POR UMA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO TRANSFORMADA Claudio Almir Dalbosco – UPF Agência Financiadora: CNPq Tendências mundiais parecem indicar para um recuo da reflexão sobre pressuposições ético-epistemológicas da educação.1 A área dos Fundamentos da Educação vem há mais tempo perdendo terreno para as Didáticas Específicas. Esta diretriz tende a se acentuar, no momento, pela direção que o Plano Nacional de Formação de Professores parece tomar, focalizando a formação no “quê” e no “como” ensinar, secundarizando a importância de questões que tradicionalmente caiam sobre o âmbito dos Fundamentos, como a pergunta para quê educar ou para quê educação (Wozu Erziehung?). Deste modo, a didatização da educação ocorre mediante o enfraquecimento de uma perspectiva normativa e teleológica da educação. No entanto, mesmo que se quisesse, não poderia dispensar-se a educação da idéia de bem, pois ao negá-la já fazerse-ia com base em outros referenciais normativos (Oelkers, 2007, p. 213-236).2 Evidentemente que o que está em jogo aqui é, por um lado, o significado e a direção de 1 Uma das marcantes tendências mundiais é a re-configuração do sistema de ensino superior, a qual, embora assume feições específicas em cada pais, parece seguir a diretriz geral de encurtar cada vez mais a idéia de formação humana, flexibilizando o ensino, para formar num curto espaço de tempo e com investimentos financeiros menores, profissionais para o mercado de trabalho. De todas estas transformações, uma das mais expressivas é a que está ocorrendo nas universidades européias a partir da Declaração de Bolonha. Para um balanço crítico das modificações exigidas às universidades européias pela Declaração de Bolonha ver o artigo de Kesselring (2007, p. 1529). 2 Neste instigante artigo Oelkers busca, primeiramente, desconstruir o conceito platônico-cristão de bem, mostrando os efeitos destrutivos que sua vinculação à idéia absoluta exerce nas teorias educacionais. Na seqüência, procura atenuar essa desconstrução, argumentando que sua crítica ao conceito absoluto de bem não significa a despedida da noção de bem da esfera educacional. Pelo contrário: “Sempre deve ser definida alguma forma de teleologia – nesse sentido, a linguagem da educação não pode prescindir do bem” (Oelkers, 2007, p. 220). A idéia do bem é, portanto, indispensável para tornar a educação um tema público e, por isso, faz-se necessário uma pedagogia geral, definida pelo autor nos seguintes termos: “Eu penso em uma pedagogia geral plural, que saiba defender princípios universais, mas que não renegue a progressão motivada pelos problemas e não se entregue a dogmas” (Ibidem, p. 229). 1 tal didatização e, por outro, a necessidade premente de re-atualização do próprio conceito de fundamentação. As razões desta constatação, aparentemente trivial, do enfraquecimento da perspectiva filosófica em nome de uma tecnicização da educação precisam ser investigadas mais a fundo. Por que ao se falar em educação, sobretudo, na formação de professores para o Ensino Fundamental e Médio, a ênfase recai nas Didáticas Específicas? Em nome do discurso pela democratização do ensino e pela busca da qualidade educacional não estaríamos às voltas com um neo-tecnicismo reducionista que fragmentaria ainda mais a idéia de formação? Quais são as razões de ordem interna e externa que justificam a visível perda de espaço da reflexão acerca dos Fundamentos da Educação? Em que sentido a própria idéia de “Fundamentos” pode e deve ser reatualizada para enfrentar a complexidade social e educacional atuais? Que sentido ainda faz falar de uma Filosofia da Educação? Para oferecer um tratamento às questões acima, vou esboçar alguns traços gerais do panorama intelectual mais amplo responsável pelo posicionamento atual deslocado da Filosofia da Educação. Na seqüência, pretendo alinhavar um fio condutor que possa abrir espaço ao reposicionamento produtivo da reflexão filosófica sobre o campo educacional. 1. Obstáculos ao diálogo entre Filosofia e Pedagogia Vou começar com considerações gerais acerca de algumas dificuldades que se puseram, historicamente, ao diálogo entre Filosofia e Pedagogia. A modernidade se viu às voltas, desde sua origem, com a necessidade de ampliar o acesso à educação de camadas cada vez mais amplas da sociedade. Tal tarefa deparou-se com a tensão entre o caráter massivo e qualitativo da educação. Na perspectiva de uma política educacional comprometida com os ideais de maioridade e autonomia do ser humano, o problema colocou-se, desde o início, no sentido de possibilitar uma profissionalização crescente das novas gerações, aliada com uma formação cultural ampla, que permitisse o desenvolvimento da diversidade de potencialidades e disposições humanas em suas mais diferentes direções. O iluminismo moderno clássico, em sua vertente inglesa (Locke), 2 francesa (Rousseau) e alemã (Kant), para ficar apenas nesses três exemplos mais conhecidos, foi