Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Programa de Pós Graduação em Ciência Animal nos Trópicos VALIDAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES BOVINOS COM TRANSPORTE DE OÓCITOS E DE EMBRIÕES POR LONGAS DISTÂNCIAS Marcus Vinícius Galvão Loiola Salvador-Bahia 2013 i Sistema de Bibliotecas - UFBA Loiola, Marcus Vinícius Galvão. Validação de um programa de produção in vitro de embriões bovinos com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias / Marcus Vinícius Galvão Loiola. - 2013. 60 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Antonio de Lisboa Ribeiro Filho. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Salvador, 2013. 1. Nelore (Zebu) - Reprodução. 2. Nelore (Zebu) - Transferência de embriões. 3. Ovulação Indução. 4. Sêmen. 5. Inseminação artificial. I. Ribeiro Filho, Antonio de Lisboa. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. III. Título. CDD - 636.20824 CDU - 636.2.082.453.58 ii MARCUS VINÍCIUS GALVÃO LOIOLA VALIDAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES BOVINOS COM TRANSPORTE DE OÓCITOS E DE EMBRIÕES POR LONGAS DISTÂNCIAS Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos. Área de concentração: Reprodução Animal Orientador: Prof. Dr. Antonio de Lisboa Ribeiro Filho SALVADOR – BA iii FEVEREIRO – 2013 BIBLIOGRAFIA DO AUTOR MARCUS VINÍCIUS GALVÃO LOIOLA - filho de Jaime Gonçalves Loiola Sobrinho e Anita Dourado Galvão Loiola, nasceu em 26 de julho de 1986, na cidade de Irecê, estado da Bahia. Iniciou o curso de graduação em Medicina Veterinária em fevereiro de 2005 na Universidade Federal da Bahia e em agosto de 2010 concluiu a graduação. Em 01 de março de 2011, ingressou no programa de Pós-graduação em Ciência Animal nos Trópicos, pela Universidade Federal da Bahia, sob orientação do professor Dr. Antonio de Lisboa Ribeiro Filho, defendendo a dissertação de mestrado em 25 de fevereiro de 2013. iv Dedico este trabalho ao meu pai, Jaime Gonçalves Loiola Sobrinho, por ser o maior incentivador na construção de minha carreira profissional e pelo exemplo de seriedade e dignidade, pelo carinho e dedicação a sua família, por todos os ensinamentos, conselhos e pela contribuição na formação do meu caráter. Dedico-o também a meu filho Emerson, que apesar de sua pouca idade, é o responsável pelos melhores momentos da minha vida. Nenhum problema ou preocupação consegue persistir diante do seu sorriso ou abraço. v AGRADECIMENTOS A Deus por todas as oportunidades concedidas, pela força e coragem para enfrentar todos os obstáculos nesta nova trajetória. Ao meu pai, Jaime Gonçalves Loiola Sobrinho, pelos ensinamentos, carinho e exemplo de ser humano e por contribuir de forma direta nos momentos mais difíceis desta caminhada e a minha mãe, Anita Dourado Galvão Loiola (in memorian) que acompanha todos os meus passos e neste momento se orgulha com esta realização. A minha esposa Tamira pelo apoio, palavras de incentivo diante das dificuldades da distância, pelos cuidados e ensinamentos ao nosso filho nos momentos em que tive de está ausente, pelo carinho e dedicação, por acreditar e ajudar a tornar este sonho em realidade. Você é muito especial para mim. A todos os meus familiares, em especial, Jardel, Denise, Ana, Fernando, Ricardo, Son (in memorian), Tia Dene, Tio Dadá e minhas queridas sobrinhas, que mesmo distantes, sempre me apoiaram e torceram pelo meu sucesso. Ao meu orientador, Dr. Antonio de Lisboa Ribeiro Filho, pela confiança depositada em todos esses anos, pelos ensinamentos, conselhos, amizade, brincadeiras e acima de tudo lealdade e respeito. Sou-lhe eternamente grato pelas oportunidades que tem me oferecido. Ao professor amigo, Marcos Chalhoub Coelho Lima, pela grande contribuição para minha carreira profissional, pelas orientações e ensinamentos, tanto acadêmico, como prático, pela acessibilidade sempre que necessário, pela oportunidade a me concedida de vivenciar a realidade do profissional de campo e por contribuir com sugestões relevantes para este trabalho. Aos grandes amigos de profissão, Sidnei, Endrigo, Alexandra, Priscila, Carlos Henrique, Bruno, Alana, Edivânia e Mariana, pela amizade, convivência e enorme participação neste trabalho, a ajuda de todos vocês foi crucial para execução deste trabalho e mostra o quanto somos fortes quando estamos unidos como uma verdadeira equipe. A todos os colegas, funcionários e professores do Laboratório de Fisiopatologia da Reprodução Animal e da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA pela ajuda no desenvolvimento desta pesquisa. vi A Coordenação Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos de suma importância para desenvolvimento deste trabalho. Enfim, a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho. MUITO OBRIGADO!!!! vii LISTA DE FIGURAS Validação de um programa de produção in vitro de embriões bovinos com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Página Figura 1. Produção de embriões bovinos no Brasil de acordo com a técnica utilizada, durante o período de 1995-2010 10 viii LISTA DE TABELAS Validação de um programa de produção in vitro de embriões bovinos com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Página Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Participação do Brasil no total de embriões bovinos produzidos in vivo e in vitro no mundo, durante o período 2000-2008 Taxas de oócitos viáveis recuperados (OOVI), embriões produzidos (EMB) e de gestação (GES). Médias e desvio padrão de oócitos totais recuperados (OOTO), OOVI, EMB e número de prenhezes por sessão de OPU em um programa de PIVE na raça Nelore com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Comparação da taxa de clivagem (TXCLIV), da taxa de embriões produzidos (TXEMB) e da taxa de gestação (TXGES) em um programa de PIVE utilizando sêmen convencional (CONV), ou sêmen sexado (SEX) com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Comparação entre as taxas de gestação de receptoras que tiveram os embriões transportados por longas distâncias e inovulados no turno da manhã (TE-M), no turno da tarde (TE-T) e no turno da noite (TE-N) 10 30 33 34 ix LISTA DE SIGLAS %: Por cento χ2: Qui-quadrado µg: Microgramas µL: Microlitro BRL: Buffalo rat liver BSA: Albumina Sérica Bovina CIV: Cultivo in vitro CL: Corpo lúteo CO2: Dióxido de carbono CONV: Sêmen convencional CR1aa: Charles Rosenkrans 1 - aminoácidos CR2aa: Charles Rosenkrans 2 - aminoácidos D0: Dia 0 D10: Dia 10 D11: Dia 11 D17: Dia 17 D8: Dia 8 DNA: Ácido desoxirribonucleico eCG: Gonadotrofina coriônica equina EMB: Embriões produzidos Fert-talp: Tyrode albumina lactato piruvato FIV: Fertilização in vitro FSH: Hormônio folículo estimulante GDF9: Fator de crescimento e iniciação-9 GES: Gestações h: Horas IA: Inseminação artificial IATF: Inseminação artificial em tempo fixo IEC: Índice de escore corporal IGF: Fator de crescimento semelhante à insulina IGF-I: Fator de crescimento semelhante à insulina I im: Intramuscular KSOM: Namely potassium simplex optimization medium LH: Hormônio luteinizante mg: Miligramas Mhz: Megahertz MIV: Maturação in vitro mL: Mililitro mm: Milímetros mmHg: Milímetro de mercúrio MOET: Múltiplas ovulações e transferência de embriões N2: Gâs nitrogênio O2: Gâs oxigênio ºC: Graus Celsius OOTO: Oócitos totais recuperados x OOVI: Oócitos viáveis OPU: Aspiração folicular guiada por ultrassonografia (Ovum pick up) P4: Progesterona PGF2α: Prostaglandina F2α PHE: Epinefrina PIVE:Produção in vitro de embriões S: Desvio-padrão SBTE: Sociedade Brasileira de Tecnologias em embriões SEX: Sêmen sexado SFB: Soro fetal bovino SOF: Synthetic oviductal fluid SPSS: Statistical Package for Social Science SVE: Soro de vaca em estro TCM: Tissue Culture Medium TE-M: Transferência de embrião no turno da manhã TE-N: Transferência de embrião no turno da noite TE-T: Transferência de embrião no turno da tarde TETF: Transferência de embriões em tempo fixo TXCLI: Taxa de clivagem TXEMB: Taxa de embriões produzidos TXGES: Taxa de gestação U.I.: Unidades internacionais VERO: Linhagens de células estabelecidas para cultivo xi SUMÁRIO Validação de um programa de produção in vitro de embriões bovinos com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Resumo Página 1 Abstract 3 Introdução 5 Objetivos 6 Hipóteses 7 Revisão de Literatura 7 Histórico da produção in vitro de embriões bovinos 7 Produção in vitro de embriões bovinos no Brasil e no mundo 9 Etapas da produção in vitro de embriões 11 Utilização de sêmen sexado na produção in vitro de embriões bovinos 19 Transporte de oócitos por longas distâncias 21 Transporte de embriões por longas distâncias 22 Sincronia receptora-embrião 24 Material e Métodos 25 Animais e local do experimento 25 Aspiração folicular 25 Transporte dos oócitos e dos embriões 26 Produção in vitro dos embriões 27 Transferência de embriões 28 Diagnóstico de gestação 29 Análise estatística 29 Resultados e Discussão 30 Conclusões 35 Referências 37 1 Validação de um programa de produção in vitro de embriões bovinos com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias RESUMO Objetivou-se avaliar a viabilidade de um programa de produção in vitro de embriões (PIVE) bovinos da raça Nelore cuja maturação oocitária e cultivo embrionário ocorreram parcialmente durante o transporte, determinar o efeito da fertilização com sêmen sexado sobre a taxa de clivagem, a produção de embriões e a taxa de gestação, assim como, a influência de diferentes sincronias receptora-embrião sobre a taxa de gestação em um programa de PIVE com transporte de oócitos e embriões por longas distâncias. Para tanto, 123 fêmeas Nelore foram submetidas a 274 procedimentos de aspiração folicular (OPU). Os oócitos foram aspirados em fazendas no estado da Bahia, classificados e apenas os considerados viáveis eram acondicionados em criotubos e transportados em incubadora portátil em condições de maturação in vitro para o laboratório no estado de São Paulo. No laboratório, prosseguiram-se