DESFOLHA ARTIFICIAL SIMULANDO DANOS DE PRAGAS NO CULTIVO DE CRAMBE Paulo Rogério Beltramin da Fonseca1*, Marcos Gino Fernandes2, Marcelo de Brito3, Jonatas Henrique dos Santos Tutija2, João Alfredo Neto Silva1 RESUMO: O crambe é uma cultura de inverno, pertencente à família das crucíferas, utilizado para produção de biodiesel, de ciclo curto, o que torna o manejo fitossanitário adequado da cultura, fator importante para a maximização da produção. Desta forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito da redução de área foliar, mediante desfolha artificial nos componentes de produção do crambe. O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial 5 x 3 (cinco níveis de desfolha - 0%, 25%, 50%, 75% e 100% e três estádios fenológicos - vegetativo, floração e enchimento de grãos) com quatro repetições em blocos inteiramente casualisados. A altura de plantas de crambe não foi alterada independente do estágio fenológico. No estádio vegetativo, conforme aumenta o nível de desfolha do crambe, ocorre à redução no acúmulo de massa seca da parte aérea. A desfolha na cultura do crambe reduz a produtividade quando ocorre nos estádios iniciais de desenvolvimento. Palavras-chave: Crambe abyssinica, área foliar, brássica de inverno. DEFOLIATION ARTIFICIAL SIMULATING DAMAGES IN CROP PEST CRAMBE ABSTRACT: The crambe is a winter crop, belonging to the family of cruciferous used for biodiesel production, short cycle, which makes the appropriate plant crop management, an important factor for maximizing production. Therefore, the objective of this research was to evaluate the effect of reduced leaf area by artificial defoliation on production components of crambe. The experimental design was a 5 x 3 factorial (five levels of defoliation - 0%, 25%, 50%, 75% and 100% and three phenological stages - vegetative, flowering and grain filling) with four replications in blocks fully randomized. Plant height of crambe was not changed regardless of the phenological stage. In the vegetative stage, reducing the accumulation of dry mass of shoots increases as the level of crambe defoliation occurs. Defoliation in the culture of crambe reduces productivity when it occurs in the early stages of development. Key words: Crambe abyssinica, leaf area, winter crucifer. __________________________________________________________________________________________ 1 Eng. Agrônomo, doutor, em Agronomia (Produção Vegetal), Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD. Rodovia Dourados-Itahum, Km 12, Caixa Postal 533, Bairro Aeroporto, CEP: 79804-970, Dourados-MS. *E- mail: [email protected]. Autor para correspondência. 2 Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade, UFGD. Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados/MS, Brazil, e-mail: [email protected]. 3 Graduando em agronomia, Faculdade Anhanguera de Dourados, FAD. Rua: Manoel Santiago, 1155 - CEP: 79825-150, Dourados-MS, e-mail: [email protected]; jonatas_tsutiya@ hotmail.com. Recebido em: 29/07/2013. Aprovado em: 01/09/2014. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 03, p.19 – 25, set/dez. 2014. P. R. B. da Fonseca et al. INTRODUÇÃO O crambe (Crambe abyssinica Hochst.) é uma planta de ciclo anual, pertencente à família das crucíferas, nativa do Mediterrâneo, que vem sendo cultivada em algumas regiões tropicais e subtropicais pelo interesse industrial no óleo extraído de suas sementes, recentemente utilizado para produção de biodiesel (OLIVEIRA NETO et al., 2011; SILVA et al., 2012; SORATTO et al., 2013). A cultura do crambe ainda destaca-se, devido o baixo custo de produção, à rusticidade, resistência a seca e eficiência no uso da água vem sendo opção nos sistemas de rotação de culturas na região