Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS REVIEW ARTICLE ANTI-PD-1 E ANTI-PD-L1: Novas perspectivas para o tratamento de diversos tipos de câncer Veridiana S. S. Alves1; Virgílio Guedes2 RESUMO INTRODUÇÃO: A evasão da resposta imune pelas células tumorais representam um importante mecanismo para garantir a sobrevivência e proliferação do tumor e tem como importante representante as vias de sinalização conhecidas como pontos de controle imunes. A via do PD é uma dessas vias e, normalmente, está envolvido na manutenção da autotolerância periférica de linfócitos. No entanto, as células tumorais de diversos tipos de câncer parecem expressar o receptor PD-1, o qual se liga aos ligantes PD-L1 e PD-L2 das células do sistema imune, inibindo a ativação dos linfócitos. Assim, o bloqueio dessa interação, através do emprego de anticorpos monoclonais contra o receptor e ligantes, têm sido estudado como alternativa no tratamento de vários tipos de câncer. OBJETIVO: Buscou-se reunir informações dos estudos mais recentes e descobertas mais relevantes relacionadas à via do PD e os anticorpos anti-PD-1 e anti-PD-L1. METODOLOGIA: Trata-se de um artigo de revisão no qual, a partir das palavras-chave “PD-1 e PD-L1”, “anti-PD-1 e anti-PD-L1”, “PD e tumor”, buscou-se trabalhos nos bancos de dados: PubMed, Scielo, Portal.Periódicos CAPES e Google acadêmico. Após a leitura dos resumos foram obtidos 34 artigos, sendo 4 excluídos após leitura completa e exclusão de trabalhos publicados antes de 2000. CONCLUSÕES: Os anticorpos anti-PD-1 e anti-PD-L1 tendem a produzir respostas significativas, rápidas e duráveis, mesmo que limitado a frações de pacientes. Eles representam, portanto, uma alternativa promissora ao tratamento de diversos tipos tumores. No entanto, novos estudos são necessários para a determinação das doses, segurança de utilização do medicamento e para melhor elucidação dos possíveis efeitos adversos, imediato e após tempo prolongado do uso. Palavras-chave: Câncer; Evasão da resposta imune; Vias de sinalização; Anticorpos monoclonais; Biomarcadores; Reações adversas. 1 Acadêmica do sexto período de Medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT); Email: [email protected] 2 Mestre e Professor titular de Patologia da Universidade Federal do Tocantins (UFT); Email: [email protected] 24 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS ANTI-PD-1 AND ANTI-PD-L1: New perspectives for various types of cancer treatment ABSTRACT INTRODUCTION: The cancer cells immune evasion represents an important mechanism to provide proliferation and survival for the tumor and it has, as a principal representative, the signaling pathways, also called immune checkpoints. PD pathway is one of these and is involved, normally, in the peripheral self tolerance of lymphocytes. However, tumor cells, in several types of cancer, seems to express PD-1 receptor, which binds with its ligands, PD-L1 and PD-L2 in immune cells, inhibiting these cell‟s activation. Thus, this interaction blockade, by using monoclonal antibodies against the PD receptor and/or its ligands, has been studied as an alternative of treatment in distinct types of cancer. OBJECTIVES: This research intended to collect informations from several studies and the most relevant discoveries related to PD pathway and its antibodies. METHODS: This is an review article, based in several databases research: PubMed, Scieno, Portal.Periódicos CAPES and Academic Google, using the keywords “PD-1 and PD-L1”, “anti-PD-1 and anti-PD-L1” and „PD and tumor”. After reading the article‟s abstract, it was obtained 34 articles, which four was excluded after further reading and excluding the ones which were published before 2000. CONCLUSIONS: The PD-1 and PD-L1 antibodies tend to produce significativa, fast and endurable responses, notwithstanding limited by a fraction of patients. Therefore, they represent a promising alternative for cancer treatment. However, more studies are necessary to elucidate adverse reactions, and to define the security and effective doses related to the use of PD-1 and PD-L1 antibodies. Key-words: Cancer; immune evasion; Signaling pathways; Monoclonal antibodies; Biomarkers; Adverse reactions. 25 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS CD8+ são responsáveis pela destruição INTRODUÇÃO A imunidade adquirida trata-se direta e indução da apoptose das células de uma resposta imune específica contra infectadas/danosas (KUMAR, ABBAS, o agente agressor, caracterizada pela FAUSTO, 2005). participação das células T e B As células T liberadas no timo, (imunidade mediada por células) e circulam no sangue para os tecidos anticorpos (imunidade humoral). periféricos, e quando reconhecem um As células T são decorrentes do antígeno através da interação do TCR e processo de maturação no timo a partir do de precursores linfoides originados na apresentado por medula óssea vermelha. No timo, elas apresentadora de diferenciam-se, de acordo com os dendríticas, células B, macrófagos), e receptores expressos, em células T