as etapas de produção in vitro, sendo que a fertilização era realizada com espermatozoides oriundos de sêmen convencional (grupo CONV) ou sexado para fêmea (grupo SEX). No dia seis do cultivo embrionário, os embriões produzidos eram submetidos às mesmas condições de transporte que os oócitos, em meios de cultivo e remetidos para as fazendas no estado da Bahia onde eram transferidos às receptoras. O tempo gasto com o transporte variou de 18 a 24 horas, sendo que todos os embriões foram transferidos no dia sete, entretanto em diferentes turnos, perfazendo três grupos experimentais: TE-M, embriões inovulados durante a manhã (06:00 à 11:59), TE-T, inovulações à tarde (12:00 à 17:59) e TE-N, inovulações à noite (18:00 à 24:00). O diagnóstico de gestação foi realizado por ultrassonografia transretal. As fêmeas tiveram média de 46,18±32,7 oócitos recuperados e 30,74±24,3 oócitos viáveis por OPU. A taxa de embriões produzidos foi de 32,85% (10,09±6,2 embriões/OPU) e a taxa de gestação foi de 33,12% (2,71±1,2 prenhez/OPU). O tipo de sêmen não influenciou na taxa de clivagem dos oócitos (CONV=61,49% e SEX=63,43%, P=0,49), assim como, nas taxas de embriões produzidos (CONV=38,11% e SEX=47,76%, P=0,054) e nas taxas de gestação (CONV=33,37% e SEX=31,93%, P=0,586). Em relação ao turno da inovulação (sincronia receptora- 2 embrião): As taxas de gestação entre os embriões transferidos pela manhã e à tarde não diferiram (TE-M: 36,10% e TE-T: 40,99%, P=0,167), assim como, entre à tarde e à noite (TE-T: 40,99% e TE-N: 50,00%, P=0,095), no entanto, houve diferença entre as taxas de gestação no turno da manhã e da noite (TE-M: 36,10% e TE-N: 50,00%, P=0,006). Os resultados encontrados demonstram que o transporte de oócitos e de embriões foi eficiente em um programa de PIVE bovinos, mesmo quando utilizado o sêmen sexado, entretanto, uma atenção especial deve ser dada a sincronia receptoraembrião, visto que, esta pode interferir nas taxas de gestação. Palavras-chave: Bos indicus, Nelore, Sêmen sexado, Sincronia receptora-embrião, Transferência de embriões 3 Validation of a program of in vitro production of bovine embryos with transport of oocytes and embryos for long distances ABSTRACT This study aimed to assess the feasibility of a program of in vitro embryo production (PIVE) Nellore cattle whose oocyte maturation and embryo development occurred partly during transport, to determine the effect of fertilization with sexed semen on the cleavage rate, production embryos and pregnancy rates, as well as the influence of different synchronicities receptor-embryo on pregnancy rate in a program with PIVE transport of oocytes and embryos for long distances. Therefore, 123 Nellore underwent 274 procedures follicular aspiration (OPU). The oocytes were aspirated on farms in the state of Bahia, classified and only considered viable and were placed in vials and transported in portable incubator under conditions of in vitro maturation to the laboratory in the state of São Paulo. In the laboratory, they proceeded up the steps of production in vitro, fertilization was performed with sperm from semen conventional (group CONV) or to sexed female (group SEX). On day six of embryo development, the embryos produced were subjected to the same conditions of carriage that oocytes, in culture medium and sent to farms in the state of Bahia where they were transferred to recipients. The time spent on transport ranged from 18 to 24 hours, and all embryos were transferred on day seven, though in different shifts, totaling three experimental groups: TE-M embryos transferred during the morning (06:00 to 11: 59), TE-T, transfer afternoon (12:00 to 17:59) and TE-N, transfer evening (18:00 to 24:00). Pregnancy diagnosis was performed by transrectal ultrasonography. Females had a mean of 46.18 ± 32.7 oocytes retrieved and 30.74 ± 24.3 viable oocytes by OPU. The rate of embryos produced was 32.85% (10.09 ± 6.2 embryos / OPU) and the pregnancy rate was 33.12% (2.71 ± 1.2 pregnancy / OPU). The type of semen did not influence the cleavage rate of oocytes (CONV = 61.49% and 63.43% SEX =, P = 0.49), as well as the rates of embryos produced (CONV = 38.11% and SEX = 47.76%, P = 0.054) and in pregnancy rates (CONV = 33.37% and SEX = 31.93%, P = 0.586). Regarding the shift of embryo transfer (embryo-recipient synchrony): Pregnancy rates between embryos transferred in the morning and in the afternoon did not differ (TE-M: 36.10% and TE-T: 40.99%, P = 4 0.167 ) and between afternoon and evening (TE-T: 40.99% and TE-N: 50.00%, P = 0.095), however, there were differences in the pregnancy rates during the morning and night (TE-M: 36.10% and TE-N: 50.00%, P = 0.006). The results show that the transport of oocytes and embryos was efficient in a program PIVE cattle, even when used sexed semen, however, special attention should be given to embryo-recipient synchrony, since is can interfere in rates of gestation. Keywords: Bos indicus, Nelore, Sexed semen, embryo-recipient Synchrony, Transfer of embryos 5 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, as fêmeas bovinas têm sido alvo de numerosas pesquisas visando um melhor aproveitamento de seus gametas, principalmente aquelas consideradas geneticamente superiores (SENEDA et al., 2002). Segundo Gordon (2003), bezerras ao nascimento possuem mais de 100 mil oócitos em seus ovários, que pelas vias naturais podem dar origem a 0,01% de produtos viáveis, algo próximo de dez descendentes em toda sua vida reprodutiva. Uma forma de melhorar a exploração desses gametas é através das biotecnologias da reprodução, como a indução de múltipla ovulação e transferência de embriões (MOET) e a produção in vitro de embriões (PIVE) (MERTON et al., 2003). O Brasil passou por um crescimento significativo no segmento das biotecnologias na última década. Após um amplo e consolidado conhecimento na obtenção de embriões in vivo, o país passou a dominar a aspiração folicular ou ovum pick up (OPU) e a PIVE, ocupando uma posição importante no mercado de embriões bovinos, sobretudo, por possuir o maior rebanho comercial do mundo e ser o principal exportador de carne bovina (IBGE, 2011; SENEDA et al., 2002). Atualmente, o método in vitro superou a MOET e tornou-se a técnica de escolha na produção de embriões (VIANA et al., 2012), especialmente, por ser mais utilizada em raças zebuínas, as quais fisiologicamente possuem uma maior população folicular, maior recuperação de oócitos por aspiração e consequentemente maior produção embrionária (PONTES et al., 2010). A PIVE é considerada uma ferramenta eficiente para a produção de animais de maior mérito genético, sendo um instrumento importante para exploração maximizada do potencial reprodutivo dos rebanhos, diminuindo o intervalo entre as gerações e acelerando o melhoramento genético animal (VARAGO et al., 2008). Vários fatores podem influenciar nos seus resultados: diferentes metodologias de maturação, cultivo, capacitação espermática, sêmen, individualidade da doadora e do touro, entre outros (CAMARGO et al., 2006). O crescimento desta biotecnologia no Brasil permitiu sua aplicação em larga escala e a exportação deste modelo para vários países latino-americanos e de outros continentes (BOLS et al., 2012; MEIRELLES et al., 2008). Entretanto, a grande 6 extensão territorial e a distância entre as propriedades onde ficam os animais e os laboratórios de PIVE, muitas vezes têm limitado a expansão da produção in vitro comercial, principalmente pelas condições e pelo tempo gasto com o transporte dos oócitos e dos embriões (ALVES et al., 2003; MARINHO et al., 2012; TESSMANN et al., 2004). Diversas alternativas de transporte têm sido relatadas, um exemplo é o uso de incubadoras portáteis capazes de simular o ambiente do laboratório, permitindo assim, tanto a maturação dos oócitos, quanto o cultivo dos embriões enquanto estes são transportados, o que possibilita a execução de todo o processo de produção in vitro sem nenhuma interrupção até o momento de transferência para as receptoras (MAX et al., 2012). Entretanto, são poucos os estudos envolvendo essas temáticas e os resultados apresentados na literatura ainda são controversos (ALVES et al., 2003; ARRUDA et al., 2012). Sendo assim, o estudo de estratégias de transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias e o impacto que a utilização de doses de sêmen sexado, assim como, a inovulação do embrião transportado por longas distâncias em diferentes sincronias receptora-embrião sobre os resultados destes procedimentos, possibilitará um melhor entendimento e elementos auxiliares ao emprego desta tecnologia por técnicos e criadores. OBJETIVOS Considerando os questionamentos apresentados acima, os objetivos desta pesquisa foram: • Avaliar a viabilidade de um programa de produção in vitro de embriões bovinos da raça Nelore cuja maturação oocitária e cultivo embrionário ocorreram parcialmente durante o transporte por longas distâncias. • Determinar o efeito da fertilização com sêmen sexado para fêmea na taxa de clivagem, produção de embriões e taxa de gestação em um programa de produção in vitro de embriões com transporte de oócitos e embriões por longas distâncias. 7 • Estudar a influência de diferentes sincronias receptora-embrião sobre a taxa de gestação em um programa de produção in vitro de embriões com transporte de oócitos e embriões por longas distâncias. HIPÓTESES Ao realizar este trabalho hipotetisou-se que: • O transporte de oócitos e de embriões pode ser realizado por longas distâncias, desde que em um ambiente que simule as mesmas condições de atmosfera e de temperatura que são cultivados no laboratório. • O sêmen sexado para fêmea pode ser utilizado na PIVE bovinos cujos oócitos foram transportados por longas distâncias, apresentando resultados similares ao sêmen convencional em relação a taxa de clivagem, produção de embriões e taxa de gestação. • O momento da inovulação influencia nos resultados da taxa de gestação das receptoras devido à necessidade de uma sincronia entre a receptora e o embrião transportado por longas distâncias. REVISÃO DE LITERATURA Histórico da produção in vitro de embriões bovinos Os primeiros estudos sobre fertilização tiveram como referências trabalhos realizados com estrela do mar a partir de 1940, pelo fato que, nestes invertebrados a fertilização ocorre externamente ao sistema reprodutor da fêmea (GONÇALVES et al., 2002). Posteriormente surgiram as pesquisas relacionadas com a produção de embriões in vitro, que em mamíferos, tiveram como marco o nascimento do primeiro bebê de proveta, Louise Brown, na Inglaterra no ano de 1978 (STEPTOE e EDWARDS, 1978 apud GONÇALVES et al., 2002). 