Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN Aula 09 BLOCOS ECONÔMICOS Bortoto et all. (2007) afirma que A tendência mundial de formação dos blocos econômicos integra uma nova divisão internacional do mercado dentro de uma perspectiva globalizada, na qual o aumento da competição contribui para acelerar o processo de regionalização. Os blocos econômicos constituídos empreendem um esforço concentrado pela liderança política, econômica, comercial e tecnológica das regiões onde estão inseridos – a União Européia (UE) no espaço europeu; o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, em inglês) na América do Norte; a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, em inglês) na Ásia e o MERCOSUL na América Latina, e na disputa interblocos. Bortoto et all. (2007) cita Chesnais, que diz que o “fenômeno da regionalização é o resultado combinado das estratégias de integração dos processos de produção e de processos propriamente políticos". Praticamente todos os dias, para quem acompanha os noticiários econômicos, ouvimos falar sobre os blocos econômicos que cada vez ganham mais adeptos e 53 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN que nas reuniões dos líderes mundiais sempre estão discutindo a economia global com o intuito de formar um grande bloco econômico mundial sem restrições, para um livre ou quase livre comércio. [...] dados do GATT, já em 1992, indicavam que parcela significativa do comércio mundial estava sendo feita intra e interblocos regionais. Por exemplo, englobando o Bloco Europeu, o Bloco da América do Norte e o Bloco Asiático, abrangia 85% do comércio internacional. Para se estabelecer uma comparação, o MERCOSUL, até 1993, foi responsável por 1,4% das exportações mundiais e 1,1% das importações. A América do Sul, por 2,8% e 2,9%, respectivamente. (BORTOTO, 2007 et all. cita NAKANO, 1994) Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a formação de blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. Em tese, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico aumenta e gera crescimento econômico para os países. Geralmente, esses blocos são formados por países vizinhos ou que possuam afinidades culturais ou comerciais. Essa é a nova tendência mundial, pois cada vez mais o comércio entre blocos econômicos cresce. Economistas afirmam que ficar de fora de um bloco econômico é viver isolado do mundo comercial. Veja a seguir alguns blocos existentes que foram extraídos de acessos aos links www. aladi.org, www.camara.gov.br/mercosul/blocos/ALADI.htm entre outros com acesso em 8/8/2009. BENELUX , foi o embrião da União Européia, esse bloco econômico envolve a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo. O BENELUX foi criado em 1958 e entrou em operação em 1 de novembro de 1960 UNIÃO EUROPÉIA (UE), foi oficializada no ano de 1992, através do Tratado de Maastricht. Esse bloco é formado pelos seguintes países: Alemanha, França, Reino Unido, Irlanda, Holanda (Países Baixos), Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Grécia, Áustria, Finlândia e Suécia. Esse bloco possui uma moeda única que é o EURO, um sistema financeiro e bancário comum. Os cidadãos dos países membros são também cidadãos da União Européia e, portanto, podem circular e estabelecer residência livremente pelos países da União Européia. Possui políticas trabalhistas, de defesa, de combate ao crime e de imigração em comum. 54 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN Tendo os seguintes órgãos: Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho de Ministros para a gestão unificada a todos os países que fazem parte. NAFTA, fazem parte, do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, os países: Estados Unidos, México e Canadá. Começou a funcionar no início de 1994 e oferece aos países membros vantagens no acesso aos mercados dos países. Estabeleceu o fim das barreiras alfandegárias, regras comerciais em comum, proteção comercial e padrões e leis financeiras. Não é uma zona livre de comércio, porém reduziu tarifas de aproximadamente 20 mil produtos. O MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL) foi oficialmente estabelecido em março de 1991 através do Tratado de Assunção. É formado pelos seguintes países da América do Sul: Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e a Venezuela é Estado Parte em processo de adesão e se tornará membro pleno uma vez que esteja em vigor o Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul. Futuramente, estuda-se a entrada de novos membros, como o Chile e a Bolívia. O objetivo principal do MERCOSUL é eliminar as barreiras comerciais entre os países, aumentando o comércio entre eles. Outro objetivo é estabelecer tarifa zero entre os países e num futuro próximo, uma moeda única e os idiomas oficiais e de trabalho do MERCOSUL, em conformidade com o artigo 46 do Protocolo de Ouro Preto, são o espanhol e o português. Conheça mais sobre esse bloco econômico no site desenvolvido pelo governo federal http://www.mercosul.gov.br/ PACTO ANDINO, esse outro bloco econômico da América do Sul, formado pelos países Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, criado em 1969 para integrar economicamente os países