MEDICINA EM EVIDÊNCIA Novo tratamento no Câncer de Pulmão pode dobrar a sobrevida de pacientes Emerge a Imunoterapia do Câncer O sistema imune intacto é capaz de reconhecer e eliminar células tumorais por meio de pontos de verificação imunológicos. No entanto, os tumores podem se adaptar e contornar estes mecanismos naturais de defesa e vigilância.1,2,3 Ao longo das últimas décadas, esforços significativos têm como alvo a ativação do sistema imunológico para tratar pacientes com câncer. Como resultado destes esforços estamos desvendando os mecanismos biológicos através dos quais os tumores podem iludir a imunidade adaptativa e interromper vias de verificação imune. Uma das vias chave para essa checagem e atuação do sistema imune dá-se através da interacção entre o receptor de morte programada 1 (do inglês, Programmed Death -1 / PD- 1) e os seus ligantes 1 e 2 (PD- L1 / 2). Esta via é modificada pelos tumores para suprimir o seu controle imunológico. (2,4-7) Invertendo a inibição da imunidade adaptativa resulta em estimulação ativa do sistema de imunovigilância dos pacientes. Esta nova forma de abordagem utiliza anticorpos antagonistas a estas moléculas reguladoras negativas da vigilância imunológica expondo as células neoplásicas à ação das células efetoras da imunidade, facilitando a sua ação e, por fim, destruindo estas células neoplásicas através de mecanismos naturais. Atualmente há dois tipos de anticorpos monoclonais com diferentes alvos que agem desinibindo a vigilância imunológica contra tumores, são eles os anticorpos anti-CTLA-4 e anti-PD-1/PD- L-1/2. (8,9) Papel do PD-1 / PD-L1 PD-1 é um receptor imunoinibitório que pertence à família CD28 e é expresso em células T, células B, monócitos, células NK, e muitos linfócitos que se infiltram no tumor (10); há dois ligantes descritos (PD-L1 6 e PD-L2 ). (11) Embora PD-L1 é expresso em células T em repouso, células B, células dendríticas, macrófagos, células endoteliais vasculares, e as células das ilhotas pancreáticos, a expressão de PD-L2 é vista somente em macrófagos e células dendríticas.(10) Certos tumores têm uma expressão mais elevada de PD-L1.(12) PD-L1 e L2 atuam inibindo a proliferação de células T, a produção de citoquinas e de moléculas de adesão.(13) PD-L2 controla a ativação das células T em tecidos linfóides, enquanto o PD-L1 parece diminuir a função das células T em tecidos. (14) A indução de PD-1 em células T ativadas ocorre em resposta ao acoplamento de PD-L1 ou L2 e limita a atividade das células T efetoras em órgãos e tecidos periféricos durante a inflamação, evitando assim a auto-imunidade. Este é um passo fundamental para proteger contra danos nos tecidos quando o sistema imunitário é ativado em resposta à infecção. (15-17) O bloqueio desta via nos pacientes com câncer pode aumentar a resposta imune antitumoral.(18) Drogas orientadas para a via do PD-1 podem proporcionar imunidade antitumoral, especialmente em tumores que expressem PD-L1. Vários deles já são conhecidos, tais como melanoma, carcinoma hepatocelular, glioblastoma, câncer de pulmão, rim, mama, ovário, pâncreas, do esôfago, bem como neoplasias hematológicas, cuja expressão de PDL1 lhes confere pior prognóstico.(8 , 19) A descoberta de agentes anti-PD-1 e antiPD-L1, bem como a sua atividade notável em vários tipos de câncer, lançou uma nova era de imunoterapias eficientes contra vários tipos de tumores, que irão mudar o panorama do tratamento do câncer. A mudança que estas descobertas ocasionaram em nossos conceitos de imunoterapia do câncer hoje abrangem perspectivas tera- APM - Regional Piracicaba - Julho 2015 pêuticas diferentes das que anteriormente eram dirigidas principalmente aos melanomas e tumores renais avançados, que eram os clássicos modelos onde a aplicabilidade da imunologia no tratamento trazia maiores expectativas.(20) . A atividade destes agentes tem sido testada com sucesso em estudos no tratametno de melanomas, câncer renal, câncer de cólon e mama, e agora recentemente algumas publicações em câncer de pulmão de células não-pequenas, adenocarcinomas ou não. Os estudos denominados “CheckMate” 067 (melanoma)(21), 057 (Pulmão não pequenas células)(22), 017 (Pulmão CEC)(23) foram recentemente apresentados e neles a opção experimental envolveu a droga “Nivolumab”- anticorpo monoclonal anti-PD-L1. O Estudo 067(21) comparou este anticorpo a outro já registrado e aprovado para pacientes com melanoma avançado chamado “Ipilimumab” - anticorpo anti-CTLA-4. Neste estudo, a combinação de ambas as drogas resultou em melhores taxas de sobrevida sem progressão em relação aos braços tratados com as drogas isoladamente, reduzindo o risco de progressão ou morte por melanoma em 58% quando comparado ao grupo tratado com Ipilimumab apenas. Mesmo no grupo tratado com Nivolumab isolado a redução de risco de progressão ou morte foi de 43% em relação ao grupo do Ipilimumab isolado. Neste estudo a expressão aumentada de PDL1 não representou vantagem comparativa em termos de resposta objetiva ou sobrevida livre de progressão, deixando para outros estudos a resposta definitiva de ser este um potencial marcador biológico que possa antecipar prognósticos. A combinação também trouxe maiores taxas de eventos adversos, resultando em interrupção do tratamento em 36% dos pacientes que receberam ambas os medicamentos. O estudo CheckMate 057(22) analisou os resultados em pacientes com Câncer de Pulmão não células pequenas não escamocelular, tratados após quimioterapia em primeira linha habitual, comparando com Docetaxel, um tratamento standard na segunda linha. Observou-se uma redução de risco de progressão de 27% com extensão de cerca de 3 meses da sobrevida livre de progressão em favor do grupo que recebeu Nivolumab na segunda linha. Interessantemente, neste estudo observou-se melhores resultados nos pacientes com altos níveis de expressão de PD-L1, em ambos os grupos, porém no grupo experimental observa-se respostas também naqueles pacientes com baixa expressão do ligante. Por fim e não menos importante o estudo CheckMate 017(23) que tratou com Nivolu-