8 O primeiro bezerro produzido por fertilização in vitro (FIV) nasceu em 1981 nos Estados Unidos, provenientes de oócitos maturados in vivo (BRACKETT et al., 1982 apud SENEDA et al., 2002). No Brasil, vários laboratórios iniciaram suas pesquisas com FIV no final da década de 1980 (WATANABE et al., 2002). Em 1994, uma equipe de pesquisa obteve gestações de embriões zebuínos fertilizados in vitro (PEIXER et al., 1994) e em 1996 pesquisadores da Universidade de São Paulo conseguiram o nascimento de bezerros da raça Nelore mediante os processos de maturação, fecundação e cultivo embrionário in vitro (AZAMBUJA et al., 1996). Até o final da década de 90, a produção in vitro de embriões no Brasil foi realizada, quase que exclusivamente, para fins de pesquisas e consequentemente não teve impacto comercial (VIANA et al., 2012). Devido à sua complexidade e características de altos custos era esperado um crescimento lento, apenas para atender as demandas de mercados específicos (PONTES et al., 2010). Posteriormente, estudos realizados por universidades e centros de pesquisas contribuíram para a formação de uma base sólida de conhecimento na área, o desenvolvimento de protocolos de maturação, fertilização e cultivo in vitro, a melhor compreensão e controle da fisiologia reprodutiva em raças zebuínas e a otimização da aspiração folicular guiada por ultrassonografia (OPU) foram pontos cruciais para tornar esta biotecnologia pronta para o uso comercial (RUBIN, 2005). O período entre 1999 e 2003 marcou a saída da PIVE do laboratório para o campo (VIANA et al., 2012), entretanto, sendo utilizada em paralelo com a MOET e compreendida ainda como uma alternativa complementar em casos específicos, como doadoras inférteis ou de altíssimo valor financeiro (THIBIER, 2005). A partir de 2004 houve uma estabilização e posteriormente um declínio na utilização da MOET e a produção in vitro tornou-se a técnica de escolha para a produção de embriões no Brasil (VIANA et al., 2010). O principal motivo para a expansão da PIVE comercial foi a superação do maior limitador da superovulação: a inconsistente resposta ovariana a estímulos exógenos de FSH em doadoras bovinas (BARUSELLI et al., 2006). Entre outros fatores que contribuíram para a hegemonia desta biotécnica estão ainda: o maior número de folículos disponíveis para aspiração nos ovários de doadoras zebuínas e a qualidade e o potencial dos oócitos recuperados nestes animais, uma vez 9 que, 97,3% dos embriões bovinos produzidos no Brasil são de doadoras Bos taurus indicus (VIANA et al., 2012). O contínuo e expressivo aumento da PIVE, sustentado principalmente pelas raças zebuínas de corte, estabilizaram-se nos últimos anos, contudo, passou a ser observado um avanço significativo da utilização desta técnica no setor leiteiro a partir de 2005 até os dias atuais (VIANA et al., 2010). Do ponto de vista comercial, esta ferramenta, associada a OPU, vem sendo cada vez mais acessível e eficiente, podendo ser considerada uma técnica consolidada que provocou uma mudança significativa no cenário nacional da indústria de embriões (SENEDA et al., 2002; 2006). Produção in vitro de embriões bovinos no Brasil e no mundo De acordo com relatórios fornecidos pela Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE), a produção de embriões bovinos no Brasil aumentou significativamente na última década. Este aumento é diretamente relacionado com a expansão da PIVE, que se tornou a técnica de escolha para aumentar o número de descendentes de animais geneticamente superiores (VIANA et al., 2010). A figura 1 mostra o crescimento da indústria de produção de embriões no país, diferenciando o número de embriões produzidos pelas diferentes técnicas (MOET e PIVE) entre o período de 1995-2010. Uma grande expansão no número total de embriões produzidos pode ser notada a partir de 2000, sendo que em 2004 a produção anual supera a marca de 200.000 embriões. Durante 2005-2010 a produção brasileira total tende a se estabilizar com números em torno dos 300.000 embriões/ano (VIANA et al., 2012). Em relação à produção in vitro, o Brasil passa então a liderar o ranking mundial. Em 2003 já são mais de 60.000 embriões gerados por este método (SENEDA et al., 2006; THIBIER, 2004) e em 2008 foi responsável por mais da metade da produção in vitro do mundo, ultrapassando a marca dos 220.000 embriões (Tabela 1) (MEIRELLES et al., 2008). Figura 1. Produção de embriões bovinos no Brasil de acordo com a técnica utilizada durante o período de 1995-2010 10 Fonte: Adaptado de Viana et al. (2012) Tabela 1. Participação do Brasil no total de embriões bovinos produzidos in vivo e in vitro no mundo, durante o período 2000-2008 In vivo In vitro Total Ano Brasil Mundo % Brasil 2008 69,53 746,25 9,3 220,43 330,95 66,6 289,95 1.077,20 26,9 2007 57,37 763,47 7,5 212,44 434,58 48,9 269,81 1.198,05 22,5 2006 83,74 777,75 10,8 204,40 441,36 46,3 288,14 1.219,11 23,6 2005 122,21 789,97 15,5 137,04 330,65 41,4 259,25 1.120,62 23,1 2004 117,82 691,55 17,0 83,29 319.09 26,1 201,11 1.010,63 19,9 2003 117,83 693,79 17,0 63,16 330,85 19,1 180,99 1.024,64 17,7 2002 86,86 629,69 13,8 48,67 160,70 30,3 135,53 790,38 17,1 2001 46,30 580,08 8,0 10,20 109,21 9,3 56,50 689,28 8,2 2000 59,45 664,32 8,9 12,53 139,37 9,0 71,98 803,69 9,0 Fonte: Adaptado de Viana et al. (2010) Mundo % Brasil Mundo % 11 O cenário nacional da indústria de embriões passa então a refletir nos números da produção mundial. A participação do país no panorama mundial aumenta até 2005, estabilizando nos próximos anos, sendo responsável por 26,9% da produção total de embriões em todo o mundo em 2008 (VIANA et al., 2010). Enquanto no restante do mundo, na maioria das vezes, a técnica in vitro é utilizada como última opção, em situações onde a recuperação de embriões pela lavagem uterina é inviável, no Brasil a PIVE bovinos tem se tornado a primeira opção na multiplicação de animais de interesse zootécnico (NONATO JR et al., 2003). Certamente este fato correlaciona-se com o plantel nacional, pelo predomínio da raça Nelore, tanto por produzir mais na PIVE, quanto pela valorização dos embriões devido aos altos preços muitas vezes alcançados nesta raça. Com o maior domínio da técnica e a grande quantidade de laboratórios também contribuiu para a sua popularização (PONTES et al., 2011). Etapas da produção in vitro de embriões O termo PIVE é geralmente utilizado para se referir a uma série de procedimentos realizados em laboratório, que incluem a maturação, a fertilização e o cultivo in vitro, necessários para produzir embriões a partir de oócitos imaturos. Além disso, a colheita dos oócitos realizada através da OPU também é considerada por alguns autores como uma etapa da PIVE (VAGARO et al., 2008). Colheita dos oócitos A colheita de oócitos é considerada a base do programa de produção de embriões in vitro (PIETERSE et al., 1988), podendo ser realizada tanto in vitro, por meio de ovários de abatedouros, quanto in vivo, através de diversos procedimentos que foram evoluindo ao longo das últimas décadas (GONÇALVES et al., 2008). Quando realizada in vitro, através de ovários de abatedouros, é efetuada a punção folicular com agulha acoplada a uma seringa ou bomba de vácuo 12 (GONÇALVES et al., 2002). Apesar de bastante utilizada com propósitos científicos e viabilizar o nascimento de um número expressivo de descendentes de doadoras que vieram a óbito, quando realizada de forma comercial, este procedimento apresenta algumas dificuldades, como: problemas no transporte do abatedouro ao laboratório, o desconhecimento acerca do estado de saúde e do padrão hormonal dos animais, assim como a impossibilidade de repetição da técnica para um mesmo animal (SENEDA et al., 2002). Com os entraves da colheita em ovários de abatedouros, foram propostas novas alternativas, buscando o aproveitamento de oócitos in vivo (BOLS et al., 1995; LEIVAS et al., 2004). Primeiramente foi realizada de forma cirúrgica, através de diferentes técnicas como a laparotomia, a laparoscopia transvaginal ou paralombar e a colpotomia, sendo possível a recuperação de oócitos com êxito em vacas, novilhas e até mesmo bezerras (HINRICHS et al., 1990; TESSMANN, 2004), entretanto, a dificuldade de realização destas técnicas, a ocorrência de fibroses, aderências ovarianas e os riscos de peritonites impediram sua expansão (LOONEY et al., 1994). O advento da ultrassonografia na reprodução animal marcou a evolução da obtenção de oócitos bovinos in vivo (BONI, 2012). Os primeiros relatos ocorreram em 1987, em que os ovários eram manipulados por via transretal e posicionados dorsolateralmente na cavidade abdominal e um transdutor linear com frequência de 3,5 MHz era posicionado externamente na pele, na região paralombar, de forma que fosse possível a visualização dos folículos e sua punção por meio de agulhas específicas (SENEDA et al., 2002). Posteriormente, Pieterse et al. (1988), a partir de modificações da técnica usada para humanos, descreveram a aspiração folicular via transvaginal por meio da ultrassonografia, tornando viável o aproveitamento de oócitos de forma simples e inócua, podendo ser repetida várias vezes em um mesmo animal, sem as limitações descritas nos procedimentos anteriores. Na OPU, um sistema de bomba a vácuo permite a recuperação de oócitos e líquido folicular para um tubo coletor. Em seguida, é feita a procura e seleção dos oócitos viáveis, em microscópio estereoscópico, de acordo com sua morfologia, aqueles selecionados são então, transportados até o laboratório onde se inicia as etapas de produção in vitro (GARCIA et al., 2004). 