Conforto nos Ambientes Hospitalares. Uma Observação na

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Conforto nos Ambientes Hospitalares. Uma Observação na Hemodiálise
Julho/2015
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O Conforto nos Ambientes Hospitalares. Uma Observação na
Hemodiálise
Inara Cristina Cavalcante Viana – [email protected]
Master em Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Uberaba, MG, 05 de Setembro de 2014
Resumo
A realização de projetos arquitetônicos no âmbito hospitalar é um grande desafio perante sua
complexidade. Tais desafios estão condicionados a critérios específicos, pois além da grandes
quantidades de normas vigentes, existe a dificuldade na melhoria da qualidade dos espaços. Sendo
assim, não só os hospitais, mas sim demais projetos, foram sendo modificados ou construídos
buscando encontrar um estilo condizente com a humanização e qualificação dos espaços. No entanto,
nos dias atuais, devido a grande complexidade dos projetos, a relação de humanização dos ambientes
hospitalares está sendo desconsiderada, trazendo como frutos, ambientes desconfortáveis a pacientes
que neles buscam uma melhora de saúde. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é discorrer sobre
soluções que amenizem o tratamento e tragam benefícios visuais, psicológicos e físicos aos pacientes
presentes nos edifícios hospitalares, dando uma ênfase a ambientes de hemodiálise, dos quais
pacientes necessitam de um ambiente agradável para o seu tratamento devido ao tempo de
permanência nas enfermarias durante a diálise.
Palavras-chave: Arquitetônicos. Humanização. Hospitais. Ambiente.
1. Introdução
O ambiente hospitalar por muito tempo e ainda nos dias atuais foi tratado pela sociedade como um
ambiente hostil, de medo, insegurança e de angústia entre outras sensações. Em busca de desmitificar
um pouco estes sentimentos, o presente trabalho vem atentar ao ambiente arquitetônico que o hospital
muitas vezes traz consigo, enquadrando explanações sobre como tentar melhorar tal ambiente
juntamente com o conforto que estes trazem aos seus pacientes.
Os projetos de edificações com desígnios hospitalares trazem consigo a importância de uma boa
arquitetura perante o ambiente em que pacientes se encontram, pois muitas vezes as condições são
péssimas ao um conforto necessário para sua recuperação. A arquitetura por sua vez se compromete a
prover ambientes mais saudáveis e aconchegantes para os pacientes, buscando em si o bem estar e
consequentemente melhoras na recuperação dos pacientes.
O propósito é ressaltar a importância dessa apreensão e preocupação que ambientes hospitalares
devam ter com seus pacientes. Ter consciência que desde o início de um projeto, o partido
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arquitetônico adotado deve levar em consideração a necessidade de proporcionar aos pacientes,
funcionários e acompanhantes ambientes mais aconchegantes e confortáveis.
É importante considerar como um dos focos principais, o princípio de humanização dos espaços,
buscando condições que satisfaçam as reais necessidades dos ocupantes dos espaços, além de atender
às necessidades do perfeito funcionamento da edificação e serviços, aumentando assim os índices de
satisfação e recuperação dos pacientes, através de soluções que atendam o conforto energético, térmico
e acústico da edificação.
Considerar primeiro de tudo projetos onde estes focam o princípio de humanização é interagir
condições das quais satisfaçam as reais necessidades de seus ocupantes, além de satisfazer uma
conjuntura edifício e recuperação eficientes, para uma melhor qualidade dos ambientes projetados e
principalmente economia energética.
Os hospitais estão ligados diretamente com pessoas e principalmente á sua saúde e necessita mais do
que qualquer outro local, não apenas de conforto, mas também atender a necessidade de tecnologias da
medicina e seus tratamentos, ou seja, é necessário ter espaços apropriados. Para isto o ambiente
hospitalar precisa satisfazer às necessidades de tecnologia da medicina, ou seja, ter espaços
apropriados e planejados para que possam acomodar equipamentos, os quais são constantemente
redesenhados, possibilite uma melhor circulação e execução do trabalho proporcionando tranquilidade,
bem estar, confiança e condições de uma pronta recuperação; satisfação da equipe de profissionais,
com locais de trabalho que propiciem um atendimento de melhor qualidade, um maior rendimento,
mais produtividade, segurança e o mais importante, que esse profissional desempenhe melhor a sua
função e satisfação dos administradores, sendo uma construção econômica, de fácil manutenção e
operação.
