Jornal do Centro de Saúde

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A Saúde Ocular
A Saúde dos Olhos, como a dos outros órgãos, necessita de ser prevenida, uma vez que
há muitas doenças que afectam irremediavelmente a visão, mas que estão muito tempo
sem dar sintomas. Isto significa, que é frequente uma pessoa sentir-se a ver muito bem,
e contudo os sistemas internos dos seus olhos estarem a sofrer um processo de
deterioração. Perguntar-se-á como é possível que isso só se note quando já é tarde.
Respondo com uma comparação: hoje não notamos que estamos mais velhos do que
ontem. È preciso olharmos para uma foto com um ano ou dois, para percebermos que
estamos diferentes. O mesmo se passa com a visão. Se todos os dias morrerem algumas
fibras nervosas, dos milhões que existem no globo ocular, não notamos nenhuma
diferença na nossa acuidade visual, só o sentindo quando a perca já foi bastante grande.
Por isso, torna-se necessário, que todas as pessoas sejam periodicamente observadas,
sobretudo se pertencem a Grupos de Risco. Por exemplo, um doente diabético, pode
estar a ver 10/10 em cada olho, isto é pode estar a ver 100%, e todavia ter a retina
gravemente afectada, vindo a deteriorar muito a visão num futuro próximo. Por isso,
qualquer diabético, mesmo que muito bem controlado, tem de ser observado uma vez
por ano pelo Oftalmologista, mesmo que não sinta nada. Outra situação que é comum, e
que afecta muitos portugueses é o Glaucoma, que ocasiona destruição selectiva das
fibras do nervo óptico com consequente perda da amplitude visual, sem o doente notar,
uma vez que pode chegar a um estado pré-terminal a ver 10/10, isto é sem sintomas.
Antigamente julgava-se que o Glaucoma era o resultado do aumento da pressão intra –
ocular. Hoje sabe-se que não é só assim. Há muitas pessoas com uma pressão ocular
considerada normal, que têm lesões intra-oculares semelhantes às do Glaucoma
clássico, e que evoluirão inexoravelmente para a cegueira se não forem tratadas. Tornase, portanto, imperioso identificar estas lesões antes de haver sintomas, isto é quando o
doente se sente bem. Estes dois exemplos, servem para que se perceba como é
importante a observação periódica por um Oftalmologista, a fim de que qualquer lesão
possa ser tratada antes de se tornar irreversível.
As crianças são um caso muito particular, sobretudo se de um olho vêm bem. Neste
caso ninguém da família presume que possa haver um problema. E todavia
frequentemente há problemas que se tornam irreversíveis. Como é sabido, quando
nascem, as crianças não vêm com distinção. A visão implica um processo de elaboração
cerebral, e é quando começam a chegar ao Sistema Nervoso Central, através do Nervo
Óptico informações visuais, que a criança começa a aprender a transformar em imagens
as sensações que lhe chegam, e portanto começa a ver. Primeiro desfocado, e depois
cada vez mais nítido, à medida que o processo se desenvolve. Isto significa, que se um
dos olhos tem um erro refractivo, por exemplo astigmatismo ou hipermetropia, a criança
vai preferir o outro olho que vê bem, ficando com a visão do primeiro por desenvolver
no seu Sistema Nervoso Central. É o que se designa geralmente por olho “preguiçoso”.
Tudo isto serve para alertar a população para um grave problema. Existem no nosso
meio social pessoas que se intitulam “Especialistas da Visão” ou “Optometristas”, que
vestem uma bata branca para parecerem “doutores”, e que são um perigo para a Saúde
Pública. Medem a visão das pessoas e “prescrevem” óculos quando encontram erros
refractivos, por mínimos que sejam. As pessoas ficam tranquilas, achando que porque
vêm bem, estão bem, deixando assim que progridam doenças que podiam ser tratadas se
diagnosticadas a tempo. Por isso, é preciso perceber que o exame da refracção (óculos)
é só uma pequena parte de um exame muito mais vasto do globo ocular, que tem de ser
feito periodicamente pelo Oftalmologista, que é o único profissional habilitado lidar
com a Saúde Ocular.
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