O que é o glaucoma

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O que é o glaucoma? Como prevenir e como tratar?
O glaucoma é uma doença ocular que se caracteriza pela morte progressiva das fibras do
nervo óptico e portanto pela dificuldade em transportar para o sistema nervoso central
as informações que chegam ao olho, e que se destinam a ser percebidas como imagens.
Como é sabido, o globo ocular comporta-se como uma máquina fotográfica. Tem uma
lente que é formada pela córnea e pelo cristalino, que foca a luz num filme que é a
retina. Aí, tal como na máquina fotográfica, a luz desencadeia fenómenos químicos que
por sua vez geram diferentes correntes eléctricas, que vão ser transportadas por uma
espécie de “cabo coaxial”, que é o nervo óptico, para o cérebro onde vão ser
“processadas” e “reveladas” como imagens. Percebe-se, portanto, que se o nervo óptico
perder parte das suas fibras nervosas, há informação que não chega ao seu destino e
portanto a qualidade e a quantidade de visão diminui. Mas, muito pior do que isso, no
glaucoma esta diminuição, por íncrivel que pareça, não dá sintomas, porque as pessoas
se vão adaptando e não consciencializam a perda no seu dia a dia. É parecido com o
envelhecimento: hoje estamos mais velhos que ontem ou do que no mês passado, mas
não notamos. Somente quando observamos fotos mais antigos tomamos consciência do
efeito do tempo. Por isso o glaucoma passa despercebido. As células vão morrendo, o
campo de visão vai empobrecendo, a sensibilidade ao contraste vai alterando e não se dá
por nada. Calcula-se que mesmo quando aparecem os primeiros defeitos no campo
visual, já houve perda de cerca de 40% das fibras do nervo óptico, sem tal ser percebido
pelo paciente.
Muitas vezes é confundido glaucoma com hipertensão ocular. Na verdade a tensão
ocular alta é um importante factor de risco, mas não é tudo. Sabe-se que quem tiver uma
tensão ocular de 27mm de hg tem 50% de hipóteses de desenvolver glaucoma e que
quem tiver uma tensão de 23mm hg tem essas hipóteses reduzidas para 10%. Mas há
pessoas com uma tensão ocular considerada normal, por exemplo 16mm de hg, que
mesmo assim desenvolvem morte celular no nervo óptico e portanto glaucoma. Há
portanto outros factores que conduzem a má perfusão sanguínea do nervo óptico, e por
consequência a danos graves no seu metabolismo. Um deles é a hipotensão sistémica
diastólica, que ocorre durante a noite em certos indivíduos, outro as alterações
vasculares provocadas pela hipertensão sistémica de longa duração, outro a diabetes e a
miopia elevada. A forma anatómica da cabeça do nervo óptico dentro do globo ocular, a
história familiar, a idade (mais frequente a partir dos 40 anos), a raça (mais frequente na
raça negra), são também factores de risco importantes.
É preciso, portanto, prevenir a morte celular, porque uma vez ocorrida esta é
irreversível. Nessa altura o tratamento limita-se a tentar adiar o mais possível o declínio
das fibras nervosas sobrantes, de forma a preservar a visão existente nesse momento. O
ideal será fazer o diagnóstico antes de haver sintomas. Para isso é preciso observar
regularmente as pessoas que têm os factores de risco enunciados, sobretudo os que têm
antecedentes na família ou que ultrapassaram os 40 anos. Somente o oftalmologista o
pode fazer, porque ao examinar o globo ocular sabe detectar sinais muito precoces, que
são prenúncio de glaucoma antes de haver hipertensão ocular medida pela aparelhagem.
Por isso os oftalmologistas aproveitam as consultas vulgares, de pessoas que se queixam
de um olho vermelho, de má visão para perto ou para longe corrigível com simples
óculos, para observar todo o globo, e em seguida fazer exames sofisticados para
confirmar o diagnóstico, se houver suspeitas.
O tratamento pode ser médico (instilação de gotas), cirúrgico ou com Laser. O seu
objectivo é baixar de tal modo a pressão ocular, que o fluxo sanguíneo chegue mais
facilmente ao nervo óptico, isto é deseja-se optimizar a sua perfusão vascular. Os
medicamentos actuam diminuindo a produção do humor aquoso ou facilitando a sua
saída do globo ocular. A cirurgia procura criar novos e alternativos canais de drenagem
E o Laser procura facilitar o escoamento alargando o sistema existente. Todos têm a sua
indicação, variando de pessoa para pessoa.
É importante que o doente adira ao tratamento. Os medicamentos são altamente
comparticipados, precisamente porque esta doença cega. Mesmo assim,calcula-se que
um terço dos pacientes, mesmo devidamente informados, não faz a terapêutica com
regularidade, precisamente porque não têm sintomas e portanto não sentem necessidade
de o fazer. É preciso, portanto, alertar toda a gente e lembrar que também aqui o
aforismo popular tem grande cabimento: mais vale prevenir que remediar.
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