recebem CD4+ e T CD8+, e são selecionadas de interação do CD28 (linfócito T) e acordo com a sua capacidade de não moléculas coestimulatórias (B7-1, B7- reagir próprios 2) são ativadas e tornam-se células (KUMAR, ejetoras (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, à antígenos (autotolerância central) ABBAS, FAUSTO, 2005). As células T antígeno ligado ao MHC, uma célula antígeno (células sinais coestimulatórios da 2005). CD4+ são As células T autorreativas que, responsáveis pela secreção de citocinas eventualmente, passam do processo de as quais influenciam a atividade das seleção negativa, podem reconhecer outras células imunes e são subdivididas auto-antígenos nos tecidos periféricos e em Thelper1, Thelper2 e Treguladoras. desencadear uma resposta auto-imune. A primeira secreta, principalmente IFN- A fim de evitar tal situação, o gama e IL-1, sendo que a primeira é organismo possui pontos de controle muito importante para a progressão da imune, representado pelas vias de resposta inflamatória e imune e atua na inibição CTLA-4 e PD (MULLARD, ativação de macrófagos. A segunda 2013). Essas vias de inibição constituem secreta IL-4, IL-5 e IL-13 e as células um mecanismo importante para a Reguladoras são fundamentais para a autotolerância periférica, mas também modulação, controle e finalização da tratam-se do principal mecanismo de resposta imune, uma vez que atua na evasão imune das células tumorais e, supressão das células T. As células T 26 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS por isso, estão sendo intensamente diferenciação das células Reguladoras estudados (FLEMMING, 2012). (ZITVOGEL, KROEMER, 2012), está A via do PD é composta pelo associado à mudança de fenótipo das PD-1 e pelos seus dois ligantes, PD-L1 células Th1 para células Treguladoras e PD-L2. O PD -1, programmed death (AMARNATH, et al. 2011), inibe a 1, é um receptor imune inibitório da ativação e proliferação deus células B família do CD28, expresso em diversas (inibe células imunes tais como células B e T receptores de células B) e promove a a ativadas, monócitos, células NK e produção de IL-18, a qual inibe a vários função das células NK (JIET, et al. linfócitos tumor-infiltrativos (TILs) (DOLAN, GUPTA, 2014), mas sinais estimulatórios dos 2015). particularmente em células citotóxicas A via do CTLA-4, assim como a (KIN, EDER, 2014). Ele interage com via do PD, atua na modulação da dois tipos de ligantes: o PD-L1 é resposta das células T, através da expresso em células tumorais e outras refutação células células proteicas responsáveis pelas ativação endoteliais vasculares e células das das células. No entanto, o CTLA-4 atua ilhotas pancreáticas, e o PD-L2, o qual é no início da resposta imune, ao nível da expresso primariamente em macrófagos ativação da célula T pela apresentação e células dendríticas (KIM, EDER, de antígenos, enquanto que a via do PD 2014). atua na regulação da atividade efetora imunes, além de as vias de sinalização A interação PD-1/PD-L1 previne das células T nos tecidos periféricos a estimulação excessiva da resposta (DOLAN, GUPTA, 2014; LUKE OTT, imune e contribui para a manutenção da 2015). toleraria reguladora do PD-1 aumenta após imune periférica a auto- Tanto antígenos (MORENO, RIBAS, 2015), exposição através devido da anergia, inibição da proliferação e das funções ejetoras e induz à apoptose das células a que, persistente processos a a atividade antígenos, inflamatórios crônicos e câncer (LUKE, OTT, 2015). T O PD-1 foi isolado em 1992 de previamente ativadas pela apresentação um hibridoma de célula T e de uma do antígeno (ZITVOGEL, KROEMER, linha 2012; CHEN, XUE, 2015). Além disso, hematopoiéticas a via do PD-1 também está promove a murinos. Em 1999, o B7 homólogo 1 27 de células em progenitoras apoptose, de Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 (B7-H1), também SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS de uma tolerância respiratória. O PD-L1 programmed death ligand-1 (PD-L1) em células tumorais pode ainda, agir foi isolado independentemente de PD-1, como um receptor, e o sinal transmitido a partir da clonagem molecular, e foi pelo PD-1 nas células T pode proteger a demonstrado que PD-L1 age como um células tumorais da lise citotóxica inibidor (CHEN, XUE, 2015). de chamado células T humanas. Posteriormente, foi observado que o Células tissulares humanas PD-L1 é o ligante e componente normais raramente expressam a proteína funcional do PD-1 e que a deficiência PD-L1 na sua superfície celular, exceto de PD-L1 e PD-1 está associada ao tonsilas, placenta e uma pequena fração desenvolvimento de células macrófagos-like do pulmão e de doenças autoimunes (CHEN, XUE, 2015). do fígado. Isso sugere que em condições Outro ligante foi, posteriormente fisiológicas normais, RNAm de PD-L1 descoberto, sendo chamado de B7-DC, (o qual foi demonstrado ser encontrado ou mais comumente PD-L2, o qual em diversos tecidos) sofre regulação possui alta afinidade ao PD-1 e é pós-transcricional. altamente expresso em alguns tecidos células