13 A associação da OPU com a PIVE tornou-se uma alternativa interessante para a produção de embriões principalmente por poder ser aplicada independente do estado reprodutivo da doadora, ou seja, fêmeas gestantes, acíclicas, além daqueles animais com alterações patológicas do aparelho reprodutor localizadas na tuba ou útero, e ainda naquelas que não respondem a superovulação (BONI, 2012). Desde sua consolidação, esta técnica vem passando por diversas modificações em busca de melhorias na quantidade e qualidade de oócitos recuperados (SENEDA et al., 2002). O tipo de agulha e a pressão do vácuo durante a aspiração são pontos cruciais na busca por uma melhor eficiência (SENEDA et al., 2006). Diferentes diâmetros e comprimentos de agulhas foram testados, associados ou não, a pressão do vácuo. Uma maior quantidade de oócitos pode ser recuperada de acordo com o aumento na pressão durante a aspiração, entretanto, a proporção de camadas de células do cumulus, assim como a produção de blastocisto tende a diminuir (BOLS et al., 1997). Dessa forma, é interessante um equilíbrio entre a eficiência da aspiração e a qualidade dos oócitos aspirados (BONI, 2012). Atualmente, a OPU encontra-se relativamente estabilizada quanto ao uso de equipamentos e aparato técnico, com poucas expectativas de mudanças. Relatos de campo mostram que uma dupla bem treinada consegue realizar a aspiração e seleção de oócitos de 20 vacas por dia, apresentando resultados bastante satisfatório e capaz de promover demanda suficiente para as etapas posteriores da produção de embriões (SENEDA et al., 2006). Maturação in vitro (MIV) Durante a maturação, primeira etapa laboratorial da produção in vitro, os oócitos colhidos passam por uma série de transformações do núcleo e do citoplasma, maturação nuclear e citoplasmática tornando-os aptos a serem fertilizados (GORDON, 2003). A maturação nuclear, in vivo, inicia após o pico pré-ovulatório de LH, enquanto que in vitro, esse processo é iniciado logo após a remoção do oócito do ambiente folicular, quando é retomada a meiose. Esta compreende a quebra da vesícula germinativa, seguida por condensação da cromatina, desaparecimento do nucléolo e 14 desintegração do núcleo. Durante este processo acontece a progressão do estádio diplóteno da primeira prófase meiótica até a metáfase II (GONÇALVES et al., 2008). A maturação citoplasmática consiste na reorganização das organelas intracelulares, incluindo a migração das mitocôndrias para a posição perinuclear, deposição dos grânulos corticais abaixo da membrana vitelina e às alterações dos padrões de síntese proteica, sendo que a transcrição de genes só voltará a ocorrer após a transição materno-zigótica (GARCIA et al., 2004). Células somáticas (da granulosa e do cumulus oophorus) têm um papel importante durante a aquisição da competência oocitária na maturação in vitro (VARAGO et al., 2008). Elas interagem com os oócitos através das junções ‘gap’, facilitando a passagem de nutrientes e proteínas reguladoras que participam do crescimento e da maturação destes (MIYANO, 2003). Para que todos os eventos de maturação oocitária ocorram in vitro é necessário que os meios utilizados durante este período mimetizem as condições encontradas durante o processo de maturação in vivo (GARCIA et al., 2004). A grande maioria dos laboratórios tem utilizado o Tissue Culture Medium (TCM) como meio de maturação (GORDON, 2003). Este meio base é modificado de acordo com a rotina de cada laboratório, sendo, geralmente, adicionado de piruvato, lactato, aminoácidos, bicarbonato de sódio, vitaminas, penicilina, estreptomicina, entre outros (GONÇALVES et al., 2008). Pode ainda ser suplementado com fontes proteicas de origem animal como Soro Fetal Bovino (SFB) e a Albumina Sérica Bovina (BSA) (VARAGO et al., 2008), ou ainda Soro de Vaca em Estro (SVE) (GONÇALVES et al., 2002). A adição de alguns hormônios ao meio, com LH, FSH, ou ainda a associação de ambas as gonadotrofinas com hormônios esteroides, tem sido implementada em função da especificidade da ação que cada hormônio deve exercer tanto para maximizar a porcentagem de oócitos que completam a meiose quanto para aumentar a capacidade de fecundação e desenvolvimento até o estádio de blastocistos (ALVES et al., 2001; SAEKI et al., 1991). Um dos principais motivos de redução na produção in vitro de embriões é a falta de competência dos oócitos antes da maturação (ALVES et al., 2003). Alguns estudos tem demonstrado que a qualidade do oócito está relacionada com o ambiente folicular, 15 havendo uma relação entre o tamanho do folículo e a competência oocitária, onde a competência aumenta com o aumento do folículo (KRUIP et al., 2000; LONERGAN et al., 1994). Com poucas exceções, a maturação de oócitos bovinos in vitro é realizada a 39°C por 22 a 24h em atmosfera de 5% de CO2 em ar e umidade saturada (GONÇALVES et al., 2002). Somente após a conclusão dos processos de maturação nuclear e citoplasmática é que o oócito torna-se competente para a fertilização e o desenvolvimento embrionário inicial (VARAGO et al., 2008). Fertilização in vitro (FIV) A fertilização é caracterizada pela fusão do espermatozoide com o oócito, após ocorre a exocitose dos grânulos corticais e a retomada da meiose com extrusão do segundo corpúsculo polar e formação do pronúcleo feminino. O núcleo espermático se descondensa transformando-se no pronúcleo masculino (HAFEZ e HAFEZ, 2004). Os pronúcleos masculino e feminino migram para o centro do oócito, o envelope nuclear se desintegra e ocorre a associação dos cromossomos para a primeira divisão mitótica, a clivagem, iniciando o desenvolvimento embrionário (GONÇALVES et al., 2002). In vivo, para que ocorra a fertilização é necessário que o espermatozoide percorra um longo trajeto pelo trato genital da fêmea até chegar ao sítio de fertilização no oviduto. Durante este percurso, glicosaminoglicanos presentes no interior do trato reprodutivo feminino induzem sua capacitação (HAFEZ e HAFEZ, 2004). Para fertilização in vitro, a capacitação espermática é geralmente promovida pela heparina, um glicosaminoglicano presente em altas concentrações no trato reprodutivo de fêmeas bovinas, principalmente durante o estro (BLONDIN et al., 2009). In vitro, antes da capacitação, após o descongelamento da palheta de sêmen, os espermatozoides viáveis precisam ser separados do plasma seminal, dos crioprotetores, dos extensores e das células mortas (GONÇALVES et al., 2008). Para bovinos, os métodos de separação espermática mais utilizados são o gradiente de percoll e o swimup (GALLI e LAZZARI, 1996). 16 Testes com diferentes concentrações inseminantes deveriam ser realizados buscando a concentração de espermatozoides ideal para cada touro, maximizando a capacidade fecundante da amostra de sêmen. Como estes testes não tem aplicabilidade na prática de laboratórios comercias, geralmente é utilizada a concentração de 1 x 106 a 2 x 106 espermatozoides/mL, calculada de acordo com a motilidade e a população viva de espermatozoides obtida após o processo de separação (GONÇALVES et al., 2002). O co-cultivo de espermatozoides e oócitos, é realizado por um período de 6 a 9h ou 18 a 22h, a depender da rotina do laboratório, a 39°C e 5% de CO2 em ar e umidade saturada. O meio base mais utilizado é o Tyrode-albumina-lactato-piruvato (FERTTALP) (VARAGO et al., 2008). O sistema de fertilização in vitro tenta mimetizar as condições in vivo. Porém, resultados variados são obtidos com espermatozoides oriundos de touros ou partidas diferentes. Uma média de 40% ou mais dos oócitos maturados e fecundados in vitro podem se desenvolver até o estádio de blastocisto (BAVISTER, 2002). Cultivo in vitro (CIV) O cultivo embrionário in vitro, corresponde ao desenvolvimento do oócito fertilizado até o estádio de blastocisto. É durante este período que ocorrem eventos como: ativação do genoma embrionário (transcrição materno-zigótica), divisão celular (clivagem), compactação dos blastômeros no estádio de mórula, início da diferenciação embrionária (células do trofoblasto, que darão origem à placenta e anexos fetais, e células da massa celular interna, que formarão o feto propriamente dito) com a formação da blastocele (GARCIA et al., 2004). Esses fenômenos podem ser afetados por uma variedade de fatores intrínsecos e extrínsecos, como íons inorgânicos, tampões, composição da atmosfera gasosa, aminoácidos, pH, fatores de crescimento, luminosidade, vitaminas e macromoléculas (CAMARGO et al., 2006). Muitos estudos têm demonstrado diferenças envolvendo aspectos morfológicos e moleculares entre embriões produzidos in vivo e in vitro, os quais interferem nas taxas de gestação. Embriões produzidos in vitro apresentam coloração mais escura, menor 17 compactação da massa celular, formação prematura da blastocele, alteração na proporção da massa celular interna e células trofoblásticas, alterações na expressão genética e metabolismo celular (GONÇALVES et al., 2002). O bloqueio no desenvolvimento embrionário no momento da ativação do seu genoma (estádio de 8 a 16 células nos bovinos), causado pelos efeitos adversos ou carências dos meios utilizados foi o responsável pela grande dificuldade na obtenção in vitro de embriões bovinos nas décadas de 60 e 70, levando ao desenvolvimento de cultivos in vivo, onde embriões de duas e quatro células produzidos in vitro desenvolviam em ovidutos até o estádio de blastocisto (VARAGO et al., 2008). Posteriormente começaram os cultivos de embriões com co-cultivos de células somáticas em estufas com atmosfera sem o controle de O2, como células do oviduto, da granulosa, células VERO (linhagens celulares estabelecidas para cultivo), células BRL (buffalo rat liver), entre outras (GONÇALVES et al., 2002). Depois estes foram substituídos por sistemas com meios e atmosfera de 5% de CO2 (GONÇALVES et al., 2008). Há mais de trinta anos diferentes sistemas de cultivo vêm sendo estudados e testados, porém, algumas respostas em relação aos efeitos destes no desenvolvimento embrionário ainda estão em aberto (CAMARGO et al., 2006). Os diversos nutrientes utilizados não conseguem suprir totalmente as necessidades embrionárias, ainda sendo observadas alterações moleculares e fenotípicas nos embriões e neonatos (FARIN et al., 2006). Atualmente existe uma grande variedade de meios de cultivo para o desenvolvimento embrionário, sendo, as condições de cultivo in vitro de fundamental importância para obtenção de bons índices de produção (GARCIA et al., 2004). De acordo com sua formulação, os meios podem ser classificados em: indefinido, semidefinido ou definido (CAMARGO et al., 2006). No sistema de cultivo indefinido, o soro é o principal componente e possui uma série de fatores benéficos ao embrião, como: aminoácidos, fatores de crescimento, vitaminas e substratos energéticos. Além disso, co-cultivo de células somáticas também pode ser inserido neste meio, contribuindo para o desenvolvimento embrionário pela remoção de substâncias nocivas como metais pesados e pela secreção de substâncias embriotróficas (BAVISTER, 1995). 