Microeconomia Arilton Teixeira [email protected] 2012 1 Bibliografia • Mankiw, caps 15, 16 e 17. • Pindyck and Rubenfeld caps 10, 11 e 12. 2 Estruturas de Mercado • Nesta parte do curso vamos estudar estrutura de mercado: – – – – Concorrência Perfeita Concorrência Monopolítisca Oligopólio Monopólio • Qual a importância da estrutura de mercado na definição do planejamento da firma? 3 1 • A estrutura de mercado é importante não apenas para seus concorrentes diretos. Ou seja, aqueles que produzem o mesmo bem. Temos que olhar nossos concorrentes indiretos. • Os concorrentes indiretos são aqueles bens que possuem elasticidade preço cruzada positiva. • A estrutura de mercado destes concorrentes indiretos também é importante. 4 • Por fim, no nosso planejamento temos que olhar também os mercados de nossos bens complementares. – Nossos planos podem ser frustrados se ocorrem choques em mercados que produzem bens complementares. Ex: planejar lançar um carro com alto consumo de combustível num momento de alta do petróleo! 5 Substitutos Diretos • Algumas características ajudam na classificação dos bens como substitutos: – Performance similar; – Uso similar; – Mesmos mercados geográficos. 6 2 Definição de Mercado • É o conjunto de produtores e consumidores cuja atuação determina o preço de um determinado bem. 7 • Claramente, a definição deixa margem para interpretação. – Por exemplo, no caso Nestlé-Garoto, um dos questionamentos dizia respeito a definição dos achocolatados. 8 Medidas de Estrutura de Mercado • Índice de Concentração de N-Firmas: quantos por cento do mercado as N firmas detêm. N IC = ∑ Si i 9 3 • Este índice traz como inconveniente o fato de que mudanças no “market share” da firma, pode não ser refletido, desde que a soma da parte das firmas não mude. 10 • Para contornar o problema do índice anterior temos um outro índice: – Índice de Herfindahl (IH): IH = ∑S ∀ firma i 2 i 11 • O inverso deste índice nos da, em mercados não concentrados, o número de firmas operando. • OBS: nos USA, quando IH está abaixo de 0.2 define-se a industria como competitiva. 12 4 Monopólio • Existe um único produtor no mercado. • A curva de demanda de mercado é a curva de demanda do monopolista. 13 Maximização de lucro • A função lucro é dada por Lucro = TR ( q ) − TC ( q ) • Para achar a quantidade ótima, devemos observar o RMg e o CMg. ∆Lucro = ∆TR − ∆TC ∆Lucro = MR ⋅ ∆q − MC ⋅ ∆q = (MR − MC )∆q 14 • Da última equação é fácil ver que a quantidade ótima a ser produzida, q*, é aquela onde RMg=CMg. • Se RMg>CMg, então, um aumento em q, gera aumento do lucro total ( ∆Lucro > 0). • Se RMg<CMg, um aumento em q gera uma redução do lucro total (∆Lucro < 0 ). 15 5 p MC MR Análise Gráfica CMg Lucro CMe p* CMe* Demanda q q* RMg 16 Monopólio x Concorrência Perfeita • Na concorrência perfeita o preço é igual ao custo marginal. Ou seja, os indivíduos pagam exatamente o custo para produzir. • No monopólio, o preço é maior que o custo marginal. Os consumidores pagam mais do que custa para produzir o bem. • A quantidade produzida é menor. 17 Peso Morto • Na comparação entre o equilíbrio de concorrência perfeita e o do monopólio temos: – O monopolista produz menos; – O monopolista tem preço mais elevado; – O nível de produção do monopolista não é eficiente pois o preço é maior que o CMg. Devido a isto o excedente total é reduzido. 18 6 Gráfico - Peso Morto p MC MR Peso Morto MC pM pC D qM qC q 19 MR Monopólio Natural • Dizemos que uma indústria constitui um monopólio natural quando uma única empresa pode oferecer o bem ou serviço para o mercado inteiro a um custo menor do que o fariam duas ou mais empresas. • Exemplos: – Energia elétrica (transmissão e distribuição), telefonia fixa, etc. 20 • Neste caso, a política ótima não é proibir o monopólio, mas sim regular. • Até recentemente, os monopólios naturais eram controlados via monopólio estatal (estado produtor). • Recentemente, o estado produtor tem dado lugar ao estado regulador para controlar os monopólios naturais. 21 7 Discriminação de Preços • Prática comercial de vender o mesmo bem a diferentes clientes compradores por preços distintos. • O objetivo do monopolista é capturar todo os excedente do consumidor cobrando mais dos que estariam a pagar mais pelo bem. 22 Discriminação de Preços Perfeita • Neste caso, o monopolista cobra de cada comprador o preço máximo que ele está disposto a pagar. • O monopolista captura todo o excedente do consumidor. 