Os ambientes hospitalares devem ter, então, adequadas temperaturas, troca de ar e umidade,
iluminação natural e artificial; contato interior/exterior com visualização do meio externo; jardins para
contemplação e passeios, e baixo nível de ruido quando forem inevitáveis. Ainda que em alguns
ambientes seja exigido, pelas normas de projetos de estabelecimentos de saúde o uso de
condicionamento de ar artificial, esse deve ser projetado adequadamente, possibilitando o seu melhor
desempenho, eficiência e economia energética, porém, sem renegar a importância da adequação dos
projetos visando criar nos pacientes as sensações de conforto e aconchego, sensações estas que estão
relacionadas com a saúde e cura dos pacientes diretamente relacionados com a saúde dos enfermos.
O objetivo principal desse trabalho é contribuir para que ambientes hospitalares sejam projetados
tendo em vista o conforto e a qualidade, através da proposta de soluções arquitetônicas a serem
consideradas por arquitetos na elaboração desses projetos. Diretrizes que levam em consideração
aspectos ambientais, de conforto e qualidade, além dos aspectos funcionais, construtivos e estéticos,
com foco na humanização e sua consequência na recuperação dos pacientes.
2. A Arquitetura Hospitalar
Ao longo dos anos, os centros hospitalares são vistos, como funcionalidades através de mudanças
politicas e considerações para algum feito médico especial, como descobertas importantes na área da
saúde. É importante enxergar que nos edifícios hospitalares a estética é uma preocupação e sempre é
deixada para segundo plano. (Santos, 2004, p. 11).
Para De Góes (2004), nos hospitais, são absorvidas as discussões sobre os aspectos da funcionalidade
do edifício, assim como da construção propriamente dita e, sobre os custos.
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Considerado um dos níveis mais complexos na arquitetura em termos de edificação, na fase de
concepção e de construção, o projeto de hospitais possui diversas características essenciais e especiais.
Estudar e conhecer sobre as mais abrangentes metodologias e arquitetar previamente um projeto
hospitalar, colocando a compreensão dos passos e métodos de dimensionamento do edifício, além de
conhecimento previo referente a cálculo de custos das instalações hospitalares. (BITENCOURT, 2012,
p. 32).
Figura 01: Arquitetura Visual complexa de um Hospital
Fonte: http://www.jogodopoder.com/blog/politica-publica/ construcao-do-hopsital-regional-do-barreiro
Segundo Nakamura (2012) nos tempos atuais de sustentabilidade e humanização, o edifício hospitalar
precisa ser muito bem planejado para ser eficiente, funcional, respeitar as normas de segurança em
saúde e ainda principalmente ser acolhedor e moderno.
A arquitetura em projetos hospitalares comparadas ao planejamento estratégico na edificação de
edifícios e clinicas fazem empreendedores se focarem e investirem projetos executivos neste segmento
no pensamento de retorno nos quais eles dizem em “Negócio de Saúde”. (SHMIDT, 2003, p. 111).
Frota (2000) salienta que o projeto de um ambiente hospitalar tem grande complexidade e importância
também. Ele deve apresentar diversas soluções para as preocupações com a satisfação e bem estar
tanto da equipe de trabalho como dos pacientes.
Devem ser inicialmente pensados e desenvolvidos de maneira a interagir com o local, integrando-se ao
clima, apresentando questões de conforto, qualidade, eficiência, entre outros benefícios. Conforto e
qualidade nestes casos significam a satisfação das necessidades tecnológicas da medicina, a partir de
espaços flexíveis para que possam acomodar equipamentos que auxiliarão e influenciará diretamente
na satisfação dos médicos e enfermeiros, pacientes e acompanhantes, entre outros fatores como
iluminação adequada, ruído tolerável, funcionalidade dos espaços. (FROTA, 2000, p. 116).
É de extrema importância que os ambientes hospitalares cumpram as diversas normas que foram
criadas para este tipo de edificação, pois se trata de garantir a partir delas a qualidade dos ambientes
projetados, a complexidade e flexibilidade exigidas do projeto e os diversos outros itens, como as
instalações, que muitas vezes não recebem a devida atenção. (SHMIDT, 2003, p. 111).
