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva, foi enviado 0,5 mL de soro não hemolisado congelado ao laboratório para estas 9 10 Biolab® - Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias. Bioclin® Quibasa, em Analisador Bioquímico semi automático Bioplus BIO-200F. 33 análises11. O teste utilizado para detecção foi o RFFIT - Teste de inibição de focos fluorescentes. Os soros foram inativados, em banho-maria, a 56ºC por 30 minutos. Foram realizadas seis diluições seriadas de cada soro, na razão 2, começando de 1:5, colocando-se 25µL de soro no primeiro orifício e adicionando-se 50µL de Meio Essencial Mínimo de Eagle (MEM), com sais de Earle, suplementado com 10% de soro fetal bovino inativado. Após a diluição, foi adicionado 50µL de vírus cepa CVS (Challenge Standard Virus), diluído previamente em banho de gelo, e as placas foram incubadas em estufa com CO2 a 37ºC por 1h30min. Após a incubação foi adicionado 100µL de células BHK-21 na concentração de 2,5X104 células/mL. As microplacas foram novamente incubadas a 37ºC em atmosfera contendo 5% de CO2 por 20 horas. As células foram fixadas, em banho de gelo, utilizando acetona 80% gelada (Smith et al.., 1996; Chaves et al.., 2006). A reação foi revelada com adição de conjugado antivírus da raiva produzido pelo Instituto Pasteur (Caporale et al.., 2009). A leitura foi realizada em microscópio de fluorescência invertido LEICA DMIL com aumento de 200X. Foram observados 18 campos por orifício e o campo foi considerado positivo se pelo menos uma célula estava infectada. Foram anotados quantos campos positivos foram encontrados por orifício. O resultado foi obtido pelo teste Spearman-Karber e foi expresso em UI/mL. Para avaliar a resposta imune celular, foi realizado o teste de hipersensibilidade intradérmico à fitohemaglutinina (PHA). Após tricotomia da região do flanco direito, o local foi limpo com álcool etílico 70%, sendo injetados 100 µL (0,1 ml) na concentração de 200 µg/mL de PHA em cada animal (Figura 4). A avaliação da espessura de pele foi realizada nos tempos 0, 24, 48 e 72 horas após a injeção, utilizando-se um cutímetro analógico com visor tipo relógio. Figura 4 – Área de tricotomia no flanco direito e aplicação PHA e marcação do local de aplicação. 11 Instituto Pasteur – São Paulo. 34 Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística pelo pacote estatístico SAS (1999). No intuito de descrever estatisticamente as variáveis avaliadas no estudo, foi utilizada a função PROC MEANS. O estudo teve um delineamento em blocos casualizados em esquema de medidas repetidas. A normalidade das variáveis foi avaliada através da função PROC UNIVARIATE. Variáveis não normais foram transformadas com auxílio da utilização de logaritmos e então analisadas. Nas análises que consideraram os efeitos principais de tratamentos (grupo controle versus grupo que recebeu glutamina) e da interação entre os efeitos principais de tratamentos e momentos (semanas de avaliação do grupo controle versus o grupo tratado), as observações foram comparadas através do teste t. Para avaliação dos efeitos principais de momentos dentro dos tratamentos, adotou-se o procedimento PROC GLM baseado no seguinte modelo: yijk = µ + ti + mj + tmij + eijk em que, yijk = observação referente às variáveis hematológicas, bioquímico, titulação de anticorpos e peso do animal; µ = constante inerente a todas observações; ti = efeito do i-ésimo tratamento, sendo i = 1 (grupo controle) e 2 (grupo glutamina); mj = efeito do j-ésimo momento de avaliação, sendo j = 123, 130, 137, 144, 151 e 181 dias; tmij = efeito da interação do tratamento i com o momento j; eijk = erro aleatório residual associado a cada observação. Quando verificados efeitos significativos (P<0,05) nas análises de variância entre os efeitos principais, aplicou-se o Teste de Tukey para discriminar as possíveis igualdades ou diferenças entre tratamentos e os momentos. 35 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O peso médio semanal dos animais e o consumo médio semanal das dietas dos gatos durante o período experimental são apresentados na Tabela 2. De acordo com Prats (2005) os gatos pesam cerca de 100 gr ao nascimento, apresentando um ganho de peso médio entre 50 – 100 gr por semana, o equivalente a 7 – 10 gr por dia. Neste estudo os animais apresentaram ganho de peso gradativo durante todo o período experimental, equivalente ao citado na literatura. O consumo das dietas foi crescente ao longo do experimento (Figura 5). O ganho de peso entre os tratamentos não foi influenciado (P>0,05) pela suplementação de L-glutamina (Tabela 2). Abreu et al.. (2010) trabalhando com inclusão de L-glutamina na ração de leitões, desmamados aos 21 dias de idade, a fim de avaliar a morfologia intestinal, a resposta imune e o desempenho, não observaram efeitos significativos (P>0,05) nas duas primeiras semanas pós-desmame. Em contrapartida, Kitt et al.. (2002) relataram que a suplementação de 1% de glutamina melhorou o desempenho zootécnico de leitões desmamados. Wu et al.. (1996) verificaram que uma dieta com 1% de glutamina, para leitões no período pós-desmame, preveniu a atrofia das vilosidades do jejuno e melhorou a conversão alimentar na segunda semana pós-desmame. Diferente do que ocorre na produção de suínos, em que o máximo ganho de peso é desejado, o acompanhamento da curva de crescimento do gato é importante para avaliação de sua saúde. Sendo assim, a glutamina é importante na prevenção da atrofia nas vilosidades intestinais, promovendo adequada digestão e absorção de nutrientes. 