PARTE I - BRASIL Portugal e Espanha dividem o mundo: o Tratado de Tordesilhas As nações que mais se· destacaram no início do processo de expansão comercial e marítima da Europa foram Portugal e Espanha. No final do século XV e início do século XVI, elas participaram de uma verdadeira corrida pelo domínio das terras da América. A Espanha saiu na frente com o anúncio de que Cristóvão Colombo havia descoberto as primeiras terras da América, em 1492. A viagem de Colombo levou Portugal a exigir da Espanha um tratado que garantisse a partilha das terras a serem descobertas. Evidentemente, Portugal já tinha notícias da existência de outras terras a oeste e pressionou de forma diplomática - fato inova- dor para o período, em que era mais comum o uso da força armada - para obter um documento que lhe garantisse a posse de tais terras. Esse acordo, chamado de Tratado de Tordesilhas, foi assinado em 1494, estabelecendo uma divisão satisfatória para as ambições portuguesas. Com a assinatura desse tratado, Portugal e Espanha garantiram a posse das Américas e passaram a ser as principais potências européias. A linha demarcatória de Tordesilhas foi a primeira fronteira estabelecida para as terras brasileiras conquistadas pelos portugueses em 1500. ;ÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO A exploração do pau-brasil • Nos primeiros trinta anos depois da chegada dos portugueses ao território brasileiro, Portugal não deu grande atenção a estas terras. Na época, era prioritário o comércio com o Oriente, cujas especiarias propiciavam lucros elevados. Mesmo assim, nesse período foram enviadas ao Brasil algumas expedições de reconhecimento e defesa: era preciso garantir as novas terras contra a cobiça de outras nações européias. Como os portugueses não encontraram aqui os tão desejados metais preciosos, pois aqui as reservas de ouro e prata estavam longe do mar e dos olhos dos conquistadores - ao contrário do que ocorreu nas possessões espanholas -, decidiram explorar de imediato o que fosse mais fácil. Assim, começaram a extrair paubrasil, madeira abundante no litoral e que era usada como matéria-prima para a fabricação de tinta para tecidos. No entanto, o processo de exploração do pau-brasil mostrou-se extremamente nefasto. Além de não estimular a ocupação efetiva do território, acarretou rápida devastação dessa riqueza. A economia no século XVI OCEANO ATLÂNTICO o Área de ocorrência do pau-brasil Cana-de-açúcar • Fonte: Atlas Histórico Escolar. Pecuária PARTE I - BRASIL A cana-de-açúcar As únicas capitanias que se desenvolveram foram as de São Vicente e Pemambuco. A de São Vicente já contava com uma vila (fundada em 1532) e pôde desenvolver a criação de gado e o plantio de cana. Na capitania de Pemambuco o plantio da cana-de-açúcar foi um sucesso devido a dois fatores: a maior proximidade com a Europa, o que agilizava e barateava o transporte, e a existência de largas extensões de terras com solo massapé, extremamente propício a esse e a outros cultivos. • Ainda no século XVI, o comércio com o Oriente deixou de oferecer os lucros desejados. Isso levou os govemantes portugueses a se decidirem pelo aproveitamento das terras do Brasil, cultivando algum produto que alcançasse grande valor no mercado europeu. O produto escolhido foi o açúcar, e a primeira providência consistiu em iniciar o plantio da cana-de-açúcar, para ampliar a produção que Portugal já tinha em algumas ilhas do Atlântico. Para viabilizar a atividade, a partir de 1532 a Equador monarquia portuguesa começou a procurar inCapit""a=n=ia=s"'-'--- __ ~",*"",,id hereditárias : ~_ vesti ores que se comprometessem a ocupar ,-,M'ARANHAIDI;. as terras brasileiras e tomá-las produtivas. MARANHÃO~ Afinal, entre 1534 e 1536 as terras foram dor: CEARA RIOGRANDE adas a ricos fidalgos e comerciantes portugue; ses, que deviam arcar com a maior parte dos : ITAMARACÁ gastos da ocupação. As áreas doadas foram cha;SUl:': PERNAMBUCO madas de capitanias hereditárias, ou donatarias, ~:~--~-~-----P' e poderiam ser transferidas aos descendentes ~iBAHIADETODOSOS SANTOS dos donatários. Observe o mapa. DOMíNIO .g::--------~!.:'.salvador ~SPANHOL ~, As capitanias estendiam-se do litoral até a ..