Centro-oeste do país, devido ao ciclo curto, tolerância à seca e a baixas temperaturas (LUNELLI et al., 2013; SANTOS & ROSSETO, 2013). O crambe é uma brássica de inverno, que vem chamando a atenção dos produtores por ter ciclo curto, que varia de 90 a 100 dias, por isso, o manejo fitossanitário adequado da cultura, constitui fatores importantes para a maximização da produção (JASPER et al., 2010; ROGERIO et al., 2012). No desenvolvimento do crambe, há incidência de pragas, destacando-se, lagartaelasmo, Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848) (Lepidoptera: Pyralidae), lagarta-rosca, Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767) (Lepidoptera: Noctuidae), larva-dediabrotica, Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae) (PITOL et al., 2010; BEZERRA et al., 2011). Segundo Kmec et al. (1998), o crambe é uma cultura que apresenta alto nível de resistência a desfolha, porém informações com diferentes níveis de desfolha traz uma ferramenta a mais para o manejo integrado de pragas. Estudos relacionados à desfolha artificial produzem informações básicas e técnicas seguras que possibilitam o conhecimento quantitativo a respeito da capacidade das culturas tolerarem perdas de área foliar em diferentes estádios fenológicos (FAZOLIN & ESTRELA, 2004). O desfolhamento influencia nos componentes de produção, repercutindo em 20 última instância na produtividade, qualidade e rentabilidade, os estudos sobre níveis de desfolha nos diferentes estádios fenológicos das culturas fornecem subsídios sobre o comportamento da planta no que diz respeito à capacidade de suportar desfolhas, como daquelas decorrentes do ataque de pragas, doenças, ou qualquer outro fator que venha a reduzir o índice de área foliar (SILVA et al., 2012). Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar variáveis biométricas e produtivas da cultura do crambe, sobmetida a níveis de desfolha em diferentes estádios fenológicos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Faculdade Anhanguera de Dourados (FAD), Departamento de Agronomia, no Município de Dourados, MS, situa-se em latitude de 22º12’42’’ S, longitude de 54º49’04’’ W e altitude de 427 m, sob condições de casa-devegetação, no período de março a junho de 2013. O solo utilizado no experimento foi o Latossolo Vermelho Distrófico (LVd) com textura media, com 450 g kg-1 de argila, determinado pelo método da pipeta (CLAESSEN, 1997), coletado na Fazenda Escola da Anhanguera no município de Dourados, MS. O solo foi incubado com misturas de fertilizantes por 20 dias. Efetuouse aplicação de 2 Mg ha-1 de calcário calcítico a adubação básica de 2g por vaso da fórmula 10-10-10 (N-P-K) e a adubação de cobertura a lanço com 2 g de ureia (46,6% de N) aos 35 dias após a emergência (DAE). Cada parcela consistiu de um vaso com 4 kg de solo com duas plantas de crambe, obtidos a partir da semeadura de quatro sementes da fundação MS, cultivar FMS Brilhante por vaso, e foi efetuado o desbaste cinco dias após a emergência, deixando as duas plantas vigorosas e uniformes em tamanho e morfologia. Quando as plantas encontravam-se nos estádios fenólogicos (vegetativo, floração e enchimento de grãos), elas foram 20 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 03, p.19 – 25, set/dez. 2014. Desfolha artificial... submetidas à desfolha artificial. Para a obtenção dos níveis de desfolha estabelecidos nos estádios fenológicos estudados, foram retirados de todas as folhas, com o auxílio de uma tesoura, as porcentagens correspondentes (BERTONCELLO et al., 2011). O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial 5 x 3 (cinco níveis de desfolha e três estádios fenológicos) com quatro repetições em blocos inteiramente casualisados. Os