efeito da desfolha da planta do milho nos componentes de

Propaganda
EFEITO DA DESFOLHA DA PLANTA DO MILHO NOS COMPONENTES
DE PRODUTIVIDADE
Anne Mellisse Diaz Oliveira(1), Tiago Calves Nunes(2), Luiz Carlos de Souza Ferreira(3),
Lígia Maria Maraschi da Silva Piletti(4), Mateus Luiz Secretti(4)
Introdução
O Centro-Oeste é a maior região produtora de milho safrinha do Brasil, com mais
de 5.150 mil hectares plantados. O Estado de Mato Grosso do Sul é o segundo maior
produtor, com aproximadamente, 1.450 mil hectares e uma produção de 5.852 mil
toneladas (CONAB 2013). A produção de milho é resultante do produto entre número de
espigas, número de grãos em cada espiga e peso médio dos grãos (OTEGUI; ANDRADE,
2000).
A produção de milho é resultante do produto entre número de espigas, número de
grãos em cada espiga e peso médio dos grãos. Na maioria dos casos, entretanto, a produção
está mais associada ao número de grãos do que com seu peso médio, ou com o número de
espigas por planta (OTEGUI; ANDRADE, 2000).
Quando a desfolha ocorre próximo à época de florescimento, ela promove
significativa queda na produtividade da cultura, principalmente pela redução do
comprimento de espigas, peso de espigas e peso de grãos em folhas superiores. Fancelli,
(1988), em alguns experimentos sobre a desfolha, observou que a maioria dos resultados
apresentados evidenciou significativa queda de produção, demonstrando a importância das
folhas do ápice da planta no rendimento final. Dos componentes da produção mais afetados
pela desfolha nesse período, destaca-se o número, tamanho e o peso de espigas, além do
número e peso de grãos.
Assim, o experimento teve como objetivo avaliar o efeito da desfolha do milho nos
componentes de produção.
11
Engenheira Agrônoma, mestranda do curso de Pós-Graduação UEMS, Rodovia Aquidauana-UEMS, km
12, CEP 79200-000, Aquidauana (MS) e-mail.: [email protected].
2
Engenheiro-Agrônomo, Pós-Gradução UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS.
[email protected]
3
Engenheiro-Agrônomo, Professor
Doutor na Faculdade de Agronomia, UFGD, Rodovia
Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. [email protected]
4
Engenheira (o) Agrônoma(o) , M.Sc., Pós-Gradução UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 Dourados, MS. [email protected]; [email protected]
[1]
Material e Métodos
O experimento de campo foi realizado na Fazenda Experimental de Ciências
Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados, município de Dourados,
localizadas nas coordenadas de latitude 22º 14’S, longitude de 54º 49’W e altitude de 458
metros, no período de fevereiro a julho de 2013.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, constituídos por oito tratamentos de desfolha das plantas de milho sendo eles: 1- Testemunha sem desfolha das plantas (0% desfolha), 2- Retirada de todas as folhas da planta (100% desfolha), 3- Retirada
das folhas do terço inferior da planta (33% de desfolha), 4- Retirada das folhas do terço
médio da planta (33% de desfolha), 5- Retirada das folhas do terço superior da planta (33%
de desfolha), 6- Retirada das folhas do terço inferior e médio da planta (66% de desfolha),
7- Retirada das folhas do terço inferior e superior da planta (66% de desfolha) e 8- Retirada
das folhas do terço médio e superior da planta (66% de desfolha), com quatro repetições.
Cada parcela experimental foi representada por quatro linhas de milho, espadas entre si de
0,9 m, com cinco metros de comprimento, sendo consideradas as duas linhas centrais da
parcela como área útil. O híbrido utilizado foi o híbrido simples DKB 390 VT PRO.
A massa seca do colmo foi determinada através da pesagem dos colmos verde das
plantas coletadas que e trituradas, sendo retiradas 100 g de massa verde, que foram
acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados e conduzidos à estufa com
circulação de ar a 65 °C, permanecendo ali até atingir peso constante para a obtenção de
sua massa seca.
Para estimativa de biomassa dos grãos, foi realizada a contagem de 100 grãos de
milho, retirados da porção média das espigas de cada tratamento, foram acondicionadas em
sacos de papel em estufa com circulação de ar a 65 ºC, permanecendo ali até atingir peso
constante para a obtenção de sua biomassa.
A colheita das espigas foi realizada manualmente, contadas e debulhadas em trilhadeira elétrica. Os grãos foram pesados corrigidos para a umidade padrão de 13% e a produção total de cada tratamento foi expressa em kg ha-1.
O comprimento e diâmetro de espiga foi determinado com o uso de régua graduada
(cm) e paquímetro (mm), tomando a medida do centro da espiga. Para a obtenção do
número de grãos por espiga foi realizada a contagem do número médio de grãos por
[2]
espiga, multiplicando-se o número de fileiras pelo número de grãos de uma fileira. A
massa de 1000 grãos foi obtida através do peso médio de quatro amostras. As avaliações
foram realizadas nos estádios R3, R4, R5 e o R6 da planta do milho.