membros. As relações comerciais entre os países membros chegam a valores importantes, embora os Estados Unidos sejam o principal parceiro econômico do bloco. Abrindo um parêntese, adicionamos à reportagem uma possível uniformização de ambos os blocos da América do Sul, MERCOSUL e o PACTO ANDINO. Reportagem da AGÊNCIA 55 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN BRASIL, por Marcos Chagas (2009) . MERCOSUL E PACTO ANDINO PODEM TER REGIME COMUM PARA SOLUCIONAR CONTROVÉRSIAS Brasília - O MERCOSUL e o Pacto Andino poderão em breve ter um regime comum para solucionar eventuais controvérsias entre os dois organismos. A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou, hoje (23), o primeiro protocolo adicional ao Acordo de Complementação Econômica entre os dois blocos. A matéria depende de votação no plenário da Casa. O MERCOSUL e o Pacto Andino já têm um Acordo de Complementação Econômico em vigor desde 2005. Entretanto, não há ainda um regime próprio para resolver pendências que surgem nas negociações entre os dois blocos da América do Sul. O relator da matéria, escolhido para encaminhar à votação de hoje, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), lembrou que os países integrantes do MERCOSUL e do Pacto Andino somam um Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de US$ 1 trilhão. ALADI, Associação Latino-Americana de Integração, criada em 12 de agosto de 1980 pelo Tratado de Montevidéu. A ALADI objetivou criar um mercado comum latino-americano, em longo prazo e de maneira gradual, mediante a concessão de preferências tarifárias e acordos regionais e de alcance parcial. A ALADI substituiu a ALALC, a antiga Associação Latino-Americana de Livre Comércio, que foi criada em 1960. A ALADI congrega uma população de 449,7 milhões de habitantes, formando um PIB de US$ 1,760,4 trilhão, gerando exportações no valor de US$ 362,3 bilhões e importações que alcançam os US$ 365,5 bilhões. Cuba é o mais recente país-membro da ALADI. São Países-Membros da ALADI: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Conheça mais direto no site: http://www.aladi.org/nsfweb/sitioport/ ALCA, significa, Área de Livre Comércio das Américas, sendo uma junção econômico comercial do continente americano, com exceção a território Cubano e que possivelmente seria controlado pelos Estados Unidos, mas devido a natureza do bloco sofre muitas repressões de uma grande parte da população do continente americano, onde, o Brasil por enquanto não tem interesse. Acesse o link e conheça mais um pouco sobre esse bloco http://www.ftaa-alca.org/ ALCA_P.ASP 56 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN A reportagem abaixo, por João Paulo Nucci da revista ISTO É, foto tirada por Ricardo Giraldez, irá apresentar esse projeto, que vai ser um pouco difícil sair do papel, já que nas entrelinhas, seria coordenado e regido pelos Estados Unidos. ALCA? NÃO, OBRIGADO Professor da FGV diz que entrar na Área de Livre Comércio das Américas significa, na prática, inviabilizar um projeto nacional de desenvolvimento. Extremamente politizado, o debate sobre a criação da Área de Livre Comércio (ALCA) no Brasil rende boas brigas, mas com argumentos quase sempre baseados em dois ou três lugares-comuns repetidos à exaustão. São poucos os que têm a noção exata da abrangência do acordo que, pela agenda dos Estados Unidos, criaria em 2005, um gigante mercado comum nos 34 países situados entre a Patagônia e o Alasca (com a óbvia exceção de Cuba). Interessado em desvendar as reais intenções dos Estados Unidos, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. resolveu recorrer à minuta original do acordo, um catatau de 350 páginas escritas em linguagem puramente técnica. As conclusões da tarefa estão no trabalho “A ALCA e o Brasil”, que será publicado na edição que circula a partir de agosto, da Revista de Estudos Avançados, do instituto de mesmo nome, da Universidade de São Paulo, onde Batista Jr. é pesquisador visitante (cargo que acumula com o de professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo). Escrito em linguagem clara e acessível (uma raridade em termos de estudos acadêmicos, sobretudo econômicos), o trabalho é taxativo: a ALCA, da forma como foi concebida pelos EUA, não nos interessa. “O Brasil faz uma escolha. Ou ele preserva a possibilidade de definir um projeto nacional ou se incorpora de forma passiva a uma agenda que vem de fora. Essa é a grande questão”, diz o professor. Na entrevista, ele detalha os riscos que o País corre, comenta o posicionamento do governo Lula e diz como o próprio George W. Bush tem contribuído com os críticos do acordo. ISTOÉ – Qual é a concepção que os EUA têm da ALCA? Paulo Nogueira Batista Jr. – A ALCA é uma iniciativa dos EUA e tem sido impulsionada basicamente por sucessivos governos americanos, desde o mandato do George Bush pai (198957 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN 1992). A ALCA não seria apenas uma área de livre comércio no sentido tradicional. Ela inclui, na concepção americana, um conjunto de temas que implicaria a fixação de regras comuns entre os países para vários aspectos essenciais da política econômica, como investimentos, propriedade intelectual, defesa