Devido à complexidade do edifício hospitalar, o avanço tecnológico da Medicina, da Arquitetura e da
Engenharia, a falta de locais, as novas necessidades e funções, foram sendo criadas edificações
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soluções de projetos pré-definidas que são resultado de modulações e padronização espacial. O grande
inconveniente são os resultados, na maioria das vezes, ruins que essa prática resulta. (BITENCOURT,
2012, p. 47).
A concepção de projetos de ambientes hospitalares, dada a sua complexidade, na maior parte das vezes
relega para segundo plano os fatores de humanização dos espaços, fatores esses que têm se
apresentado de forma expressiva como grandes agentes influenciadores na recuperação dos pacientes,
daí a intenção desse trabalho, que é analisar a importância que a adequação de projetos afeta o bem
estar e a qualidade de vida dos pacientes e dos funcionários no ambiente hospitalar.
Edifícios com pouca ou nenhuma integração ao entorno, com ambientes sem janelas, pouca iluminação
e ventilação, lâmpadas fluorescentes e ar condicionado na maioria dos ambientes, que provocam
sensações de aprisionamento, ambientes frios e sem cor, com ruídos e odores característicos
hospitalares, ou na pior das hipóteses, ambientes excessivamente quentes.
As consequencias com certeza cairão nos usuarios. Funcionários apressados e estressados, pacientes
deprimidos e temerosos, familiares abandonados e desinformados, insatisfação dos administradores
com as altas taxas e pouco retorno dos benefícios à edificação. (MARTINS, 2004, p. 222).
3. Itens Básicos Para A Humanização Dos Hospitais
Para a criação de uma edificação hospitalar adequada, são necessários que sejam cumpridos alguns
itens básicos. Deve ser previsto um local com facilidade de transporte público, deve ter uma boa
orientação solar, com as fachadas maiores, protegendo as fachadas da insolação excessiva; a edificação
em si deve permitir brisas constantes, que podem ser criadas através de planos irregulares, formatos
descontínuos e vegetação local. (SHMIDT, 2003, p. 132).
Com relação à utilização de materiais, é importante que quando utilizados vidros, eles estejam voltados
para as fachadas com menor insolação e devem estar protegidos por elementos externos se estiverem
voltados para as fachadas de maior insolação. As aberturas, janelas, devem permitir a maior entrada de
ar possível nos períodos de calor, porém com frestas de vedação para impedir a infiltração do ar nos
períodos frios. Pode ser utilizada também a ventilação cruzada, a partir de elevações com diferentes
alturas, pois estas são as ventilações mais eficientes. (BITENCOUT, 2012, p. 32).
Segundo Martins (2004) uma das partes também extremamente importantes é a iluminação. Vidros
transparentes protegidos, paredes e pisos com cores claras e iluminação natural auxiliam a iluminação
geral do ambiente e diminuem a necessidade de utilização da iluminação artificial em excesso. Por
causa das questões ambientais e também econômicas, as energias provenientes de painéis solares para
aquecimento de água, geradores elétricos, painéis com células fotovoltaicas, são maneiras de
economizar energia e produzi-la de uma maneira mais ambientalmente correta.
Para os problemas de ruídos, podem ser utilizados materiais na alvenaria com grande absorção sonora,
principalmente em ambientes de permanência prolongada, além de tratamento nos pisos. Normas como
a NBR 10152 e NBR 12179 trazem recomendações para o tratamento acústico mais adequado para
esse tipo de edificação. (MARTINS, 2004, p. 222).
E não mais importante, mas com grande importância, os acessos, principalmente internos, devem ser
cobertos e protegidos do sol e da chuva, de preferência sombreados. A circulação interna deve ser
provida de corredores largos, bem iluminados e sinalizados e preferencialmente curtos. A
descontinuidade nos corredores proporciona maior conforto aos usuários.