cinco níveis de desfolha utilizados foram 0%, 25%, 50%, 75% e 100%, sendo a desfolha realizada nos seguintes estádios fenológicos: estádio vegetativo (25 DAE), Estádio - Floração (42 DAE) e o Estádio - Enchimento de Grãos (81 DAE). Para a avaliação das variáveis, foram realizadas nas duas plantas dentro da área da parcela (vaso), sendo realizadas às seguintes avaliações: 1) Altura da planta (AP): considerouse a distância compreendida entre a superfície do solo até a parte apical da planta, sendo que as medições foram realizadas aos 100 dias após a emergência (DAE), utilizando-se de uma fita métrica; 2) Diâmetro do caule (DC): a determinação do diâmetro de caule foi feita no nível do solo, utilizando um paquímetro digital, sendo que as aferições foram realizadas aos 100 DAE; 4) Número de ramos por planta (NR): o número total de ramos foi obtido através da contagem direta dos ramos formados em cada planta e, posteriormente, a determinação da média de cada parcela; 5) Massa seca da parte área (MSPA): a determinação da massa seca da parte aérea foi feita no nível do solo, sendo que as aferições foram realizadas aos 110 DAE, sendo representados pela somatória de caule, ramos, folhas e frutos. As partes coletadas foram secas a 65 °C, até peso constante (72 horas). Após a secagem, as amostras foram pesadas para a determinação da massa de matéria seca; 6) Diâmetro de sementes (DC): para a determinação da largura de sementes, foram 21 realizadas aferições em 20 sementes por repetição, utilizando um paquímetro digital; 7) Massa seca de 100 grãos (MSG): A massa seca de 100 grãos, foi obtida através da secagem das amostras em estufa com ventilação forçada de 55 a 65 ºC, durante 48 horas e, posteriormente, foram separadas 4 subamostras de 100 grãos por repetição, cuja massa foi determinado em balança analítica, obtendo-se a média da parcela; 8) Produtividade: a produtividade foi avaliada, colhendo-se as plantas de cada vaso (parcelas). Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao laboratório para a determinação da umidade e da massa produzida por parcela, sendo que o valor obtido foi transformado em produtividade expressa em kg ha-1, com correção de umidade para 13%. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando significativos, as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto ao crescimento das plantas de crambe, verificou-se que, apesar das desfolhas nos estádios vegetativos, floração e enchimentos de grãos, as mesmas não foram afetadas, independente do nível de desfolha e estádio fenológicos, pois não houve diferença quanto ao parâmetro altura de planta (Tabela 1). Os resultados semelhantes foram relatados por Viecelli et al. (2011), que descreveram que, dependendo da etapa de desenvolvimento em que se encontra a cultura, de uma maneira geral, é tolerante a determinados níveis de desfolhamento. Fonseca et al. (2013) relataram que os danos simulados em espécies de plantas anuais em igual estádio não prejudicam a altura das plantas. Quanto ao diâmetro do caule, observou-se que apenas no estádio vegetativo ocorreu diferença em função dos níveis de desfolha, onde as plantas que não foram desfolhadas tiveram valores superiores (11,90 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 03, p.19 – 25, set/dez. 2014. P. R. B. da Fonseca et al. mm), em relação as que sofreram 100% de desfolha (9,85 mm). Comparando os diferentes estádios para cada nível de desfolha, teve resposta somente o nível de 100%, evidenciando que esta característica da planta é prejudicada apenas quando a 22 desfolha ocorre na fase inicial da cultura (Tabela 1). Janegitz et al. (2010), estudando o diâmetro do caule de C. abyssinica observou valores semelhantes ao presente