18 Entretanto, traz como desvantagem a produção de fatores tóxicos aos embriões, alteração na produção, em decorrência da variação nos componentes do meio, alterações durante a gestação e fenotípicas nos neonatos, aumento na proporção de machos e distúrbios na expressão genética (BAVISTER, 1995; GUITIÉRREZ-ADAN et al., 2001; WALDROP et al., 2004) No meio semi-definido o soro é substituído pela albumina, uma proteína que está presente no trato reprodutivo dos mamíferos e é relacionada com a nutrição do embrião no período após a compactação. O uso da BSA busca eliminar os efeitos nocivos do soro, contudo, por ser um componente biológico também pode contaminar o cultivo e prejudicar o desenvolvimento embrionário (TOMPSON, 2000). Os sistemas definidos permite um maior controle das condições de cultivo por eliminar as variações nutricionais e os efeitos deletérios das substâncias biológicas, uma vez que, são substituídas por macromoléculas como álcool polivinílico e polivinilpirrolidona. Entretanto, por não ter ação protetora, como o soro e a BSA, os resultados são inconsistentes e mais baixos quando comparado aos sistemas citados anteriormente, limitando seu uso comercial (KURAN et al., 2001). Entre os principais meios de cultivo embrionário disponíveis no mercado, estão o SOF (Fluido Sintético do Oviduto), o KSOM, o CR1aa e o CR2aa. O uso de meios sequenciais também vem sendo utilizado, devido às variações nas exigências nutricionais dos embriões durante o seu crescimento. Estes são modificados durante o cultivo, de forma a simular as condições encontradas nos diferentes locais do trato reprodutivo durante o período de pre-implantação embrionária (CAMARGO et al., 2006). O cultivo embrionário in vitro varia de 7 a 9 dias a 39°C, atmosfera controlada (5% de O2, 5% de CO2 e 90% de N2) e umidade saturada. A taxa de blastocisto geralmente é avaliada no 7° dia após a fecundação, quando são transferidos, sendo que os blastocistos podem permanecer na estufa até o 9° dia para avaliar a taxa de eclosão in vitro (GONÇALVES et al., 2008). 19 Utilização de sêmen sexado na produção in vitro de embriões bovinos Cada gameta (célula haplóide) possui apenas um cromossomo sexual, o feminino (oócito) é portador do cromossomo sexual X e o masculino (espermatozoide) possui o cromossomo sexual X ou Y. Dessa forma, o sexo genético é determinado pelo cromossomo sexual presente no espermatozoide (X ou Y), no momento da fertilização (HAFEZ e HAFEZ, 2004). Após a determinação do sexo genético no embrião, a diferenciação sexual cursa com o desenvolvimento gonadal que desencadeará o desenvolvimento do sexo fenotípico. Sendo assim, células somáticas diploides de fêmeas possuem dois cromossomos sexuais similares (X e X), enquanto as células somáticas dos machos apresentam cromossomos sexuais diferentes (um cromossomo X e um menor, o cromossomo Y) (GARNER e SEIDEL, 2008). De forma natural na reprodução, para as espécies mamíferas, a proporção do sexo esperada é em torno de 50:50 (XU et al., 2009). A busca por métodos capazes de selecionar o sexo dos animais sempre foi um desafio para a humanidade e objeto de estudos ao longo dos anos (ARRUDA et al., 2012; WHEELER et al., 2006). Depois de diversas técnicas experimentadas, atualmente, a sexagem de espermatozoides através da citometria de fluxo é largamente aceita com grande avanço entre as tecnologias da reprodução (BLONDIN et al., 2009). Baseada na diferença entre o conteúdo do DNA do espermatozoide X e Y (aproximadamente 4% em bovinos), esta técnica, que foi desenvolvida em 1989 por Larry A Johnson, é considerada o principal método validado para seleção do sexo antes do nascimento, sendo que na espécie bovina avançou suficientemente para permitir o uso de forma comercial (BLONDIN et al., 2009; SEIDEL et al., 1999). A precisão da sexagem está em torno de 85-95% e a velocidade de separação das células espermáticas, que no início da técnica era de 300.000 células/hora aumentou atualmente para 15-20 milhões/hora atualmente. Entretanto, esta velocidade de separação continua a ser um gargalo para a ampliação do uso de sêmen sexado em larga escala (XU et al., 2009). Outra grande preocupação com a implantação desta tecnologia está relacionada com a menor fertilidade do sêmen sexado quando comparado com o sêmen 20 convencional, a qual pode ser atribuída a dois fatores: danos sofridos às células espermáticas durante a técnica de citometria de fluxo e a menor quantidade de espermatozoides por palhetas por consequência da velocidade de sexagem (SEIDEL et al., 1999). Ao analisar os parâmetros seminais em diferentes touros, Blondin et al. (2009) observaram menor motilidade dos espermatozoides que foram submetidos ao processo de sexagem, quando comparado com o convencional, demonstrando comprometimento na qualidade do sêmen quando submetido a este procedimento. Os altos preços das doses de sêmen sexado aliado aos resultados inconsistentes quando utilizado na inseminação artificial (IA) tem limitado sua expansão (SEIDEL e SCHENK, 2008). No entanto, os resultados são animadores quando associado à produção in vitro (PONTES et al., 2010). Na IA em média 2 x 106 espermatozoides são necessários para fertilizar um oócito, já na FIV pode ser usado em média apenas 1.000 espermatozoides por oócito, maximizando o aproveitamento da dose inseminante (YANG et al., 1993). Ao longo dos últimos anos diversos estudos relataram a utilização de sêmen sexado na produção de embriões bovinos in vitro (XU et al., 2009). Contudo, uma série de questões parece influenciar seus resultados, com grande variabilidade nas taxas de obtenção de blastocistos (ARRUDA et al., 2012). Apesar das limitações encontradas, a produção de embriões in vitro tem contribuído para uma maior difusão do uso de sêmen sexado (PONTES et al., 2010). Existem controvérsias quanto aos resultados da PIVE com sêmen sexado, enquanto alguns estudos mostram taxas de clivagem e produção de blastocistos semelhantes às encontradas com sêmen convencional (BLONDIN et al., 2009; CARVALHO et al., 2010; LU e SEIDEL, 2004), outros mostram resultados inferiores com o sêmen sexado (MERTON et al., 1997; PALMA et al., 2008; STINSTROFF et al., 2012). No entanto, a técnica ainda está em desenvolvimento e é inegável o grande avanço proporcionado pelo seu uso na indústria de embriões bovinos in vitro, as perspectivas são altamente favoráveis especialmente com o aumento da PIVE no segmento da pecuária leiteira (ARRUDA et al., 2012). 21 Transporte de oócitos por longas distâncias No Brasil, em função da grande extensão territorial, as condições de transporte de oócitos até os laboratórios de PIVE são consideradas como fator limitante na produção comercial de embriões bovinos, em muitos casos, o tempo transcorrido nestes transportes pode interferir diretamente na viabilidade dos oócitos e nas posteriores etapas da produção in vitro (LEIVAS et al.,2004; TESSMANN et al., 2004). Apesar de diversos avanços na recuperação de oócitos, poucos são os estudos envolvendo o transporte destes do local das OPUs até as centrais produtoras de embriões (FRY et al., 2000; WOLF et al., 1998). Alguns aspectos como, o meio utilizado, recipientes onde são acondicionados, a duração do transporte e a temperatura entre a coleta e a chegada ao laboratório podem influenciar no desenvolvimento embrionário in vitro (TESSMANN et al., 2004; WARD et al., 2000). Quando o transporte é realizado por um período curto, o uso do próprio líquido folicular pode ser uma alternativa, pois substâncias presentes neste líquido proporcionam graus variáveis de bloqueio da meiose, possibilitando maior sincronia entre a maturação nuclear e citoplasmática, sendo adequado para a manutenção dos oócitos por pouco tempo, entretanto, por períodos prolongados este bloqueio pode provocar redução nas taxas de embriões produzidos. (LEHMKUHL et al., 2000; VIZCARRA et al., 2000). O uso de meio de maturação no transporte de oócitos se faz interessante, uma vez que, proporciona condições adequadas de maturação já durante o transporte, melhorando os resultados da PIVE quando comparado ao transporte em meios de manutenção (GARCIA et al., 1998). De acordo com alguns autores, uma menor variação do pH dos meios de transporte é de grande importância para melhorar os resultados na PIVE. No sistema de tamponamento de meios através de bicarbonato/CO2 o controle do pH é efetuado pela mudança da concentração de bicarbonato no meio, ou pelo conteúdo de CO2 na atmosfera gasosa. Nos sistemas onde não se utiliza uma atmosfera controladora, produzida por estufas de cultivo, o tamponamento dos meios pode ser realizado pelo uso de um tampão orgânico denominado Hepes [N-(2-hidroxietil) piperazina-N-(2ácidoetanosulfônico)] (ALVES et al., 2003). 