tumorais expressam altos níveis como o pulmão, onde pode prevenir o da proteína PD-L1 na superfície celular desenvolvimento (indicado da auto-imunidade pela (LUKE, OTT, 2015; CHEN, XUE, imunohistoquímica 2015). células Além disso, foi demonstrado que Por outro realização em de humanas) TAUBE, 2015; esses ligantes podem interagir com MULLARD, outras moléculas além do PD-1. Foi 2015). observado, por exemplo, que o PD-L1 mostraram que a distribuição dessa interage com CD80 de células T proteína é focal, e não difusa, na ativadas, agindo como mediador do maioria dos cânceres humanos (CHEN, sinal inibitório da atividade da célula. O XUE, 2015). Além 2013; de secções tumorais (SUNSHINE, lado, disso, CHEN, as XUE, pesquisas PD-L2, por exemplo, interage com Novos estudos têm mostrado que repulsive guidance molecule family o IFN-gama pode estar envolvido na member b (RGMb), uma molécula que é upregulation da expressão de PD-L1, o altamente expressa em macrófagos e que explicaria a discrepância entre a o pode ser requerida para a indução de nível de expressão do ligante em célula 28 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS tumorais humanas e de ratos cultivadas se reunir informações associadas aos in tumorais trabalhos realizados sobre a via do PD, recentemente isoladas de pacientes com a sua importância como mecanismo de câncer (este apresenta maior nível de resistência expressão). No entanto, essa hipótese tumores, utilização de anticorpos os não têm sido bem aceita, uma vez que o quais bloqueiam a interação PD-1/PD- IFN-gama, tipicamente, promove, e não L1/L2 e segurança e toxicidade da inibe respostas das células T, através do utilização dos mesmos como tratamento processo de estimulação por antígenos e antitumoral. o processo de apresentação antigênica. Para isso, realizou-se pesquisa nos Mas, pode ser que a upregulation da seguintes bancos de artigos: PubMed, expressão de PD-L1 associada ao IFN- Scielo, Portal.Periódicos da Capes e gama resposta Google acadêmico. Utilizou-se como inflamatória induzida pelo câncer (essa palavras-chave “PD-1 e PD-L1”, “anti- hipótese é baseada na observações PD-1 e anti-PD-L1”, “PD e tumor” e foi imunohistoquímicas) obtido cerca de 34 artigos com tema vitro das seja células devido à (CHEN, XUE, 2015; MORENO, RIBAS, 2015). imune adaptativa dos relacionado. Foram excluídos 4 artigos Os estudos iniciais com tumores após a leitura dos resumos, uma vez que associados ao PD-L1 mostraram que não tratavam da via do PD, mas de este facilita a apoptose de céluas T outros pontos de controle imune em ativadas, além de estimular a produção estudo de IL-10 por células T do sangue anticorpos direcionados a outras vias de periférico a fim de mediar a supressão inibição da resposta imune antitumoral, imune. Adicionalmente, a via do PD e dois artigos, os quais possuíam data promove a anergia de células T in vivo e superior a 10 anos de publicação (um in vitro e regula as funções das células foi publicado em 2000 e outro em T reguladoras (CHEN, XUE, 2015; 2001). ZITVOGEL, KROEMER, e a atividade de outros 2012; TAUBE, 2012). VIA DO PD O receptor PD-1 é um potente inibidor de células T, possuindo, pois, MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho trata-se de um papel importante na tolerância um artigo de revisão, no qual objetivou- periférica. No entanto, ele também pode 29 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS comprometer as respostas anti-viral e diminuição de Cdks ativas e outras anti-tumoral das células T. proteínas envolvidas na progressão O PD-1 bloqueia a ciclo celular celular, e o aumento da atividade de na fase G1 de progressão, sem alterar, estruturas com função antiproliferativa no entanto, a expressão das ciclinas culminam com a interrupção do ciclo dependentes de cintasse (Cdks). Na celular de células T primariamente verdade, os estudos mostraram que o ativadas pela estimulação mediada pela PD-1 suprime a transcrição de SKP2, o interação do complexo TCR/CD3 e a substrato via de reconhecimento de coestimulação de CD28 componente da ubiquitina ligase SCF. (PATSOUKIS, SARI, BOUSSIOTIS, Sem esse substrato, a ubiquitina ligase 2012). não realiza a sua função, a de degradar o O aumento da transativação de p27, e por isso, este se acumula no Smad3, ocasionado pela ativação do citoplasma. O acúmulo de p27 prejudica receptor PD-1, promove um sinergismo a ativação da Cdk2 e a fosforilação de com os eventos transcricionais TGF- dois substratos da Cdk2 críticos, o beta específicos, o que facilita a produto do gene do retinoblastoma (Rb) supressão das céus T efetoras via e o fator Smad3 de transcrição TGF- mecanismo intrínseco. Em células T beta específico. Isso impede a supressão naive, PD-1 promove a diferenciação dos genes alvo de E2F, mas aumenta a destas em células T reguladoras, o que transativação de Smad3, resultando em também facilita a supressão de células T uma upregulation da Cdk4/6 inibidora ejetoras via mecanismo extrínseco. O de p15 e repressão da fosfatase Cdc25A PD-1 ativadora de Cdk. Lembre-se que