trabalho, com aproximadamente 11,00 mm. Tabela 1. Número médio de altura de planta (AP), diâmetro do caule (DC), número de ramos (NR), massa seca da parte aérea (MSPA), diâmetro da semente (DS), massa seca de 100 grãos (MSG) e produtividade de crambe (Crambe abyssinica H.) cultivar FMS Brilhante submetidas a diferentes níveis de desfolha. Dourados, MS, 2013 Dias após a emergência Tratamentos AP DC NR MSPA DS MSG Produtividade (m) (mm) (unidade) (g) (mm) (g) (kg ha-1) 1,13 Aa 1,02 Aa 0,98 Aa 0,89 Ab 0,99 Aa 1746,50 Aa 1326,68 Bb 1400,00 Bb 1265,00 Bb 1313,33 Bb 0,91 Aa 1,03 Aa 0,97 Aa 1,17 Aa 1,11 Aa 1126,50 Bb 1833,33 Aa 1593,33 Aab 1205,00 Bb 830,00 Cc 1,07 Aa 1,04 Aa 1,03 Aa 0,88 Ab 0,94 Aa 14,97 1700,00 Aa 1400,00 Bb 1660,00 Aa 1606,50 ABa 1560,00 ABa 8,53 Testemunha Desfolha Desfolha Desfolha Desfolha 0% 25% 50% 75% 100% 1,37 Aa 1,47 Aa 1,47 Aa 1,43 Aa 1,42 Aa 11,90 Aa 11,27 ABa 11,42 ABa 11,20 ABa 9,85 Bb Testemunha Desfolha Desfolha Desfolha Desfolha 0% 25% 50% 75% 100% 1,50 Aa 1,37 Aa 1,48 Aa 1,39 Aa 1,39 Aa 12,09 Aa 11,87 Aa 11,37 Aa 11,47 Aa 11,74 Aa Testemunha Desfolha Desfolha Desfolha Desfolha CV%: 0% 25% 50% 75% 100% 1,35 Aa 1,39 Aa 1,49 Aa 1,54 Aa 1,40 Aa 7,57 12,35 Aa 12,38 Aa 12,35 Aa 11,67 Aa 12,45 Aa 8,20 Estádio - Vegetativo (25 DAE) 18,37 Aa 18,27 ABa 3,24 ABa 20,89 Aa 19,63 Aa 3,09 Ba 20,50 Aa 15,40 ABCa 3,39 Aa 19,88 Aa 14,02 BCa 3,12 Bab 16,50 Ab 13,33 Cab 3,13 Ba Estádio - Floração (42 DAE) 19,67 Aa 17,93 Aa 3,26 Aa 18,12 Aa 15,98 ABa 3,26 Aa 19,00 Aa 15,88 ABa 3,09 Ab 19,50 Aa 14,09 ABa 3,34 Aa 18,50 Aab 12,15 Bb 3,28 Aa Estádio - Enchimento de Grãos (81 DAE) 22,75 Aa 17,45 Aa 3,36 Aa 22,50 Aa 16,70 Aa 3,16 ABa 19,50 Aa 17,98 Aa 3,12 ABb 18,63 Aa 14,33 Aa 3,05 Bb 21,88 Aa 17,48 Aa 3,06 Ba 14,69 13,38 4,29 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna para comparação de diferentes níveis de desfolha para cada estádio fenológico, minúscula na coluna, para comparação de um mesmo nível de desfolha entre os estádios fenológicos, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Essa resposta ocorreu devido às folhas serem a parte das plantas de maior taxa fotossinteticamente ativa, na qual pode conferir o maior diâmetro de caule, no que tange à maior quantidade de fotoassimilados acumulados durante o ciclo (TAIZ & ZEIGER, 1998). Assim como para o diâmetro do caule, observou-se que para número de ramos, quando comparado os diferentes estádios para cada nível de desfolha, teve diferença apenas para 100% desfolha, verificando que quando ocorre à redução da área foliar no desenvolvimento inicial do C. abyssinica, resulta em menor número de ramos. E quando comparado os níveis de desfolha, percebeu-se que não houve diferença em todos os estádios avaliados (Tabela 1). Dalchiavon et al. (2012) obtiveram resultados semelhantes para número de ramos, estudando densidade de semeadura, onde obteve 20 ramos por planta de crambe aproximadamente. Segundo Desai et al. (1997), o C. abyssinica é uma planta herbácea anual, com aproximadamente um metro de altura, cuja haste ramifica-se próxima ao solo para formar trinta ou mais ramos, que novamente se ramificam, formando ramos terciários. Avaliando a variável massa seca da parte aérea através dos níveis de desfolha do crambe em cada estádio independentemente, observou-se que no estádio vegetativo, 22 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 03, p.19 – 25, set/dez. 2014. Desfolha artificial... conforme aumenta o nível de desfolha de 25%, 50%, 75% e 100% ocorrem à redução no acumulo de MSPA de 19,63g; 15,40g; 14,02g e 13,33g, respectivamente. No estádio de floração, reduziu a MSPA nas plantas de C. abyssinica com desfolha de 100%, em relação à testemunha não desfolhada. Já a desfolha realizada