UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS FACULDADE DE EDUCAÇÃO – PEDAGOGIA ALUNA: DIANA PAULA DE SOUSA PROFESSOR: RICARDO CAMELO TRABALHO FINAL DE FILOSOFIA. Essa reflexão propõe-se a explicitar e inter-relacionar nosso trabalho monográfico com os estudos empreendidos no campo de filosofia nesse primeiro semestre letivo de 2009. Nosso trabalho monográfico: “Educação No Campo” visa compreender como se dá o trabalho de alfabetização com trabalhadores rurais de movimentos sociais, a saber, MST, FETHAEMG. A educação é no campo, pois, está ligada a alunos que fazem parte de outra realidade sociocultural, diferente da urbana e que portanto necessitam de uma prática pedagógica diferenciada. Qual seria a relação entre educação de jovens e adultos participantes do movimento social agrário e a filosofia? Que teóricos discutiriam essa relação, e de que forma fariam isso? Baseei-me nos textos, discursos e aulas que tive ao longo de minha vida estudantil e especialmente ao longo desse semestre letivo de pedagogia para tentar responder essas perguntas. Confesso que não foi nada fácil, mas que no fim essa relação me pareceu natural e muito interessante. Comecemos discutindo o que sejam valores dignos? A filosofia se manifesta ao ser humano como uma forma de entendimento e ação sobre o mundo, ela indica um rumo a seguir. A vida só tem valor se vivida em função de valores dignos e a filosofia nos ajuda a refletir melhor sobre tais valores, a exemplo temos a discussão sobre a mentira posta em reflexão por Imannuel Kant e Benjamim Constance, ou o fato de no texto: Críton, Sócrates não ter aceitado fugir da prisão, nesse texto percebe-se um grande debate acerca da justiça onde a figura de Sócrates defende a posição da razão frente ao discurso do povo. Em Antígona, a personagem que dá nome ao livro não deixa de fazer o que julga correto e também não foge de seu destino. Por sua vez Aristóteles em Ética á Nicômano defende que cabe a ética determinar qual a finalidade suprema da existência humana que preside e justifica todas as demais e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema, segundo Aristoteles é a felicidade (eudaimonia), que não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude, para os gregos consiste na ação que se desenvolve pela justa medida. Com os educandos do MST podemos aprender muito sobre as questões agrárias e a luta pela terra, e entender que junto com essa luta está encarnada à luta por justiça social e dignidade, considerando a educação, saúde e moradia questões fundamentais, direitos constitucionais reivindicados pelos trabalhadores rurais há varias décadas, porém pouco discutidos no Brasil. Os movimentos sociais carregam consigo uma forte ideologia por trás de suas ações, ideologia por vezes revolucionária, tendo por base, pensadores e quase sempre a filosofia, pois a mesma traduz os sentimentos e emoções do homem, seja este escolarizado ou não, mesmo analfabeto ele certamente possuirá uma forma de compreender o mundo, pois esta é uma necessidade natural do ser humano, saber para onde vai e porque vai. A ação se dá a partir de um esclarecimento do mundo e da realidade, estando presente aí a filosofia, como nos diz o filosofo, Cipriano Carlos Luckesi “ se não escolhermos qual a nossa filosofia de vida, qual o sentimento que vamos dar a nossa existência, a sociedade na qual vivemos nos dará, nos imporá a sua filosofia. Quem não pensa é pensado por outros.” A luta por legitimação da luta e ideologia dos movimentos sociais em defesa da reforma agrária e de uma educação no campo, entra em conflito com a história clássica brasileira em que pessoas são pensadas pela sociedade, entenda-se aqui sociedade por poder dominante, a classe dominante busca sempre pensar os outros. Muitas pessoas se encontram condicionadas pelo pensamento dominante, se acomodam social, político e economicamente, estão totalmente doutrinadas e defendem uma ideologia que de fato não as representa. Relação Educação e Filosofia Partindo do pressuposto de que a educação não se manifesta como um fim em si mesma e que muitas vezes funciona como um instrumento de manutenção, mas que pode funcionar em prol da transformação social, percebemos que a educação necessita de fundamentos que orientem sua prática, o que demonstra que sua relação com a filosofia é quase natural. Enquanto a filosofia faz uma reflexão crítica da sociedade, a educação e em especial a educação no campo busca desenvolver e dignificar seus educandos em prol de determinada sociedade que visam construir. Exemplos da reflexão crítica que a filosofia faz em prol da sociedade não faltam, os présocráticos dedicavam-se a entender a origem, o princípio de todas as coisas, eles criaram uma compreensão para educação moral e espiritual dos homens. Os sofistas, por sua vez foram os primeiros a educar, no ocidente foram os primeiros a receber pagamento para ensinar. Sócrates foi um grande opositor dos sofistas, foi um homem que morreu em função do seu ideal de educar os jovens e por estabelecer uma moral que ateniense. questionasse a sociedade Platão por sua vez tentou dar o posto de reis aos filósofos, para que estes pudessem imprimir na juventude as idéias de bem, justo, belo, do amor e da honestidade. E assim tantos outros como Aristóteles, São Tomas de Aquino, Russel, Hobes, Kant, Hegel, Max, Engel, Gramsci, Paulo Freire, Marilena Chauí, Demerval Saviani entre outros continuam contribuindo para a construção do conhecimento e para fazer de nossas sociedade, uma sociedade de homens pensantes, questionadores e livres. Enfim a filosofia fornece a educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde eles caminham, o eixo central desse texto é explicitar que não há como processar uma ação pedagógica sem uma correspondente reflexão filosófica. Se a ação pedagógica não se expressar a partir de conceitos e valores conscientes, ela se processará baseada em conceitos e valores que a sociedade impõe a partir de sua postura cultural. A reflexão filosófica sobre a educação e que dá o tom a pedagogia, a pedagogia libertadora de Paulo Freire, grande norteadora da educação no campo, se baseia em determinado pensamento filosófico sobre a educação. A educação no campo deve mesclar diferentes métodos de ensino para não cair no conservadorismo, pseudônimo de falta de criatividade e conseqüente fracasso escolar, quem melhor para nos ensinar isso do que os grandes pensadores famosos e anônimos que formam a população rural brasileira, filósofos que só agora tem a oportunidade de estudar e quem sabe deixar registrados seus ideais em relação ao mundo em que vivem. Bibliografia ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2003. CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo. Editora: Ática, 2000. CONSTANT, Benjamin. Das Reações Políticas. Tradução de Thereza Calvet de Magalhães. Cap. 8 (“Dos princípios”). FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido;17ª edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. KANT, Imannuel Sobre um suposto direito de menti por amor à humanidade" in "A paz perpétua e outros opúsculos", Trad. Artur Morão, ed. Edições 70, Lisboa-Portugal, 1995. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo. Editora: Cortez, 1994. NASCIMENTO, Claudemiro Godoy. Filosofia e Educação: novas perspectivas. 20/08/2007. Disponível em www.adital.com.br. Acessado em 26/05/2009. E-mail autor: [email protected]. Brasil, SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo: Loyola, 2006, p.45186.