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Figura 01: Fachada Hospital Humanizado
Fonte: http://transplantedecabelo.com.br/derm-day-hospital/?Section=cirurgia-fue
A distribuição espacial é feita de maneira a padronizar a diferenciação de fluxos de pacientes, equipe
de assistência, serviços e público em geral. Há a setorização de áreas de circulação, emergência e de
serviços entre agrupadas racionalmente e funcionalmente, de acordo com necessidades comuns,
otimizando os espaços. As unidades de emergência são localizadas em pontos estratégicos, de fácil e
livre acesso; deve haver integração entre as unidades de emergência, UTIs, centros cirúrgicos,
radiologia e outras unidades de diagnóstico importantes; as unidades de internação são localizadas em
áreas silenciosas, distantes da movimentação e agitação do hospital.
Por fim, o funcionamento gera uma distribuição espacial setorizada, mas esta tem que ser dotada de
interação múltipla e de fácil acesso entre os setores.
4. A influência da Arquitetura Humanizada nos Ambientes Hospitalares
Conforme indicam pesquisas, a recuperação e cura dos pacientes estão também associadas a fatores
emocionais e as estas pesquisas apontam que se o tratamento for feito em ambientes apropriados para
promover a redução do estresse emocional, os indíces de cura aumentam significativamente. E
efetivamente a melhora para tal situação é surpreendentemente eficaz na estratégia de projetos de
ambientes mais humanizados.
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Com isso, os estabelecimentos de saúde, como os centros hospitalares da atualidade, estão buscando
mudanças radicais e tornando os espaços mais acolhedores e baseados em modelos de instituições
familiares, eliminando a rigidez espacial e a frieza dos antigos modelos que se baseavam apenas na
funcionalidade.
Segundo Martins (2004) a arquitetura de humanização hospitalar se divide em básicos exemplos
requisitais que formentam o aspecto baseado em evidências:
-Eliminação de atos estressantes;
-Natureza em favor e presente junto com o paciente;
- Escolhas e opções invíduais;
- Socializar oportunamente;
- Atividades de diversão e entretenimento positivas
- Capacitação em promover ambientes que tragam sentimentos perdidos;
Segundo Santos (2004):
O espaço interdisciplinar e a proposta de promoção da saúde vêm se tornando uma referência
para a arquitetura direcionando-a para os resultados de saúde e qualidade de vida trazendo para
seus espaços, os signos e valores que encontramos em nossas casas em integração com o
espaço exterior. Os desafios estabelecidos são os de criar espaços humanizados, centrados no
paciente, colaborando para a sua autonomia estabelecendo adequadas relações psicológicas
com o espaço que o acolhe, como elemento fundamental da desejada cura. O planejamento do
espaço físico visando à humanização, utilizado no tratamento, não se restringe apenas aos
benefícios para o cliente, mas a todos envolvidos como: acompanhantes, equipe de saúde e
demais funcionários, que convivem com o mesmo.
Quando se estuda arquitetura orgânica o aparecimento do tópico humanização se expressa
significamente. Para Bitencourt (2006) é uma função participativa e não uma função contemplativa. O
ser humano não é um simples ouvinte, mas sim uma estrutura em sinergia com as sensações psíquicas
e físicas.
Orgânico enquanto, espaços interiores da arquitetura, se procura a felicidade material,
psicológica e espiritual do homem; orgânico porque prolonga esta existência do ambiente
isolado a casa, da casa à cidade. Orgânico, era, pois um atributo que tinha na sua base uma
ideia social, não uma ideia figurativa; por outras palavras, referia-se a uma arquitetura que quer
ser, antes de humanística, humana.
Segundo Martins (2004) o processo de construção de uma cultura de humanização leva tempo e não é
de um dia para o outro. Envolve um paradigma de conscientização dos envolvidos e de
conscientização de quem se vai envolver: profissionais de todos os setores, direção e gestores.
O papel do arquiteto é compreender todo o processo envolvido, para que se alcance o objetivo de
humanização e bem estar do paciente e adquirir embasamento suficiente, tornando-o capaz de
encontrar soluções para os espaços arquitetônicos humanizados.
Portanto este é o caminho do arquiteto, estudar e planejar espaços com excelência e qualidade, buscar
o bem estar das populações e ter uma visão do mundo em transformar a conscientização das pessoas
em ter uma vida mais digna, harmônica com o meio em que vive contando com seus espaços ao abrigo
das diversidades e sonhando com mais saúde e desenvolvimento para gerações futuras. (MARTINS,
2004, p. 225).
