Gravitação – Concepções do Universo: Astecas e Chineses Prof. Ivã

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Gravitação – Concepções do Universo: Astecas e Chineses
Prof. Ivã Gurgel, Prof. André Noronha e Prof. Danilo Cardoso
Bruno Santos do Nascimento
Danilo Mendes Vieira
nº USP: 6800705
Iago Lavorato
nº USP: 8694492
Laura Beatriz Stephano da Silva
nº USP: 9066682
João Pedro
nº USP: 9051272
Introdução
Diferentes culturas através da historia definiram, de modo independente ou
através de múltiplas influencias, concepções acerca do universo, seu inicio, criador,
como é organizado e, não menos importante, seu fim. Este trabalho abordara a visão
chinesa e asteca, ambas desenvolvidas em um contexto independente, sendo fortemente
influenciada pelo contato com povos vizinhos, como os indianos para os chineses e os
maias para os astecas, mas tendo uma forte tradição que as torna imortal.
A concepção chinesa do universo deriva, assim como a asteca, de observações
do céu noturno acumulado durante gerações, que permite um mapeamento celeste
conforme a estação do ano, tornando os chineses hábeis navegadores, agricultores e
militares. Obviamente, devido à tecnologia existente na época, fatores religiosos e
mitológicos influenciaram esta concepção, incrementando-a de maneira que se formou
uma complexa rede de lendas e provérbios que compõem uma vasta filosofia existente
até os dias atuais.
Os astecas, devido ao seu isolamento geográfico, desenvolveram, assim como os
maias, uma concepção de universo cíclica, onde a criação é resultado de uma destruição,
onde os deuses decidem pela sorte do universo através de sacrifícios humanos. Os
astecas, assim como os chineses, eram peritos na observação do céu noturno,
elaborando precisos mapas que permitiam colheitas produtivas e ampla atividade
militar, sendo o povo politicamente dominante até a conquista espanhola no atual
México.
Escolhemos essas duas culturas, a chinesa e a asteca, como tema do nosso
trabalho, porque ao mesmo tempo em que elas propõem visões inovadoras e distantes
da concepção de universo cientificamente aceita, é interessante pensar como as visões
astronômicas construídas por esses povos tem relação com o contexto em que viviam, e
como diversos apontamentos científicos feitos tantos pelos “astrônomos” astecas quanto
chineses tem uma construção complexa e nada trivial.
Os chineses
Os astrônomos chineses tinham um papel diferente dos pensadores gregos.
Enquanto os gregos eram filósofos e pensadores “por si só”, numa busca muitas vezes
solitária pela verdade, na China os astrônomos eram parte integrante da corte chinesa,
atuando como funcionários do imperador e acomodados no palácio imperial. Não quer
dizer que eles não buscassem a verdade como os gregos, mas a estrutura social era
diferente. Como a astronomia na China em grande parte servia para medir o tempo e
era muito ligada a agricultura, o que mostra que as concepções astronômicas dos
chineses eram muito mais voltadas para a prática, do que as concepções altamente
teóricas e geometrizadas dos gregos.
Ode do “Clássico da Poesia”, que é uma coleção de poesias do início da Dinastia
Zhou, e diz-se que foi editado pelo próprio Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.). Nesses
versos escolhidos da “Odes of Bin”, notamos tanto um comentário meteorológico como
uma indicação de isto estar relacionado com os astros e a passagem do tempo:
“In the seventh month, the Fire star passes the Meridian/ In the 9th month,
clothes are given out,/ In the days of first month, the wind blows cold,/ In the days of
second, the air is cold;--Without the clothes and garments of hair? How could we get to
the end of the year?”
“No sétimo mês, a estrela de Fogo passa o meridiano,/ No nono mês, as roupas
são dadas, /Nos dias do primeiro mês, o vento sopra frio,/ Nos dias de segunda, o ar é
frio; - Sem as roupas e adereços de cabelo?/ Como poderíamos chegar ao final do ano?”
(tradução livre).
Astronomia chinesa era essencialmente equatorial e polar, dependente
exclusivamente da observação de estrelas circumpolares - estrelas que vistas de certa
latitude, nunca se põem no horizonte, pois estão muito próximas dos polos celestes.
Os chineses trabalhavam com um calendário lunar-solar, e por conta da
diferença entre os ciclos, frequentemente era necessário fazer correções. Na Dinastia
Shang (1766 a.C. – 1122 a.C.), começou o desenvolvimento da sistematização das
estrelas nas 28 mansões, que são o análogo de constelações do zodíaco para a
astronomia ocidental. As 28 mansões refletem o movimento da lua ao longo no espaço,
em vez do movimento do sol, que é usado na astronomia ocidental (28 dias dura o ciclo
da lua, 28 mansões; 12 meses dura o ciclo solar, 12 signos).
Os astrônomos chineses dividiram o céu em quatro regiões (quatro semanas no
mês), e a cada uma foi assignado um animal misterioso (dragão, tartaruga, tigre,
pássaro). Cada região contém sete mansões (sete dias da semana). A cada mansão
corresponde uma constelação (conjunto de estrelas) e uma estrela determinante da
constelação.