22 Entre os principais métodos de transporte adotados pelos laboratórios estão: o uso de criotubos ou tubos de ensaio em estufas portáteis em que o pH do meio é controlado pelo sistema bicarbonato/CO2 (KAISER et al., 1999), o uso de meios que contenham tampão orgânico (Hepes), que não necessita de controle da atmosfera (LEIVAS et al., 2004; SILVA et al., 2011), o uso de tubos de poliestireno em banhomaria (OLIVER et al., 1998) ou placas de cultivo acondicionadas em bolsas plásticas seladas (PALMA et al., 1998). Avaliando o transporte de oócitos bovinos em criotubos com meio de maturação TCM associado ao tampão Hepes, a 38,5ºC, sem controle da atmosfera gasosa, acondicionados em incubadora portátil (Minitub), Silva et al. (2011) não encontraram diferença nas taxas de blastocistos quando o transporte foi simulado por até nove horas em relação ao grupo controle, mostrando viabilidade desta técnica por este período. Em um estudo semelhante, entretanto, com tubo de poliestireno em banho-maria, a 39ºC, Leivas et al. (2004) não encontraram diferença no número e na qualidade de blastocistos, quando os oócitos foram transportados por até 12 horas, contudo, uma redução significativa ocorreu quando este transporte se prolongou por 18 horas. Tessmann et al. (2004) mostraram a possibilidade de transporte-maturação de complexos cumulus-oócitos de bovinos em palhetas de 0,25 mL em TCM-Hepes, acondicionadas em garrafas térmicas a 38,5ºC, sem controle da atmosfera gasosa, por até seis horas sem prejuízo ao desenvolvimento embrionário in vitro. A busca por alternativas práticas e eficientes para o transporte de oócitos bovinos aspirados no campo até os laboratórios tende a continuar dentro do contexto nacional no qual está inserida a produção in vitro de embriões bovinos (SILVA et al., 2011). Transporte de embriões por longas distâncias Em um programa de PIVE em larga escala existem algumas limitações. Uma delas é a distância entre os laboratórios de produção in vitro e as propriedades rurais onde são criadas as receptoras. Muitas vezes as fazendas com grandes rebanhos bovinos em que os animais são utilizados como receptoras estão localizadas em áreas novas de 23 produção, como ao norte e nordeste do Brasil, enquanto que os grandes centros de produção in vitro estão a milhares de quilômetros de distância nas regiões sul e sudeste (MARINHO et al., 2012). Vários estudos foram conduzidos buscando simular o transporte de embriões em diferentes condições e por variados períodos (HASLER et al., 1997; MEZALLIRA et al., 2004; YANG et al., 1991). De acordo com Ramos et al. (2006), a simulação de transporte em palhetas de 0,25mL por até 12 horas, não interferiu na viabilidade embrionária, quando analisada a taxa de eclosão dos embriões. Também simulando o transporte em palhetas, Brum et al. (2002) não encontraram diferença em relação a taxa de eclosão e números de células quando comparado com o cultivo em placas, afirmando ser uma forma prática, na qual os blastocistos bovinos podem continuar o seu desenvolvimento enquanto são transportados por longas distâncias para serem transferidos. Após o transporte por seis horas em meio TCM-Hepes + 10% de SVE em temperatura ambiente (22-25ºC), blastocistos produzidos in vitro foram transferidos para as receptoras, mantendo a taxa de gestação de 33,3%, resultados considerados satisfatórios pelos autores (MEZZALIRA et al., 2004). Contudo, Yang et al. (1991) mostraram que a taxa de gestação para embriões produzidos in vitro está inversamente proporcional ao tempo de transporte. O transporte de embriões se faz importante também devido às limitações da criopreservação em embriões Bos taurus indicus produzidos in vitro, restringindo o aproveitamento das receptoras no momento em que estes são produzidos (MARINHO et al., 2012). Uma alternativa para longas distâncias é o transporte de embriões no próprio meio de cultivo, onde de acordo com a distância, os embriões são transportados em diferentes estádios de desenvolvimento de forma que o fim do transporte coincida com o fim do cultivo, ou seja, o dia sete do CIV (dia 0 = dia da FIV). Assim as últimas etapas de desenvolvimento ocorrem durante o transporte, sendo este realizado em incubadoras portáteis simulando as condições do laboratório (39º e 5% de CO2 em ar) (PONTES et al., 2010). 24 Sincronia receptora-embrião A variabilidade nos resultados das transferências de embriões produzidos in vitro ainda é um dos entraves para a sua expansão, e a maioria dos problemas são relacionados com as receptoras (MARINHO et al., 2012). Entre os fatores que afetam as taxas de gestação, a sincronia entre o trato reprodutivo da receptora e o embrião no momento da inovulação é de grande relevância (ANDRADE et al., 2012). Maiores conhecimentos da função ovariana, por meio da ultrassonografia, permitiram a elaboração de protocolos eficientes em controlar o status luteínico e folicular em receptoras de embrião, possibilitando uma eficiente sincronização e permitindo a transferência de embriões em tempo fixo (TETF) (BARUSELLI et al., 2004; BÓ et al., 2004). Entre os protocolos existentes no mercado, destacam-se os tratamentos com dispositivos de progesterona/progestágenos e estrógenos, os quais têm apresentado altas taxas de aproveitamento de receptoras (85-90%) e de gestação (40-50%), além de eliminar a necessidade de detecção de estro, viabilizando programas de transferência de embriões em tempo fixo em larga escala (BÓ et al., 2004; RODRIGUES et al., 2010). A sincronia entre o ambiente uterino e o embrião é essencial para maximizar a sobrevivência embrionária, diversas mudanças ocorrem no útero durante o desenvolvimento embrionário, mediadas principalmente pela progesterona (REIS et al., 2006). Quando embriões são produzidos in vivo, a sincronia entre a receptora e o embrião transferido é estimada pela comparação entre a data do cio das receptoras e da doadora. Na PIVE esta sincronia é estimada pelo cio das receptoras e o dia da FIV. Existem relatos que o desenvolvimento embrionário é retardado em embriões produzido in vitro, no momento da ativação do genoma embrionário em comparação com embriões produzidos in vivo (SAKAGUCHI et al., 2002). Sakaguchi et al. (2002) encontraram variação nos resultados quando os embriões foram inovulados em momentos diferentes, obtendo maior taxa de gestação em receptoras que deram cio no dia da FIV. Dias et al. (2006) descreveram que a taxa de gestação foi influenciada pela sincronia embrião-receptora e consideraram esta variável 25 como uma das mais importantes na seleção das receptoras em programas de produção de embriões. MATERIAL E MÉTODOS Animais e local do experimento Foram utilizadas como doadoras de oócitos, 123 vacas Bos taurus indicus da raça Nelore, selecionadas com base no mérito genético. Estes animais apresentavam escore de condição corporal médio de 3,80±0,5 (escala de 1-5) (HOUGHTON et al., 1990), idade média de 6,00±3,1 anos e tinham atividade ovariana regular (baseado em exame de palpação retal e ultrassonografia). Foram realizadas 274 sessões de OPU, com média de 2,23±1,1 procedimentos por animal, sendo que nenhum tratamento hormonal foi realizado antes das sessões. Novilhas e vacas mestiças (Bos taurus indicus x Bos taurus taurus) foram utilizadas como receptoras. Esses animais foram avaliados por exames ginecológicos e sanitários, receberam as vacinas obrigatórias e contra as principais doenças da esfera reprodutiva sendo mantidas a pasto com água e sal mineral à vontade. O experimento ocorreu entre os anos de 2011 e 2012. Todos os animais que participaram (doadoras e receptoras) estavam em fazendas comerciais localizadas no estado da Bahia e a produção in vitro dos embriões ocorreu em um laboratório comercial no estado de São Paulo a uma distância aproximada de 2.000 quilômetros das fazendas onde estavam os animais. Aspiração folicular O procedimento de aspiração folicular foi realizado utilizando-se equipamento de ultrassonografia (ALOKA SSD 500, Aloka, Japão) com transdutor microconvexo de 5MHz conectado a uma guia de biópsia com agulha hipodérmica de 19G (Becton Dickinson, Curitiba, Brasil) e linha de aspiração (Corning, Acton, MA, EUA) em tubo 26 de centrífuga de 50mL aquecido (37ºC). A pressão de vácuo foi obtida com uma bomba de aspiração (BV004, WTA, Cravinhos, Brasil), ajustada entre 72 e 78mmHg. Antes de cada procedimento era realizada limpeza e assepsia da região perianal com água e álcool 70%. Para evitar movimentos peristálticos e desconforto ao animal era feita anestesia epidural com 5mL de Lidocaína a 2% (Anestésico L, Pearson, São Paulo, Brasil). Em seguida o transdutor era inserido até o fundo de saco vaginal e, com o auxílio da manipulação retal, os ovários eram posicionados para obtenção de uma boa visualização dos folículos na tela do ultrassom. Os folículos visualizados eram posicionados no percurso da linha de punção e então aspirados pela agulha conectada ao sistema com pressão negativa acionada pela bomba de vácuo. O mesmo procedimento era repetido em todos os folículos visualizados em ambos os ovários. O meio de colheita dos oócitos e de lavagem da agulha e do sistema era composto de DPBS (Dulbecco Mod. PBS, Vitrocell, Campinas, Brasil) acrescido de 5,0 UI/mL de heparina sódica (Liquemine, Roche, Rio de Janeiro, Brasil). O material aspirado era transferido para um filtro de colheita de embriões (Vitrocell, Campinas, Brasil) e lavado com a mesma solução usada na aspiração. O sedimento restante no filtro era transferido para placas de Petri 100x20mm (TPP, Vitrocell, Campinas, Brasil) e observado em microscópio estereoscópio (SZM 1000, Nikon, Melville, EUA), onde procedeu a busca e classificação dos oócitos de acordo com a sua