Os dados de todas as características avaliadas foram submetidos à análise de
variância ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o programa estatístico SISVAR.
Resultados e Discussão
Pode se observar que não houve diferença entre médias em nenhum tratamento nas
fases R3 (grão leitoso) e R4 (grão pastoso) apresentado na Tabela 1, porém para os
tratamentos que foram submetidos à retirada das folhas dos terços superior, terço médio,
terço inferior, terços superior e inferior, terços médio e inferior apresentaram menor
redução no acúmulo de reservas no colmo quando comparados ao tratamento com ausência
de desfolha, onde os resultados não diferem estatisticamente entre si (P>0,05).
Tabela 1. Valores médios para massa seca do colmo das plantas de milho, expressa em gramas,
em função dos níveis de desfolha e da época de amostragem. Dourados-MS, UFGD, 2013.
Estádios Fenológicos após a desfolha *
R3
R4
R5
R6
TRATAMENTO
Grãos leitoso
Grãos pastoso
Formação de
maturação
dente
fisiológica
1
95,01 a
93,04 a
95,42 a
88,05 a
2
88,50 a
89,63 a
62,89 d
54,38 d
3
89,11 a
101,58 a
84,61 b
64,69 c
4
84,27 a
93,11 a
71,29 c
73,76 b
5
89,87 a
103,80 a
83,08 b
86,57 a
6
85,13 a
84,88 a
80,66 b
64,82 c
7
94.69 a
84,07 a
66,71d
64,29 c
8
85,35 a
79,06 a
72,14 c
85,44 a
CV (%)
14,81
14,95
2,95
3,54
DMS (0,05)
31,27
32,54
4,28
6,11
CV: coeficiente de variação; DMS: diferença mínima significativa entre as médias. *Médias seguidas pela
mesma letra na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (P<0,05).
¹ Testemunha sem desfolha das plantas, ² Retirada de todas as folhas da planta, ³ Retirada das folhas do terço
inferior da planta, 4 Retirada das folhas do terço médio da planta, 5 Retirada das folhas do terço superior da
planta, 6 Retirada das folhas do terço inferior e médio da planta, 7 Retirada das folhas do terço inferior e
superior da planta, 8 Retirada das folhas do terço médio e superior da planta.
Os resultados apresentados para as avaliações realizadas na fase R5 (formação do
dente) onde os tratamentos com desfolha realizada nos terços superior e médio e desfolha
total apresentaram-se diferentes estatisticamente (P<0,05) dos demais tratamentos,
[3]
representando respectivamente 30% e 34% de redução em sua massa seca quando
comparada ao tratamento com ausência de desfolha.
Na amostragem realizada no Estadio R6, os tratamentos 1, 5 e 8 mostram-se
superiores aos demais, sendo os maiores valores encontrados naqueles tratamentos,
representados respectivamente por 61%, 59% e 57% de massa seca a mais, quando
comparado ao tratamento 2.
Tabela 2. Valores médios para massa seca dos grãos de milho, expressa em gramas, em função dos
níveis de desfolha e da época de amostragem. Dourados-MS, UFGD, 2013
Estádios Fenológicos após a desfolha *
R3
R4
R5
R6
TRATAMENTO
Grão leitoso
Grão pastoso Formação de dente Maturação fisiológica
1
8,82 a
10,52 a
18,11 a
49,90 a
2
8,83 a
10,42 a
10,89 c
25,14 d
3
9,49 a
10,88 a
18,12 a
36,63 ab
4
8,72 a
9,70 a
19,13 a
37,94 ab
5
8,41 a
9,62 a
19,06 a
34,10 c
6
8,96 a
9,91 a
17,77 ab
30,87 c
7
9,72 a
11,49 a
15,98 b
33,95 bc
8
10,80 a
11,96 a
19,20 a
29,24 cd
CV (%)
16,10
13,64
5,01
6,48
MS
3,52
3,42
2,05
5,14
CV: coeficiente de variação; DMS: diferença mínima significativa. *Médias seguidas pela mesma letra na
coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (P<0,05).
¹ Testemunha sem desfolha das plantas, ² Retirada de todas as folhas da planta, ³ Retirada das folhas do terço
inferior da planta, 4 Retirada das folhas do terço médio da planta, 5 Retirada das folhas do terço superior da
planta, 6 Retirada das folhas do terço inferior e médio da planta, 7 Retirada das folhas do terço inferior e
superior da planta, 8 Retirada das folhas do terço médio e superior da planta.
Sangoi et al (2002) verificou que a quantidade de massa seca nos grãos de
milho após a maturação fisiológica foi afetada negativamente em plantas que sofreram
desfolha, corroborando com resultados encontrados por Fancelli (1988) e Uhart & Andrade
(1995), o que pode ter ocorrido com os valores observados na tabela 2, no estádio R4.
Avaliação dos resultados obtidos com os parâmetros diâmetro, comprimento e
número de grãos por espiga (Tabela 3), demonstra tendência de um desempenho
semelhante aos resultados observados na massa seca do colmo, ou seja, plantas que
sofreram desfolha nos terços superior e médio, médio e inferior e na desfolha total
apresentaram reduções significativas em termos percentuais.
