16 DESFOLHA ARTIFICIAL NA CULTURA DA CANOLA FONSECA, P. R. B.1; PARIZZOTO, P. A2; BAROZZI, A. J.2; SILVA, A. S. 3; SILVA, J. A. N.1 RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a desfolha artificial na cultura da canola. Para constatação do efeito da desfolha as plantas de canola foram submetidas a quatro níveis de desfolha (25%, 50%, 75% e 100%) e uma testemunha sem desfolha (0%), sendo realizados em 2 estádios de desenvolvimento da canola sendo vegetativo e reprodutivo. O delineamento em esquema fatorial, 5 x 2 com 4 repetições em blocos inteiramente casualisados. Foi avaliada altura de planta, diâmetro do colmo, massa seca da parte aérea, altura da primeira síliqua, altura da ultima síliqua e massa seca de 1000 grãos de canola. Os componentes de produção altura de planta, altura da primeira síliqua, altura da ultima síliqua no estádio V7 e a massa seca de 1000 grãos de canola no estádio R1, são afetados significativamente em função do nível de desfolha. Para cada nível de desfolha quando comparados com os estádios de desenvolvimento da canola não houve diferenças. PALAVRAS-CHAVES: Brassica napus L, área foliar, estádio fenológico. DEFOLIATION ARTIFICIAL CULTURE OF CANOLA ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the artificial defoliation in the canola crop. For finding the effect of defoliation canola plants were subjected to four levels of defoliation (25%, 50%, 75% and 100%) and a control without defoliation (0%), being conducted in two stages of development of canola being vegetative and reproductive. The design in factorial 5 x 2 with 4 replications in randomized complete block. We evaluated plant height, stem diameter, shoot dry mass, height of the first pod, pod and time of last dry mass of 1000 grains of canola. The components production plant height, height of the first pod, pod height of the last stage V7 and dry mass of 1000 grains of canola at the R1 stage, are significantly affected by the level of defoliation. For each level of defoliation as compared to the growth stages canola no differences. Key words: Brassica napus L, leaf area, phenological stage. INTRODUÇÃO A canola [Brassica napus (Linnaeus)] é uma cultura que possui grande importância econômica, destacando-se como a terceira oleaginosa mais produzida mundialmente em decorrência da qualidade e conteúdo de óleo e elevada quantidade de proteína dos grãos (TOMM, 2007; CHAVARRIA et al., 2011; LUZ et al., 2012). Outra 1 Eng. Agrônomo, mestre, doutorando em Agronomia (Produção Vegetal), Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD. Rodovia Dourados-Itahum, Km 12, Caixa Postal 533, Bairro Aeroporto, CEP: 79804970, Dourados-MS, e- mail: *[email protected] (Autor para correspondência); [email protected]. 2 Engº. Agrônomo, Faculdade Anhanguera de Dourados, FAD. Rua: Manoel Santiago, 1155 - CEP: 79825-150, Dourados-MS, e-mail: [email protected]; [email protected]. 3 Eng. Agrônomo, Dr. Professor da Faculdade Anhanguera de Dourados, FAD. Rua: Manoel Santiago, 1155 - CEP: 79825-150, Dourados-MS, e-mail: [email protected]. Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.1, 2013. 17 relevância da cultura é a necessidade da produção crescente de bioenergia e biocombustíveis, o que vem alavancando o cultivo da canola no Brasil, já que possui especificações que favorecem a produção de biodiesel (BARBOSA et al., 2008). A busca de espécies que se adaptam a um esquema de rotação de culturas tem sido constante nos últimos anos principalmente para o inverno, já a cultura da canola pode ser uma alternativa para o sistema (COIMBRA et al., 2004; KRÜGER et al., 2011). A alelopatia é de suma importância para o controle de plantas invasoras, sendo que a palhada da canola possui efeito negativo sobre a porcentagem de