unânime em reconhecer na educação uma possibilidade real de “melhoramento da espécie humana”, isto é, de condução de seu “estado de animalidade” para o “estado de moralidade” (Kant, 2002). Na visão destes filósofos, a constituição de uma sociedade livre, capaz de impulsionar o desenvolvimento das potencialidades individuais em sintonia com o respeito pelo bem comum, não poderia ser imaginada, e muito menos alcançada, sem a contribuição da educação. No entanto, este ideal democrático e humanizador de educação chocou-se, do ponto de vista sócio-histórico, com as demandas fixadas hegemonicamente pelas ideologias do mercado capitalista. Os tempos atuais, marcado por profundas transformações nas instituições de ensino, consolidam um extraordinário encurtamento da complexa temática educacional a favor de um mercado capitalista completamente modificado, em relação àquele do século XVIII, que apenas estava em seu estado inicial de ascensão. 1.1. Academicização da Filosofia e empiricização do campo educacional A Pós-Graduação stricto sensu assumiu no Brasil um impulso decisivo a partir dos anos setenta do século passado. A implantação de alguns cursos em determinadas capitais brasileiras foi seguida por um processo de regionalização crescente, nas décadas posteriores, sobretudo na área da educação.3 No momento atual, as áreas da Filosofia e da Educação começam a obter resultados mais visíveis deste processo de amadurecimento progressivo dos Programas de Pós-Graduação. No entanto, o modo como estes resultados se evidenciam internamente, em cada uma destas áreas, parece indicar para duas direções bem distintas entre si, ocasionando uma especialização crescente da Filosofia e uma empiricização preocupante da Pedagogia.4 Esta dupla tendência constitui-se, sem dúvida, 3 Para um breve resumo sobre a história da Pós-Graduação em Educação no Brasil ver artigo de Saviani (2000, p. 1-19). 4 O que denomino aqui de empiricização da Pedagogia é resultado do empirismo ingênuo resultante da “positivação do espírito” provocada pelo predomínio do método científico moderno baseado no modelo físico-matemático. O empirismo ingênuo, embora já tenha sido longamente 3 num dos principais obstáculos de um possível diálogo produtivo entre filósofos e pedagogos. A especialização da Filosofia é tributária do anseio inicial de constituí-la como um campo rigoroso e autônomo de investigação, buscando independizá-la, a um só tempo, tanto das amarras religiosas como do bacharelismo de proveniência positivista. No entanto, o foco da implantação de uma tradição filosófico-investigativa no Brasil foi dominado, desde seu início, pela história da filosofia e pela maneira como se considerou um problema como legitimamente filosófico. O conceito de Filosofia e o status de ser filósofo foram determinados, em grande parte, pela capacidade do manejo analítico e filológico do texto clássico e do manuseio repetitivo de problemas e conceitos por ele contidos. Ou seja, predominou a análise estrutural do texto e a análise de argumentos já na implantação da Pós-Graduação e esta tendência acentuou-se enormemente nas décadas posteriores, culminando, nos dias atuais, na “especialização cega” (NOBRE & TERRA, 2007). Tal conceito permaneceu ainda demasiadamente prisioneiro da imagem de filosofia como prima ciência, quer em seu sentido antigo, como amor contemplativo à verdade, ou em seu sentido moderno, como reflexão transcendental sobre as condições de possibilidade do conhecimento objetivamente válido. O fazer filosófico centrado na análise de textos clássicos deparou-se desde o início com o problema de como articular a história da filosofia com o pensar filosófico, de como ir à história da filosofia mantendo o vinculo com a contemporaneidade e, por fim, de como manter o diálogo com outras áreas do conhecimento, exercendo a interdisciplinaridade. No entanto, por seguir os rumos de uma especialização cega, a criticado pelas modernas teorias da ciência, como as de inspiração no racionalismo crítico popperiano, não deixa de estar presente nas pesquisas da área de educação. Seus adeptos partem da idéia de que os fenômenos da educação estão dados na realidade e compete ao pesquisador encontra-los, descreve-los e estabelecer a conexão entre eles, descobrindo as leis mediante as quais tais fenômenos podem ser determinados. Portanto, a descrição de acontecimentos observados é vista como fonte fundamental do conhecimento produzido por este tipo de pesquisa. Seu limite consiste, como indicou Brezinka (1971, p. 49ss), no fato de ignorar a tese de que só se pode experienciar algo da realidade quando se dirigem a ela perguntas selecionadas previamente. Aquilo que se denomina “realidade educacional” é complexo do ponto de vista da análise, pois não está dada previamente como objeto da pesquisa, mas sim precisa ser posta pela própria problematização do projeto. Neste sentido, a realidade educacional é uma construção, uma criação reflexiva do pesquisador. “O conhecimento científico não nasce da seleção de acontecimentos observáveis, senão da idéia de que formulamos hipóteses promissoras e então procuramos prová-las” (Ibidem, p. 50). 