betula alba - Associação Brasileira de Medicina Complementar

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BETULA ALBA
Betulaceae
Betula pubecens, B. odorara, B. pendula, B. verrucosa, Monoecia triandra.
Vidoeiro branco.
Árvore de tamanho médio, de casca branca e papirácea, com as gemas glabras;
ramos novos delgados, flexíveis, pendentes, glabros, freqüentemente verrucosos
e ásperos; folhas pecioladas, ovais-romboidais ou triangulares, acuminadas,
duplamente denteadas, nervadas, glabras; amentos femininos pedunculados, por
fim pendentes, com escamas trilobadas, os lobos laterais maiores, arredondados
e recurvados para fora; fruto elíptico, com asas duas vezes maiores que as
semente. Nativa da Europa, da Sicília à Islândia e Ásia temperada. Usa-se a
casca e as folhas. O nome é muito antigo provavelmente derivado de "bhurga"
(sânscrito), que quer dizer árvore usada para escrever. Pelo seu uso em
construção de barcos e forros de casas pode ser associado a "beorgan" do antigo
sânscrito. Coleridge a chama de "Lady das plantas" por sua luminosidade, graça,
elegância e por apresentar uma fragrância agradabilíssima após as chuvas.
Presume-se que pode viver até 600 anos.
Princípios ativos: A casca tem 3% de ácido tânico, além de betulina e cânfora da
bétula. As folhas contém ácido betulorêntico, betulenol e outros sesquiterpenos.
Por destilação destrutiva da epiderme branca da casca obtém-se óleo
empyrreumático, conhecido como alcatrão do vidoeiro, óleo russo ou óleo
betulínico. É um líquido espesso, betuminoso, negro acastanhado, com odor
pungente, balsâmico; contém alta porcentagem de metil salicilato, creosol, fenol,
xilenol, cresol, pirocatecol, pirobetulina(dá cheiro ao couro) e guaicol. O cerne
contém depósitos de Carbonato de Cálcio. AÇÃO MEDICINAL E USOS: Os
brotos jovens e folhas secretam uma substância resinosa com propriedades
ácidas que combinada com álcoois é laxativa. As folhas têm aroma peculiar e
agradável, com sabor amargo e são empregadas, na forma de infusão em gota,
reumatismo, hidropsia e recomendado como seguro solvente de cálculos renais. A
decocção da casca é boa como anti-séptico em erupções da pele. A seiva
primaveril é diurética e tônica. Os brotos eram usados inicialmente como tônico
em preparados capilares. O alcatrão do vidoeiro é na Europa para todos os tipos
de queixas dermatológicas crônicas, como psoríasis, eczemas, etc. Na
Escandinávia, as jovens folhas e brotos são usadas em sauna para tonificar a
pele e promover a circulação. É antiinflamatório, anti-séptico, colagogo,
diaforético, diurético, febrífugo e tônico, em acúmulo de tóxicos, artrites, celulites.
Obesidade. O óleo dos brotos do vidoeiro é usado em tônicos capilares e
shampoos e em alguns cosméticos por seus benefícios sobre a pele. O alcatrão é
usado como veículo em loções e ungüentos, perfumes, confecção de sabonetes e
na confecção de couros.
ANTROPOSOFIA: Dentre inúmeras árvores com botões aveludados, a nobre
bétula sobressai-se como uma árvore graciosamente feminina. É a jovem princesa
legendária das florestas claras e dos bosques nórdicos, a noiva da luz e do vento,
o seu porte resume-se à leveza aérea; até o seu tronco, que a liga à terra
assemelha-se a uma coluna de luz. A casca do revestimento de seu tronco é
argentácea. A luz do mês de Maio brilha esplendorosamente nas folhas da Bétula.