germinação e velocidade de emergência destas plantas (RIZZARDI et al., 2008). Um dos principais fatores limitantes da produtividade das culturas no Brasil é representado pelas pragas, que podem causar danos econômicos em intensidades variadas, sendo capazes de ocasionar até perdas totais (NAKANO et al., 2002). O interesse no estudo da desfolha artificial na cultura da canola deve-se, entre várias razões, à ferramenta para determinar a melhor época do uso de inseticidas para controle de pragas (MUSSURY et al., 2008). A canola pode ser considerada um hospedeiro das pragas desfolhadoras traça-dascrucíferas, Plutella xylostella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Plutellidae), lagarta-rosca Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae), lagarta da espiga Helicoverpa zea (Boddie, 1850) (Lepidoptera: Noctuidae) (DOMICIANO; SANTOS, 1996). Dessa forma, o estudo a desfolha artificial permite mensurar a quantidade de folha que à cultura pode perder em determinado estádio fenológico (LIMA JUNIOR et al., 2010; PRATISSOLI et al., 2012). Essa redução na utilização dos inseticidas minimiza a contaminação do ambiente e diminui danos acidentais pelo uso irracional dos produtos químicos, já que o controle das pragas será efetuado somente quando necessário (DEGRANDE; GOMES 1990; FONSECA et al., 2012). Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo avaliar os componentes de produção das plantas de canola submetidas a níveis crescentes de desfolha artificial em dois estádios fenológicos da cultura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Faculdade Anhanguera de Dourados (FAD), Departamento de Agronomia, no Município de Dourados, MS, situa-se em latitude de Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.1, 2013. 18 22º12’42’’ S, longitude de 54º49’04’’ W e altitude de 427 m, sob condições de casa-devegetação, no ano de 2012. Para tal, foi utilizado o delineamento em esquema fatorial, 5 x 2 (4 níveis de desfolha + uma testemunha e 2 estádios fenológicos) com 4 repetições em blocos inteiramente casualisados. Os quatro níveis de desfolha constituem 25%, 50%, 75% e 100%, e a testemunha sem desfolha 0%, os estádios fenologicos V7 (sete folha verdadeiras/34 dias após a emergência) e R1 (floração plena/61 dias após a emergência). O solo utilizado no experimento foi o Latossolo Vermelho Distrófico (LVd) com textura media, com 460 g kg-1 de argila, determinado pelo método da pipeta (CLAESSEN, 1997), coletado na Fazenda Escola da Anhanguera no município de Dourados, MS. O solo foi incubado com misturas de fertilizantes por 25 dias. Efetuouse aplicação de 2 Mg de calcário dolomitico e a adubação básica de 3g por vaso da formula 10-15-15 (N-P-K). Cada parcela consistiu de um vaso com 3 kg de solo com duas plantas de canola, obtidos a partir da semeadura de quatro sementes do híbrido Hyola 61 por parcela, no dia 10 de maio de 2012, e foi efetuado o desbaste cinco dias após a emergência, deixando as duas plantas vigorosas e uniformes em tamanho e morfologia. Quando as plantas encontravam-se no estádio V4 (vegetativo) e R1 (reprodutivo), de acordo com a escala proposta por Mendham e Salisbury (1995), elas foram submetidas à desfolha artificial. Para a obtenção dos níveis de desfolha estabelecidos nos estádios fenológicos estudados, foram retirados de todas as folhas, com o auxilio de uma tesoura, as porcentagens correspondentes (BERTONCELLO et al., 2011). Foi avaliada altura de planta (AP), diâmetro do colmo (DC), massa seca da parte aérea (MSPA), altura da primeira síliqua (ALPS), altura da ultima síliqua (ALUS) e massa seca de 1000 grãos (MMG) de canola. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa computacional Sisvar® (Ferreira 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os diferentes períodos de crescimento, e variação dos níveis de desfolha, influenciaram o crescimento da cultura da canola. Também Batista et al. (1992) relatam Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.1, 2013. 19 reduções nas produtividades, causada principalmente por insetos desfolhadores em decorrência da área foliar. Para a altura de plantas no estádio de desenvolvimento V7 apresentou diferença significativa da testemunha para os diferentes níveis de desfolha, sendo que a testemunha teve as maiores medias (Tabela 1). Os resultados de trabalhos mostram que modificações entre fonte e dreno através da desfolha, ocasionam alterações na fisiologia da planta, as quais influenciam redução de altura de planta (BLUM et al., 2003). No estádio R1 não houve diferença entre os níveis de desfolha, isso demonstra que a planta mesmo tendo área foliar menor, consegue manter sua capacidade fotossintética (Tabela 1). Silva, (1984) trabalhando com a cultura do arroz observou a capacidade da planta em recuperar-se de danos iniciais sem prejuízos. Avaliando os estádios fenológicos para a altura de plantas verificou-se que não ocorreu diferença para os níveis de desfolha (Tabela 1). O diâmetro de colmo, massa seca da parte aérea não foram afetados pelos níveis de desfolha, nos estádios de desenvolvimento V7 e R1 (Tabela 1). A relação folha/caule não é influenciada pelo estádio fenológico, assim como não diferi entre as intensidades de desfolha (SGANZERLA et al., 2011). No presente trabalho observou-se que os diferentes níveis de desfolha não influenciaram na massa seca da parte aérea o que é justificado pela rapidez com que a parte aérea se refaz após a desfolha e o ritmo com que o crescimento de raízes ocorre dependem de uma série de mecanismos fisiológicos das plantas, como capacidade fotossintética do tecido foliar, reservas orgânicas da planta e absorção de nutrientes (SARMENTO et al., 2008). Para a altura de primeira síliqua da B. napus verificou-se menor valor para o nível de desfolha de 50% no estádio vegetativo V7. No estádio reprodutivo R1 não houve diferenças entre os níveis desfolha, assim como para cada nível de desfolha entre os estádios vegetativos (Tabela 1). A altura media da primeira síliqua com a desfolha artificial da canola, para o V7 e R1 foi de 21,75 e 26,52 cm respectivamente, estando na faixa favorável para a colheita mecanizada (Tabela 1). A inserção da primeira síliqua e uma característica importante, pois determina a regulagem da altura da barra de corte da colhedora, visando obter a máxima eficiência durante esse processo. Para que não haja perda na colheita pela barra de corte, a altura mínima da primeira síliqua deve ser de 10 a 12 cm, em solos de topografia plana é de 15 cm em terrenos mais inclinados (SEDIAYAMA et al., 2009). Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.1, 2013. 20 Para a altura da ultima síliqua nos diferentes níveis de desfolha da cultura da canola, observou-se que no estádio V7 a testemunha (0%) teve a maior media comprada aos diferentes níveis de desfolha, já entre os níveis de desfolha não houve diferença significativa (Tabela 1). No estádio reprodutivo R1 não houve diferenças entre os níveis desfolha, assim como para cada nível de desfolha entre os estádios vegetativos. De acordo com Pípolo et al. (2005) relata que o índice de crescimento vegetativo apresenta correlação positiva com a massa de sementes e o número de vagens por planta. Neste contexto, o caráter número de vagens por planta correlacionaria satisfatoriamente com altura de plantas, confirmando que as plantas mais altas apresentam um maior número de vagens (ALMEIDA et al., 2010). A massa média dos grãos e uma característica determinada geneticamente, sendo essa influenciada