4 Filosofia viu-se bloqueada, em algumas de suas principais tendências, para executar as tarefas acima descritas. Ao aliar-se com o individualismo carreirista imposto pela Capes5, a especialização cega torna a Filosofia impotente para o diálogo com questões atuais: “Critérios baseados unicamente na lógica da especialização tornam mais fácil publicar um pequeno artigo sobre aquele pequeno argumento do pequeno filósofo obscuro do que tentar fazer a ligação com o momento presente” (NOBRE & TERRA, 2007, p 44). Como se pode observar, o preço pago pela especialização cega é, por um lado, a despreocupação da Filosofia com questões atuais da sociedade, com o sentido do bem comum e da vida humana e social – pois, sobre isso ela não teria supostamente nada a dizer – e, por outro, fruto de sua “hermetização”, a dificuldade ou indisponibilidade de se abrir para a interlocução com outras áreas do saber humano. No campo especificamente educacional, a Pedagogia fora vista, de modo geral, como parceira irrelevante da reflexão filosófica. O questionamento, formulado em tom desdenhoso por alguns filósofos, parece ter se repetido sempre da seguinte maneira: Mas é a educação um campo genuíno da reflexão filosófica? No entanto, pensada de outra maneira, tal questão pode assumir a seguinte direção: Em que medida questões educacionais podem ser transformadas em problemas filosóficos? Concebida nestes termos, a pergunta já pressupõem a possibilidade de interlocução entre Filosofia e Pedagogia e um regresso à história da filosofia, inclusive a autores clássicos, seria capaz de mostrar a dimensão pedagógica presente no genuíno exercício filosófico. No que diz respeito à área da educação, são muitas as dificuldades que giram em torno da tentativa de delimitar seu estatuto e seu campo investigativo próprio. Por ser área de fronteira e por se constituir a partir da imbricação estreita com outras áreas do saber humano, a Pedagogia incorporou em seu interior também as incertezas e as “dúvidas epistemológicas” que perpassam estas outras áreas. Se a introdução da Filosofia no Brasil foi marcada, no âmbito da Pós-Graduação, pelo conceito escolástico (Schulbegriff Kant), a Pedagogia sofreu forte influência, em sua institucionalização acadêmica, da “positivação do espírito moderno”, em sua versão tecnicista de inspiração behaviorista. Embora não tenha sido obviamente a única tradição a inspirar a Pós-Graduação, ela 5 Para uma análise do efeito provocado pelo modelo Capes de avaliação na organização dos PPG em Educação e na vida cotidiana do pesquisador e do coordenador dos Programas, ver a coletânea organizada por Bianchetti & Sguissardi (2009). 5 deixou marcas profundas no pensamento pedagógico brasileiro, sobretudo, ao estabelecer como conhecimento objetivamente válido somente aquele derivado da experiência sensível, relegando para segundo plano a tarefa reflexiva e a própria teoria, em sentido mais amplo. Isso prepara as bases para que o debate educacional atual oscile, hegemonicamente, entre uma espécie de “positivismo renovado” e uma “retórica pósmoderna” imprecisa, esvaziando, em ambas as direções, o debate pedagógico sobre questões ético-normativas centrais. Essa dupla tendência aponta cada uma a sua maneira, para um “recuo da teoria” (Moraes, 2001). Do lado da Pedagogia repete-se, também ironicamente, o questionamento sobre a importância da Filosofia: Mas possui a Filosofia uma dimensão propriamente pedagógica? A dificuldade parece residir aqui no fato de que o conceito demasiadamente pragmático-tecnicista de educação tornou-se incomunicável com o conceito metafísicoespeculativo de Filosofia: a busca por resultados imediatos e por avaliações mais objetivas do processo de ensino e aprendizagem não se coaduna com a investigação acerca da essência e dos primeiros princípios daquilo que existe. A busca pela arché, levada adiante por um saber de natureza contemplativa, torna-se desinteressante e improdutivo, como base de justificação, à perspectiva pragmático-tecnicista. No entanto, visto pela ótica de entabular um diálogo produtivo entre Filosofia e Pedagogia a pergunta acima precisa ser modificada nos seguintes termos: Que questões filosóficas estão embutidas no processo formativo-educacional humano? Quais são as críticas que um conceito atualizado de Filosofia põe à perspectiva pragmático-tecnicista? Também aqui o regresso à história da pedagogia é capaz de mostrar que o empreendimento de grandes pedagogos na direção de aclarar questões relacionadas com a educabilidade humana está recheado de preocupações filosóficas. Em síntese, um dos principais obstáculos que se põe no caminho da investigação sobre a imbricação entre problemas filosóficos e pedagógicos repousa na própria compreensão pouco dilatada e flexível do que seja pensar filosófica e pedagogicamente. Uma ampliação do conceito de Pedagogia, que a conceba como atividade reflexiva, e uma destranscendentalização historicizadora da Filosofia, que possa compreender a atividade racional como algo enraizado na sociedade e na história, pode abrir perspectivas 6 teóricas produtivas para enfrentar a diversidade de problemas oriundos de uma crescente complexificação social e educacional. 