5. Fatores Humanizam um Ambiente Hospitalar
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Para Frota (2000), uma pessoa está confortável em um ambiente quando se sente em neutralidade em
relação a ele. No caso dos edifícios hospitalares, a arquitetura pode ser um instrumento terapêutico se
contribuir para o bem-estar físico do paciente com a criação de espaços que, além de acompanharem
os avanços da tecnologia, desenvolvam condições de convívio mais humana.
Segundo De Goés (2004), existem vários elementos a ser incorporada aos projetos que buscam
estabelecer bases para um ambiente apropriado às ações de assistência à saúde, com conforto visual e
acústico, iluminação adequada, materiais para absorção de ruídos, uso das cores e uso de obras de arte
para tornar a atmosfera acolhedora e caseira.
Existem estudos quantitativos e tabulações que nos levam a enfatizar a concepção de ambientes mais
humanizados e dotados de itens de conforto ambiental, apressar a cura e alta de pacientes em unidades
de saúde.
O arquiteto Nakamura (2012) menciona a possibilidade de delegar aos pacientes o controle das luzes,
temperatura e alguns equipamentos, como televisor, aparelhos sonoros, entre outros, facilmente
comandados a partir do leito.
Shmidt (2003) lembra que o desconforto ambiental nos hospitais pode ser um problema a mais nesses
espaços, construído para, muitas vezes, situações estressantes de atendimento associadas a pacientes
com risco de vida ou sofrimento profundo.
Segundo os princípios que fundamentam a assistência á saúde, o suporte de um ambiente confortável,
ameno e acolhedor é um componente essencial para a dispensa de cuidados á saúde de alta qualidade.
6. A Arquitetura no Ambiente de Hemodialize: Fatores de Humanização
Foi feito uma pesquisa de observação onde foi possível aquirir conhecimentos que possibilitaram
levantar alguns fatores arquitetônicos para contribuir e orientar projetos de unidades de hemodiálise
considerando a humanização favorecendo profissionais de saúde principalmente no bem estar e
melhorias dos pacientes. (SHMIDT, 2003, p. 111).
Devido à intensidade do tratamento quase que diária, em alguns casos, nota-se a necessidade de que o
ambiente do tratamento seja adequado e que se deve aliar a qualidade do espaço ao tratamento do
paciente. Normalmente, como o tratamento é feito por enfermarias, estes espaços devem ser amplos e
os mais confortáveis possíveis. A pequena distância entre as poltronas devem ser adequada para
proporcionar conforto e privacidade aos mesmos, principalmente nos casos de emergência. O projeto
também deve privilegiar a funcionalidade e a organização espacial, sem perder o foco no conforto
ambiental e visual. (MARTINS, 2004, p. 233).
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Figura 01: Enfermaria de uma unidade de hemodiálise
Fonte: www.hospitalpasteur.com.br
Acessos específicos para pacientes de consulta e da área de tratamento também são importantes
gerando uma planta com fluxos independentes com, ás vezes até duas salas de espera na clínica. Como
existem pacientes de diversas idades os espaços devem estar apropriados e ambientados para cada
faixa etária mesmo que separados por divisórias. Em relação aos espaços fora das enfermarias, deve se
prever ambientes humanizados, como esperas, banheiros, lanchonetes também para a família já que,
normalmente está acompanhado e o tempo do tratamento é em média de 4 horas de duração. Como os
pacientes, após a doença não consegue ter o mesmo estado físico é importante proporcionar-lhes a
melhor acessibilidade possível, evitando escadas, longas distâncias, etc. (SANTOS, 2004, p. 52).
Já que o tratamento causa forte impacto nos pacientes e sabemos que promover um ambiente agradável
à equipe de saúde e aos pacientes, que fugisse das características hospitalares, influência no
psicológico das pessoas, torna-se viável modificar os espaços em busca da do bem estar de todos.
Muitas vezes o ambiente é apenas funcional e sem a preocupação de quem o ocupa e de suas
necessidades. Quando se projeta espaços residenciais, comerciais, por exemplo, sempre há uma grande
preocupação em atender às necessidades de quem o ocupa ou o frequenta. O mesmo deve ser
considerado para ambientes de saúde, principalmente porque quem os frequenta tem necessidades
muito especiais. Para se projetar para o “paciente” em questão deve-se levar em conta não só o
tratamento em si, mas o paciente como “habitante” do espaço como se este fosse sua nova casa,
mesmo que temporária. (FROTA, 2000, p. 63).