ê! ILHÉUS linha limítrofe do Tratado de Tordesilhas. Cabia .g:-----------j OCEANO 2: PORTOSEGURO ATLÂNTICO aos donatários povoá-las, atraindo outros colo~: nizadores. -iE:--------í O açúcar promoveu o progresso de poucas ~: EspíRITOSANTO capitanias. Muitas delas não conseguiram resolSÁOTOMÉ · ..SÃ<t'\l'ICENTE 'Riode Janeiro ver os problemas com os índios, que lutavam 1J:<?f'!'?9 _<!'!.r;;.?prj"-<?~(l!9_ - _____ SANTO ~iiâ d~ Sã;;Vicente '---,-" -, -_. , _ por seus direitos e afastavam possíveis coloni:SpOVICENTE ---, zadores. Outras não tinham solos apropriados N ~SANTANA ao plantio da cana-de-açúcar, e algumas não A L....!r' chegaram nem sequer a despertar o interesse Fonte:Atlas Histórico Escolar. de seus próprios donatários. i' fi km o solo Em uma larga faixa de Pernambuco, estendendo-se de norte a sul, predomina um solo úmido, argiloso, escuro e extremamente fértil. Conhecido como massapé, esse solo foi fundamental para o sucesso do ciclo da cana-de-açúcar. Ainda hoje as inúmeras usinas do estado aproveitam a fertilidade desse solo para cultivar seus canaviais. Foi nessa época que começou uma imigração forçada e violenta de trabalhadores negros africanos, escravizados para cultivar a terra e, assim, propiciar os lucros exigidos pela economia imposta pelos europeus. massapé Pode-se afirmar que as capitanias hereditárias produziram um resultado medíocre, pois continuaram a existir imensas áreas do território brasileiro sem um único colonizador europeu. Dessa forma, para atender aos interesses de Portugal, era necessário providenciar outra forma de ocupação humana e ecOnômica do território. O ciclo do açúcar, no Brasil, só chegaria ao fim bem mais tarde, por volta de 1680. Nessa época o - preço do açúcar caiu muito na Europa, e isso atetou todo o processo colonial do Brasil. CAPiTuLO 1 - A OCUPAÇÃO DO ESPAço BRASILEIRO - Os engenhos - A palavra "engenho" designa ao mesmo tempo a grande propriedade produtora de cana e o conjunto de equipamentos para a produção do açúcar. Eram moendas, caldeiras, tachos, fôrmas, depósitos e outras instalaçôes, que davam a essa atividade um certo caráter fabril. O espaço produzido pelos engenhos do Nordeste foi a base para o surgimento de muitas vilas e até mesmo cidades. O poder político era exercido pelos senhores de engenho (os proprietários das fazendas) no apogeu desse l;-seniala4.- fornalhas - . '.2. c{lsa-grQrLde S. carga de cana-ae-açúcar 3. canavial 7. roda-d'dgua 8. casa de purgar - 6. cilindros verticais importante ciclo econômico. o processo de ocupação do interior do Brasil As bandeiras • o crescimento os índios. Por outro lado, as bandeiras romperam brutalmente a linha do Tratado de Tordesilhas, empurrando os espanhóis e levando as fronteiras dos domínios portugueses bem para oeste do antigo acordo. Foram também os bandeirantes, no final do século XVII, que descobriram as riquezas minerais - especialmente o ouro, em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso -, responsáveis pelo novo rumo da economia colonial ao longo do século XVIII. econômico do Nordeste, com a economia açucareira, não se reproduziu com a mesma intensidade na capitania de São Vicente. Após um breve período de sucesso da cana-de-açúcar nessas terras, a economia entrou em declínio, e a população da capitania teve de procurar alternativas para garantir a sobrevivência. A alternativa que ofereceu melhores resultados foi a das bandeiras, expedições que busca"1 !