1.2. Didatização tecnicista da Pedagogia e diluição dos Fundamentos A conclusão extraída no item anterior mostra o estado de incomunicabilidade entre Filosofia e Pedagogia. A Filosofia torna-se responsável por esse estado de coisas na medida em que se aferra, irresolutamente, numa especialização cega, fechando os olhos para o amplo leque de novas pesquisas que surgem sobre o processo humano de ensino e aprendizagem. Quando a Filosofia se dispôs a tratar de temas educacionais, o fez permanecendo prisioneira, epistemologicamente, da perspectiva representacional, concebendo, também dicotômica e polarizadamente, a relação pedagógica entre adulto e criança, professor e aluno. Isso repercute diretamente no conceito de Filosofia da Educação: o status de prima ciência assumido pela Filosofia em relação às outras áreas do conhecimento humano serviu de justificativa para a posição que a Filosofia da Educação pretendeu ocupar no interior dos Fundamentos da Educação e da própria Pedagogia como um todo. Em sua versão clássica, a Filosofia da Educação nasceu com a pretensão de ocupar um lugar privilegiado na tarefa de estabelecer os fundamentos do processo formativoeducacional humano e, obviamente, não deixou de outorgar a si mesma a condição de acesso exclusivo e singular à idéia de fundamentação. Incorporou em seu interior, portanto, os traços gerais do conceito “forte” de razão provindo tanto da ontologia clássica como da filosofia transcendental. Localiza-se aqui, do ponto de vista teórico, uma tarefa urgente da Filosofia da Educação, a saber, de se transformar internamente, caso queira reconquistar seu espaço no interior do campo educacional e contribuir construtivamente com a reflexão sobre a extraordinária complexificação que as relações de ensino e aprendizagem assumem no mundo contemporâneo.6 Neste sentido, o mesmo desafio posto às teorias educacionais 6 É preciso reconhecer que depois de certo domínio de tendências da Filosofia da Educação de inspiração platônico-cristã e neo-tomistas, já a partir das primeiras décadas do século passado 7 vale também para a Filosofia da Educação, a saber, despolarizar, dinamizando, a relação pedagógica entre professor e aluno, concebendo ambos como mutuamente capazes de ensinar e aprender. Ora, a aparente trivialidade da idéia de que o aluno também é capaz de ensinar, e não somente aprender, pode se constituir num ponto de partida metodológico promissor da crítica ao conceito clássico de fundamentação e da idéia de transmissão de conhecimento dele resultante. Isto é, a delimitação do campo da Pedagogia à abordagem da relação pedagógica entre adulto e criança - que é, diga-se de passagem, um de seus campos clássicos de investigação - não pode mais sustentar-se, caso queira evitar todo tipo de autoritarismo e dogmatismo, somente no procedimento lógico-dedutivo do adulto, como transmissor de conhecimentos, mas precisa considerar as especificidades da estrutura afetivo-cognitivo-moral em formação da criança e, sobretudo, sua capacidade de ser sujeito ativo na construção do conhecimento. Na contramão da história, ainda no século XVIII, Rousseau já havia feito claramente a ressalva de que não se deve começar o processo educacional infantil pela razão: “A obraprima de uma boa educação está em fazer um homem razoável: e pretende-se educar uma criança pela razão! É começar pelo fim, é querer fazer o instrumento com a obra” (Rousseau, OC IV 317). Podemos nos perguntar agora o que significou para certas tradições filosóficas ter fechado os olhos para o avanço conquistado no campo das teorias da aprendizagem. Mais precisamente, em que consistem tais avanços? Para efeito de análise, gostaria de me deter somente num aspecto do problema. As pesquisas oriundas da epistemologia genética piagetiana e neo-piagetiana e da psicologia da aprendizagem dela resultante, apontam para a necessidade de se conhecer o desenvolvimento cognitivo e moral da criança, do adolescente e do jovem. Tal tradição coloca questões decisivas à noção de criança como um ser pronto e acabado, cuja essência inata (unidade mental pré-formada) seria começam a se multiplicar outras abordagens da Filosofia da Educação. Para um amplo panorama do desenvolvimento histórico da Filosofia da Educação no Brasil, com seus principais temas e problemas, ver o trabalho de Severino (2000, p. 265-326). Nesse artigo o referido autor reconhece que “ao longo de nossa história, as concepções de educação ficaram tributárias, num primeiro momento, da visão teológico-cristã e, num segundo momento, das perspectivas cientificistas, decorrentes da emergência do espírito científico que acompanha as ciências humanas que começam a se instaurar” (Ibidem, p. 268). Nesta perspectiva, como vimos acima, algo semelhante ocorre com o desenvolvimento da Filosofia no Brasil, sobretudo, no que diz respeito a predominância da influência teológica. 