23 p MC MR Análise Gráfica Sem Discriminação de Preços Excedente do Consumidor Peso Morto p* CMg CMe Lucro Demanda q q* RMg 24 8 Análise Gráfica Com Discriminação de Preços p MC MR Lucro CMg CMe p* Demanda = RMg q* q 25 Exemplos • Passagens áreas com preços distintos se o indivíduo pernoitar ou não na cidade; • Ingressos de cinemas para idosos e crianças são mais baratos. 26 Eliminando um Monopólio: o caso da Petrobras 27 9 Motivação • Como comporta um monopólio? Como se comporta um monopólio estatal? Existe evidências de que sejam ineficientes? • Aqui vamos mostrar o comportamento de uma empresa monopolista (Petrobras) antes e depois da quebra do monopólio que a empresa gozava desde 1953. 28 Entendo o Progresso Técnico PTF • Vamos assumir a seguinte função de produção: Yt = At K tθ Lαt M t1−α −θ • At é chamada Produtividade Total dos Fatores (PTF). A variação da PTF é o progresso técnico. 29 30 10 31 Comparação Internacional • Seria o crescimento pos 94, devido ao surgimento de uma nova tecnologia? • Se isto ocorreu, então vários outros países também deveriam experimentar este mesmo aumento de produtividade 32 Produtividade do Trabalho: Extração de Óleo 33 11 Fonte de Aumento da Produtividade • Se não foi a tecnologia, então de onde vem este aumento da produtividade? • A resposta é mudança na alocação de fatores. 34 35 36 12 37 Aumentou a concorrência? • Teve aumento da concorrência na produção e extração de petróleo? 38 Fonte: Bridman, Gomes e Teixeira (2006) 39 13 Fonte: Bridman, Gomes e Teixeira (2006) 40 Conclusões • A quebra do Monopólio, eliminando barreiras à competição afetou o comportamento da Petrobras. • A redução do número de funcionários e o abandono de poços ineficientes geram grande aumento de produtividade. • Isto num ambiente onde ainda não existe concorrência. 41 Oligopólio • Poucos competidores. • Produção de bens homogêneos ou diferenciados. • Barreiras à entrada. 42 14 Modelo de Cournot • Oligopolistas acreditam que os competidores não vão alterar produção quando ele muda a quantidade produzida. 43 Equilíbrio de Cournot • Suponha uma indústria com apenas 2 produtores (duopólio). • O equilíbrio de Cournot são preços e quantidades tal que dados os preços e quantidade produzidas pelos demais, cada produtor esta maximizando lucro. 44 Funções de Reação • Definição: Indica a quantidade ótima que cada empresa deve produzir, dado o que as demais estão produzindo. 45 15 Análise Gráfica q2 Curva de Reação de 2 E 30 Curva de Reação de 1 q1 30 46 Modelo de Bertrand • A variável de escolha dos competidores é preço. • Cada empresa assume que os competidores não vão alterar preços quando ele decide mexer. 47 • Os passos para resolver o modelo de Bertrand são iguais aos dados para resolver o modelo de Cournot. • Obtém-se as curvas de reação, a partir do lucro, e resolvemos o modelo. 48 16 Gráfico p2 p2* R1 E R2 p1 p1* 49 Barreiras (entrada e saída) e Estratégia • Como que as firmas podem barrar a entrada de novos concorrentes? • Ameaças de estratégia agressiva (preço e ou quantidade) sinalizando para potenciais competidores. 50 • Se os competidores potenciais esperam uma guerra durante a entrada, isto reduz os lucros esperados, reduzindo os incentivos a entrarem. 51 17 Conclusão • A análise geral entre deter ou não entrada é a análise de custo e benefício. • Políticas para entrar ou para deter a entrada só fazem sentido se os benefícios forem maiores que os custos destas políticas. • As políticas tem que ter credibilidade. 52 Cartel • Grupo de empresas que agem (cooperam) para eliminar a competição no mercado. • Este comportamento é ilegal. • Países tem instituições cujo objetivo é evitar cartelização nos mercados. 53 OPEP • A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) é o cartel mais conhecido atualmente. • A atuação deste cartel é via redução da produção gerando aumentos dos preços: – 1o. Choque do petróleo (1973): preços sobem U$ 3 para U$ 12 o barril. – 2o. Choque do petróleo (1979): preços sobem 54 para U$ 32 o barril. 18 Defesa da Concorrência • No Brasil a defesa da concorrência é feita por três órgãos: – Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica); – SEAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico); – SDE (Secretaria de Direito Econômico); 55 Casos Recentes • Casos recentes de análises de fusão foram dadas por: – Ambev (autorizado); – Nestle-Garoto (negado); – Varig-TAM (autorizado). 56 Teoria dos Jogos • Ao contrário do ambiente de concorrência perfeita, existem estruturas de mercado onde os competidores se identificam. • As estratégias escolhidas por cada agente, levam em consideração o que os demais competidores estão fazendo e irão fazer. 