Segundo Santos (2004) o paciente de Hemodiálise passa por situações que o desequilibram como um
todo o ambiente de tratamento podem remeter, através de interferências arquitetônicas na parte física,
às pessoas aos sentimentos de paz, esperança, reflexão, conexão espiritual, relaxamento e humor.
Assim o projeto pode conter elementos como artifícios que imite a natureza proporcionando essas
sensações. A criatividade, a sensibilidade e a empatia do arquiteto, enquanto profissional na área de
saúde, e que irá projetar uma unidade de hemodiálise certamente contribuirá para o resultado de um
projeto humanizado. O importante é criar um espaço que faz bem e faz sentir-se bem.
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Figura 02: Sala de espera de um Hospital
Fonte: www.divinaprovidencia.org.br
Existem vários elementos a serem incorporados aos projetos como conforto visual e acústico, conforto
ambiental, iluminação e ventilação, cores, forma dos espaços, materiais utilizados, uso de obras de
arte, etc. que podem proporcionar ambientes mais humanizados melhorando o estado físico e mental
de pacientes em unidade de saúde.
A arquitetura de uma unidade de hemodiálise precisa de um tratamento diferenciado. Como arquiteto
deve-se propor ambientes que remetam a bons sentimentos proporcionando bem estar. Para o bem
estar físico, psicológico e espiritual do paciente a concepção dos espaços deve estar focada na cura ou
na melhoria da saúde, na tecnologia e no conforto ambiental. Através de conversas com os pacientes e
equipe de saúde se torna mais fácil entender o que sente o paciente em uma enfermaria de hemodiálise,
para isso o arquiteto precisar vivenciar o espaço. (MARTINS, 2004, p. 249).
Para os pacientes internados, uma medida de humanização para os pacientes é à utilização da música
em fones de ouvidos descartáveis. Uma solução encontrada para pacientes, recomendada por estudos
cientìficos e por profissionais que lidam com o componente de conforto acústico. Esta medida tem
apresentado resultados que podem regular o humor, reduzir a agressividade e a depressão, esta
justificada porque o processo de audição musical afeta de forma positiva a liberação de substâncias
quimicas cerebrais (MARTINS, 2004, p. 249).
Os fones também podem contribuir para mascarar conversas, sinais ruidosos como bipes de respirador,
de cintilador, de bomba de ventilação e outros ruidos que atemorizam os pacientes durante o préoperatório e em UTIs. A sua utilização funciona como um alerta apresentado pela observação:
“O fone de ouvido permite adotar critérios únicos para cada paciente. O critério de preferência é muito
interessante, porém, os mesmos cuidados devem ser tomados quanto ao ritmo e à letra das músicas
escolhidas” (FROTA, 2000, p. 65).
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Neste sentido pode-se utilizar este conceito de ‘musica aos ouvidos’ para os pacientes durante o
tratamento da diálise, pois, devido ao tempo de permanência dos mesmos nas enfermarias durante o
tratamento, há que se buscarem recursos para distrair os pacientes e fazer com que tenham a sensação
de que ‘o tempo passou rapido’, e tenham também a sensação de bem estar.
Assim como a medicina, a arquitetura também podem se basear em evidências para buscar fatores que
humanizem as unidades de hemodiálise.
Figura 03: Sala de espera Humanizada
Fonte: www.hmdoctors.com
7. A UNIDADE DE HEMODIÁLISE NO HOSPITAL DO FUTURO
Devido ao avanço tecnológico, espera-se que as unidades de hemodiálise nos hospitais do futuro,
estejam com equipamentos mais modernos proporcionando mais segurança e conforto ao paciente. A
assistência ao paciente deverá ser diferente quanto à atenção dada a este como indivíduo integralmente
nas dimensões biológica, psíquica e social. (NAKAMURA, 2012, p. 101).