8 desenvolvida pelo trabalho verticalmente interventor do adulto. A noção da estrutura que se forma em seu processo de gênese permite pensar de modo diferente a própria constituição do “aparato mental” do ser humano, tendo que levar em consideração a noção de “organismo agente” que interage linguisticamente como condição de possibilidade do desenvolvimento de sua capacidade racional. Esta direção tomada pela epistemologia genética, que também é assumida em largos traços, por exemplo, pela filosofia social de Mead, no início do século passado, significa um duro golpe à ontologia clássica e, de modo especial, à filosofia transcendental kantiana. A meu ver, ela não faz outra coisa senão tornar a filosofia transcendental mais conseqüente com seus próprios princípios, pois, para evitar ser confundido com qualquer espécie de inatismo, o apriorismo precisa incluir em seu interior a idéia de gênese e, ao fazê-lo, não pode mais partir somente do sujeito transcendental e de sua suposta capacidade de formular juízos necessários e universais. Precisa abrir espaço, portanto, para a investigação sobre o processo evolutivo (de gênese) que conduz o sujeito a construir progressivamente sua estrutura transcendental. Esta tese filosófica de fundo é assumida e ampliada por Habermas, o qual mostra que o primado da interação simbólica (linguagem) choca-se com o procedimento lógicodemonstrativo (dedutivo), na medida em que estabelece a capacidade agente e lingüística do sujeito como núcleo decisivo de sua capacidade racional e isso gera outra compreensão de conhecimento. Assim afirma Habermas: “Nossa capacidade de conhecer não pode mais, como supunha o mentalismo, ser analisada independentemente da capacidade de falar e de agir, pois nós, também enquanto sujeitos cognoscentes, sempre já nos encontramos no horizonte de nossas práticas do mundo da vida” (Habermas, 2004, p. 38). A implicação que o primado da ação lingüística traz à tradição da filosofia transcendental é clara: a própria fundamentação transcendental acerca das condições de possibilidade do conhecimento deve ser inserida na investigação acerca das condições da argumentação. O caráter “forte” de uma estrutura transcendental a priori, sustentada por juízos necessários e universais, cede lugar a um “quase transcendental”, constituído agora pela “intersubjetividade destranscendentalizada do mundo da vida”. Como crítica a Kant, Habermas argumenta que a “experiência” está permeada pela linguagem e o acesso àquilo que denominados de “realidade” já é constituído desde o início pela linguagem. E 9 conclui: “Esta descoberta constitui um forte motivo para atribuir às condições de interpretação e entendimento mútuo lingüístico o papel transcendental que Kant reservara para as condições subjetivas necessárias da experiência objetiva” (Ibidem, p. 39). Esta “ruptura epistemológica” provoca transformações significativas à compreensão do processo de ensino e aprendizagem: quando se trata de questões relacionadas à aprendizagem individual e da espécie, não é suficiente partir do sujeito já formado, isto é, que já está em plenas condições de formular juízos, mas sim de entender e estimular pedagogicamente o processo que o capacita progressivamente a ser um sujeito judicativo. Isso põe a exigência, do ponto de vista pedagógico, de saber, por exemplo, como a criança aprende, pois tal compreensão torna-se indispensável à elaboração de teorias de como ensinar de modo mais adequado a própria criança. Ora, compreender como a criança aprende exige do educador, ao menos, a disposição de se colocar na própria situação de “aprendente”, fato este que põe em xeque a visão tradicional de que compete a ele somente transmitir conteúdos previamente definidos, sem levar em consideração o “mundo experiencial” e o “conhecimento prévio”7 do aluno. Neste sentido, a eficácia das teorias do ensino e, com ela, a própria eficácia da ação docente, depende de investigações precisas sobre as condições e o modo da aprendizagem. No entanto, se a filosofia metafísica vê-se questionada por questões de natureza genética postas pelas teorias da aprendizagem, estas, por sua vez, podem e, na verdade, precisam reintroduzir em seu núcleo questões específicas acerca da finalidade do processo de ensino e aprendizagem. Isso significa, pedagogicamente, que tal processo não se resume, evidentemente, somente nas questões “o que” e “como” ensinar, mas deve incluir também a pergunta “para quê” ensinar. Justamente neste aspecto é que uma filosofia da educação transformada pode mostrar-se indispensável, repondo às teorias cognitivistas da aprendizagem questões referentes a sua base normativa esquecida. 