Esta árvore simboliza Pentecostes em maio. Até a paisagem triste das charnecas
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se esvanece frente a esta portadora de luz e de sentimentos salubres. A palavra
alemã “Birke” talvez seja a mesma da palavra celta “Berchta” que significa “a
brilhante”, a Euritmia, “palavra visível”, pode expressar o que contém êste
vocábulo. A Bétula é, precisamente, dentre as árvores, a euritmista flutuante, com
braços flexíveis, com formas indefinidamente renováveis e falantes. Qual é a
tendência do ar? A palavra, que é a sua forma mais elevada. Esta árvore não
gosta das regiões meridionais, onde a vida prolifera como em um calor de estufa;
prefere as regiões da Hiperboréia apoliniana, com a alternância rítmica de dias
longos e noites longas. Ama os solos que contém silícia, substância luminosa e
os terrenos graníticos. Adapta-se melhor às alturas que às regiões árticas. Um dos
principais órgãos da Bétula é sua casca, que é percebida ao primeiro relance. Esta
casca retém as forças que as outras árvores liberam em seus galhos, folhas, flores
e frutos. Em contraste com sua madeira branca e tenra, sua casca torna-se
sombria e dura como o ferro sob seu revestimento de um branco prateado. É
imputrescível, impermeável á água e era um material excelente para os antigos
povos nórdicos, servindo de cobertura aos telhados, confecção de caixas, bainhas
para facas e pequenos barcos. Encontramos nesta casca “floral” substâncias
aromáticas, canforadas(betulina), além de princípios nutritivos que em tempos de
penúria era moída e acrescentada à farinha do pão. Da Bétula lenta extrai-se
açucar. A bétula deposita em sua casca elementos que poderiam desenvolver o
calor e o odor das flores, a suavidade e o peso do fruto. Esta é a razão porque o
cimo da planta está sempre inacabado, sempre jovem, não se fixando ou
delimitando em uma forma precisa. Rudolf Steiner foi o primeiro a dar atenção a
estes processos secretores surpreendentes. A Bétula, ao contrário das outras
plantas, separa, desde a raiz, dois processos, que são confundidos sempre: a
absorção dos sais e a formação de albumina. Em particular, os sais de potássio
abundam na Bétula e são secretados para sua periferia, na casca, embora a
albumina do aparelho foliar daí seja expurgada. Por esta razão, a folha da Bétula
contém uma albumina isenta de toda salinidade, enquanto que a casca e seus
galhos abrigam um processo potassico intenso. Se estes dois processos
estivessem reunidos desde a raiz, não se formaria uma Bétula, mas uma planta
herbácea marcada por suas flores e frutos(R.S.). É esta particularidade que atribui
à Bétula suas propriedades terapêuticas. Trata-se diferentes regiões do organismo
ou com a folha ou com a casca. Para se compreender deve-se distinguir
nitidamente entre dois pólos no organismo, como Rudolf Steiner descreveu no
homem processos desconstrutores, secretores de sal e processos generativos,
construtores de albumina. Podemos considerar um homem central, consagrado ao
metabolismo da albumina e um homem periférico, que a partir da cabeça, polo
neuro sensorial, desencadeia desconstruções com formação de sais. Este último,
mineraliza, de um modo sutil a albumina viva criada pela outro polo. Pode-se dizer
que o homem central é mais animalizado(composto, como o animal por um corpo
físico, um corpo etérico e um corpo astral), enquanto que o homem periférico tem
a tendência a extrair do corpo os constituintes espirituais e os colocar em
liberdade, a os tornar autônomos e não os deixando atuar no corpo que os abriga.
Disto decorre que o espiritual pode alcançar à consciência e à consciência de si.
Êste processo conduz o físico à caminho da mineralização. O Eu tem que manter
seu papel de dirigente, senão as doenças se desenvolvem em dois sentidos
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opostos: desvios no sentido da animalidade ou mineralizações. Tomando-se as
folhas da Bétula que conservam as forças generativas da albumina, atuamos
sobre o Homem central, verificando sua eficácia contra a gota e o
reumatismo(Rudolf Steiner). Conhece-se a algum tempo o efeito favorável de um
regime hipossódico em moléstias de endurecimento e de depósito. Na folha da
Bétula encontramos uma albumina única em seu gênero, liberada pela natureza
de toda substância salina. Ao contrário, usando-se a casca da Bétula, atua-se
sobre o Homem periférico e regulariza-se sua colaboração com o Homem central.
É esta atuação harmoniosa dos dois pólos que torna o Homem completo. Estando
esta atuação perturbada, encontramo-nos frente a acúmulos e depósitos, e as
substâncias mineralizantes e endurecedoras não são elaboradas adequadamente.
Temos que proceder à dessalinizações e deste modo podemos recorrer às
preparações de Bétula. A partir dos 35 anos, o ser humano está exposto ao perigo
de deixar o polo periférico do corpo(polo superior) sobrepujar o outro. Fazendo-se
o uso regular de preparações de folha de Bétula, especialmente na primavera
reforçamos de modo adequado o homem central(Rudolf Steiner a preconiza após
os 35 anos). A Bétula fica sempre juvenil, auxiliando o homem a conciliar a
juventude com uma velhice sadia, pois, o homem central deve guardar a juventude
e o homem periférico deve trazer as forças da maturidade. Desde que as duas se
associem harmoniosamente, podemos esperar uma saúde conforme a evolução
da idade.
BIBLIOGRAFIA
M, Grieve(Modern Herbal, Tiger Books, London, 1994) pg 103
Lawless, Julia(The Encyclopaedia of essential oils, Element Books, Australia,
1996) pg 58-59.
Pio Corrêa, M(Dicionário das planas úteis do Brasil, Min. Agricultura, 1984) vol VI
pg 407.
Pelikan, Wilhelm(L’Homme et les plantes medicinales, Triades, Paris, 1986) vol II
pg 114.
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