na fase de enchimento de grãos não diferiu entre os níveis analisados (Tabela 1). Heinz et al. (2011) e Lázaro et al. (2013), com pesquisa com o crambe, relatam a massa seca da parte aérea com aproximadamente 2500,00 kg ha-1. A desfolha de 100% afetou o acúmulo de matéria seca da parte aérea quando ocorre até o florescimento, já os demais níveis, não diferem entre os estádios em desenvolvimento. Este fato poder ser explicado, devido à cultura ser afetada, negativamente, quando ocorre a redução da área foliar no início do desenvolvimento, pois de acordo com Brachtvogel et al. (2012), a quantidade de radiação solar interceptada pela superfície fotossinteticamente ativa da cultura atua, favoravelmente, para aumentar a eficiência de uso da radiação solar, o que aumenta a longevidade do aparelho fotossintético e mantém o acúmulo de massa nas folhas por mais tempo. Para o diâmetro de sementes, houve diferença entre os níveis de desfolha no estádio de enchimento de grãos, não tendo ocorrido às variáveis: altura de planta, diâmetro do caule, número de ramos, massa seca da parte aérea e massa de 100 grãos (Tabela 1). O menor diâmetro das sementes nas plantas com 75 e 100% de desfolha com 3,05 e 3,60 mm, respectivamente, em relação à testemunha com 3,24 mm (Tabela 1), pode ser explicado pelo menor atividade fotossintética da planta e, consequentemente, de assimilados para os grãos (BARROS et al., 2002). O tamanho da semente varia consideravelmente no diâmetro (0,8 a 2,6 mm), sendo influenciada pelo número de sementes por planta, fertilidade do solo e nível de desfolha (DESAI, 1997). 23 O nível de desfolha em cada estádio, independentemente, verificou-se que não teve diferença para a variável massa seca de 100 grãos. Para a desfolha de 75%, observou-se que teve maior influência quando ocorreu nos estádios vegetativos e enchimento de grãos (Tabela 1). Alvim et al. (2010) relatam que a reserva de fotoassimilados acumulada durante a fase vegetativa no caule e a sua translocação para o enchimento de grãos no tratamento com desfolha total permitiram que o grão finalizasse a sua formação. A produtividade da cultura do crambe foi influenciada pelos níveis de desfolha nos três períodos avaliados. No estádio vegetativo, a testemunha (sem desfolha) teve a maior produtividade em relação aos níveis de desfolha de 25%, 50%, 75% e 100%. Quando a redução da área foliar as 42 DAE, em pleno florescimento, o nível de 100% obteve a menor produtividade (Tabela 1). A redução da área foliar nos estádio vegetativo e florescimento reduzem e maior quantidade a produtividade, com isso as maiores produtividades são alcançadas caso não ocorra desfolhamento do C. abyssinica, ou a partir do enchimento de grãos (Tabela 1). Jasper et al. (2010) apontaram uma produtividade de 1507,05 kg ha-1, acima do potencial produtivo de 1000,00 a 1500,00 kg ha-1, informado por Pitol et al. (2010). Pesquisas de Kmec et al. (1998) e Moers et al. (2012) relatam que a desfolha artificial do crambe pode suportar lesão substancial após o início da antese (25-50% da área foliar perdida), sem perda de rendimento significativa. CONCLUSÕES A altura de plantas de crambe não foi alterada, independente do estágio fenológico e nível de desfolha. No estádio vegetativo, conforme aumenta o nível de desfolha do crambe, ocorre à redução no acúmulo de massa seca da parte aérea. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 03, p.19 – 25, set/dez. 2014. P. R. B. da Fonseca et al. 24 A desfolha, na cultura do crambe, reduz a produtividade quando ocorre aos 25 DALCHIAVON, M. P.; SANTOS, R. F.; dias após a emergência. SOUZA, S. N. M.; BASSEGIO, D.; ROSSETTO, C.; BAUERMANN, H. B. 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