7 Sobre o significado de “conhecimento prévio” e a importância de considerá-lo na relação pedagógica entre professor e aluno ver Moreira (2002, p. 19ss). O referido autor oferece, neste artigo, uma exposição resumida de algumas das principais idéias da “teoria dos campos conceituas” de Vergnaud, pesquisador francês neo-piagetiano. 10 2. Tarefas de uma reflexão filosófica sobre o processo formativo-educacional humano Do exposto acima se torna evidente uma tendência geral predominante: a perda de espaço da Filosofia da Educação deve-se a conjugação de um duplo fator. O primeiro consiste no fato dela ter permanecido durante muito tempo sob solo de um conceito clássico de fundamentação, fechando os olhos para as novas descobertas e para o amplo debate acerca das teorias da aprendizagem, baseados na ruptura com a epistemologia clássica. Segundo, sua perda de terreno deve-se também e, sobretudo, a forte atmosfera pragmática, de cunho nitidamente instrumentalizador, que invade cada vez mais o campo educacional contemporâneo, fazendo com que o processo pedagógico-formativo humano se curve exclusiva e inquestionavelmente às demandas e necessidades impostas pela lógica sócio-econômica baseada na produção e consumo. Temos aí, nitidamente, uma razão de ordem interna e outra externa que põe sob suspeita a legitimidade da Filosofia da Educação. 2.1. Ampliação da noção de racionalidade Do ponto de vista interno, parece ser inegável a necessidade do autodistanciamento crítico da Filosofia da Educação em relação a sua dependência histórica ao conceito de Filosofia como prima ciência. Isso lhe põe uma série de exigências: crítica ao conceito de razão, de fundamentação e do modo de relacionamento com os outros conhecimentos, incluindo neles a própria Pedagogia. A Filosofia nasce, em sua forma sistemática, como reflexão conceitual sobre o que existe ou sobre “aquilo que é enquanto é” e, portanto, sob a epígrafe da razão (logos). Desde seu início estabeleceu a “proposição” como lugar primário do conhecimento verdadeiro, instituindo as categorias ou os juízos como elemento mediador entre o sujeito capaz de conhecimento e o objeto a ser conhecido. No caso da ontologia clássica, a verdade depende da adequação do sujeito à coisa e, no idealismo transcendental, a coisa enquanto fenômeno é o resultado da atividade constituidora do sujeito transcendental. O 11 primado ontológico ou transcendental do conhecimento válido objetivamente conduziu a Filosofia a concentrar-se na capacidade racional do sujeito em operar conceitualmente, secundarizando outros aspectos relevantes. Neste contexto, torna-se necessária a ampliação do conceito de razão, devendo ela incorporar esforços provindos de diferentes tradições filosóficas contemporâneas8, das quais se destacam, por exemplo, a fenomenologia hermenêutica de Heidegger e a filosofia da linguagem vinculada ao segundo Wittgenstein, ambas desembocando na guinada lingüística. De acordo com a primeira, a ampliação implica incluir na razão o tema da temporalidade (e historicidade) tornada possível pelo caráter de finitude e abertura do Dasein; na segunda, o movimento da razão desloca-se para sua linguisticização contextualizada nos atos de fala e nas formas de vida. Ou seja, o status ontológico ou transcendental da razão dilui-se no sentido pragmático da linguagem e, com isso, a própria racionalidade do sujeito é derivada de sua condição de agente lingüístico. No que diz respeito ao conceito de fundamentação, uma razão desontologizada e destranscendentalizada permite romper com o procedimento demonstrativo de caráter lógico-dedutivo, baseado em princípios últimos. O estabelecimento de princípios passa a ocorrer então a partir da dimensão pragmático-lingüística da razão, modificando consideravelmente o próprio sentido da idéia de “oferecer razões”: o método filosófico constitui-se a partir disso como reflexão crítica sobre as condições de validade do agir comunicativo e discursivo. Em síntese, trata-se agora de uma racionalidade processual, que precisa levar em consideração sua própria gênese, sua história e seu caráter pragmático-linguístico. Este duplo movimento, de ampliação do conceito de razão e de flexibilização da noção de fundamentação torna insustentável a idéia de Filosofia como prima ciência. Esta mudança exige da Filosofia uma posição mais humilde, impedindo-a de se colocar na posição de “dona da racionalidade”, como se tivesse um acesso privilegiado à verdade, 8 Com isso não desconsidero o fato de que no interior da própria filosofia clássica já não houvesse indicações claras na direção da compreensão ampliada do conceito de razão. Toda reflexão acerca da sabedoria prática na antiguidade e da filosofia prática em Kant são esforços genuínos no sentido de compreender a razão de modo ampliado. A própria distinção kantiana entre o conceito escolástico (Schulbegriff) e o do mundo (Weltbegriff) de Filosofia abre espaço promissor para pensar uma didática da Filosofia. Sobre isso, ver as indicações oferecidas por Rocha (2008, p. 101ss e 156ss). O problema é que o âmbito sistemático no qual aquelas intuições estavam inseridas impedia que elas fossem levadas a suas últimas conseqüências. 