as regulador da tolerância das células T e Cdks promovem a progressão do ciclo da celular e Cdk2 está envolvida em (PATSOUKIS, SARI, BOUSSIOTIS, diversas vias de sinalização, tais como a 2012). é, portanto, homeostase um imune importante in vivo fosforilação de p27 (impedindo o seu A via do PD-1 promove anergia acúmulo), a fosforilação do gene Rb, através da inibição da sinalização fosforilação outros induzida pela interação do TCR com o substratos, regulação de determinados antígeno reconhecido. Isso é decorrente genes, e fosforilação de Smad3, a qual do recrutamento de fosfatases pela via possui SHP1/2 de função diversos antiproliferativa. A 30 de sinalização, as quais Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS interfere e induz a parada do sinal Os antígenos apresentados modula indiretamente as células T células do estroma tumoral, e células através infiltrativas hematopoiéticas, tais como indução de células células são ativado pelo TCR. Além disso, ela da por tumorais dendríticas, tumorais, dendríticas plasmocitoides, as quais células macrófagos, promovem o aumento das células Treg e neutrófilos, e linfócitos (essas células resulta em supressão celular. Por fim, a também podem induzir a expressão de via do PD-1 também está envolvida na PD-L1 na superfície de células tumorais mudança de fenótipo das células Th1 adjacentes). Após a ativação em órgãos para células FOXP3+ Treg, através da linfoides, células T efetoras tumor- diminuição de STAT, pela ativação das específicas se infiltram no sítio tumoral fosfatases, também pela via do SHP1/2 e se tornam TILs (tumor-infiltrating de sinalização (AMARNATH, et al. lymphocytes). 2011). reconhecimento específico via receptor Através do de célula T, as TILs liberam IFN-gama, o qual pode induzir a expressão de PD- VIA DO PD E TUMORES Os tumores desenvolveram L1 na superfície das células tumorais diversos mecanismos de evasão do adjacentes sistema imune e de imunossupressão, o MORENO, que compromete a destruição eficaz hipótese é suportada pelas observações ocasionada pelo sistema imune. A esse baseada na imunohistoquímica de que a processo resistência expressão de PD-L1 na superfície das adaptativa dos tumores. Uma das vias células tumorais é detectada somente mais chama-se importantes adaptativa de (CHEN, RIBAS, XUE, 2015). 2015; Essa de resistência em células adjacentes às células T recentemente descoberta (CHEN, XUE, 2015) e pela correlação trata-se da via do PD. positiva entre a expressão de RNAm de A expressão de PD-L1 por diversos PD-L1 e a presença de TILs em tumores diversos tumores (SHEN, et al. 2014). intrínseco, decorre através de do mecanismo processo Apesar de a liberação de IFN- oncogênico, ou da indução direta pela gama ser o mecanismo principal de célula T ativada ou pela liberação de resistência adaptativa, o PD-L1 pode ser citocinas (IFN-gama) pela célula T expresso pelas células tumorais por vias ativada (MORENO, RIBAS, 2015). de sinalização oncogênicas constitutivas 31 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS (CHEN, XUE, 2015; PARDOLL, 2012) piores . Isso é evidenciado por uma fração 2015). prognósticos (LUKE, OTT, pequena de canceres humanos os quais não possuem TILs no foco do tumor PD COMO BIOMARCADOR mas mesmo assim, expressam altos níveis estudos molécula orgânica, como uma proteína demonstraram que o silenciamento ou ou gene, a qual pode ser mensurada no deleção de PTEN (phosphatase and tecido, tensin homolog), uma ALK (anaplastic corporais, e é ainda um indicador de lymphoma kinase) de alguma sinalização (MITTENDORF, al. significativa. 2014), de PD-L1. e mutações Vários Um biomarcador trata-se de uma constitutiva EGFR et sangue ou outros condição fluidos clinicamente podem A utilização de PD-L1 como diretamente aumentar a expressão de marcador prognóstico e de resposta ao PD-L1 em células cancerosas. Essa tratamento expressão representa controverso. Clinicamente, PD-L1 é aproximadamente 1% dos pacientes expresso em vários tipos de tumores e com melanoma e ocorre em 12% de está associado a um prognóstico ruim pacientes em intrínseca com câncer de pulmão (CHEN, XUE, 2015). com muitos imunoterapia cânceres, adenocarcinoma é incluindo pulmonar e RCC O PD-L1 é expresso em diversos (KIM, EDER, 2014). Pacientes com tumores, dentre os quais destacam-se os carcinoma de células renais (RCC), os de cabeça e pescoço, ovário, pulmão, quais expressam PD-L1, associado a estômago, colon, pâncreas, rim, mamas, TILs cérvix, glioblastoma, aumentado 4,5 de toxicidade e morte mieloma múltiplo, linfoma e leucemias (PARDOLL, 2012; DOLAN, GUPTA, (JIET, et al. 2015). Foi observado 2014a), enquanto que a expressão de também a expressão de PD-L2 por PD-L1 em melanoma parece estar alguns tumores tais como linfoma de associado células B mediastinal primário, linfoma (KIM, EDER, 2014). de célula B folicular e linfoma de melanoma, outro estudo mostrou que a Hodgkin (MORENO, RIBAS, 2015; expressão de PD-L1 está associada ao PARDOLL, 2012). No entanto, a aumento de crescimento do tumor expressão deste