36 Tabela 2 – Peso e consumo das dietas dos grupos controle e glutamina Dias Variável Média 60 81 102 123 130 137 144 151 181 Controle 0,79+ 0,14 0,96+ 0,26 1,20+ 0,28 1,39+ 0,25 1,49+ 0,25 1,52+ 0,23 1,57+ 0,21 1,64+ 0,20 1,90+ 0,19 1,38 Glutamina 0,78+ 0,13 0,94+ 0,25 1,20+ 0,27 1,36+ 0,29 1,46+ 0,30 1,50+ 0,31 1,56+ 0,30 1,61+ 0,30 1,86+ 0,32 1,36 Controle 46 + 4 49 + 7 54 + 5 57 + 3 58 + 3 58 + 3 59 + 2 59 + 2 60 + 1 55 Glutamina 46 + 4 49 + 7 54 + 5 56 + 5 57 + 5 57 + 5 58 + 4 58 + 4 60 + 3 55 Peso (kg) Consumo Ração (gr) 1 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste t; Coeficiente de variação. 37 2 1,8 Peso (Kg) 1,6 1,4 1,2 Controle 1 Glutamina 0,8 0,6 60 81 102 123 130 137 144 151 181 Idade (dias) Figura 5 – Peso médio dos animais (Kg) apresentado durante o período experimental 38 Os valores do eritrograma e proteína plasmática dos gatos durante o período experimental são apresentados na Tabela 3. Nos diferentes períodos de avaliações, não foram detectadas diferenças (P>0,05) entre os tratamentos, exceto para proteína no dia 181. Pode-se observar diferenças (P<0,05) com a idade no grupo glutamina para hemácias, hemoglobina, hematócrito, VCM12 e plaqueta, e para VCM, CHCM13, proteína e plaqueta no grupo controle. De forma geral, os valores hematológicos de referência podem sofrer alterações relacionadas à quantidade de animais no local, a origem, a idade, o sexo, a raça, a sanidade e a nutrição, bem como o método da colheita e a técnica empregada na análise. Situações como estresse, atividade muscular, hidratação, tempo da colheita, temperatura ambiente e altitude são fatores que influenciam os valores hematológicos (Jain, 1993; Leandro et al.., 2006; Kaneko, 2008; Weiss e Wardrop, 2010). De acordo com Clinkenbeard et al.. (2001) variações nos valores de hemoglobina, contagem total de leucócitos, neutrófilos e linfócitos em gatos podem estar relacionadas ao local de venopunção, quando colhidos da jugular; à ansiedade do paciente associada à colheita da amostra, à quantidade de anticoagulante e o tempo decorrido da punção até a análise. Os resultados obtidos demonstram que a inclusão de 1% de L-glutamina não promoveu 12 13 efeitos deletérios sobre os parâmetros VCM – Volume Corpuscular Médio CHCM – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média hematológicos de gatos. 39 Tabela 3 – Valores de eritrograma, proteína plasmática e plaquetas obtidos no grupo controle e glutamina Variável Dias CV1 130 137 144 151 181 Média Hemácias (mm3) Controle 6,96+ 0,53 6,91 + 0,51 7,02 + 0,64 7,19 + 0,77 7,55 + 0,58 7,13+ 0,63 Glutamina 6,91+ 0,60AB 7,04 + 0,49AB 6,61 + 0,33B 7,15 + 0,15AB 7,46 + 0,81A 7,03 + 0,66 11,28+ 0,87 11,41 + 0,93 10,92 + 0,67 11,33 + 1,15 10,74 + 0,93 11,14+ 0,92 11,51+ 1,07AB 11,58 + 0,80A 10,24 + 0,67C 11,34 + 1,55ABC 10,31 + 0,20BC 11,01 + 1,01 Hematócrito (%) Controle Glutamina 34,06+ 3,34 35,10+ 3,37A 34,05 + 3,27 34,70 + 2,90AB 31,44 + 2,18 30,10 + 1,44C 32,20 + 4,44 32,70 + 5,20ABC 31,30 + 2,58 30,55 + 2,59BC 32,83+ 3,46 32,67 + 3,81 VCM (fl) Controle 50,50+ 4,10A 49,90 + 2,68A 45,00 + 3,31B - 41,55 + 3,53B 46,58+ 4,97 Glutamina 51,37+ 2,13A 49,20 + 2,65AB 45,50 + 2,36BC - 40,92 + 6,00C 46,81 + 5,11 CHCM (g/dL) Controle Glutamina 32,12+ 1,24B 32,50+ 0,92 33,20 + 0,91AB 33,40 + 0,96 34,55 + 0,88A 33,8 + 0,91 - 33,34+ 1,52A 33,79+ 2,39 33,60+ 1,47 33,39 + 1,42 4,31 Proteína (g/dL) Controle Glutamina 6,15+ 0,24B 6,28+ 0,46 6,15+ 0,31B 6,37+ 0,72 6,48+ 0,24A 6,59+ 0,52 6,60+ 0,23A 6,70+ 0,63 6,80+ 0,24aA 6,53+ 0,28b 6,43+ 0,35 6,49+ 0,55 7,16 Controle 225,40+ 86,82B 232,00+ 37,48AB 317,10+ 49,14A 225,20+ 100,2B 259,8+ 26,44AB 250,60+ 72,65 Glutamina 201,40+ 62,39C 236,40+ 40,31BC 362,40+ 55,39A 223,50+ 98,44BC 296,2+ 64,23AB 263,30+ 87,42 Hemoglobina (g/dL) Controle Glutamina 9,18 9,23 11,06 10,73 Plaquetas (µL) 31,22 Médias dentro das variáveis seguidas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna e letras maiúsculas diferentes na mesma linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste t e de Tukey, respectivamente. 1Coeficiente de variação. 40 Os valores do leucograma de gatos durante o período experimental são apresentados na Tabela 4. Não ocorreram diferenças (P>0,05) entre as variáveis de leucograma entre os grupos controle e glutamina, exceto para monócitos (P<0,05) no dia 181. Na avaliação dentro dos grupos, pode-se constatar diferença (P<0,05) na variável neutrófilo para gatos consumindo dieta com inclusão de L-glutamina. No grupo controle não houve nenhuma diferença (P>0,05) no tempo para os parâmetros avaliados. Apesar dos valores médios de leucócitos não apresentarem diferenças (P>0,05), estes estão acima da normalidade para gatos até 6 meses de idade de acordo com Weiss e Wardrop (2010) e Norsworthy e Viita-Aho (2011). A leucocitose apresentada em ambos os grupos, sugere estresse no momento da colheita, em resposta à liberação de adrenalina, a redistribuição dos neutrófilos do