12 mas sim como “guardiã da racionalidade”, liberando-a para o diálogo produtivo com outras áreas do conhecimento (Habermas, 1983, p. 9-28). Em síntese, a transformação da Filosofia por meio da ampliação do conceito de razão e da desdogmatização da noção de fundamentação libera a própria Filosofia da Educação de suas amarras metafísicas, descortinando-lhe um novo e vasto campo de problemas, entre eles, aqueles postos pelas modernas teorias da aprendizagem. 2.2. Resgate do poder normativo da teoria Pode-se se afirmar que não houve o predomínio dos Fundamentos da Educação apregoado pelo diagnóstico atual que se faz dos cursos de Pedagogia e seu fracasso na formação de professores e quando os Fundamentos se fizeram presente, sobretudo no caso da Filosofia da Educação, esteve dividido entre a orientação metafísica e a behaviorista, com algumas exceções. Em ambas as orientações, como amor contemplativo à verdade ou como procedimento metodológico interventor, a noção de teoria permaneceu prisioneira do modelo representacional de objetos, pondo problemas de normatividade tanto ao conceito escolástico (Schulbegriff) de Filosofia como à racionalidade cientifica procedimental. Isso conduziu à objetificação da problemática filosófica e à metodicização instrumental da problemática científica, provocando nas duas vias o encurtamento da reflexão sobre o processo formativo-educacional humano. A ampliação do conceito de razão e da idéia de fundamentação a ela associada deve provocar também uma ampliação da noção de teoria, permitindo discutir seu caráter normativo de modo diferente, questionando seu vinculo exclusivo com a idéia de aplicabilidade do saber e pela busca por resultados pragmáticos imediatos. Mas o que significa poder normativo da teoria? Posto além da esfera representacional do objeto, tal poder não pode se limitar mais, obviamente, ao sentido correspondencial e nem verificacionista de verdade. Para se livrar do reducionismo epistemológico, a normatividade não pode ser simplesmente confundida com problemas de verdade. Isso significa dizer então que o tipo de reflexão exigido por ela não se identifica com aquele que estabelece as condições de acesso à verdade, mas tem a ver sim com um conjunto de 13 questões e problemas que dizem respeito diretamente às modificações que o sujeito precisa sofrer para ter acesso progressivo à verdade. O fundamental aqui é que não se trata mais de uma separação, de uma dicotomia entre sujeito e verdade, no sentido de que o próprio sujeito pudesse se colocar fora da verdade e a partir disso estabelecer soberanamente as condições e as regras de acesso à verdade. Normatividade significa, contrariamente ao olhar meramente distanciado e calculador do observador, a inclusão do sujeito e sua necessária transformação no processo de construção progressiva e provisória da verdade (Foucault, 2004). A exigência de se tomar as modificações do sujeito conduz também a consideração do conjunto de práticas e de exercícios que ele precisa efetuar. Tais exercícios exemplificam a preocupação que o sujeito precisa ter consigo mesmo, do cuidado que deve ter consigo mesmo e tal cuidado exige do sujeito o questionamento permanente sobre seu “próprio eu” e sobre sua inserção na ordem maior das coisas. Deste modo, a reflexão normativa pensada nesses termos conduz ao questionamento éticoexistencial sobre o próprio sentido da vida do sujeito que busca a verdade e sobre a própria finalidade de tal busca e isso compõe intrinsecamente o sentido normativo da teoria que pode ser vertido criticamente contra um possível uso exclusivo seu de cunho instrumentalizador. Podemos nos perguntar agora qual é o significado deste sentido normativo de teoria para reposicionar a Filosofia da Educação no contexto educacional contemporâneo e, especificamente, no contexto das políticas públicas de formação de professores. Em que sentido este caráter normativo de teoria pode evitar a didatização instrumentalizadora da Pedagogia e, com isso, pensar de modo mais abrangente a formação de professores? Ofereço, na seqüência, duas indicações. A primeira segue a direção de que o sentido normativo de teoria acima exposto permite tornar ainda mais conseqüente, do ponto de vista ético-político, os avanços conquistados pelas teorias da aprendizagem. Se não é mais admissível pensar uma Filosofia da Educação atualizada sem levar em consideração àqueles avanços, as próprias teorias da aprendizagem precisam confrontar-se com o caráter normativo renovado da teoria e é de competência de uma Filosofia da Educação transformada manter vivo tal confronto. O conhecimento acumulado pelas teorias da aprendizagem acerca da estrutura 14 cognitiva da criança, sobre o modo como ela aprende e constrói conhecimento precisa ser inserido no âmbito do questionamento sobre a finalidade do processo de ensino e aprendizagem. Note-se, com isso, que saber como uma criança aprende é uma condição necessária, mas não suficiente, para pensar e planejar o ensino de modo adequado, pois o desenvolvimento cognitivo da criança não ocorre desconectado de um ideal-ser que tanto ela como o adulto - tanto o educando como o educador - têm em mente no ato de aprender e de ensinar. Isso mostra que o ato cognitivo imbrica-se desde seu momento inicial e originário com um ato normativo, exigindo manter acesas perguntas como “para quê aprender?” e “para quê tornar-se inteligente?”