morfologia (número de camadas e o grau de expansão das células do cumulus e o aspecto do citoplasma quanto à cor, homogeneidade e integridade) em grau I, II, III e IV segundo Gonçalves et al. (2002). Transporte dos oócitos e dos embriões Os oócitos considerados viáveis (grau I, II e III) foram lavados em solução de TCM 199 Hepes (Gibco Life Techonologies, Grand Island, EUA), suplementada com 10% de SFB, 50µg de gentamicina e 2,2µg de piruvato. Após esta etapa, os oócitos eram acondicionados em criotubos (Uniscience, São Paulo, Brasil) com 400µL de meio de maturação constituído de TCM-199 bicarbonato (Gibco Life Techonologies, Grand 27 Island, EUA); suplementado com 10% de SFB; 50UI de hCG/mL; 0,5µg/mL de FSH; 1µg/mL de estradiol; 2,2µg/mL de piruvato e 70µg/mL de amicacina. Este meio era recoberto por 300µL de óleo mineral. Por fim, gaseificava-se o ambiente interno do criotubo (Uniscience, São Paulo, Brasil) com uma mistura de 5% de CO2 e submetiamse os mesmos ao transporte em incubadora portátil (19180/0002, Minitube, Tiefenbach, Alemanha, Brasil) a uma temperatura de 38,5ºC. Os oócitos eram transportados de carro até o aeroporto mais próximo e então remetidos de avião para o laboratório no estado de São Paulo. Chegando ao laboratório, concluía-se a etapa de maturação e seguia a fertilização e o cultivo in vitro. Posteriormente, os embriões produzidos eram transportados de volta à Bahia, fazendo o mesmo percurso dos oócitos, para serem transferidos as receptoras. Em decorrência da distância, os oócitos iniciavam a MIV e os embriões completavam o CIV enquanto eram transportados. O transporte dos embriões ocorria em condições semelhantes às dos oócitos, entretanto, em meio de CIV. Devido à logística dos percursos eram feitos cálculos do tempo gasto com o transporte (em média 18 a 24 horas) de forma que os embriões retornavam no dia seis (D0 - dia da FIV) e eram sempre inovulados no dia sete. Ao fim do transporte, os embriões eram novamente avaliados e envasados em palhetas de 0,25mL para serem transferidos. Produção in vitro dos embriões Chegando ao laboratório, os oócitos em maturação eram transferidos para placas de Petri 100x20mm (TPP, Vitrocell, Campinas, Brasil), em microgotas de 100µL de meio de maturação semelhante ao usado no transporte. Os oócitos permaneceram incubados por 24 horas (levando em consideração o tempo gasto com o transporte) a 38,5ºC em atmosfera de 5% de CO2 em ar. Percorrido o tempo de maturação, os oócitos eram lavados três vezes em meio de fecundação TALP-FIV e transferidos para microgotas de 100µL de meio de fecundação Tyrode modificado (TALP) suplementado com 10µg/mL de heparina e 160µL de solução de epinefrina (PHE). Foi utilizado sêmen criopreservado 28 comercializado de 12 touros diferentes da raça Nelore. A depender do acasalamento sugerido pelos proprietários das doadoras, os oócitos maturados eram direcionados para fertilização com espermatozoides provenientes de sêmen convencional (grupo 1 – CONV) ou sêmen sexado para fêmea (grupo 2 – SEX). O sêmen era separado em gradiente de Percoll 90 e 45%, submetido a uma força de centrifugação de 200g durante 30 minutos. O segmento recuperado era avaliado e ajustado de modo a obter a concentração final de 100 X 103 espermatozoides viáveis por gota. Posteriormente, foram incubados por 18 horas a 39ºC em atmosfera de 5% em ar, para a fecundação. Após o tempo de fecundação, as estruturas foram lavadas por três vezes e transferidas para microgotas de 100µL de meio de cultivo SOF modificado recobertas com óleo mineral. O meio de cultivo foi renovado em cada microgota no terceiro e no quinto dia (feeding), permanecendo nestas por um período de seis dias, até serem submetidos ao transporte para as propriedades onde estavam as receptoras. Transferência de embriões Foi utilizado um protocolo de transferência de embrião em tempo fixo, onde no dia 0, as receptoras receberam um dispositivo intravaginal de progesterona (DIB®, MSD Saúde animal, São Paulo, Brasil) associado a 2mg de Benzoato de Estradiol i.m. (Gonadiol®, MSD Saúde animal, São Paulo, Brasil). No dia 8, os dispositivos foram retirados e foram aplicados 300UI de Gonadotrofina Coriônica Equina i.m. (eCG, Novormon®, MSD Saúde animal, São Paulo, Brasil), 500µg de Cloprostenol i.m.(Ciosin®, MSD Saúde animal, São Paulo, Brasil) e 1mg de Cipionato de Estradiol i.m. (ECP®, Pfizer, Guarulhos, Brasil). O dia 10 foi considerado como o dia do estro e os embriões foram transferidos no dia 17. Anteriormente a cada inovulação, os mesmo procedimentos referentes a limpeza, assepsia e anestesia realizados nas doadoras, foram conferidos às receptoras. Também foram realizados exames dos ovários por ultrassonografia (ALOKA SSD 500, Aloka, Japão) para confirmar a presença e o tamanho do corpo lúteo (CL), sendo que apenas receptoras com CL maior que 13mm receberam embrião. 29 Devido à distância entre o laboratório e as fazendas onde se encontravam as receptoras, foi avaliada também uma possível influência do momento da inovulação (sincronia receptora-embrião) sobre taxa de gestação. Sendo assim, um percentual dos embriões produzidos (n=893) foi inovulado em turnos diferentes no dia sete (D0 - dia da FIV), sendo distribuídos em três grupos experimentais: TE-M (n=457), embriões inovulados durante a manhã (06:00 à 11:59), TE-T (n=322), inovulações à tarde (12:00 à 17:59) e TE-N (n=114), inovulações à noite (18:00 à 24:00). Diagnóstico de gestação O diagnóstico de gestação foi realizado por ultrassonografia transretal, 30 dias após a data da FIV e repetido com 60 dias, utilizando transdutor linear de 5,0MHz (ALOKA SSD 500, Aloka, Japão). Foi considerado diagnóstico de gestação positivo a presença de uma vesícula embrionária com viabilidade confirmada (batimento cardíaco). A taxa de gestação foi calculada dividindo o total de receptoras gestantes pelo total de vacas que receberam embrião. Análise estatística Os dados foram processados usando o Statistical Package for Social Science (SPSS, versão 19). Para tanto, realizou-se a seguinte sequência de análises: 1- A média e o desvio padrão das características de interesse ao estudo foram obtidas por meio da análise descritiva; 2- As diferenças entre as taxas de clivagem e taxas de embriões produzidos entre os grupos CONV e SEX foram comparadas utilizando o teste T de Student. 3- As taxas de gestação entre os grupos CONV e SEX e entre os diferentes turnos de inovulação foram comparadas empregando um estudo de dispersão de frequências utilizando o teste de Qui-quadrado (χ2). Os testes foram realizados considerando um nível de significância de 0,05. 30 RESULTADOS E DISCUSSÃO Um total de 12.653 oócitos foi recuperado em 274 sessões de aspiração. Em média 46,18±32,7 oócitos foram obtidos por OPU e 8.423 (66,56%) foram considerados viáveis, gerando uma média de 30,74±24,3 oócitos viáveis por procedimento (Tabela 2). Estes resultados divergem dos obtidos por Viana et al. (2012) que analisaram os dados de quatro consolidadas empresas brasileiras produtoras de embriões bovinos in vitro e encontraram média de 19,90 oócitos por OPU, variando entre 15,20 e 24,40. Entretanto, trabalhando apenas com animais da raça Nelore (Bos taurus indicus), Pontes et al. (2011) analisaram o desempenho de 317 doadoras durante 656 sessões de aspiração folicular em um centro comercial de produção in vitro de embriões e encontraram média de 30,84±0,88 oócitos recuperados por aspiração, sendo 23,35±0,72 considerados viáveis. Da mesma forma, Rubin et al. (2004) encontraram média de 25,14 oócitos viáveis por OPU em fêmeas Nelore. Tabela 2. Taxas de oócitos viáveis recuperados (OOVI), embriões produzidos (EMB) e de gestação (GES). Médias e desvio padrão de oócitos totais recuperados (OOTO), OOVI, EMB e número de prenhezes por sessão de OPU em um programa de PIVE na raça Nelore com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Variáveis Taxa (%) Média±(S)/Sessão OPU-PIVE OOTO ----- 46,18±32,7 OOVI 66,56 (8.423/12.653) 30,74±24,3 EMB GES 32,85 (2.767/8.423) 33,12 (745/2.249) 10,09±6,2 2,71±1,2 Fonte: Dados coletados no presente estudo A disponibilidade de oócitos é considerada por vários autores uma das características que mais influencia a produção de embriões in vitro. Esta característica apresenta grande variabilidade individual e depende de diversas variáveis fisiológicas ou patológicas, como idade, padrão nutricional, estação do ano, temperatura e fatores genéticos (MEIRELLES et al., 2008). A forma como cada procedimento de aspiração 31 folicular é realizado pela equipe técnica também influencia na recuperação oocitária, a quantidade de punções, o tipo de bomba de vácuo, a pressão utilizada, o tipo de agulha, a eficiência do técnico e modificações na classificação dos oócitos, são fatores extrínsecos que podem justificar as divergências entre a literatura e os resultados aqui expostos (PONTES et al., 2009; SENEDA et al., 2006; RUBIN et al., 2004; VIANA e BOLS, 2005). A taxa de embriões produzidos, a partir de oócitos que foram submetidos a maturação durante o transporte em incubadora portátil por até 24 horas foi de 32,85% (Tabela 2), tendo uma média de 10,09±6,2 embriões produzidos por aspiração. Estes resultados corroboram aos encontrados por Alves et al. (2003) os quais avaliaram a influência do transporte de oócitos na produção in vitro de embriões bovinos e conseguiram uma taxa de embriões produzidos de 33,6%, entretanto, neste estudo o transporte foi simulado por seis horas e ocorreu em tubos de poliestireno de 5mL a 30ºC. Estes autores não encontraram influência do transporte de oócitos no desenvolvimento embrionário in vitro, sugerindo-o como uma alternativa para melhorar o emprego da OPU/PIVE. Contudo Leivas et al. (2004), ao trabalhar com transporte de oócitos bovinos em meio de maturação associado a um tampão orgânico Hepes, sem controle de atmosfera gasosa a 39ºC, verificaram uma redução significativa do desenvolvimento embrionário quando a