pool marginal para o pool circulante, sendo chamada de “leucocitose neutrofílica fisiológica”. Este efeito é transitório, e dura em média 30 minutos, sendo mais pronunciado nos felinos, principalmente em indivíduos jovens, resultante da excitação da contenção para venopunção (Jain, 1993). O estresse fisiológico é uma resposta orgânica, podendo ser detectada no leucograma devido às alterações em vários tipos celulares (Jain, 1993; Murtaugh, 1994; Kaneko, 2008). Abreu et al.. (2010) utilizaram a L-glutamina suplementada na ração de leitões desmamados aos 21 dias de idade, com o objetivo de avaliar a resposta imune através da contagem de leucócitos, não encontrando diferenças (P>0,05) na contagem destas células. Os valores de neutrófilos encontram-se dentro da faixa de normalidade para gatos com até seis meses de idade, de acordo com Weiss e Wardrop (2010). Embora não tenham sido observadas diferenças (P>0,05) entre os grupos, pode-se constatar em valores absolutos que o grupo glutamina apresentou uma maior resposta na produção celular em relação ao grupo controle. Em relação aos linfócitos, não ocorreram diferenças entre os grupos (P>0,05) controle e glutamina. Apesar dos valores estarem dentro da faixa de normalidade descritos por Weiss e Wardrop (2010), os animais que consumiram ração com 1% de inclusão de L-glutamina apresentaram maior produção de linfócitos em relação ao controle. Abreu et al. (2010) utilizaram a L-glutamina suplementada na ração de leitões desmamados aos 21 dias de idade, a fim de avaliar a resposta imune através da contagem de linfócitos e, também, não observaram diferenças (P>0,05) na contagem destas células. 41 Tabela 4 - Valores de leucograma obtidos no grupo controle glutamina Dias Variável 130 137 144 151 181 Leucócitos (mm3) Controle Glutamina 21800+ 7927 24800+ 6070 19700 + 7069 22250 + 5648 18662 + 11563 18200 + 7706 19130 + 5725 21720 + 4900 Neutrófilos (mm3) Controle Glutamina 14242+ 6530 16226+ 5501A 10906 + 4073 13362 + 3235A 9957 + 5417 9802 + 4793C Linfócitos (mm3) Controle Glutamina 4489 + 2903 5905 + 2449 6107 + 3630 6244 + 2319 Monócitos (mm3) Controle Glutamina 334 + 258 284 + 195 Eosinófilos (mm3) Controle Glutamina 2704+ 1817 2385+ 1488 Média CV1 16990 + 4206 17255 + 4630 19261+ 7446 20918 + 6308 34,42 12153 + 4611 14405 + 4180AB 9678 + 3116 9768 + 2671BC 11416+ 4966 12773+ 4801 40,50 5762 + 3084 6175 + 2519 4476 + 1785 4718 + 1580 5362 + 1503 5770 + 1770 5228 + 2666 5762 + 2151 44,10 731 + 612 812 + 600 980+ 1031 450 + 338 253+ 191 380 + 336 259+ 143a 124 + 101b 502+ 596 416 + 415 111,00 1936 + 1431 1830 + 1307 1921 + 2276 1771 + 1476 2270 + 1217 2193 + 1291 1690 + 1030 1592 + 786 2108+ 1572 1962 + 1282 70,00 Médias dentro das variáveis seguidas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna e letras maiúsculas diferentes na mesma linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste t e de Tukey, respectivamente. 1Coeficiente de variação. 42 Em razão dos linfócitos apresentarem alta atividade proliferativa, necessitam de um aporte de ATP para suprir a demanda energética, sendo a glutamina disponível na circulação a sua principal fonte de energia (Curi et al., 1999; Peres et al., 2000). De acordo com Newsholme (2001), a glutamina é muito utilizada por células isoladas do sistema imune, como linfócitos, macrófagos e neutrófilos, além de ser importante para a proliferação de linfócitos e produção de citoquinas, atividades de fagocitose e secreção dos macrófagos. Calder e Yaqoob (1999) relataram que a glutamina é utilizada em altas taxas pelas células do sistema imune em cultura e que é necessária para sustentar a proliferação ótima dos linfócitos e a produção de citoquinas pelos linfócitos e macrófagos. A figura 6 apresenta a produção de neutrófilos e linfócitos durante o período Neutrófilos_Controle Neutrófilos_Glutamina Liinfocitos_Controle Linfocitos_Glutamina 20000 19000 18000 17000 16000 15000 14000 13000 12000 11000 10000 9000 8000 7000 7050 6050 5050 Linfócitos Neutrófilos experimental. 4050 3050 2050 1050 50 130 137 144 151 181 Idade (dias) Figura 6 – Resultados médios de neutrófilos (mil /µl); (eixo principal) e de linfócitos (mil /µl) (eixo secundário) para os grupos controle e glutamina durante o período experimental. 43 Os valores de uréia sérica e glicose plasmática de gatos durante o período experimental são apresentados na Tabela 5. Não houve diferença significativa (P>0,05) para a variável glicose entre os grupos. Os valores obtidos encontram-se dentro dos valores normais para glicemia em gatos, de acordo com Bush (1999), Hoskins (2001), Kaneko (2008) e Norsworthy e Viita-aho (2011). Cunha Filho (2007) e Oliveira Junior (2008) também observaram ausência de variação (P>0,05) na taxa glicêmica quando suplementaram L-glutamina em crianças submetidas à palatoplastia e em leitões desmamados, respectivamente (Figura 7). 65 100 60 95 90 85 50 80 45 75 40 70 65 Ureia_Controle Ureia_Glutamina Glicose_Controle Glicose_Glutamina 35 30 Glicose Ureia 55 60 55 25 50 123 130 137 144 151 181 Idade (dias) Figura 7 – Concentração sérica de Uréia (mg/dL) (eixo principal) e plasmática de Glicose (mg/dL) (eixo secundário) para os grupos controle e glutamina durante o período experimental. 