tem sido associada a (PARDOLL, 2012). A expressão de melanoma, 32 ou não, a apresentam melhores risco prognósticos Ainda sobre o Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS PD-L1 nas células de linfoma está expressão de PD-L1 ocorreu, em sua associado a um prognóstico negativo e o maioria, nas células plasmáticas e incremento da expressão de PD-1 células dendríticas associadas ao tumor. associado à presença de TILs (linfócitos Foi observado que a proporção de infiltrados no tumor) indica a origem do expressão não aumenta com a carga tumor, do tipo GCB (nongerminal tumoral e sugere-se que o PD-L1 center…) e não correlaciona-se com expresso nas células dendríticas é exaustão da resposta ao tumor mediada importante para a regulação da resposta por células T (BOUSSIOTIS, 2015). antitumoral das células T (SPONAAS, A expressão de PD-L1 pode ser et al. 2015). correlacionada com melhores respostas 56 das 68 espécies de tumor em clínicas, mas não é o único envolvido, pretratamento biopsiadas, obtidos de 41 como mostra um estudo com 1400 pacientes, pacientes, no qual 45% dos tumores expresso, associado à infiltrado de PD-L1+ células imunes (linfócitos e histiócitos) apresentaram respostas objetivas ao tratamento, mas 15% dos apresentaram PD-L1 (TAUBE et al. 2014). tumores PD-L1- também apresentaram Um estudo com pacientes com respostas quanto ao tratamento com osteosarcoma sugeriu o PD-L1 como inibidores da via PD (SUNSHINE, biomarcador adequado para predizer a TAUBE, 2015). Em um estudo com responsividade tumores sólidos, 36% dos PD-L1+ bloqueadores das vias de controle apresentaram respostas objetivas com imunes, uma vez que o PD-L1 foi nivolumab TAUBE, expresso nos tumores em 80% dos 2015). Outro estudo, fase 1, realizado pacientes, e 24% apresentaram altos com 39 pacientes com diversos tumores, níveis de PD-L1 (SHEN et al. 2014). (SUNSHINE, ao tratamento com demonstrou que a expressão de PD-L1 A presença de TILs nos tumores na membrana (superfície da célula têm sido associada a melhores respostas tumoral) está correlacionado à regressão à imunoterapia em diversos tumores, do tumor com o tratamento com incluindo melanoma e carcinoma de bloqueador de PD-1 (BRAHMER, et al. células renais (LUKE, OTT, 2015), 2010). além dos tumores de mama triplo com Um estudo com 14 pacientes negativo (MITTENDORF, et al. 2014) câncer O aumento de TILs também têm sido na medula óssea, a 33 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS associado à resposta rápida com anti- parecem diferir. Por exemplo, estudos PD-1 2014). utilizando uma técnica diferente de Estudos têm mostrado que a presença de quantificação de RNAm de PD-L1 TILs (hibridização in situ de anticorpo- (DOLAN, pode GUPTAN, indicar uma resposta intratumoral prévia, a qual pode ser independente combinado importante para a regressão do tumor, fluorescente) demonstraram que níveis quando juntamente com a quimioterapia aumentados de RNAm de PD-L1 está e imunoterapia (ANDRE et al., 2013). associado a tumor com infiltrativo de No entanto, a expressão de PD- linfócitos e melhore resultados clínicos L2 aumentada pode estar associada a ao tratamento em pacientes com câncer alguns de mama e de pulmão (de células não tumores como doença de Hodgkin, linfoma de célula B folicular e pequenas) linfoma 2014). de células B mediastinal (MAHONEY, ATKINS, (PARDOLL, 2012). A sua expressão em tumores também têm sido associada ANTI-PD1 E ANTI-PDL1 a um pior prognóstico em alguns Diante da descoberta de alguns cânceres (DOLAN, GUPTA, 2014). mecanismos de evasão imune dos O PD-L1 pode ser mensurado tumores e da possibilidade de restaurar através da imunohistoquímica e o nível a resposta imune do organismo contra de tem esses em agentes bloqueadores dos receptores incluindo e/ou gigantes envolvidos nas vias melanoma, carcinoma de células renais correspondente aos pontos de controle e câncer de células não pequenas de imunes do organismo. expressão demonstrado vários tipos desse valor ligante prognóstico tumorais, tumores, foram pesquisados pulmão. Além disso, a expressão de PD- O primeiro ponto de controle L1 parece estar correlacionado com a regulador negativo a ser clinicamente resposta aos anticorpos anti-PD-1. No analisado foi o CTLA-4, a partir do qual entanto, não há um teste uniformemente foi desenvolvido o agente bloqueador aceito como padrão para a quantificação desse receptor chamado de ipilumumab da expressão de PD-L1. Os padrões de (MORENO, RIBAS, 2015). Esse agente expressão proteicos do PD-L1 em foi testado entre diversos tumores, células tumorais, células dendríticas e dentre os quais destaca-se o melanoma tumor infiltrativo de células imunes metastático. A sua eficácia o fez ser 34 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS aprovado pela FDA (Food and Drug HAN, Administration) como medicamento a 936558/ONO-4538 (IgG4 puramente ser humana utilizado melanoma no tratamento metastático de refratário 2015): o MDX-1106/BMS- anti-PD-1 mAb, também chamado de nivolumab), o CT-011 (ZITVOGEL, KROEMER, 2012). (IgG1 