duração do transporte prolongou por até 18 horas. Esses resultados foram atribuídos a uma possível incapacidade do tampão Hepes em manter o pH por até 18 horas, o que pode ter determinado prejuízos no desenvolvimento posterior dos embriões. O modelo de transporte de oócitos usado neste experimento foi eficiente mesmo quando o transporte foi prolongado por mais de 18 horas, a produção de embriões encontrada neste estudo apresenta-se em acordo com a média nacional relatada por Brum et al. (2002) de 35% de blastocisto no dia sete de cultivo. Estes resultados podem ser justificados pela menor variação do pH do meio através do controle da atmosfera gasosa com a gaseificação prévia dos criotubos, mantendo 5% de CO2 em ar e o controle eficiente da temperatura através da incubadora portátil, simulando as condições encontradas no laboratório durante a MIV. 32 A quantidade de embriões produzidos, em alguns momentos, superou a quantidade de receptoras disponíveis para transferência, dessa forma, em determinadas situações ao longo do experimento parte dos embriões produzidos foram descartados. Então, do total de 2.767 embriões, 2.249 foram transferidos (Tabela 2). A taxa de gestação foi de 33,12%, correspondendo a uma média de 2,71±1,2 gestações por OPU. Pontes et al. (2010) submeteram embriões bovinos produzidos in vitro ao transporte por longas distâncias nas mesmas condições do presente estudo e encontraram taxas de gestação total de 39%. Porém, a média de gestações por procedimento foi inferior a aqui apresentada, provavelmente pelo menor número de oócitos recuperados por doadora. As taxas de gestação encontrada neste estudo são similares as citadas por Viana et al. (2010) a partir de comunicações pessoais de renomadas empresas de PIVE bovinos do Brasil (38,5%, com média de 2,7 prenhez/OPU/doadora), demostrando que as condições utilizadas no transporte de oócitos e de embriões foram eficientes e possibilitam o uso desta biotecnologia em larga escala, viabilizando o envio de oócito e embriões em fazendas distantes dos laboratórios que oferecem estes serviços. A influência do sêmen sexado na produção de embriões bovinos in vitro também foi estudada (Tabela 3). A taxa de clivagem dos oócitos não diferiu (P=0,49) quanto ao uso de sêmen convencional (CONV=61,49%) ou sêmen sexado (SEX=63,43%). As taxas de embriões produzidos com os diferentes tipos de sêmen (CONV=38,11% e SEX=47,76%) também foram similares (P=0,054), assim como, a taxa de gestação (CONV=33,37% e SEX=31,93%, P=0,586). Diferindo destes achados, Blondin et al. (2009) encontraram maior taxa de clivagem e menor produção de blastocisto quando o sêmen sexado foi utilizado na FIV em comparação ao sêmen convencional. Na mesma pesquisa também foi observado um comprometimento da qualidade do sêmen devido ao processo de sexagem, o que pode explicar a redução nas taxas de blastocisto. Vários estudos têm mostrado que o processo de sexagem por citomeria de fluxo envolve uma série de passos que podem causar alterações na funcionalidade da membrana, características de motilidade e morfologia dos espermatozoides, consequentemente, diminuição na fertilidade quando este é utilizado em relação ao sêmen convencional (ARRUDA et al., 2012). Entretanto, neste estudo não houve qualquer diferença significativa para os parâmetros estudados em relação ao tipo de sêmen utilizado na FIV. 33 Tabela 3. Comparação da taxa de clivagem (TXCLIV), da taxa de embriões produzidos (TXEMB) e da taxa de gestação (TXGES) em um programa de PIVE utilizando sêmen convencional (CONV), ou sêmen sexado (SEX) com transporte de oócitos e de embriões por longas distâncias Tipo de sêmen usado (convencional ou sexado) P-Valor Variáveis CONV SEX TXCLIV (%) 61,49 63,43 0,490 TXEMB (%) 38,11 47,76 0,054 TXGES (%) 33,37 31,93 0,586 Fonte: Dados coletados no presente estudo Concordando com esses achados, Carvalho et al. (2010) não encontraram diferença para a taxa de clivagem, fertilização e taxa de blastocisto no dia oito quando utilizaram sêmen convencional, sexado para macho ou sexado para fêmea. Da mesma forma, XU et al. (2006) observaram taxas de gestação com o uso de sêmen sexado na PIVE bovinos semelhantes ao sêmen convencional. Possivelmente, variações nos protocolos de separação dos espermatozoides antes da FIV (tipos e volumes de gradientes, força e duração da centrifugação), bem como, variações nas concentrações de heparina (utilizada para capacitação espermática in vitro) e no tamanho da gota de fertilização, possam ser responsáveis pela divergência em relação aos resultados encontrados referentes ao uso de sêmen sexado na produção in vitro (BLONDIN et al., 2009; CARVALHO et al., 2010: WHEELER et al., 2006). Além disso, o processo de sexagem torna mais evidente a variação individual entre touros. Alguns animais apresentam maior comprometimento da qualidade seminal após este processo e necessitam de concentrações diferentes de heparina na capacitação para produzirem maiores quantidades de embriões (BLONDIN et al., 2009). Uma forma de maximizar a eficiência do sêmen sexado na PIVE, seria o monitoramento por parte das empresas comerciais, dos resultados individual de cada touro e a classificação dos animais que apresentam maior fertilidade para espermatozoides sexados (CARVALHO et al., 2010), porém, neste experimento foram utilizadas doses de sêmen comercial de 12 diferentes touros, não sendo comparados quanto aos parâmetros espermáticos e suas possíveis variações. 34 Por consequência da distância entre os laboratórios e as fazendas de receptoras, os embriões foram transportados em meios de cultivo no dia seis (D0 – dia da FIV) e foram feitos ajustes no tempo gasto com o transporte para que todos os embriões fossem inovulados no dia sete. Entretanto, essas inovulações ocorriam em turnos diferentes, levando a variação na sincronia entre o trato reprodutivo da receptora e a idade do embrião no momento da transferência. Dessa forma, através das inovulações em diferentes turnos, foi avaliado o efeito da sincronia entre as receptoras e os embriões nas taxas de gestação (Tabela 4). As taxas de gestação entre os embriões transferidos pela manhã e à tarde não diferiram (TE-M: 36,10% vs. TE-T: 40,99%, P=0,167), assim como, entre à tarde e à noite (TE-T: 40,99% vs. TE-N: 50,00%, P=0,095), no entanto, houve diferença entre as taxas de gestação no turno da manhã e da noite (TE-M: 36,10% vs. TE-N: 50,00%, P=0,006). Tabela 4. Comparação entre as taxas de gestação de receptoras que tiveram os embriões transportados por longas distâncias e inovulados no turno da manhã (TE-M), no turno da tarde (TE-T) e no turno da noite (TE-N) Taxa de gestação Variáveis Embriões inovulados (%) TE-M 457 36,10a (165/457) TE-T 322 40,99ab (132/322) TE-N 114 50,00b (57/114) TOTAL 893 39,64 (354/893) Valores seguidos de letras distintas na mesma coluna diferem entre si P<0,05 Fonte: Dados coletados no presente estudo Todas as receptoras utilizadas no programa foram previamente sincronizadas por um protocolo de TETF onde o cipionato de estradiol foi usado no D8 do protocolo como indutor da ovulação. O D11 foi considerado como o dia da ovulação (70 horas após a aplicação do hormônio) e no D17 ocorreram as transferências dos embriões. Partindo deste princípio, as receptoras do grupo TE-M foram inovuladas seis dias após a ovulação (sincronia -1), as do grupo TE-T receberam os embriões 6,5 dias após a ovulação (sincronia -0,5) e aquelas do grupo TE-N foram inovuladas sete dias após a 35 ovulação (sincronia 0), ou seja, as maiores taxas de gestação foram obtidas das receptoras que receberam o embrião com idade próxima ao período pós-ovulação (TEN). Estes resultados estam em acordo aos de Andrade et al. (2012) que estudando os fatores que interferem em programas de PIVE bovinos obsevaram efeito da sincronia entre a receptora e o embrião nas taxas de gestação. Os melhores valores foram alcançados com sincronia 0 (58,00%) em comparação a sincronia -1 e +1; 44,40 e 37,33%; respectivamente. Da mesma forma, Dias et al., (2006) analizaram dados de 3.021 transferência de embriões bovinos obtidos por fertilização in vitro, e também encontraram influência (P<0,05) da sincronia receptora-embrião nas taxas de gestação. Segundo estes autores este parâmetros é um dos mais importantes na seleção de receptoras para programas de PIVE. Em contrapartida, Spell et al. (2001) avaliaram um programa de transferência de embriões convencional em larga escala onde os embriões eram transferidos às receptoras entre os dias 6,5 e 8,5 após o estro e não observaram diferenças nas taxas de gestação em relação ao momento da inovulação. Entretanto, houve uma tendência para melhores resultados quando o cio das doadoras foi 12 a 24 horas antes do cio das receptoras. Segundo os autores a variação no tamanho dos grupos experimentais foi responsável por não encontrar diferenças nos resultados em relação a sincronia receptora-embrião. CONCLUSÕES O transporte de oócitos e de embriões nas condições realizadas neste experimento mostrou-se eficiente, obtendo resultados satisfatórios de produção de embriões e taxas de gestação, viabilizando assim programas de PIVE em bovinos quando doadoras e receptoras encontram-se distantes ao laboratório de produção de embriões. A utilização de sêmen sexado para fêmea não interferiu nos parâmetros avaliados, quando comparado com o sêmen convencional, mostrando ser uma excelente 36 ferramenta associada a PIVE para a produção de animais de alto mérito genético com a escolha do sexo, estando a disposição dos técnicos e criadores. O turno da inovulação é um parâmetro importante em programas de PIVE bovinos com transporte por longas distâncias, visto que, a sincronia entre o ambiente uterino das receptoras e a idade do embrião interfere na sobrevivência embrionária e nos resultados de taxas de gestação. 37 REFERÊNCIAS ALVES, D. F.; RAUBER, L. P.; RUBIN, F. B.; BERNARDI, M. 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