44 Tabela 5 - Valores plasmáticos de glicose e séricos de uréia obtidos no grupo controle e glutamina Dias Variável 123 130 137 144 151 181 Média 44,80+ 4,21A 29,21+ 6,40B 46,20 + 7,80A 41,80 + 6,02A 42,88 + 6,38A 50,54 + 11,41A 42,57 44,38+ 3,72AB 34,93+ 8,13B 47,60 + 8,27A 42,29 + 10,01AB 39,87 + 5,78AB 44,97 + 11,52AB 42,29 79,70+ 9,84B 84,30+ 12,20AB 84,40 + 7,63AB 94,90 + 6,60A 74,50 + 18,95B 85,71 + 8,97AB 83,91 80,30 + 10,35AB 79,10+ 12,81AB 82,40 + 8,38AB 89,20 + 18,25A 70,30 + 12,12B 83,23 + 10,36AB 80,71 CV1 Uréia (g/dL) Controle Glutamina 21,85 Glicose (g/dL) Controle Glutamina Médias dentro das variáveis seguidas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna e letras maiúsculas diferentes na mesma linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste t e Tukey respectivamente; 1Coeficiente de variação. 15,76 45 Em relação à uréia não foram encontradas diferenças (P>0,05) entre os grupos controle e glutamina. Os valores encontram-se dentro dos valores de normalidade segundo Bush (1999), e superiores aos valores citados por Kaneko (2008), que variam entre 20 -30 mg/dL e por Norsworthy e Viita-aho (2011), que estão entre 14 – 36 mg/dL. Entretanto os valores de referência citados na literatura somente se referem à fase adulta, não sendo encontrados na literatura, valores bioquímicos para gatos filhotes. A produção de uréia aumenta em condições de ingestão protéica elevada na dieta, sendo que todos os animais domésticos têm capacidade de metabolizar o excesso de proteína. Este processo origina a produção de uréia e a sua excreção pela urina. A restrição protéica na dieta até níveis que satisfaçam, mas sem exceder as necessidades do animal, minimizam a produção de uréia e melhoram os sinais clínicos associados à uremia (Case et al.., 1998). A imaturidade das funções hepáticas e renais, devido à idade dos animais, pode desencadear acréscimos nos níveis de uréia, classificando os valores encontrados como normais. Entretanto, mais estudos são necessários para comprovar esta hipótese. A resposta cutânea ao teste de hipersensibilidade tardia nos gatos que receberam as dietas controle e glutamina é apresentada na Tabela 6. 46 Tabela 6 - Espessura cutânea no teste de hipersensibilidade tardia em resposta a aplicação de fitohemaglutinina, nos gatos de ambos os grupos Variável Resposta cutânea (mm) Controle Glutamina Horas 0 24 48 72 Média CV1 1,460+ 0,27B 1,970 + 0,41A 1,770+ 0,39 AB 1,690 + 0,34AB 1,722 20,63 1,450+ 0,28 B 2,120+ 0,4A 1,790 + 0,31AB 1,780+ 0,24AB 1,785 17,63 1 Médias dentro das variáveis e letras maiúsculas diferentes na mesma linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey respectivamente; Coeficiente de variação. 47 A inclusão de L- glutamina não influenciou (P>0,05) a resposta dos animais ao teste, que foi crescente obtendo-se resposta máxima em 24 horas após a aplicação, em ambos os grupos. Este aumento de volume cutâneo possivelmente está relacionado com o estimulo decorrente da injeção, uma vez que neste período, também houve formação de pápula nos animais do grupo controle. Pires (2011) avaliando a resposta imunológica em cães adultos alimentados com dietas suplementadas com L-glutamina e L-ácido glutâmico observou (P<0,05) efeito quadrático à resposta dos animais ao teste de hipersensibilidade cutânea tardia, que aumentou até o nível estimado de 1,16%, sendo que a resposta máxima foi obtida 24 horas da aplicação da PHA. A titulação de anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva nos gatos que receberam as dietas controle e glutamina é apresentada na Tabela 7. As dietas não influenciaram (P>0,05) a produção de IgG nos gatos do experimento. Apesar de não ter ocorrido diferença significativa, os animais consumindo ração com a inclusão de 1% de L-glutamina apresentaram uma reposta absoluta maior que o grupo controle (Figura 8). 16 Valor da Imunoglobulina (UI/mL) 14 12 10 8 6 Controle Glutamina 4 2 0 123 130 137 144 151 181 Idade (dias) Figura 8 – Títulos de anticorpos neutralizantes (IgG) contra o vírus da raiva para os grupos controle e glutamina, pelo teste de RFFIT. 48 Tabela 7 - Valores da titulação (expressos em UI/mL) de anticorpos neutralizantes (AN) contra o vírus da raiva nos momentos pré e pós-vacinal Variável Dias 123 130 137 144 151 181 Média 0,04+ 0,02C 0,22+ 0,30C 3,55 + 3,27BC 8,78 + 5,36A 13,45 + 6,75A 8,37 + 6,60AB 5,69+ 6,54 0,04+ 0,01B 0,15+ 0,11B 2,30 + 1,68B 9,21 + 3,84A 14,42 + 7,77A 8,94 + 7,62A 5,62 + 6,92 CV1 AN Controle Glutamina 118,00 Médias dentro das variáveis seguidas de letras minúsculas diferentes na mesma linha e letras maiúsculas diferentes na mesma coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste t e Tukey respectivamente; 1Coeficiente de variação. 