~Principais bandeiras ~1'i:5 vam riquezas no interior. O apresamento de ~~~~~~-r~--~~~~'~.,-----indígenas e a busca de metais e pedras preciosas são os principais objetivos das bandeiras. No início do século XVII, com Portugal sob domínio espanhol, a Holanda investiu no comércio de mãode-obra africana e desorganizou o tráfico português. O fluxo de escravos negros para algumas regiões da colônia diminuiu e renasceu então o interesse pela escravização do indígena. Quando o tráfico negreiro foi regularizado, as bandeiras continuaram, agora motivadas pela procura de metais e pedras preciosas. Os bandeirantes promoveram o despovoamento N ~ Bandeiras que procuravam ouro e pedras preciosas de várias regiões massacrando e escravizando os _ Bandeiras de oi....-.J 540 indígenas, bem como disseminando doenças que apresamento de índios foram responsáveis por grandes epidemias entre Fonte: Atlas Histórico Escolar. "I~ A km PARTE I - BRASIL A pecuária • Ao mesmo tempo que se desenvolvia a economia açucareira, surgiram outras atividades de grande importância. Na Bahia, por exemplo, o fumo era usado como produto de troca pelos escravos e contribuiu para a ocupação e o adensamento populacional dessa parte do território. Em outras áreas do Nordeste surgiram lavouras de algodão, que produzi~ am matéria-prima para as pequenas ~ manufaturas locais de tecidos, fios e linhas. Ainda no Nordeste, a criação de gado iniciou uma forte interiorização do povoamento. Como a atividade canavieira se desenvolveu aí, a atividade pecuarista também se concentrou nesta região, nas terras do interior, reservando a zona lito- Fonte: Atlas Histórico Escolar. rânea para a cana-de-açúcar. Dessa maneira, a atividade de criação complementou a economia do açúcar e iniciou a penetração, conquista e povoamento do interior do Brasil, principalmente do sertão nordestino. A partir do século XVII, a atividade criatória ocupou terras cada vez mais para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos exigiu grandes extensões de pastagens. Os rebanhos se destinaram ao mercado interno, principalmente aos engenhos, e as feiras de gado tornaram-se o elo de ligação entre os interesses de criadores e senhores de engenho. A primeira feira realizou-se na Bahia, em 1614, e a partir desse momento a pecuária tornou-se uma atividade povoadora do interior. O gado bovino era um produto que complementava a economia açucareira. Os produtos da pecuária (carne, couro) abasteciam toda a região do litoral de Pernambuco e proximidades. Os engenhos, embora tivessem perdido a força exportadora, ainda mantinham uma grande importância política e econômica, representando um mercado consumidor para a pecuária. Os canaviais praticamente empurraram os rebanhos para o interior, onde se espalharam acompanhando as margens dos rios, especialmente o São Francisco, que ficou conhecido como "rio dos currais" - curral era o nome genérico dado às terras destinadas ao gado. Atividades econômicas no Brasil (séc. XVIII) OCEANO ATLÂNTICO N A 1..-.-.....1 o 430 km Com o desenvolvimento da atividade mineradora em Minas Gerais, a criação de gado ganhou impulso ainda maior, pois passou a responder pelo fornecimento de carne e outros produtos para os trabalhadores que buscavam ouro. AAmazônia· • Enquanto no Nordeste do Brasil prosperava a economia açucareira, no Norte o foco econômico voltou-se para os produtos extraídos da floresta. Chamados de "drogas do sertão", esses produtos eram especiarias, como urucum, cravo, baunilha, canela e guaraná, principalmente, mas também cascas, folhas e raízes com propriedades medicinais, além de cacau, castanha-dopará e madeiras valiosas. As drogas do sertão constituíram a base da economia regional. Ao longo dos séculos XVIIe XVIII,a coleta desses produtos foi o principal estímulo para a penetração e ocupação da Amazônia. Assim, a região amazônica foi incorporada à colonização portuguesa (com a criação da província do Grão-Pará e Maranhão) e passou a abrigar vários fortes, bases militares portuguesas construídas para proteger a região das invasões estrangeiras. CAPÍTULO 1 - A OCUPAÇÃO 00 ESPAço BRASILEIRO o Forte de São José, em Macapá, Ap, foi erguido para evitar incursões estrangeiras. Quando foi inaugurado, em 19 de março de 1782, era considerado a mais bela, mais imponente e mais sólida edificação militar do Brasil. essa aquisição, os portugueses romperam novamente a linha do Tratado de Tordesilhas e obrigaram os espanhóis a estabelecer um novo acordo. Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, que concedia uma grande área para a Coroa portuguesa, estabelecendo os contornos gerais do Brasil, bem semelhantes aos atuais. No sul, Portugal cedeu a colônia de Sacramento (atual Uruguai), mas ao norte garantiu a Amazônia e o Centro-Oeste. Ao longo do século XIX, o Brasil consolidou suas fronteiras mediante diversos acordos e tratados entre o governo brasileiro e os governos vizinhos. Em 1864, porém, o Brasil se envolveu num sério conflito com o Paraguai, que ameaçava a supremacia brasileira e argentina na região dos rios Paraguai e Paraná. A Guerra do Paraguai durou até 1870 e definiu as fronteiras na bacia do Prata-Paraná. Vitorioso, o Brasil consolidou sua presença nessa importante região econômica. Tais bases serviram como pontos de apoio para caçadores de índios, sertanistas que buscavam drogas do sertão e jesuítas empenhados em catequizar os indígenas. Como os bandeirantes, esses grupos também avançaram muito além do limite de Tordesilhas e conquistaram uma área que, pelo acordo, pertencia à Espanha. o Sul • As oportunidades de trabalho e de enriquecimento atraíam um número cada vez maior de portugueses, dando origem a novas expansões. No século XVII, por exemplo, os bandeirantes fizeram violentas incursões pelo Sul do Brasil, expulsando jesuítas e soldados espanhóis e aprisionando indígenas. Para fortalecer sua posição na região, em meados do século XVIII, a Coroa portuguesa estabeleceu uma colônia de portugueses, oriundos do arquipélago dos Açores, no litoral do atual estado de Santa Catarina. Para abastecer esses imigrantes, iniciou-se a criação de gado mais ao sul. A princípio despretensiosa, a atividade prosperou rapidamente, pois a região escolhida, de relevo suavemente ondulado, era coberta de ricas pastagens. Tratava-se do pampa gaúcho. Por todo o Sul do Brasil surgiram então prósperas fazendas de criação de gado, as estâncias. Com mais ARGENTINA • Fortes X Batalhas D Território • --+ Povoações Tropas brasileiras pretendido pelo Paraguai Fonte: www.mre.gov.br/acs/diplomacia/portg/arquivo/mapa026.htm Espaço e técnica Espaço geográfico é todo meio, natural ou não, modificado pela ação humana por meio de técnicas. Ao longo do tempo, essas técnicas de modificação da natureza foram desenvolvidas e difundidas pelas diversas sociedades humanas. Em conseqüência, toda a superfície terrestre transformou-se em um único espaço geográfico. 191 PARTE I - BRASIL o Brasil define seus contornos atuais o café • o principal responsável pelas transformações econômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil na segunda metade do século XIXfoi um novo produto de exportação: o café. Graças a esse produto, a economia brasileira reintegrou-se nos mercados internacionais. Também contribuiu para o incremento das relações assalariadas de produção e possibilitou a acumulação de capital, que, em seguida, foi aplicado em sua própria expansão e em alguns setores urbanos, como a indústria, por exemplo. O café foi ainda responsável pela inversão na balança comercial brasileira. Depois de uma história de constantes déficits, a balança passou a superavitária, ou seja, a apresentar resultados positivos, entre 1861 e 1885. Esse constante superávit na balança comercial também facilitou a obtenção de novos empréstimos. Até então usados para cobrir déficits, a partir de 1861 os empréstimos passaram a ser investidos no desenvolvimento interno, na construção de estradas e em outras obras públicas. A borracha • No final do século XIX, o Brasil estava inserido na economia internacional como grande fornecedor de matérias-primas. Durante a segunda fase da Revolução