O peso de mil grãos e a produtividade na colheita (Tabela 4) manteve a tendência
dos componentes discutidos anteriormente, o que para Silva (2005) ocorreu devido ao fato
[4]
do comprimento de espigas e número de grãos por espiga influenciar diretamente a
produtividade da cultura.
Para Magalhães et al. (1999) e Fancelli & Dourado Neto (2000) a desfolha severa
no estádio de pendoamento e polinização resultam em perdas na produtividade, fato
ocorrido nos tratamentos 2 e 8, onde a redução observada foi de 84% e 51%,
respectivamente, quando a produtividade máxima foi de 6.562 kg ha-1, no tratamento isento
de desfolha.
Tabela 3. Valores médios para diâmetro, comprimento e número de grãos por espiga de
milho na colheita, em função dos níveis de desfolha. Dourados-MS, UFGD, 2013.
TRATAMENTO
1
2
3
4
5
6
7
8
CV (%)
DMS
D. espiga (mm)*
5,20 a
4,25 c
4,90 ab
5,20 a
5,20 a
4,85 ab
5,12 a
4,57 bc
4,10
0,47
C. espiga (cm)*
14,77 ab
11,27 c
11,52 c
13,30 abc
15,70 a
12,70 bc
13,25 abc
12,12 bc
9,59
2,97
Nº grãos/espiga*
553 a
557 a
534 a
571 a
380 bc
524 a
495 ab
267 c
12,04
138,462
CV: coeficiente de variação; DMS: diferença mínima significativa. *Médias seguidas pela mesma letra na
coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (P<0,05).
¹ Testemunha sem desfolha das plantas, ² Retirada de todas as folhas da planta, ³ Retirada das folhas do terço
inferior da planta, 4 Retirada das folhas do terço médio da planta, 5 Retirada das folhas do terço superior da
planta, 6 Retirada das folhas do terço inferior e médio da planta, 7 Retirada das folhas do terço inferior e
superior da planta, 8 Retirada das folhas do terço médio e superior da planta
Tabela 4: Valores médios para peso de mil grãos, em gramas, e produtividade de milho na
colheita, em Kg.ha-1, em função dos níveis de desfolha. Dourados-MS, UFGD, 2013.
TRATAMENTO
1
2
3
4
5
6
7
8
CV (%)
DMS
Peso 1000 grãos (g)*
399,00 a
251,45 d
363,63 ab
379,45 ab
341,05 bc
308,75 c
339,50 bc
292,45 d
6,48
51,43
Produção (Kg.ha-1)*
6562,5 a
1004,7 c
5895,8 a
5761,1 a
5654,2 a
3550,0 b
4859,7 ab
3248,6 b
16,04
1737.6
CV: coeficiente de variação; DMS: diferença mínima significativa*Médias seguidas pela mesma letra na .
coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (P<0,05).
¹ Testemunha sem desfolha das plantas, ² Retirada de todas as folhas da planta, ³ Retirada das folhas do terço
inferior da planta, 4 Retirada das folhas do terço médio da planta, 5 Retirada das folhas do terço superior da
planta, 6 Retirada das folhas do terço inferior e médio da planta, 7 Retirada das folhas do terço inferior e
superior da planta, 8 Retirada das folhas do terço médio e superior da planta.
[5]
Conclusões
A retirada das folhas dos terços superior e médio influenciou na perda de massa seca
do colmo.
Os grãos de plantas que sofreram desfolha total apresentaram massa seca inferior à
massa encontrada na testemunha.
A desfolha influenciou negativamente nos componentes diâmetro de espiga, número
de grãos por espiga, comprimento de espiga, peso de mil grãos e produtividade.
Referências
CONAB, (Companhia Nacional de Abastecimento). Acompanhamento de safra brasileira:
grãos. Décimo primeiro levantamento, Brasília, 2013. 29 p.
FANCELLI AL (1988) Influência do desfolhamento no desempenho de plantas e
sementes de milho (Zea mays L.). Tese de Doutorado.Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Piracicaba. 172p.
FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária,
2000. 360p.
MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M.; OLIVEIRA, A. C. de.; GAMA, E. E. G.
Efeitos de diferentes técnicas de despendoamento na produção de milho. Scientia
Agrícola, Piracicaba, v. 56, nº 1, p. 77 - 82. 1999.
OTEGUI M & ANDRADE FH (2000) New relationships between light interception, ear
growth, and kernel set in maize. In: Westgate ME & Boote KJ (Ed.) Physiology and
modeling kernel set in maize. Madison, CSSA. p.89-102.
SILVA, C. J. da. Influência de estresses abióticos na fase reprodutiva do milho.
Jaboticabal: UNESP, 2005. 60 p. Dissertação de Mestrado.
UHART, S. A.; ANDRADE, F. H. Nitrogen and carbon accumulation and remobilization
during grain filling in maize under different source and sink ratios. Crop Science,
Madison, v. 35, p. 183-190, 1995.
[6]
Download