49 Sakamoto et al. (2006) avaliaram a influência da suplementação de 1% de glutamina associada a 10 mg de vitamina E/kg, sobre a resposta imune humoral de frangos de corte, e observaram melhora da resposta imune, com maior produção de anticorpos em relação ao grupo controle. De forma semelhante, Soltan (2009) suplementou a dieta de frangos de corte com 1% de glutamina e observou maior produção de anticorpos contra a doença de Newcastle. Bartell e Batal (2007) avaliaram a suplementação de 1% de L-glutamina em dietas de frangos sobre o desenvolvimento do trato gastrointestinal e resposta imune humoral. De acordo com o autor os animais que consumiram rações com 1% de L-glutamina apresentaram maiores concentrações de IgA e IgG no soro, na bile e intestinos, em comparação com os animais do grupo controle, sem suplementação de L-glutamina. Peng et al.. (2006) suplementaram 0,5g/kg de peso corporal em pacientes humanos severamente queimados, não observando efeito da glutamina sobre a resposta imune humoral (IgG e IgM). Os autores relatam melhora significativa na resposta imunológica celular, principalmente na taxa de diferenciação de linfócitos e concentração de IL-2, no grupo suplementado. A melhora na resposta imunológica provavelmente se dá devido à glutamina estar envolvida na síntese de citocinas necessárias na indução da proliferação de linfócitos, como a produção de IL-2, IL-10 e interferon gama (IFN-δ). A glutamina ainda é utilizada como fonte de energia para as células de rápida proliferação, como os linfócitos (Curi, 2000). A glutamina garante a funcionalidade do sistema imune, sendo o principal precursor de energia para os linfócitos, que agem para responder rapidamente na eliminação de antígenos estranhos, aumentando a demanda metabólica e a taxa de utilização da glutamina (Calder e Yaqoob, 1999; Curi et al., 1999; Peres et al., 2000; Newsholme, 2001). 50 3.4 CONCLUSÕES De acordo com o delineamento usado neste estudo, a suplementação com 1% de Lglutamina em alimento extrusado para gatos em crescimento não influenciou as variáveis analisadas. Estudos utilizando outras concentrações de L-Glutamina e variáveis analisadas mais específicas em gatos em crescimento devem ser realizados. 51 3.5 REFERÊNCIAS ABREU, M.L.T.; DONZELE, J.L.; SARAIVA, A.; MIRANDA DE OLIVEIRA, R.F.; FORTES, E.L.; GRAÑA, G.L. Glutamina, nucleotídeos e plasma suíno em rações para leitões desmamados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.3, p.520-525, 2010. BEDNAR, G.E.; MURRAY, S.M.; PATIL, A.R.; FLICKINGER, G.A.; MERCHEN, N.R.; FAHEY JUNIOR, G.C. Selected animal and plant protein sources effect nutrient digestibility and fecal characteristics of ileally cannulated dogs. Archives of Animal Nutrition, Paris, v. 53, p. 127-140, 1999. BUSH, B.M. Interpretación de los análisis de laboratorio para clínicos de pequeños animales. Madrid: Harcourt S.A., 1999. CALDER, P.C.; YAQOOB, P. Glutamine and the immune system. Amino Acids, v. 17, p. 227-241, 1999. CAPORALE GMM, SILVA ACR, PEIXOTO ZMP, CHAVES, LB., CARRIERI ML, VASSÃO RC. First production of fluorescent anti-ribonucleoproteins conjugate for diagnostic of rabies in Brazil. Journal of Clinical Laboratory Analysis, 2009, 23:7-13. CASE, L.P.; CAREY, D.P.; HIRAKAWA, D.A. Desenvolvimento e tratamento da obesidade. In: CASE, L.P.; CAREY, D.P.; HIRAKAWA, D. A. Nutrição canina e felina: manual para profissionais. Harcourt: Brace, 1998. p. 247-268. CARPINELLI, A. R.; XIMENES, H. M. A. Importância da Glutamina no Processo de Secreção de Insulina. In: CURI, R. Glutamina: Metabolismo e Aplicações Clínicas e no Esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p. 149-154. CHAVES LB, MAZUTTI, ALC; CAPORALE, GMM; SCHEFFER, KC; SILVA, ACR. Comparision of RFFIT performed in lab-tek® and in 96-well microtitre plates. Anais da XVII Rabies in the Americas, 2006, p.161. 52 CLINKENBEARD, K.D.; COWELL, R.L.; MEINKOTH, J.H.; DECKER, L.S., BOUDREAUX, M.K.; ROGERS, K.S. The hematopoietic and lymphoid systems. In: HOSKINS, J. D. Veterinary Pediatrics : Dogs and cats from birth to six months. 3a. ed, p. 300 – 343. 2001. CUNHA FILHO, J. F. L-alanil-glutamina e seus efeitos sobre o estresse oxidativo, o controle glicêmico e a resposta inflamatória em crianças submetidas à palatoplastia. Tese (Mestrado). Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2007. CURI, R.; P.; NEWSHOLME, T.C.; PITHON-CURI, M. PIRES-DE-MELO; GARCIA, C.; HOMEM-DE-BITTENCOURT JR., P.I.; GUIMARÃES, A.R.P. Metabolic fate of glutamine in lymphocytes, macrophages and neutrophils. Brazilian Journal of Medical Biology Research, v. 32(1), p.15-21, 1999. CURI, R. Considerações preliminares. In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000, p.15 – 16. DANIEL, J.F.; CAVAGLIERI, C.R. Suplementação de Glutamina e Resistência Imunológica em Atletas de Futebol. Saúde Rev., Piracicaba, v. 7(17), p. 21-29, 2005. DOURADO, K.F.; BURGOS, M.G.P.A.; CAMPOS, F.A.C.S.; NASCIMENTO, A.L.; SILVA, O.S. Papel da glutamina na Síndrome do Intestino Curto. Artigo de Revisão. Revista Brasileira de Nutrição Clinica. V. 22(2), p. 162-166, 2007. ELLIOTT, D. A.; BIOURGE, V. Royal Canin Viewpoint - Critical care nutrition. WALTHAM Focus. v.16 (3), p. 31 – 36, 2006. FONTANA, K.E.; VALDES, H.; VALDISSERA, V. Glutamina como suplemento ergogênico. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 11(3), p. 91-96, 2003. GIGER, U.; CASAL, M.L. Feline colostrum - friend or foe: maternal antibodies in queens and kittens. Jounal of Reproduction and Fertility, v. 51, p. 313-316, 1997. 53 GORMAN, N.T. Imunologia. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Moléstias do cão e do gato. 4ª. Ed. v. 2, cap. 147, p. 2735-2765. 