Industrial, muitos avanços tecnológicos necessitavam de mais matérias-primas, muitas das quais estavam sendo usadas pela primeira vez. Uma das mercadorias mais requisitadas no período era a borracha, utilizada, entre outras aplicações, para abastecer a indústria automobilística, que aperfeiçoava o uso de pneus. O látex, matéria-prima para a fabricação da borracha, é extraído da seringueira (Hevea brasiliensis), espécie vegetal abundante na região amazônica. À medida que cresciam as necessidades da economia internacional, mais e mais trabalhadores eram atraídos para a região. Chegavam de toda parte, aos milhares, mas a grande maioria vinha do Nordeste, em busca de trabalho na extração do látex. Seguindo o mesmo caminho dos primeiros exploradores, que buscavam as drogas do sertão, esses tra- Uma foto de 1902 documenta imigrantes trabalhando na colheita de café em Araraquara, no interior de São Paulo (a trezentos quilômetros da capital). Os pés crescidos indicam que a área estava ocupada havia mais de uma década. CAPÍTULO 1 - A OCUPAÇÃO balhadores - os seringueiros - avançaram sem cessar para o oeste, sempre em busca de novas áreas com seringueiras. Dessa forma, em 1877 adentraram o território boliviano em grande número. Duas décadas mais tarde, em 1899, os trabalhadores brasileiros foram violentamente repelidos pelas forças armadas bolivianas. Seguiram-se quatro anos de conflitos, que resultaram em muitas mortes de seringueiros e de bolivianos. As hostilidades somente terminaram com a assinatura, em 17 de novembro de 1903, do Tra- 1)'9P!c9A~-ca [qQfJlip_ ------ ------------tado de Petrópolis, pelo qual o Brasil adquiriu, em parte por compra (2 milhões de libras esterlinas) e em parte pela troca de pequenas áreas dos estados do Amazonas e d O Mato Grosso, o território Fonte: Atlas Histórico Escolar. do Acre, que se tornaria, mais tarde, o estado do Acre. Essa foi uma das últimas grandes aquisições para a expansão do território brasileiro. No início do século XX, o Brasil já possuía as dimensões que tem hoje. o mar: a nova fronteira • Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou a atenção da sociedade e do governo brasileiro: o litoral e as águas do oceano Atlântico que banham o nosso território. A tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra criou navios maiores, mais rápidos e que podiam viajar mais longe e explorar águas e produtos distantes de seus territórios de origem. Por exemplo, gigantescos navios frigoríficos japoneses ou europeus passaram a dispor de recursos que lhes permitiam explorar, até a exaustão, os grandes cardumes que se deslocam em alto-mar ou ao longo de nossas costas. Em 1970, para resguardar os interesses econôrnícos do país e por razões de segurança nacional, o Bra- DO ESPAÇO BRASILEIRO ,.. Expansão da borracha /J / OCEANO A~LÂNTlCO ~ N o ~ L\ li:::] 370 - Borracha Divisão política atual km sil adotou O limite de 200 milhas náuticas (cerca de 370 krn) para as águas territoriais brasileiras. Nessas águas - cerca de 2 milhões de km2 de superfície aquática - somente navios brasileiros e de empresas estrangeiras com autorização do governo brasileiro podem exercer alguma atividade. Navios estrangeiros sem licença pagam multas e são apreendidos se forem capturados. Por causa das muitas disputas em razão do limite de águas territoriais, a ONU arbitrou um acordo entre muitas nações estabelecendo que os países que quisessem manter seus limites (no caso brasileiro, 200 milhas) como Zona Econômica Exclusiva teriam de fazer um levantamento detalhado de todas as potencialidades dessa região, inclusive petrolífera, e apresentá-lo à comissão científica da ONU. O prazo final estipulado foi o ano de 2004. Esse acordo foi obtido mediante pressão dos países mais ricos, por exigência de suas empresas, ansiosas por explorar uma importante fonte de recursos. Enfim, ao Brasil cabe a missão de resguardar essa parte do território, nossa última fronteira a ser demarcada.