. Por fim, a segunda indicação sobre a importância do sentido normativo da teoria possibilita a ampliação da discussão sobre a política nacional de formação de professores, na medida em que insere as perguntas “o quê” e “como” ensinar no âmbito do questionamento explicito sobre a finalidade do processo de ensino e aprendizagem, isto é, na medida em que permite inserir o conteúdo e a metodologia do ensino e da aprendizagem no questionamento mais amplo acerca do tipo de homem e de sociedade que se quer formar. É necessário, mas de modo algum suficiente, que o professor tenha um domínio competente de sua área específica de conhecimento e dos procedimentos didáticos a ser adotado. Sem uma formação cultural mais ampla e sem um conhecimento mínimo das outras disciplinas que formam o currículo - e, sobretudo, sem o questionamento permanente sobre si mesmo, sobre quem é o professor, sobre quem são seus alunos, sobre o que significa ser professor e ser aluno e que posturas precisam ser criadas e asseguradas no ambiente de sala de aula - as perguntas sobre “quê” e “como” ensinar assumem um nível de formalização e burocratização que tornam o ensino novamente enfadonho e sem sentido, causando, com isso, um enorme desperdício dos recursos financeiros públicos destinados à formação de professores. Neste contexto, põe-se uma dupla tarefa à Filosofia da Educação transformada: por um lado, como espécie de “guardiã da racionalidade”, refletir sobre os pontos de imbricação entre os mais diversos conhecimentos e conteúdos que compõem o currículo escolar, evitando tanto a especialização cega do professor como a formação fragmentada do aluno. A Filosofia da Educação poderia atuar assim como sistematizadora da cultura e o filósofo da educação como mediador entre conhecimentos especializados, na medida 15 em que pergunta pelas razões e pela finalidade de tais conhecimentos. Por outro, a Filosofia da Educação pode garantir permanentemente a reflexão sobre o sentido e as possibilidades da coordenação da ação docente e discente, considerando o “conhecimento prévio” e o “mundo experiencial” dos envolvidos, suas necessidades e angústias, suas capacidades e habilidades. Isso conduz então a criar e recriar constantemente a própria postura do ser docente e discente. Referencias BIANCHETTI, L. & SGUISSARDI, V. (Org.). Dilemas da Pós-Graduação: Gestão e Avaliação. Campinas: Autores Associados, 2009. (No prelo) BREZINKA, W. Von der Pädagogik zur Erziehungswissenschaft. Berlin: Verlag Julius Beltz, 1971. FOUCAULT, M. Hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004. HABERMAS, J. Moralbewusstsein und kommunikatives Handeln. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1983. HABERMAS, J. Verdade e justificação: ensaios filosóficos. São Paulo: Edições Loyola, 2004. KANT, I. Lógica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992. KANT, I. Sobre a Pedagogia. Piracicaba : Editora Unimep, 2002. KESSELRING, T. «Universidade, economia e sociedade : notas sobre o desenvolvimento atual das universidades européias», in: Revista Chronos, Caxias do Sul, v. 34, n. 1, 2007, p. 15-29. MORAES, M. C. M. “Recuo da teoria: dilemas da pesquisa em educação”. Revista Portuguesa de Educação. vol. 14, n. 1., 2001. MOREIRA, M. A. “A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de ciências e a pesquisa nesta área”, in: Investigações em Ensino de Ciências, v7(1), 2002, p. 7-29. NOBRE, M. & TERRA, R. Ensinar Filosofia : uma conversa sobre aprender a aprender.Campinas : Editora Papirus, 2007. OELKERS, J. «A educação para o bem : potencial de legitimidade da pedagogia geral », in: Revista Educação, Porto Alegre, ano XXX, n. 2(62), 2007, p. 213-236. ROCHA, R. P. da. Ensino de Filosofia e currículo. Petrópolis: Vozes, 2008. ROUSSEAU, J. J. Vol. IV: Émile. Éducation – Morale – Botanique. Paris: Gallimard, Bibliothèque de la Pléiade, 1969. SAVIANI, D. «A Pós-Graduação em Educação no Brasil : Trajetória, situação atual e perspectivas», in: Revista Diálogo Educacional, v.1, n. 1, 2000, p. 1-19. 16 SEVERINO, A. J. «A Filosofia da Educação no Brasil: esboço de uma trajetória», in: GHIRALDELLI Jr., P. (Org.). O que é Filosofia da Educação ». Rio de Janeiro: DP&A, 2000, p. 265-326. 17