1997. HOSKINS, J. D. Veterinary Pediatrics: Dogs and cats from birth to six months. Clinical evaluation of the kitten: from birth to eight weeks of age. 3a.ed, 2001. JAIN, N. C. Erytrocyte physiology and changes in disease. In: Essentials of veterinary hematology. Philadelphia, Lea & Fabiger. 1993. 133- 58. KANEKO, J.J. Serum proteins and the dysproteinemias and appendix IX. In: Kaneko, J.J. (ed) Clinical Biochemistry of domestic animals. 6ª ed. San Diego: Academic Press, 2008. KERR, M.G. Exames Laboratoriais em Medicina Veterinária. São Paulo: Roca, 2003. KOOLMAN, J.; KLAUS-HEINRICH, R. Color Atlas of Biochemistry. Second edition. New York: Thieme, 2004. KOTAIT, I.; CARRIERI, M.L.; TAKAOKA, N.Y. Raiva – Aspectos gerais e clínica. São Paulo, Instituto Pasteur, 2009. 49p LEANDRO, C.G.; NASCIMENTO, E.; AZEVEDO, M.M.; VIEGAS, A.; ALBUQUERQUE, C.; CAVALCANTI, C.B.; MANHÃES-DE-CASTRO, R.; CASTRO, C.M.M.B. Efeito da LGlutamina sobre o perfil leucocitário e a função fagocítica de macrófagos de ratos estressados Revista de Nutrição, v.19 (4), p.437-444, 2006. MURTAUGH, R. J. Pediatrics: the kitten from birth to eight weeks. In: SHERDING, R. G. (ed). The cat diseases and clinical management. New York: Churchill Livingstone, 1994. p. 1877-91. NELSON, D.L.; COX, M.M. A Oxidação dos aminoácidos e a produção de uréia. In: Lehninger – princípios da bioquímica. 3ª. edição. São Paulo: 2002. p. 486 – 514. 54 NEWSHOLME, P; PROCOPIO, J; LIMA, M.M.R; PITHON-CURI, T.C; CURI, R. Glutamine and glutamate – their central role in cell metabolism and function. Cell Biochemistry and Function. v. 21, p. 1-9, 2003. NORSWORTHY , G. D.; VIITA – AHO, T.K. Normal Laboratory Values. In: NORSWORTHY , G. D. The feline patient. 4th ed. p. 977-978, 2011. NRC – (National Research Council) Nutrient Requirements of Dogs and Cats – Animal Nutrition Series. Comparative Digestive Physiology of Dogs and Cats. 2006. OLIVEIRA JUNIOR, A. R. Glutamina, ácido glutâmico e ou extrato de levedura na dieta de leitões desmamados. Tese (Mestrado). Universidade Federal de Uberlândia. 2008. PASTORET,P.; GRIEBEL, P.; BAZIN, H.; GOVAERTS, A. Immunology Of The Cat. Handbook of vertebrate immunology. Academic Press. 1996. p. 290 – 336. PERES, C.M.; OTTON, R.; CURI, R. Glutamina e linfócitos. In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p.177188. RODWELL, V.W. Catabolism of Proteins & of Amino Acid Nitrogen. In: MURRAY, R.K.; GRANNER, D.K.; MAYES, P.A.; RODWELL, V.W. Harper’s Illustrated Biochemistry. Twenty-Sixth Edition. p. 242-247. 2003. SAS INSTITUTE. SAS/STAT: user´s guide statistics. Version 9.2. Cary: SAS Institute, 1999. SMITH JS, YAGER PA, BAER GM. A rapid fluorescent focus inhibition test (RFFIT) for determining rabies virus-neutralizing antibody. In: Meslin F-X, Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies. 4th ed: World Health Organization. Geneva. 1996; 114130. TIZARD, I. Imunologia veterinária: Uma Introdução. 6.ed. São Paulo: Roca, 2000. 482p. 55 WEISS, D.J.; WARDROP, K.J. Schalm’s - veterinary hematology. 6a. ed. 2010. WILLOUGHBY, K. Paediatrics and Inherited Diseases. In: CHANDLER, E.A.; GASKELL, C.J.; GASKELL, R.M. Feline Medicine and Therapeutics. Third Edition - Blackwell Publishing. 2004 p. 355-378. 4 REFERÊNCIAS ABREU, M.L.T.; DONZELE, J.L.; SARAIVA, A.; MIRANDA DE OLIVEIRA, R.F.; FORTES, E.L.; GRAÑA, G.L. Glutamina, nucleotídeos e plasma suíno em rações para leitões desmamados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.3, p.520-525, 2010. ANDRADE, M.C.R.; OLIVEIRA, A.N.; ROMIJN, P.C.; KIMURA, L.M.S. Resposta imune produzida por vacinas anti-rábicas em sagüis (Callithrix sp). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 32 (5), p.533-540, 1999. BARTELL, S. M; BATAL, A. B. The Effect of Supplemental Glutamine on Growth Performance, Development of the Gastrointestinal Tract, and Humoral Immune Response of Broilers. Poultry Science, v. 86, p. 1940–1947, 2007. BEDNAR, G.E.; MURRAY, S.M.; PATIL, A.R.; FLICKINGER, G.A.; MERCHEN, N.R.; FAHEY JUNIOR, G.C. Selected animal and plant protein sources effect nutrient digestibility and fecal characteristics of ileally cannulated dogs. Archives of Animal Nutrition, Paris, v. 53, p. 127-140, 1999. BLOOD, D.C.; HENDERSOMN, J.A.; RADOSTIS, O.M. Clínica Veterinária 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1983, 1121p. BRUNETTO; M. A. (2009). Nutrição Clínica – Emergência e cuidados intensivos. Revista Clínica Veterinária, XIV (78), 41-46. BUSH, B.M. Interpretación de los análisis de laboratorio para clínicos de pequeños animales. Madrid: Harcourt S.A., 1999. 56 CALDER, P.C.; YAQOOB, P. Glutamine and the immune system. Amino Acids, v. 17, p. 227-241, 1999. CASE, L.P.; CAREY, D.P.; HIRAKAWA, D.A. Desenvolvimento e tratamento da obesidade. In: CASE, L.P.; CAREY, D.P.; HIRAKAWA, D. A. Nutrição canina e felina: manual para profissionais. Harcourt: Brace, 1998. p. 247-268. CASTELL, L. M. Can Glutamine Modify the Apparent Immunodepression Observed After Prolonged, Exhaustive Exercise? Nutrition, v.18 (5), p. 371–375, 2002. CARPINELLI, A. R.; XIMENES, H. M. A. Importância da Glutamina no Processo de Secreção de Insulina. In: CURI, R. Glutamina: Metabolismo e Aplicações Clínicas e no Esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p. 149-154. CASTELL, L M & NEWSHOLME, E A. The effects of oral glutamine supplementation athletes after prolonged, exhaustive exercise. Nutrition. v.13, p. 738-742, 1997. CLINKENBEARD, K.D.; COWELL, R.L.; MEINKOTH, J.H.; DECKER, L.S., BOUDREAUX, M.K.; ROGERS, K.S. The hematopoietic and lymphoid systems. In: HOSKINS, J. D. Veterinary Pediatrics : Dogs and cats from birth to six months. 