No período medieval europeu coexistiam na China três principais “escolas”
astronômicas: Chou Pei, e sua ideia das estrelas e a Terra como domos (como duas
tigelas de cabeça para baixo) e o céu é que se movimentava. O céu era pensado como
redondo, mas a Terra é quadrada. A escola Hun Thien School, com a concepção de
universo de esférico, com a Terra também esférica, o pensador Chang Heng usa
analogia da Terra e do universo como ovos de pássaro, o que talvez venha da noção de
ovo cósmico. E por ultimo, a escola Hsüan Ye já pensava no universo como um espaço
infinito e com os corpos celestiais flutuando espalhados nesse imenso vazio. Pode-se
notar que as concepções propostas pela escola Hsüan Ye são muito mais próximas da
construção cientifica contemporânea que as ideias propostas pelo modelo AristotélicoPtolomaico.
Os Astecas
O povo asteca habitou a região do atual México e desenvolveu, a partir do
contato com os olmecas e toltecas (povos de origem maia), uma complexa matemática e
astronomia, baseada na observação empírica do céu noturno, que permitia a montagem
de precisos calendários, utilizados para aperfeiçoar as colheitas, realizar rituais
religiosos e um amplo desenvolvimento da atividade militar.
O contato com os povos maias permitiu aos astecas desenvolverem seus
calendários, com base astronômica, que, ao lado de sua matemática, tornava-os
extremamente precisos para os dias atuais. O calendário solar, chamado Haab, era
composto de 18 meses de 20 dias, totalizando 360 dias; os cinco dias restantes eram
considerados como dia de desgraças e maus agouros, e constituíam uma espécie de mês
mais curto. O outro calendário, Tzolkin, possuía 260 dias, divididos em 13 meses de 20
dias, em que eram combinados um dos 20 nomes de deuses com o número de cada dia,
de forma que o nome de cada dia do ano nunca era repetido até o ano seguinte; esse
calendário era utilizado para determinar as datas dos ritos sagrados, festivais religiosos e
sacrifícios (humano e animal).
A atividade militar asteca também era baseada em seus complexos calendários,
visto que em determinadas épocas do ano era proibido qualquer atividade militar, o que
gerava um estado de tensão politica na região, pois havia o medo de retaliação pelos
povos subordinados e conquistados, por essa razão, durante esse período, se dedicavam
a construir grandes estradas, que serviriam como rota de evacuação em caso de ataque,
construções que eram feitas na época de seca, que era prevista graças ao calendário.
Outra importante função dos calendários era a religião, visto que os rituais
religiosos deveriam ser realizados na máxima pontualidade, pois cada fase da
construção de seus templos era determinada pelas fases da Lua (pois a Lua representava
um de seus deuses). Os rituais incluíam sacrifícios humanos aos deuses para aplacar sua
ira e, assim, adiar o inevitável fim do mundo por eles previsto ao fim do ciclo, sistema
muito semelhante ao maia, que baseava a contagem do tempo em ciclos, na qual ao fim
de um ciclo o mundo era destruído, para ser construído um novo mundo, com outras
formas de vida que os deuses desejassem.
Conclusão
A astronomia oriental antiga não se distancia muito da ocidental em relação a
sua origem, ambas as crenças surgiram de observações do céu, principalmente durante a
noite. Com muito tempo de observação os astecas conseguiram formular não apenas um
calendário solar, mas como desenvolveram uma meteorologia para facilitar a
agricultura.
Os astecas dividiam a cosmologia em 5 partes, dando o nome de sóis, cada um
os três primeiros acabaram em desgraça e o quarta acaba com o movimento da Terra.
Segue os nomes dos sóis: Nahui-Oceloti (Jaguar), Nahui-Ehécati (Vento), NahuiQuiahuitl (Fogo), Nahui-Ati (Água) e o utltimo Nahui-Ollin (Terra).
A astronomia chinesa sempre fui muito rica, desde as Casas de Banpo cerce de
4000 a.C. orientadas a uma posição coincidente com a culminação da constelação
Yingshi para melhor ilumina-las. Muito da astronomia chinesa servia aos propósitos de
medir o tempo. Os chineses usavam um calendário lunar-solar, mas devido à diferença
entre os ciclos do Sol e da Lua, astrônomos frequentemente preparavam novos
calendários e faziam observações para esse propósito.
Nosso trabalho tem como objetivo apresentar a construção cosmológica de duas
culturas muito diferentes, mas que ao mesmo tempo se assemelham entre si, e com a
nossa. E também temos como objetivo mostrar que nenhuma construção cultural é
ingênua, ou desarticulada de seu contexto social e histórico, como nos mostram os
chineses e os astecas, que construíram toda uma teorização para a observação dos céus,
intimamente ligada com as suas sociedades.
Referências
Joseph Needham – Science and Civilization in China, Vol. 3
http://adsabs.harvard.edu/full/1947PA.....55...62C
http://www.if.ufrgs.br/~dpavani/FIS02008/AULAS/astron_chinesa.pdf
http://ecuip.lib.uchicago.edu/diglib/science/cultural_astronomy/cultures_aztec-2.html
http://voice.unimelb.edu.au/volume-10/number-7/legacy-aztec-astronomy
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