O Real, a exemplo de outros planos de estabilização, trouxe ganhos

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O Dep. Federal Gerson Gabrielli (PFL – BA ) pronuncia o seguinte discurso.
Sras. e Srs Deputados, Senhor Presidente. O Real, a exemplo de outros planos
de estabilização, trouxe ganhos e prejuízos para o setor varejista. Quanto ao
primeiro item, poderia destacar o fato de ter debelado a alta inflacionária, que
colocava em movimento a ciranda financeira, desvirtuando os negócios, uma
ves que o lucro estava mais nas aplicações bancárias do que na venda das
mercadorias. Antes do real, o comércio e a indústria travavam grandes
tiroteios, acusando-se mutuamente de ser responsável pelas remarcações de
preços, quando todos sabemos que são as indústria que controlam grandes
nichos de mercado e têm o poder de impor suas margens de lucro.
Em sua primeira fase, o Plano Real instituiu uma moeda forte, resgatou a
credibilidade da população e premiou a produção e o trabalho, sem precisar se
valer de mecanismos heterodoxos, como o congelamento, que tantos danos
causaram ao comércio durante a vigência do Plano Cruzado. O Brasil mudou
de ótica, as pessoas passaram a desindexar a vida e as empresas de investir em
técnicos da área de finanças para apostar nos profissionais do setor de
marketing, porque o país estava mudando sua cultura inflacionária.
A estabilização econômica recuperou o poder de compra da parcela mais
carente da população, que diariamente a inflação corroer o salário que
colocava no bolso. Pela primeira vez, os mais pobres puderam ter acesso a
bens duráveis, como eletrodoméstico. Não é à toa que se diz que a inflação
tem altos custos sociais, ou seja, ela traz incontáveis desperdícios. Calcula-se
que a perda do consumo real da sociedade brasileira, ou seu prejuízo, com
uma inflação alta chegasse ao patamar de 7,3% do PIB ou 32,8 bilhões de
dólares.
Com a estabilidade econômica trazida pelo plano, a população ganhou mais
poder de compra e o excesso de demanda e o desabastecimento passaram a ser
preocupação. Em nenhum momento, porém, a economia brasileira correu esse
risco, principalmente por que houve o bom senso de abrir o mercado para
evitar especulação em determinados setores. O comércio teve um papel
importantíssimo para evitar uma crise de desabastecimento e nova onda de
reajuste de preços, trazendo novas opções ao consumidor brasileiro e a preços
competitivos. A competição foi salutar, tornou a indústria nacional mais
produtiva e eficiente e o consumidor mais exigente.
As decisões erráticas que cercaram o Real se concentraram nas ações para
militar o consumo. Desde outubro do ano passado, o governo vem praticando
uma política suicida para coibir o crédito e o consumo, que veio num
crescente desde a implantação do plano, demostrando a viabilidade e a
potencialidade da economia brasileira. No primeiro pacote anticonsumo, o
Banco Central reduziu para três meses o prazo dos crediários, escudado numa
mudança estrutural de consumo, que fez as compras a prazo superarem as
compras à vista. Os lojistas, demonstraram criatividade e fôlego, driblaram as
limitações impostas e passaram a oferecer crediário próprio e a alternativa dos
cheques pré-datados aos consumidores, atualmente alvo de uma campanha do
Banco Central, que quer disseminar a desconfiança dos consumidores quanto
as vantagens de seu uso.
Na transição de administração Itamar Franco para Fernando Henrique
Cardoso, o governo voltou à carga contra o consumo, aumentando os impostos
para compensar a perda de receita decorrente do IPMF, que se extinguia. Com
essas mudanças nas regras tributárias saíram perdendo o lojista e o
consumidor que viram as mudanças nas regras dos tributos serem repassadas
para os preços. Agora, em fevereiro, o governo acusado por uma ameaça de
desabastecimento, diga-se de passagem ireal, promoveu novo arrocho no
crédito.
Enquanto a inflação no país ia caindo, os juros continuavam subindo,
transformando o brasil no detentor do título de campeão mundial dos juros
reais, impedindo que o consumidor se beneficiasse da queda da inflação e da
estabilização trazida pelo real. A política de juros altos do governo só vem na
verdade, beneficiar o setor financeiro, que puxa cada vez mais para cima as
taxas, com a justificativa de que está fugindo da inadimplência em
crescimento. Ela está crescendo, sem dúvida, mas como um alerta sobre a
incorreção da política adotada.
As medidas de contenção ao crédito aliada à decisão de restrição ás
importações tendem a piorar a situação do varejo, porque a demanda já não
esta tão aquecida. Março apresentou índice de venda inferiores a fevereiro,
invertendo uma tendência histórica. O governo não esta sabendo medir a
diferença entre remédio e veneno e com isso acabara por gerar insegurança no
setor produtivo. Que tenderá a restringir os investimentos, que o governo tanto
diz incentivar.
Quando o consumo é refreado da forma como esta sendo, todos perdem.
Toda a cadeia produtiva, o varejo e até o governo, que vai arrecadar menos. A
atual política econômica só serve para propiciar a volta da agiotagem e da
ciranda financeira, dois pilares da cultura inflacionária que o real tanto buscou
combater. Com a queda do consumo, a estabilidade econômica também fica
comprometida, por que colocará em movimento um novo ciclo recessivo, de
baixa produção, poucos empregos e consumo e mais pobreza.
Desde o início do Plano Real, sabíamos que seu sucesso estava relacionado
às reformas estruturais que o país precisa realizar. Parte delas já foram em
caminhadas pelo governo ao Congresso Nacional na forma de emendas
constitucionais. Contudo, a prioridade para o Movimento Lojista continua
sendo a reforma tributária, por pressionar os custos dos produtos e serviços,
que ainda não ainda não está no legislativo por falta de entendimento dentro
da própria equipe econômica. A Nação Lojista sempre foi uma entusiasta do
plano de estabilização, mas é totalmente contrária ao boicote ao consumo e ao
crédito, ao fechamento do mercado e à política de juros altos.
R. L.
‘Revolução dos Pequenos”
Obrigado(a),
Gerson Gabrielli
Dep. Federal
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