3a. ed, p. 300 – 343. 2001. COLLEONE, V.V.; KANUNFRE, C.C.; MARTINS, A.K.A.; SAMPAIO, S.C.; CURI. R. Glutamina sintetase (E.C. 6.3.3.2 ou L-glutamato: amônia ligase). In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p. 65-84. CUNHA FILHO, J. F. L-alanil-glutamina e seus efeitos sobre o estresse oxidativo, o controle glicêmico e a resposta inflamatória em crianças submetidas à palatoplastia. Tese (Mestrado). Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2007. CURI, R.; P.; NEWSHOLME, T.C.; PITHON-CURI, M. PIRES-DE-MELO; GARCIA, C.; HOMEM-DE-BITTENCOURT JR., P.I.; GUIMARÃES, A.R.P. Metabolic fate of glutamine 57 in lymphocytes, macrophages and neutrophils. Brazilian Journal of Medical Biology Research, v. 32(1), p.15-21, 1999. CURI, R. Considerações preliminares. In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000, p.15 – 16. DANIEL, J.F.; CAVAGLIERI, C.R. Suplementação de Glutamina e Resistência Imunológica em Atletas de Futebol. Saúde Rev., Piracicaba, v. 7(17), p. 21-29, 2005. DIESTEL, C.F.; LOPES-PAULO, F.; MARQUES, R.G.; HORST, N. L.; CAETANO, C.E.R. Efeito da suplementação oral de l-glutamina na parede colônica de ratos submetidos à irradiação abdominal. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 20 (1), 2005. DOURADO, K.F.; BURGOS, M.G.P.A.; CAMPOS, F.A.C.S.; NASCIMENTO, A.L.; SILVA, O.S. Papel da glutamina na Síndrome do Intestino Curto. Artigo de Revisão. Revista Brasileira de Nutrição Clinica. V. 22(2), p. 162-166, 2007. ELLIOTT, D. A.; BIOURGE, V. Royal Canin Viewpoint - Critical care nutrition. WALTHAM Focus. v.16 (3), p. 31 – 36, 2006. FERREIRA et al.. Avaliação da vacinação anti-rábica e da suplementação com probiótico na resposta imune humoral em bovinos. Ciências Agrárias, v.30, n. 3, p. 655-660, 2009. FONTANA, K.E.; VALDES, H.; VALDISSERA, V. Glutamina como suplemento ergogênico. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 11(3), p. 91-96, 2003. GIGER, U.; CASAL, M.L. Feline colostrum - friend or foe: maternal antibodies in queens and kittens. Journal of Reproduction and Fertility, v. 51, p. 313-316, 1997. GORMAN, N.T. Imunologia. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Moléstias do cão e do gato. 4ª. Ed. v. 2, cap. 147, p. 2735-2765. 1997. GRECO, D.S.; CHASTAIN, C.B. Endocrine and Metabolic Systems. In: HOSKINS, J.D. Veterinary pediatrics: dogs and cats from birth to six months. 3 ed. p. 344 -370. 2001 58 HARRIS, R.C.; HARRIS, P.A.; ROUTLEDGE, N.B.H.; NAYLOR, J.R.J. & WILSON, A.M. Plasma glutamine concentrations in the horse following feeding and oral glutamine supplementation. Equine Veterinary Journal. v.36, p.637-642, 2006. HOSKINS, J. D. Veterinary Pediatrics: Dogs and cats from birth to six months. Clinical evaluation of the kitten: from birth to eight weeks of age. 3a.ed, 2001. JAIN, N. C. Erytrocyte physiology and changes in disease. In: Essentials of veterinary hematology. Philadelphia, Lea & Fabiger. 1993. 133- 58. KANEKO, J.J. Serum proteins and the dysproteinemias and appendix IX. In: Kaneko, J.J. (ed) Clinical Biochemistry of domestic animals. 6ª ed. San Diego: Academic Press, 2008. KERR, M.G. Exames Laboratoriais em Medicina Veterinária. São Paulo: Roca, 2003. KIRK, C.A.; DEBRAEKELEER. J.; ARMSTRONG, P.J. Normal cats, in Small animal clinical nutrition. M.S. Hand, et al.., Editors. 2000, Mark Morris Institute: Missouri. p. 291 340. KITT, S.J.; MILLER, P.S.; LEWIS, A.J. et al.. Effects of glutamine on growth performance and small intestine villus height in weanling pigs. Nebraska Swine Report, p.29, 2002. KOOLMAN, J.; KLAUS-HEINRICH, R. Color Atlas of Biochemistry. Second edition. New York: Thieme, 2004. KRZYWKOWSKI, K.; PETERSEN, E.W.; OSTROWSKI, K.; KRISTENSEN, J.H.; BOZA, J. and PEDERSEN, B.K. Effect of glutamine supplementation on exercise-induced changes in lymphocyte function. American Journal of Physiology - Cell Physiology. v.281, p. C1259C1265, 2001. LEANDRO, C.G.; NASCIMENTO, E.; AZEVEDO, M.M.; VIEGAS, A.; ALBUQUERQUE, C.; CAVALCANTI, C.B.; MANHÃES-DE-CASTRO, R.; CASTRO, C.M.M.B. Efeito da L- 59 Glutamina sobre o perfil leucocitário e a função fagocítica de macrófagos de ratos estressados Revista de Nutrição, v.19 (4), p.437-444, 2006. MURTAUGH, R. J. Pediatrics: the kitten from birth to eight weeks. In: SHERDING, R. G. (ed). The cat diseases and clinical management. New York: Churchill Livingstone, 1994. p. 1877-91. NELSON, D.L.; COX, M.M. A Oxidação dos aminoácidos e a produção de uréia. In: Lehninger – princípios da bioquímica. 3ª. edição. São Paulo: 2002. p. 486 – 514. NEVES, J.S.; NASCIMENTO, J.E.A.; SILVA, M.H.G.G.; BICUDO, A.S.; NASCIMENTO, M.; JUNIOR, R.N. influência da glutamina na mucosa do intestino delgado de ratos submetidos à enterectomia extensa. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. v. 30, (6), p. 406-415, 2003. NEWSHOLME, P. Why Is L-Glutamine Metabolism Important to Cells of the Immune System in Health, Postinjury, Surgery or Infection? The Journal of Nutrition. v.131, p. 2515S–2522S, 2001. NEWSHOLME, P; PROCOPIO, J; LIMA, M.M.R; PITHON-CURI, T.C; CURI, R. Glutamine and glutamate – their central role in cell metabolism and function. Cell Biochemistry and Function. v. 21, p. 1-9, 2003. NORSWORTHY , G. D.; VIITA – AHO, T.K. Normal Laboratory Values. In: NORSWORTHY , G. D. The feline patient. 4th ed. p. 977-978, 2011. NRC – (National Research Council) Nutrient Requirements of Dogs and Cats – Animal Nutrition Series. Comparative Digestive Physiology of Dogs and Cats. 2006. OLIVEIRA JUNIOR, A. R. Glutamina, ácido glutâmico e ou extrato de levedura na dieta de leitões desmamados. Tese (Mestrado). Universidade Federal de Uberlândia. 2008. PALANCH, A.C. Metabolismo da glutamina no intestin0. In: In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p. 85-96. 60 PEDERSEN B K & ANDERS D T. Effects of exercise on lymphocytes and cytokines. British Journal of Sports Medicine. v.34, p.246-251, 2000. PENG, X.; YAN, H.; YOU, Z.; WANG, P.; WANG, S. Glutamine granule-supplemented enteral nutrition maintains immunological function in severely burned patients. Burns, v. 32, p. 589-593, 2006. PERES, C.M.; OTTON, R.; CURI, R. Glutamina e linfócitos. In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p.177188. PIRES, A.F. Resposta imunológica em cães adultos alimentados com dietas suplementadas com L-Glutamina e L-Ácido Glutâmico. Dissertação (mestrado). Centro Universitário Vila Velha, Vila Velha, 2011. POFFENBARGER, E. M.; OLSEN, P. N.; RALSTON, S. L.; CHANDLER, M. L. Canine neonatology. Part I. Disorders of the neonate. Compendium and Veterinary, v. 13, n. 1, p. 25-37, 1990. POMPÉIA, C. Glutaminase (E.C 3.5.1.2 ou L-glutamina amido-hidrolase). In: CURI, R. et al.. Glutamina: metabolismo e suas aplicações clínicas e no esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p. 17 -64. PRATS, A. Período neonatal. In: PRATS, A. Neonatologia e pediatria: canina e felina, Cap.3, p.30-41, Interbook editora, São Caetano do Sul – SP, 2005. ROBINSON, N.E. Transporte de gás no sangue. In: CUNNINGHAM. J.G.; KLEIN, B.G. Tratado de Fisiologia Veterinária. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008 RODWELL, V.W. Catabolism of Proteins & of Amino Acid Nitrogen. In: MURRAY, R.K.; GRANNER, D.K.; MAYES, P.A.; RODWELL, V.W. Harper’s Illustrated Biochemistry. Twenty-Sixth Edition. p. 242-247. 2003. 61 ROGERO, M.M.; TIRAPEGUI, J.; PEDROSA, R.G.; CASTRO, I.A.; PIRES, I.S.O.; OLIVEIRA, A.A.M. Efeito da suplementação com L-alanil-L-glutamina sobre a resposta de hipersensibilidade do tipo tardio em ratos submetidos ao treinamento intenso. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences v. 38, n. 4, 2002. ROGERO MM, BORELLI P, FOCK RA , OLIVEIRA PIRES IS, TIRAPEGUI J. Glutamine in vitro supplementation partly reverses impaired macrophage function resulting from early weaning in mice. Nutrition. v. 24, p. 589-98, 2008 . SAKAMOTO, M.I.; MURAKAMI,A.E.; SILVEIRA, T.G.V.; FERNANDES, J.I.M.; OLIVEIRA, C.A.L. Influence of Glutamine and Vitamin E on the Performance and the Immune Responses of Broiler Chickens. Brazilian Journal of Poultry Science. v.8, n.4, p. 243 – 249, 2006. SAS INSTITUTE. SAS/STAT: user´s guide statistics. Version 9.2. Cary: SAS Institute, 1999. SELL, A.M.; COSTA, C.P. Atividades biológicas das lectinas PHA, WGA, jacalina e artocarpina. Acta Scientiarum, v.22 (2), p.297-303, 2000. SOLTAN, M.A. Influence of Dietary Glutamine Supplementation on Growth Performance, Small Intestinal Morphology, Immune Response and Some Blood Parameters of Broiler Chickens. International Journal of Poultry Science, v. 8, n. 1, p. 60- 68, 2009. STURGESS, K. Enfermedades infecciosas de cachorros jóvenes y gatitos. In: SIMPSON, G. M.; ENGLAND, G. C. W.; HARVEY, M. J. (Eds). Manual de reproducción y neonatología en pequeños animales. Madrid: Harcourt, 2000. p. 215-24. TIZARD, I. Imunologia veterinária: Uma Introdução. 6.ed. São Paulo: Roca, 2000. 482p. VAN DEN BERG, A.; ELBURG, R. M.; WESTERBEEK, E. A. M.; TWISK, J. W. R.; FETTER, W. P. F. Glutamine-enriched enteral nutrition in very-low-birth-weight infants and 62 effects on feeding tolerance and infectious morbidity: a randomized controlled trial. American Journal of Clinical Nutrition. v.81, p. 1397-1404, 2005. VERONESI, C. Efeito de dois elementos comerciais secos no consumo energético, peso vivo e peso metabólico, escore corporal, escore e peso fecal de cães adultos em manutenção e atividade. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP, São Paulo, 2003. WEISS, D.J.; WARDROP, K.J. Schalm’s - veterinary hematology. 6a. ed. 2010. WILMORE, D.W. The effect of glutamine supplementation in patients following elective surgery and accidental injury. Journal of Nutrition., v.131, p. 2543s-2549s, 2001. WISLER, R.L.; YATES, A.J. Regulation of lymphocytes responses by human gangliosides Icharacteristics of inhibitory effects and the induction of impaired activation. Journal of Immunology, v. 125, p. 2106-2111, 1980. WU G., MEIER, S.A., KNABE, D.A. Dietary glutamine supplementation prevents jejunal atrophy in weaned pigs. J Nutr 126, 2578-2584. 1996. ZORAN, D.L. The carnivore conncetion to nutrition in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 221, n.11, p. 1559 -1567, 2002.