humanizada anti-PD-1 mAb da Os agentes bloqueadores de PD- Curatech/Teva), MK-3475 (IgG4 1/PD-L1 são anticorpos monoclonais os puramente humana anti-PD-1 mAb da quais se ligam ao sítio correspondente Merck, dos componentes da via do PD, pembrolizumab impedindo a interação de PD-1/PD- MPDL 3280A/RG 7447 (anti-PD-L1 da L1/PD-L2. O anti-PD-1 tem como Genentech), BMS-936559 (IgG4 anti- principal efeito, restaurar a função das PD-L1 humanizada mAb inibidora da células T CD8+ exaustas e também ligação de PD-1 e B7-1) e AMP-224 previne a depleção de células B de (ZITVOGEL, KROEMER, 2012). memória, observado em experimento com macacos também conhecido ou como lambrolizumab), O nivolumab foi o primeiro SIV-infectados anticorpo monoclonal (mAb) (ZITVOGEL, KROEMER, 2012). A direcionado ao PD-1 a mostrar resposta terapia anti-PD têm gerado benefícios significativa significativos através da regressão do metastáticos não tumor tratamentos tradicionais, e do prolongamento da em melanomas responsivos aos NSCLC sobrevivência, além de ter produzido (carcinoma de células não pequenas de efeitos duráveis, com relativa toxicidade pulmão) e carcinoma de células renais tolerada. Têm-se observado em diversos metastático estudos respostas clínicas eficazes em Estudos fase 1 demonstraram ORR um tumores, (objective response rate) de 28% em em tumores sólidos pacientes com melanoma metastático os espectro principalmente amplo de (CHEN, HAN, 2015). de PD-1/PD-L1 HAN, 2015). quais não obtiveram resposta clínica Atualmente, existem 6 agentes bloqueadores (CHEN, com em o tratamento ipilumumab (KIM, prévio com o EDER, 2014; evolução clínica, sendo que dois já CHEN, HAN, 2015). Em outro estudo foram aprovados pela FDA americana fase I/II com 296 pacientes os quais (o nivolumab e o pembrolizumab) e os apresentavam diversas malignidade pré- outros já em desenvolvimento (CHEN, tratadas, 35 mas que não obtiveram Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS resposta clínica (melanoma, NSCLC, MORENO, câncer de próstata, carcinoma de células nivolumab foi aprovado pela FDA renais e câncer coloretal), no qual foi-se americana utilizado 1-10 mg/kg a cada 2 semanas melanoma avançado e para NSCLC que por 12 ciclos até regressão do tumor, falhou com o tratamento de platina observou-se dose (SUNSHINE, TAUBE, 2015; KIM, máxima tolerada e as respostas clínicas EDER, 2014). Foi também aprovado no cumulativas Japão para o tratamento de melanoma que não foram houve de 18,4% no NSCLC, 27,6% no melanoma e 27,3% RIBAS, para o 2015). O tratamento de unresectable (LUKE, OTT, 2015). no carcinoma de células renais. Foi O pembrolizumab é uma IgG4 observado também relativa tolerância à monoclonal humanizada a qual possui toxicidade do medicamento, sendo que uma porção Fc que minimiza a ADCC 14% apresentaram grau 3/4 de efeitos (citotoxicidade mediada por células adversos relativos à administração da dependente droga (MORENO, RIBAS, 2012). Em (citotixicidade cânceres tratados complemento) VEGF, 2015). Em um estudo para a avaliação obteve-se ORR de 21% nos pacientes da atividade no melanoma em 196 tratados com anti-PD-1, assim como em pacientes com esse tumor, foi dividido linfoma refratários, em dois grupos dos quais foram obteve-se ORR de 87%, em câncer de aplicados o pembrolizumab nas doses ovário, ORR de 23% e TNBC (câncer de 10mg/kg a cada 2-3 semanas e na de mama triplo negativo), ORR de 33% dose de 2mg/kg a cada 3 semanas, com o tratamento com nivolumab respectivamente. (SUNSHINE, Um resultado, respostas através de todos os estudo fase III, no qual comparou-se a níveis de 38%, resposta na mais alta resposta a dose de 52% e respostas clínicas em duráveis, isto é, um PFS (progression tipo free survival) maior que 7 meses geniturinários previamente com de do dacarbazine pacientes com agentes Hodgkins TAUBE, 2015). nivolumab com (quimioterápico) melanoma do de anticorpo) e dependente (MORENO, de RIBAS, Obteve-se (MORENO, sobrevida de 1 ano de 73% com o mostrou nivolumab e 43% com o dacarbazine nivolumab em um estudo clínico em (SUNSHINE, fase I com o melanoma avançado e por 2015; 36 eficácia 2015). como BRAF-selvagem, obteve-se melhora na TAUBE, RIBAS, CDC semelhante Ele ao Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS isso, foi aprovado pela FDA como o desenvolvimento tratamento de segunda linha para o imunes melanoma (CHEN, HAN, 2015). O pneumonite auto-imune e nefrite, uma pembrolizumab vez que PD-L2 é expresso nas células respostas também clínicas mostrou doenças pulmão, auto- tais como em parenquimatosas do rim e do pulmão outros tumores, tais como o TNBC, com (KIM, EDER, 2014). Uma opção é anti- ORR de 33%, o bladder câncer com PD-L1, o qual bloqueia somente a mais de 1% de expressão de PD-L1, interação PD-1/PD-L1. Estudos têm com ORR de 24% e têm mostrado mostrado que a utilização de anti-PD- efeitos promissores em outros tumores L1 produz respostas clínicas contra sólidos diversos tipos de tumores. Em pacientes como antitumorais no de o câncer gástrico avançado (ORR>20%) , câncer de com cabeça e