por fatores ambientais (PANDY; TORRIE, 1973). A redução da área foliar pode resultar em limitação de fotoassimilidados o que pode limitar fisicamente o tamanho dos grãos. Nas condições experimentais, não houve efeito significativo para massa de mil grãos nos níveis de desfolhas no estádio vegetativo V7, e no estádio reprodutivo R1 houve diferença onde a testemunha teve o menor valor diferenciando-se dos níveis de 25%, 50% e 100% de desfolha na canola. Segundo Leite et al. (2005), isso pode ser explicado porque o rendimento de grãos depende amplamente da eficiência fotossintética da folha e da intensidade de translocação dos assimilados dos órgãos vegetais para as estruturas reprodutivas. Níveis de desfolha nos estádios iniciais de desenvolvimento das culturas não diminuem a produção por haver aumento no rendimento fotossintético provocado pela maior penetração de luz nas camadas inferiores da planta (DIOGO et al., 1997; GOMIDE et al., 2002). Grützmacher et al. (1999), trabalhando com o arroz relata que níveis desfolha de 25%, 50%, 75% e 100% não influenciam no desenvolvimento produtivo da planta. Há várias referências na literatura de espécies de plantas que produzem mais área foliar do que realmente necessitam sendo que mesmo com um pouco de desfolha ainda mostram máxima interceptação da radiação solar pelas folhas remanescentes (DAVIDSON; DONALD, 1958; MURATA, 1961; STERN; DONALD, 1962). Tabela 1. Número médio de altura de planta (AP), diâmetro do colmo (DC), massa seca da parte aérea (MSPA), altura da primeira síliqua (ALPS), altura da ultima síliqua (ALUS) e massa seca de 1000 grãos (MMG) de canola (Brassica napus L.) híbrido Hyola 61 submetidas a diferentes níveis de desfolha. Dourados, MS, 2012. Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.1, 2013. 21 Dias após a emergência V7 (34 DAE) MSPA ALPS ALUS MMG (g) (cm) (cm) (g) Testemunha 0% 16,20 aA 21,50 aA 92,82 aA 1,40 aA Desfolha 25% 16,90 aA 22,87 aA 79,12 aB 1,50 aA Desfolha 50% 20,02 aA 13,87 aB 79,50 aB 1,80 aA Desfolha 75% 14,65 aA 26,75 aA 77,62 aB 1,30 aA Desfolha 100% 18,27 aA 23,75 aA 68,00 aB 1,80 aA R1 (61 DAE) Testemunha 0% 106,7 aA 10,73 aA 15,90 aA 27,00 aA 82,32 aA 0,60 aB Desfolha 25% 86,62 aA 10,49 aA 17,52 aA 28,60 aA 85,12 aA 1,00 aA Desfolha 50% 89,50 aA 9,80 aA 16,30 aA 30,37 aA 86,75 aA 1,10 aA Desfolha 75% 96,25 aA 10,58 aA 14,52 aA 25,37 aA 76,25 aA 0,80 aAB Desfolha 100% 81,12 aA 10,71 aA 17,70 aA 21,25 aA 72,62 aA 1,70 aA Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, para comparação de um mesmo nível de desfolha entre os estádios fenológicos, maiúscula na coluna para comparação de diferentes níveis de desfolha para cada estádio fenológico, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tratamentos AP (cm) 107,80 aA 86,10 aB 88,10 aB 74,80 aB 78,80 aB DC (mm) 10,50 aA 15,83 aA 11,69 aA 10,89 aA 10,90 aA CONCLUSÕES Os componentes de produção altura de planta, altura da primeira síliqua, altura da ultima síliqua no estádio V7 e a massa seca de 1000 grãos de canola no estádio R1, são afetados significativamente em função do nível de desfolha. Para os níveis de desfolha quando comparados com os estádios de desenvolvimento da canola não houve diferenças. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R.D.; PELUZIO, J.M.; AFFERRI, F.S. Fenotípicas, genotípicas e ambientais em soja cultivada sob condições várzea irrigada, sul do Tocantins. Bioscience Journal. v.26, n.1, p.95-99. 2010. BARBOSA, M. Z.; JUNIOR, S.N.; FREITAS, S.M. Agricultura de alimentos X de energia: impacto nas cotações internacionais. Análise e indicadores do agronegócio. São Paulo: Instituto de Economia Agrícola. v.3, n.1. 2008. BATISTA, G.C.; VENDRAMIN, J.D.; MARCHINI, I.C. 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