57 19 • Mais ainda, cada jogador (competidor) tem que imaginar como os demais jogadores vão reagir a sua decisão. • Ou seja, existe iteração entre os participantes do jogo. • A estratégia ótima passa a depender do que você acha que os outros vão fazer. Melhor ainda, do que você acha que os outros acham que você vai fazer. 58 Jogos na Forma Normal (matricial) e Extensiva • Um jogo é um conjunto de agentes e suas escolhas possíveis. • Existem duas formas de jogos: – Forma normal: jogadores jogam simultaneamente. – Forma Extensiva: jogadores jogam em seqüência. 59 Jogos na Forma Normal ou Matricial • Neste jogo os jogadores jogam na simultaneamente. • Vejamos alguns exemplos. 60 20 Exemplo 1: Dilema dos Prisioneiros Jogador 2 Não Delatar Delatar 0, 0 -2, 1 1, -2 -1, -1 Não Delatar Jogador 1 Delatar 61 Exemplo 2 Jogador 2 Não Exp Não Exp Jogador 1 Expandir Expandir 18,18 15, 20 20, 15 16, 16 62 Exemplo 3: Guerra dos Sexos Esposa Ballet Futebol Marido Ballet Futebol 0, 0 2, 1 1, 2 0, 0 63 21 Equilíbrio de Nash • Cada jogador está fazendo o melhor dado o que os demais jogadores estão jogando. 64 Dilema dos Prisioneiros Jogador 2 Não Delatar Jogador 1 Delatar Não Delatar Delatar 0, 0 -2, 1 1, -2 -1, -1 65 Achando o Equilíbrio de Nash • Começaremos com o jogador 1: – Jogador 1começa: ND D D D Assim (D, D) é o equilíbrio neste jogo. 66 22 Observações • Note que (ND, ND) é melhor para ambos os jogadores. Mas este não é o equilíbrio. • A razão é que a estratégia D é dominante. Ou seja, independente do que o outro jogador estiver fazendo, jogar D é melhor. 67 Exemplo 2 Jogador 2 Não Exp Não Exp Jogador 1 Expandir Expandir 18,18 15, 20 20, 15 16, 16 68 Achando o Equilíbrio de Nash • Começaremos com o jogador 1: – Jogador 1começa: NE E E E Assim (E, E) é o equilíbrio neste jogo. 69 23 Observações • Assim como no Dilema dos Prisioneiros, note que (NE, NE) é melhor para ambos os jogadores. Mas este não é o equilíbrio. • A razão é que a estratégia E é dominante. Ou seja, independente do que o outro jogador estiver fazendo, jogar E é melhor. 70 Guerra dos Sexos Esposa Ballet Futebol Marido Ballet Futebol 0, 0 2, 1 1, 2 0, 0 71 Achando o Equilíbrio de Nash • Começaremos com o jogador 1: – Jogador 1começa: F F F Assim (F, F) é o equilíbrio neste jogo. • Outro Equilíbrio: – Jogador 1começa: B B B Assim (B, B) é o equilíbrio neste jogo. 72 24 Análise Dinâmica • Até o momento apenas estudamos modelos estáticos. • Ações hoje não afetavam ações amanhã. Não havia tempo. • Com a introdução de tempo, abrimos espaços para a sinalização e cooperação.73 Sinalização • As firmas estariam melhores se elas pudessem fazer uma coalizão e evitar competição. • Coalizões (cartel) aumentam os lucros esperados, aumentando o valor da empresa. • Um cartel pode transformar um oligopólio em um monopólio. 74 • Embora um cartel seja uma coalizão explicita (e ilegal), as firmas podem fazer uma coalizão via sinalização. • Ao longo dos períodos as firmas podem aprender a ler os sinais emitidos e passarem a cooperar. • As firmas tem incentivos a quebrar os acordos implícitos pois isto aumenta os lucros no curto prazo. Mas, reduzem os lucros a longo prazo. 75 25 “Folk Theorem” • Se as empresas não descontarem muito o futuro, então, as firmas podem sempre manter estratégias de cooperação. 76 Condições Para Cooperação • Fatores que dificultam a cooperação: – Estrutura de mercado – Funcionamento do mercado (periodicidade das compras, informações sobre preços, número de clientes, volatilidade de demanda). – Assimetrias entre as firmas 77 • Fatores que facilitam a cooperação – Liderança de preço. – Anúncios antecipados de preços – Cláusula de garantia de menor preço dos clientes 78 26 Concorrência Monopolística • Vários produtores que vendem bens diferenciados. • Cada produtor acredita que suas ações não vão afetar os demais produtores. • Não existe (ou são baixas) as barreiras a entrada e/ou saida. 79 Curvas de Demanda p D d E d D q 80 • Os produtores acreditam que a curva de demanda com a qual se defrontam é dd. • Entretanto, como os produtores todos reagem com à política de preços dos concorrentes. A curva de demanda é DD. 81 27 D’ p Equilíbrio d’ D AC p1 Lucro > 0 d p* d’ E d D’ D q* q1 q 82 • No ponto E, temos lucro igual a zero pois preço é igual a custo médio. • Não existe incentivo para entrar nem para sair. 83 Ajustamento • Quando o preço é diferente do custo médio existe entrada ou saída de novas firmas. • A entrada e/ou saída afetam as curvas DD e dd. • Elas vão se ajustando até que o preço seja igual ao custo médio. 84 28