BMS936559 obteve ORR de 10% e linfoma de Hodgkin clássico (CHEN, com MPDL3280A, ORR de 23%. Em HAN, 2015). pacientes com câncer genitourinário, o e pescoço (ORR>20%) NSCLC, o tratamento com Existe ainda o pidilizumab, um tratamento com BMS936559 obteve outro anti-PD-1, o qual tem sido ORR de 12% e MPDL3280A, de 14%. avaliado Em pacientes com câncer de bexiga em malignidades hematológicas. Em um estudo em fase I avançado, clínico com 17 pacientes com leucemia MPDL3280A obteve ORR de 26% mieloide aguda refrataria, leucemia (SUNSHINE, linfocítica crônica, doenças de Hodgkin estudo em fase I com 38 pacientes com e não Hodgkin, linfoma e mieloma melanoma metastático, foi observado múltiplo, dose ORR de 39%, e 43% conseguiu PFS de máxima tolerada e 33% dos pacientes 24 semanas com o tratamento com o tiverem benefícios clínicos com o MPDL3280A. Nesse estudo também foi tratamento demonstrado que em 60% dos pacientes não foi com observado o pidizilumab (MORENO, RIBAS, 2015). o tratamento TAUBE, com 2015). Um com tumor PD-L1+ a doença tornou-se O anti-PD-1 bloqueia a interação estável com o tratamento, indicando, entre PD-1 e os seus dois ligantes, PD- pois, que a expressão de PD-L1 está L1 e PD-L2. Vários estudos mostraram relacionada com resposta clínica mais que a inibição da interação entre PD-1 e favorável. Mesmo assim, foi observado PD-L2 que seria responsável pelo 37 pacientes com tumor PD-L1 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS negativo também foram beneficiados, apresentam pneumonite auto-imune ou com ORR de 20%. Por fim, não foi colite, e a incidência de graus 3-4 de observado grau 3 ou 4 de pneumonite efeitos nem mortes relacionadas ao tratamento administração do fármaco é menor (KIM, EDER, 2014). (SUNSHINE, TAUBE, 2015). Isso adversos relacionados Outros estudos têm mostrado sugere que os anti-PD-L1 são mais bem que pacientes com tumores os quais tolerados que os anti-PD-1. Novos expressam altos níveis de PD-L1, estudos estão sendo realizados a fim de especialmente quando são expressos nas elucidar melhor os efeitos e as respostas TILS clínicas são mais beneficiados pelo tratamento com anti-PD-L1, e por isso, dos anti-PD-L1 como tratamento em diversos tipos de câncer. apresentam significativas ORR. Por exemplo, foi observado ORR de 23% TERAPIA COMBINADA em todos os pacientes com NSCLC, Existem diversas combinações enquanto que em pacientes com altos de fármacos as quais estão sendo níveis de PD-L1, foi obtido ORR de avaliadas, dentre as quais destaca-se a 85% (CHEN, HAN, 2015). combinação de anti-CTLA-4 e anti-PD. O MEDI4736 é outro anti-PD- Sugere-se que a utilização de dois L1 o qual está sendo estudado e agentes bloqueadores dos pontos de desenvolvido. Estudos têm mostrado controle imunes aumentam a atividade que antitumoral esse farmacocinética anticorpo possui dose-dependente e e aumentam, por fim, a força de estimulação do sistema imune apresenta atividade supressora de PD- (LUKE, OTT, 2015). L1 também dose-dependente. Além Um estudo em fase I, foi disso, foi observado mais evidência de observado respostas clínicas em 42% atividade clínica em vários tumores dos pacientes tratados com os dois como o gastroesofágico, pancreático, e agentes, contra 17% com o ipilimumab de (anti-CTLA-4) e 32% com o nivolumab cabeça e pescoço (MORENO, RIBAS, 2015). (anti-PD-1). Dos 42%, mais de 80% Apesar da resposta clínica ser obteve regressão do tumor em 36 um pouco menor, quando comparada semanas (LUKE, OTT, 2015). No com os anti-PD-1, foi observado que entanto, apesar da resposta antitumoral pacientes tratados com anti-PD-L1 não ser mais significativa, foi também 38 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS observado maior incidência de eventos descontinuação do tratamento (LUKE, adversos: 63% dos pacientes tratados OTT, 2015). Além disso, os efeitos com tendem a ser mais tolerados quando a terapia combinada experimentaram eventos adversos e comparados 23%, quimioterapia, e melhores gerenciados experimentaram após a descontinuidade do tratamento, embora esses efeitos sejam os efeitos da (DOLAN, GUPTA, 2014). aos O efeito adverso mais comum observados no tratamento com os dos anti-PD-1 é a fadiga (DOLAN, agentes sozinhos (LUKE, OTT, 2015). GUPTA, Outro com adversos relacionados ao tratamento melanoma metastático, obtive-se ORR com o anticorpo são prurido, perda de de 43%, mas 53% dos pacientes apetite, pneumonite, colite, hepatites, apresentou grau 3/4 de eventos adversos tiroidites e hipofisite (LUKE, OTT, (MORENO, RIBAS, 2015). Várias 2015). A pneumonite, apesar de não tão pesquisas diferentes frequente (DOLAN, GUPTA, 2014), é combinações e doses na tentativa de de significativa relevância, uma vez que otimizar o risco/benefício da terapia 3 mortes ocorreram em decorrência combinada (LUKE, OTT, 2015). desse efeito durante tratamento com estudo com têm similares com pacientes tentado 2014). Outros eventos Outras combinações estão em anti-PD-1 em pacientes com melanoma fase de estudo, como por exemplo, a metastático (MAHONEY, FREEMAN, combinação