As equipes de saúde poderão ser multidiciplinares e mais complexas promovendo resultados mais
eficazes. Trabalharão médicos, enfermeiras, psicólogos e terapeutas e outros profissionais em conjunto
dando uma assistência psicossocial de forma integrada. Com o avanço da medicina provavelmente vai
ser possível diminuir o trabalho mecânico e burocrático dando lugar a uma assistência mais direta ao
paciente.
Bitencourt (2006) destaca que algumas clínicas já fazem o tratamento médico com atividades artísticas
e de lazer em paralelo para isso haverão mais espaços dedicados às atividades artísticas incorporadas
ao tratamento acompanhado de um apoio psicológico e afetivo ao paciente.
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Figura 04: Hospital do Futuro
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/321811_o+hospital+do+futuro
A expectativa é que o hospital do futuro alie a tecnologia e as terapias alternativas, priorizando a
humanização. O ambiente, as atividades psicossociais, a fusão da Medicina Oriental e Ocidental
contribuirão para o processo de cura e a melhoria da qualidade de vida do paciente. (NAKAMURA,
2012, p. 102).
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Figura 05: Hospital do Futuro
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/321811_o+hospital+do+futuro
O hospital do futuro, além, da viabilidade econômico-finaceira, deverá atender aos requisitos de:
expansibilidade, flexibilidade, segurança, eficiência e, sobretudo, humanização. A unidade de
hemodiálise do futuro terá muitos jardins, será um espaço bonito e agradável, totalmente humanizado.
(NAKAMURA, 2012, p. 103).
6. Conclusão
A arquitetura é uma atividade capaz de transformar os espaços e as emoções, modificar as sensações
de bem estar do paciente e consequentemente influenciar na sua cura.
Propor a construção de um edifício hospitalar requer muita atenção não apenas aos aspectos técnicos,
mas também aos aspectos humanos. Deve-se compreender que o isolamento do paciente do espaço
exterior proporciona-lhe uma maior angústia em relação ao seu estado de enfermidade. Além disso, o
hospital, por ser uma construção com grande especificidade técnica, com fluxos diferenciados,
frequentemente gera grande confusão ao usuário.
Apesar da grande evolução que vem ocorrendo nos hospitais na área do conforto ambiental, ainda hoje
muitos dos edifícios hospitalares não se atentam aos aspectos ambientais, preferindo utilizar soluções
mecânicas que são mais fáceis, como: ar condicionado e o uso da luz artificial.
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No entanto, existem muitos arquitetos que se contrapõem a esse contexto lutando para incorporarem
aspectos ambientais nos projetos hospitalares. A arquitetura possui uma grande influência e
importância na humanização hospitalar, melhorando as condições dos usuários desses espaços e
aparecendo como uma grande evolução para qualquer tratamento.
Intervir, como profissional de arquitetura, requer criatividade que possibilite um projeto humanizado
na tentativa de melhorar o bem estar dos pacientes que fazem a Hemodiálise.
Nessa atuação, é necessário que o arquiteto observe o ambiente do tratamento e o paciente para que
por meio desta, seja possível compreender as necessidades dos mesmos.
O projeto arquitetônico não deve estar voltado para o momento presente, mas para o futuro e para as
diferentes necessidades dos pacientes, dos profissionais e dos ambientes de saúde. Para as unidades de
hemodiálise do futuro cada paciente será visto individualmente e utilizando a moderna tecnologia, o
uso dos espaços através do controle individual de intensidade da luz, escolha de músicas, privacidade
entre ambientes ou controle do funcionamento de um móvel. Deste modo o paciente passa a ter
escolhas a partir das suas necessidades. Um novo modelo está surgindo, um modelo humanizado
apoiado na figura do paciente e na tradução de todos os seus direitos e suas aspirações como usuário
do sistema de saúde. E neste sentido, proporcionar aos pacientes a sensação de ‘estar em casa’ é um
passo essencial para cura dos mesmos.
Ao encontrar estes fatores se torna possível incorporar aos projetos a dimensão do conforto ambiental,
agregando a dimensão humana nas unidades, adequando a tecnologia de ponta ao exercício da
medicina segundo a visão e os anseios do paciente, pesquisando suas aspirações e angustias para
estabelecer relações psicológicas do individuo com o espaço que o acolhe nessas instituições, como
elemento fundamental da desejada melhoria da saúde física e mental.
Referências
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