da concorrência e vários outros temas. ISTOÉ – O acordo, como está proposto, interessa ao Brasil? Batista Jr. – Na minha opinião, não. Porque não é favorável a um país em desenvolvimento com as características do Brasil participar de uma área de livre comércio com economias muito mais desenvolvidas e mais poderosas. E muito menos interessa ao Brasil participar com as características que a ALCA tende a tomar a partir da concepção americana. O projeto é muito abrangente, envolve muitas restrições à política econômica brasileira e, ao mesmo tempo, cria benefícios duvidosos. ISTOÉ – Quais são os riscos? Batista Jr. – Deixando de lado a abrangência da pauta e avaliando apenas a criação da área de livre comércio, nos deparamos com a falta de competitividade do sistema econômico brasileiro, que é um problema estrutural. A diferença a favor dos países desenvolvidos é colossal. Há também um problema das próprias empresas. Muitos empresários dizem que basta reduzir o custo Brasil para atingir um grau de competitividade internacional. Isso pode ser verdade para vários setores importantes da economia, mas não é plausível que seja para a grande maioria das empresas. ISTOÉ – Quais seriam as consequências da implantação da ALCA? Batista Jr. – Se o mercado interno for aberto de forma ampla para as nações desenvolvidas, muito provavelmente as importações tenderão a aumentar muito mais que as exportações. O desequilíbrio externo, um dos nossos problemas centrais, se agravaria. Do ponto de vista da estrutura do sistema econômico, o mais provável é que o País regrida para uma economia muito mais simples, muito menos diversificada do que ela é hoje. O Brasil é, na América Latina, o País que tem a indústria mais diversificada. Uma série de setores da economia dificilmente resistiria à competição. Alguns setores, como o de informática ou o químico, nos quais há o predomínio dos EUA, poderiam desaparecer. A tendência é o Brasil se concentrar em setores onde já somos competitivos, como a agroindústria e as áreas têxtil, siderúrgica e de calçados. ISTOÉ – A ALCA é um processo sem volta? Batista Jr. – Não. No momento não existe nenhum compromisso jurídico do Brasil com a ALCA. Politicamente, é preciso considerar que os EUA formularam a proposta de uma 58 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN maneira muito desequilibrada. Toda a idéia foi concebida de uma forma enviesada, no sentido que os americanos querem dar prioridade a seus interesses, o que é difícil de aceitar. Com o governo Bush, essa tendência na direção de uma negociação desequilibrada se aprofundou. O Bush e o Congresso tomaram uma série de atitudes protecionistas que sinalizam claramente a pouca disposição dos EUA com a abertura do seu mercado. Isso torna a defesa da ALCA no Brasil muito mais complicada do que era antes. Os partidários da ALCA se recolheram a um silêncio tumular nos últimos tempos. O Clinton era mais perigoso. Na gestão dele, os americanos disfarçavam a busca dos interesses com uma retórica de cooperação internacional. No período Bush, o protecionismo e o nacionalismo são mais francos. ISTOÉ – O prazo para implantação da ALCA é 2005. Ele será respeitado? Batista Jr. – Espero que não, e provavelmente não. Acredito que esse prazo seja adiado. De um lado, houve esse recrudescimento do nacionalismo nos EUA. Por outro lado, a eleição do Lula. O governo Lula está sinalizando uma mudança. O problema é que a ALCA é uma iniciativa da maior potência econômica, política e militar do planeta. O Brasil, com a ALCA, em grande medida se incorpora de forma passiva a uma agenda que é formulada, concebida e implementada pelos EUA. O Brasil faz uma escolha. Ou ele preserva a possibilidade de definir um projeto nacional ou se incorpora de forma passiva a uma agenda que vem de fora. Essa é a grande questão. APEC A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, foi criada em 1993 na Conferência de Seattle (Estados Unidos da América). Integram este bloco econômico os seguintes países: EUA, Japão, China, Formosa (também conhecida como Taiwan), Coréia do Sul, Hong Kong (região administrativa especial da China), Cingapura, Malasia, Tailândia, Indonésia, Brunei, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Canadá, México e Chile. Somadas a produção industrial de todos os países, chega-se à metade de toda produção mundial. Quando estiver em pleno funcionamento, será o maior bloco econômico do mundo. Prezados acadêmicos, vimos aqui apenas uma parte dos principais blocos que estão presentes no mundo, para que tenham uma noção quais são e os objetivos de cada bloco. Assim, é de grande interesse, principalmente para vocês, que acessem os links indicados e se aprofundem mais. Tenham sempre o costume de acessar sites de economia, de economistas, das grandes empresas multinacionais, do próprio governo federal, no caso a Secretária de Comércio Exterior www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/index.php?area=5 que poderão lhe dar mais conhecimentos quando forem se aprofundar por assuntos deste patamar, além de ajudá-los a desenvolver as atividades e dar mais subsídios para as provas. 59 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN 60