de agentes quimioterápicos MCDERMONT, 2015). e nivolumab, além de MEDI4736 (anti- Vários estudos também PD-L1) e anti-EGFR em pacientes com relataram diarreia, eventos endócrinos, NSCLC (MORENO, RIBAS, 2015). rash cutâneo, mialgia, artralgia e pirexia, os quais são tratados com medicamentos de alívio sintomático ou, EVENTOS ADVERSOS Apesar de os estudos não terem reportado dose máxima diversos eventos em graus mais severos, com o uso de tolerada, adversos corticoesteroides foram 2014; TOPALIAN, 2012). observados. A maioria deles ocorrem nos primeiros 2 6 o anti-PD-L1 não bloqueia a interação PD-1/PD-L2, ele tratamento, mas podem ocorrer em preserva a homeostase e, teoricamente, qualquer o mecanismo da pneumonite induzida mesmo meses Como de época, a (SCHMERLING, após a 39 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 por bloqueadores SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS de PD-1. São severos, deve-se parar o tratamento com geralmente bem tolerados, e foram os bloqueadores (LUKE, OTT, 2015). relatados poucos eventos adversos de grau 3 e 4, além de hiperglicemia, elevação de AST e CONCLUSÕES ALT Os anticorpos anti-PD-1 e anti- (transaminases), dor no dorso e falha na PD-L1 tendem a produzir respostas adrenal (SCHMERLING, 2014). significativas, rápidas e duráveis, A terapia combinada com anti- mesmo que limitado a frações de CTLA4 e anti-PD-1 apresentou também pacientes, de acordo com os estudos efeitos adversos semelhantes, embora recentes. Eles representam, portanto, tenha afetado maior parcela de pacientes uma se comparado com os bloqueadores tratamento de diversos tipos tumores. sozinhos, mas são geralmente tolerados e a maioria alterações elevação é representado laboratoriais das Esses promissora ao bloqueadores são por responsáveis pela inibição da interação como da via do PD de controle e regulação da (13%), resposta imune a nível de tecidos tais transaminases alternativa lipase (13%) e da creatina (6%), atém periféricos, da diarreia (6%). representarem um fisiológico a Recomenda-se que os pacientes o qual, para apesar de mecanismo manutenção os quais irão participar do tratamento homeostase sejam examinados quanto ao potencial desenvolvimento de efeitos adversos imune-associados, imunes, são utilizados como mecanismo para minimizar o risco de piora, além de de evasão imune e resistência adaptativa realizar a do tumores. O bloqueio desse ponto de alterações controle imune no sítio do tumor laboratoriais e avaliação de órgãos restauraria a resposta imune mediada específicos (fígado, rim, tiroide). Para o por tratamento não destruição com regressão do tumor. testes clínicos monitorização severos, de desses pode efeitos, ser corticoesteroides imunossupressores, se tratado e e para no outros caso e da células das de T, prevenção do doenças auto- responsável células pela tumorais e No entanto, estudos adicionais de devem ser realizados para a definição de desordens endócrinas, deve-se realizar a critérios a serem utilizados para seleção terapia de reposição hormonal. Se dos pacientes adequado ao tratamento. 40 Rev Pat Tocantins V. 3, n. 01, 2016 SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS Os estudos atuais têm pesquisado a BOUSSIOTIS, utilizado a expressão de PD-L1 e a specific PD-L1 expression in DLBCL. presença de infiltrado linfocitário no Blood tumor (TILs) como biomarcadores de 2015. boa BRAHMER, Julie R. et al. Phase I responsividade clínica aos Vassiliki journal, A. Cell- 126(19):2171-2172, bloqueadores. Reitera-se, por sua vez, study que, diante de estudos com resultados death-1 (MDX-1106) in refractory solid controversos, novos estudos abrangendo tumors: mais tumores e mais pacientes para a pharmacodynamics, and immunologic confirmação da hipótese. correlates. Por fim, diante da diversidade de single-agent safety, anti-programmed clinical Journal of activity, Clinical Oncology, 28(19):3167-3175, 2010. efeitos adversos e de sua incidência e BRAHMER, Julie R. et al. Safety and distribuição, é necessário novos estudos activity of anti-PD-L1 antibody in para patients with advanced cancer. New a elucidação da segurança relacionada às doses e ao bloqueador English utilizado. 366(26):2455-2465, 2012. Journal of Medicine, CHEN, Lieping; XUE, Han. Anti-PDREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1/PD-L1 therapy of human cancer: AMARNATH, Shoba et al. Regulatory past, T cells and human myeloid dendritic Disponível cells promote tolerance via programmed <http://www.jci.org/articles/view/80011 death ligand-1. PLOS Biology, 8(2):1- >. Acesso em: 06 jan. 2016. 13, 2010. DOLAN, Dawn E.; GUPTA, Shilpa. AMARNATH, Shoba et al. The PDL1- PD-1 pathway inhibitors: changing the PD1 axis converts human Th1 cells into landscape of cancer immunotherapy. regulatory Cancer Control, 21(3):231-237, 2014. T cells. Science present and future. 2015. em: Translational Medicine, 3(111):1-13, FLEMMING, Alexandra. PD1 makes 2011. waves in anticancer immunotherapy. ANDRE, Fabrice et al. 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